O Federal Reserve (o Banco Central americano) continua apostando em um período transitório de inflação. Permanece a política de recompra de títulos e manutenção da taxa de juros em níveis baixos.
Já o Banco da Inglaterra e o Banco do Canadá começaram a desacelerar a emissão de moeda e a política de flexibilização quantitativa. Economistas do Deutsche Bank alertam para a inflação e prevêem volta da crise – especialmente para os emergentes – quando o FED decidir a agir. Alinhados com a retórica tradicional anti-inflação do mercado, os economistas prevêem “efeitos devastadores” no futuro, para a economia mundial. Outros bancos continuam focando na recuperação da economia.
O precedente é a crise dos anos 70. O aumento nos preços do petróleo estimulou uma inflação global. Para combatê-la, o então presidente do FED, Paul Volcker, apelou a taxas de juros estratosféricas que espalhou a crise pelo mundo – especialmente pelos emergentes.
A grande discussão é se a alta nos preços das commodities é fruto da financeirização do setor ou da recuperação da demanda. Mesmo assim, as altas estão sendo discrepantes, mostrando que se devem mais a fatores específicos e a jogadas de financeirização.
Por isso mesmo, as atitudes da China, de atuar diretamente sobre os mercados, pode representar um refluxo na especulação e marcar uma alta pontual dos preços, promovido pela recomposição dos estoques e pelo overshooting do mercado.
A narrativa, por trás dessa hipótese, é que, com a recuperação da economia, e com as distorções em várias cadeias globais, houve uma corrida atrás de estoques que pressionou os preços.
A economia chinesa, aliás, sofre com um fenômeno que ocorre no Brasil: a explosão do IPP (Índice de Preços ao Produtor) não acompanhada pelos índices de preços ao consumidor.
Quando ocorrem essas discrepâncias, de duas, uma: ou haverá repasse aos preços ao consumidor no momento seguinte, levando a inflação ao consumidor; ou então, não haverá repasse, por restrição de mercado, implicando em redução das margens das empresas.
Outra saída para combater a inflação de ativos seria permitir a valorização da moeda chinesa, o que tornaria os produtos menos competitivos internacionalmente.
Nesse caso, além da perda de competitividade da China, haveria a exportação da inflação, invertendo seu papel de agente global de deflação das décadas de 1990 e 2000.
Leve-se em conta que, desde Marx, a inflação é vista como o maior risco à estabilidade de um regime. Esse tipo de pensamento sempre foi acatado rigidamente pela cúpula do Partido Comunista chinês.
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Isso - a financeirização - só vai acabar muito mal. Pior, muito pior que em 1914. E o Brasil perdendo tempo com passeatas de motos.