O Brasil caminha para dez anos de estagnação. Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE mostram o tamanho do estrago de erros continuados de política econômica.
Há duas formas de medir o desempenho: pelo volume de serviços e pela receita nominal (influenciada pela inflação).
Em relação ao volume, houve queda de -1,20% em relação a setembro; alta de 8,2% em 12 meses e de 11% no acumulado do ano.
São dados ilusórios. O índice está ainda 8,7% abaixo de outubro de 2014.
O gráfico abaixo mostra melhor, visualmente, a estagnação do setor.
No mês, o único setor com crescimento foi o de Serviços Prestados às Famílias, beneficiado pela redução do isolamento.
Mesmo o crescimento acumulado de 12 meses, de 8,2% sobre o período anterior, é prejudicado pelo desastre do ano passado, cujo acumulado registrou queda de 6,8%.
O que mais causa espécie é a extraordinária mediocridade da discussão econômica. É uma Torre de Babel repetitiva e enfadonha, com a repetição sistemática de visões parciais da economia e uma incapacidade ampla de chegar a diagnósticos abrangentes.
Aqui, uma chamada do Valor Econômico sobre a crise.
No mundo civilizado, há uma ampla revisão de conceitos, um questionamento da era das planilhas, na qual economistas substituíram a análise da realidade por correlações fantasiosas, criando ficções como taxa neutra de juros, ruído fiscal e falta de democracia.
Tem-se o resultado final – uma economia estagnada desde 2015. Tem-se 7 anos de experimentos liberais que fragilizaram o emprego, enfraqueceram o mercado de consumo. Produziram todo tipo de redução de direitos previstos no receituário liberal. Criaram uma Lei do Teto pensando em amarrar o orçamento por 20 anos. Ampliaram desmedidamente a dívida pública a pretexto de controlar a liquidez: em vez da liquidez, contaminaram todo o estoque da dívida pública com seus exageros.
As restrições orçamentárias afetaram as pesquisas, a universidade, caparam a capacidade de financiamento do BNDES, acabaram com a engenharia nacional, mataram as políticas de conteúdo nacional. Em suma, um prejuízo generalizado a todas as fontes de crescimento.
E a Torre de Babel discutindo dominância fiscal, taxa de juros neutra, PIB potencial, reduzindo a complexidade da economia brasileira a correlações levantadas pela teoria internacional, sem a menor capacidade de analisar as características do país.
Não adiantava apontar a loucura de um modelo que destruía a capacidade de consumo e de tomar financiamento dos consumidores. No Brasil, a discussão econômica não se torna racional nem após a comprovação dos desastres apurados.
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