A razão da volatilidade da taxa de câmbio

Acabo de chegar do lançamento do livro do Pedro Rossi da Unicamp, “Taxa de Câmbio e Política Cambial no Brasil”. O livro tenta, pela primeira vez, dissecar os diversos mercados de câmbio, assim como as razões da volatilidade da moeda no Brasil: em momentos de alta liquidez é a moeda que mais sobe; em momentos de crise, é a moeda que mais cai.

Amanhã estarei entrevistando o Pedro para o programa “Sala de Visitas”.

Mas ai vai uma tabela que poderá ajudar nas explicações.

Ela mostra o seguinte:

Com uma Selic de 14,15% ao ano, de quanto seria o ganho de um investidor externo dependendo do preço do dólar de entrada e do dólar de saída.

Confira lá:

Exemplo 1 – Se o investidor entra com o dólar a R$ 3,80 e sai com o dólar a R$ 3,20, por exemplo, seu ganho em 12 meses será de 36%. A conta é simples. Mil dólares a R$ 3,80 viram R$ 3.800,00. Com 14,15% de Selic, vai para R$ 4,3 mil. Na saída, dividindo esse total pelo novo dólar (3,20) vai dar US$ 1.355,5.

Exemplo 2 – entra com o dólar a R$ 3,60 e sai com o dólar a R$ 3,50. O ganho será de 18%.

Exemplo 3 – entra com o dólar a R$ 3,20 e sai com o dólar a R$ 3,60. O ganho será de apenas 2%.

Repare portanto que quanto maior a diferença entre o dólar de entrada e o de saída, maior o ganho do investidor.

A alta volatilidade do câmbio, portanto, é fator central de rentabilidade. Ativos voláteis, em geral, impõem um risco. No caso da política cambial brasileira, não h[a risco nenhum. Os dois movimentos – o de alta e o de queda são perfeitamente perceptíveis, quase uma dança combinada com o Banco Central.

E aí vale o esquema que publiquei outro dia:

1. O câmbio explode. Nesse momento, começam a entrar os capitais de for a para ganhar com a Selic e com a apreciação da moeda.

2. A moeda vai se apreciando e impactando as contas externas, especialmente a balança comercial e de serviços. Quando chega perto do piso, os capitais saem do país e esperam uma nova explosão do câmbio, para retornar e continuar seu banquete.

 

Luis Nassif

15 Comentários

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  1. Sem risco

       Neste exemplo simples, nem foi calculado que o “piso ” ( de alta ou de baixa )pode ser medido com antecedencia, com base nos contratos de swap e dolar-futuro, em marcação diaria, e nesta “dança”, quem toca a musica é o Bacen.

  2. Imagino a seguinte cena =

    Imagino a seguinte cena = dois irmãos que pegaram de herança uma boa grana em 95, já com o real. Um decidiu usar o dinheiro pra investir em produzir algum produto industrial, por exemplo; e o outro decidi investir só no mercado financeiro, fazendo as jogadas descritas acimas e outras. Vinte anos depois, a chance de o irmão que investiu na produção estar em dificuldades ou até ter fechado a fábrica é grande. Já o irmão investidor no mercado financeiro deve estar rindo à toa – e se bobear até empresta dinheiro pro outro irmão pra pagar as dívidas. Enfim, não tem como um país dar um salto de verdade nesse sistema. 

  3. É uma festa

    Enquanto for permitido ao BC utilizar a SELIC para atrair US$ e contabilizar essa entrada como “investimento” essa ciranda financeira não vai parar. No exterior o ganho é de, no máximo, 1% a.a. mas aqui não. Aqui é uma festa. O que se observa é que esse capital especulativo não gera riqueza e/ou emprego, não gera nada enfim. Embora se diga ser investimento estrangeiro ele não é somente efetuado por empresas estrangeiras. Muitas empresas nacionais também operam nessa modalidade de aplicação sem risco ao tomarem empréstimos em US$, no exterior, a 1% a.a. e plicarem aqui aos atiaos 14,5% a.a. É ou não é uma festa? 

    1. Filiais e/ou subsidiarias associadas

          Uma empresa “nacional” com filial ou subsidiaria externa, tipo na Holanda – um lugar legal ,que “limpa” ativos aplicados sem imposto nas Antilhas Holandesas –  faz uma captação – empréstimo na UE ( juros quase negativos ), aplica em sua filial caribenha, que remete a verba para o Brasil como investimento externo.

           Se a operação for bem feita, monitorada diariamente, a “base” de inverstimento em “papel” será sobre a taxa de juros SELIC, uma operação de arbitragem simples, dolar x taxa de juros, mas podemos sofistica-la :

           1. Alem da arbitragem original ( US$ X tx juros ), pode-se realizar uma arbitragem “paralela”, pois a captação original foi em Euro, e vc. só vai “virar” este montante para US$ ( mais facil de entrar no Br ), quando a “cross rate ” ( Euro x US$ / dif tx de juros Euro x US$ ), lhe fr favoravel.

           2. Contabilidade criativa em cambio : Internalizado o “investimento externo”, com US$ “baixo”, espero ele “subir”, sem hedge, e dou “prejuizo” contabil na operação, dou default no papel – não pago -, o renovo para mim mesmo, com maior spread sobre a tx. original ( Libor ou Prime + risco ), e posso remeter futuramente mais para o exterior, pagando este empréstimo, e descontando o prejú contabil no IR. Tambem em casos da economia estar melhor, é possivel fazer tuodo isto “ao contrario”.

           3. Nem vou comentar sobre outras operações quando entram hedge e swaps, são mais complicadas e arriscadas.

      1. É uma tristeza ver a nação

        É uma tristeza ver a nação sendo destruída pelo rentismo preguiçoso. Mais triste ainda é verificar que este assunto fica protegido na grande mídia. Deveria ser obrigação de qualquer governo com um mínimo de decência, trazê-lo para a agenda nacional. Teria que ser discutido em tudo quanto é mesa de buteco, nas igrejas, nos estádios, nas reuniões de família, no escambau. Pelo menos haveria para o povão uma clareza de como ele está sendo ferrado. Daí talvez conseguiríamos alguma reação.

  4. Junte-se o neoliberalismo

    Junte-se o neoliberalismo, o ajuste fiscal e o aumento da arrecadação governamental com o estanque do dinheiro público e  o seu repasse a investidores e você tem um país escravizado…

    A mexicanização virá com as privatizações…

     

    http://www.iea.usp.br/noticias/o-neoliberalismo-no-mexico

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/comparando-o-desenvolvimento-do-brasil-e-do-mexico

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Mexico-abre-portas-para-privatizacao-do-petroleo/6/31575

    http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rce/article/view/32172/30972

  5. É inaceitável que desde pelo

    É inaceitável que desde pelo menos 1994 (ou mesmo de 1991 se formos mais rigorosos) esse tipo de coisa venha acontecendo. E pior que isso, é ver que passados 22 anos a maioria das pessoas sequer sabe de sua existência e das implicações que isso traz para sua vida cotidiana.

  6. PIOR SABER QUE MAIOR PARTE DO DIN É DE BRASILEIRO

    Brasileiros sabichões portam o dinheiro lá fora e fazem da farra do cambio OUTRO ganha pão, muitas vezes com informação privilegiada, pois muitos estão no proprio governo.

  7. Alem SELIC

       Tem uma equação legal, a que garante SELIC x Cambio, a dos “swaps” fornecidos pelo BACEN, que no minimo te garantem a SELIC, pois o que significa “perder” ( deixar de ganhar ), 1,5% comprando hedge em um papel suapado ( juros x US$ ), e ficando na outra “ponta”, vendido, pois se der certo, será SELIC + cambio / diferença , portanto na pior das hipóteses, dos 14,5 vc. leva 13,0%, ou até 16,0 % na melhor.

        Mundo quase perfeito : O BACEN, alem de lhe pagar juros altissimos, ainda lhe garante hedge nos swaps, só arriscando muito, alavancando muito alem de Basiléia, vc. sairá perdendo bastante, sairá com o que vc. entrou, vai “zerar”, e até em operações “zeradas”, liquidadas, o “chumbo” pode virar, em uma composição de papel derivativo, onde este morto, pode ser negociado, agregado a papéis positivos ( ações, debentures, CPs, qualquer um ), visando futuramente que este “chumbo”, somado a este derivativo, possa leva-lo para cima, ou para baixo, dependente do que vc. deseje.

         Operar cambio é uma arte, sempre foi, mas atualmente, todas as operações, inclusive as de arbitragem, não tem um fim em si mesmas, elas são combinadas, SELIC / inflação x cambio, é o ganho básico – o “pé”, o bom administrador tem, deve, é obrigatório, agregar mais retorno alem SELIC.

          Será que escrevi em grego ?

  8. Eis uma ótima explicação para

    Eis uma ótima explicação para umas das razões do golpe em andamento. Tornar uma nação inteira um mero e suculentíssimo filé mignon do rentismo apátrida sem eira e nem beira! Como venho dizendo, fomos jogados no Oitavo Círculo do Inferno de Dante onde vivem os ladrões, os corruptos, os rufiões, os aduladores, os fariseus (vendilhões do Templo), os semeadores de discórdias (mídia), os assassinos de aluguel, os hipócritas (os cães amarelos), etc.

  9. O especulador

         Até as vezes ficava chateado, terapia corrigiu, quando algumas pessoas classificavam os “especuladores”, a nivel de capetas, demonios, usurpadores do trabalho alheio, e a melhor : capitalistas sem pátria, um mal da globalização financeira; uma definição idiota, pobre, bocó, de um esquerdismo ( seja lá o que isto seja ) infantil.

          A especulação, no caso em tela, a “arbitragem basica ” ( aritmética ), só prospera caso as “autoridades monetarias”, se façam paises alvos, ao proporcionarem condições viaveis para estas ações, devido a suas politicas de governo, elas dão campo para especulação na realidade, e depois ficam reclamando ( politicos ), que os especuladores são os responsaveis pelas “cagadas” que eles, os politicos, cometeram, e a massa idiotizada, ideologizada, compra esta desculpinha.

          Em casos mais explicitos, as ações dos “especuladores”, caso o governo tenha consciência e inteligência, demonstram as fragilidades da condução da politica economica e financeira ( são diferentes ), portanto as autoridades, caso não estejam na mesma “vibe”, podem atuar, até mesmo é possivel “virar” um movimento apenas especulativo, de “mercado”, para um investimento produtivo, algo que não se faz por papo, mas por condições reais, tipo assim: Se eu posso captar a 0,5% e ganhar em uma ano, no “barato”, sem fazer nada, 16,0% , porque investir produtivamente, para levar 5,0%, não se trata de sacanagem, é aritmética.

           E tipo assim: Existe no país uma boa reserva cambial liquida, portanto investimentos externos estão garantidos até certa limitação desta reserva, existe condição de “saida” garantida e rapida, portanto, mesmo caso operações resultem em prejuizo, tanto operacional como de “balanço”, a saida zera o risco, então quando anteriormente ao investimento, o “rating” é calculado, e uma das mais importantes variaveis deste indice (risco cambial fixo ), nem é considerada.

           Em mercados “maduros”, mesmo que com livre movimentação de capitais, as autoridades monetarias, seguem as movimentações especulativas, pois elas são demonstrativas dos erros cometidos por estes BCs, que vão atuar preventivamente, contendo ou até mesmo expandindo, as ações especulativas em beneficio de seu mercado ou de sua moeda ( aumentam ou diminunem seu flanco exposto a especulação ), sempre em consonancia com a politica economica do estado.

           O famigerado, indecente, usurpador, capitalista safado sem Pátria, o chamado “especulador”, não é a doença, somos apenas um sintoma, de que algo esta errado, até mostramos, as vezes por décadas, e não é problema nosso, que as autoridades monetarias e fazendarias, não enxerguem – se enxergarem pulamos para outro, portanto não temos culpa, sequer remorso, pois os culpados, são os eleitos ou seus “nomeados”.

    1. Vc está certo.
      Desconfio que

      Vc está certo.

      Desconfio que no Brasil especuladores e “autoridades monetárias” sejam sinônimos.

      Se não for isso só a síndrome de Estocolmo explica.

      O especulador é um agente privado que procura a alocação ótima para seus recursos e que quem faz as regras é o ente público. Logo, em tese, o ente público deve criar regras para equalizar risco X retorno. Aí, há desenvolvimento.

      O problema é quando há um país extremamente desigual onde grande parte da sociedade fica a margem do poder, e aí a minoria cria regras de maneira que a maioria passe a trabalhar para ela (a minoria) sem se dar conta ou sem ter capacidade para reagir. Mas para resolver isso só a dialética da história e não o bom coração dos operadores de mercado.

      Como diria o Ciro Gomes, a democracia é um regime de conquista, não de concessão.

      Ah, para usar um exemplo bem comezinho, me diga quem tiver um dinheiro “sobrando” por mais de um mês, deixa ele parado na conta corrente no lugar de colocar na poupança. É especulador? Ah, mas é poupança. É, mas a lógica é a mesma, para o seu dinheiro vc busca a melhor alocação dentro da lei. Simples assim.

  10. Quanta demonstração de falsa inteligência

    Nos comentários, usando uma linguagem gordurosa e uma gíria do mercado financeiro para para parecerem especialistas, e quanta falta de esperteza. Se as coisas funcionam assim como exposto pela matéria, só se resolve com a polícia prendendo essa malta do banco central. É muito bom negócio para não se suspeitar de propinas e altas comissões na condução da política monetária e cambial pelos responsáveis. Tem corrupção da grossa nisso e muita falta de patriotismo.

  11. O Banco Central parece querer

    O Banco Central parece querer ter uma autoridade que NÃO lhe pode ser atribuída: o BC quer ter “autonomia” para agir, de tal forma, que ele passe a ser responsável pela Política Econômica do País. Como se ele tivesse sido eleito para Governar o Brasil, pois que a Política Econômica é coisa de Governo e o BC também tem de ser governado.

    Sua autonomia nunca deve passar do controle dos players do Mercado – seja de Ações, seja de Moeda.

    É óbvio que ele tem de ter autonomia para detectar e punir os players que estejam agindo de má-fé – este é seu papel.

    Entretanto, fazer o valor da moeda (para cima ou para baixo), por exemplo, é jogo-sujo mesmo, qualquer que seja a desculpa que se utilize. Tentar convencer a qualquer um que os tais “swaps” são coisa legítima é querer fazer todo mundo de bobo.

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