Além de boa ação, a educação inclusiva é bom negócio

 

Corre no STF (Supremo Tribunal Federal) uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a LBI (Lei Brasileira de Inclusão) patrocinada pela Confenen (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino ) com a participação da Federação das APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

Questionam a obrigatoriedade das escolas privadas aceitarem alunos com alguma forma de deficiência sem cobrar nada a mais na mensalidade. Em princípio, as APAEs nada teriam com isso. Mas temem que a Lei leve á universalização do ensino inclusivo (aquele em que as crianças com deficiências são preparadas para estudar na rede regular de ensino), acabando com a torrente de verbas públicas que jorra da exploração da deficiência.
 
Hoje em dia, o mais maléfico lobby a atuar sobre os recursos públicos é o da Federação das APAEs e assemelhados, mantendo as crianças eternamente em currais que lembram os velhos sanatórios para tuberculosos ou hospícios para doentes mentais, para garantir o acesso a uma verba pública per capita que não está sujeita a nenhuma forma de controle.
 
A Confenen não acha “justo” distribuir o custo dos alunos com deficiência com o conjunto da classe. E alega que as escolas poderão se inviabilizar financeiramente com as novas obrigações.
 
Nem se fale da insensibilidade, da dose de preconceito exarada pelas peças que compõem a ADIN. Fiquemos apenas nos aspectos financeiros. Uma escola que souber, de fato, fazer as contas, irá aderir imediatamente à educação inclusiva. Além dos efeitos positivos sobre a imagem da escola, dos ganhos pedagógicos, ainda terá lucro com os alunos com deficiência que vierem a se matricular.
 
Vamos a uma pequena conta, analisando apenas o custo direto da escola com os professores para os alunos especiais.

 
Os demais custos são irrelevantes, porque são praticamente custos fixos de cada escola –  aluguel, quantidade de funcionários, equipamentos etc. – que não se alteram com um pouco mais ou um pouco menos de alunos. Os investimentos em acessibilidade (entradas acessíveis, escadas, banheiros acessíveis) já constituem obrigação para todo prédio escolar. Gastos fixos adicionais são em valores irrelevantes.
 
Assim, para cada aluno com deficiência que entre, o resultado da escola dependerá do custo marginal do aluno (o que ele acarretou a mais de despesa) comparado com a receita das mensalidades desses alunos.
 
Vamos supor uma escola padrão, média, com 630 alunos divididos entre os cursos infantil, fundamental e e fundamental 2.
 
Passo 1 – o cálculo da folha de professores.
 
Imaginou-se duas salas por curso, com um professor no infantil e um professor e meio no fundamental (repartindo os 8 professores de matérias por todas as salas). Chega-se a uma folha de R$ 112,5 mil por mês ou R$ 1.350.000,00 ano.
 
Passo 2 – cálculo das mensalidades pagas, sem os alunos com deficiência.
 
Estimou-se 15 alunos por sala no infantil, e 30 no fundamental 1 e 2. E uma mensalidade de R$ 1.700,00 para o infantil e R$ 2.000,00 para o fundamental. O total é de R$ 1.233.000,00 por mês ou R$ 14.796.000,00 por ano.
 
 
Passo 3 – o balanço da inclusão supondo-se 10% de alunos com deficiência.
 
Todos pagam a mensalidade normal da escola. No total, dá R$ 123.300,00 por mês ou R$ 1.479.600,00 por ano.
 
Como já se disse,  há um conjunto de gastos que não se altera com essa população de alunos com deficiência. Os custos fixos e os custos com pessoal administrativo não sofrem alteração. Os custos marginais são com o pessoal de apoio. 
 
Montei o modelo abaixo do pessoal de apoio com base nas informações de uma especialista.
 
O resultado final é que, anualmente, o grupo de alunos com deficiência paga um total de R$ 1.479.000,00 de mensalidade, gerando um custo marginal de R$ 864.000,00. Logo, o lucro anual da escola será de R$ 615 mil, ou um ganho marginal de 42% sobre a mensalidade de cada aluno com deficiência.
 
Supondo que a rentabilidade da escola seja de 10% sobre o faturamento, só os alunos com deficiência responderão por quase 40% do seu lucro.
 

Pode-se alterar para mais ou menos os ganhos, de acordo com as variáveis. O que a planilha mostra é que não há nenhuma justificativa para se falar em custos para a escola com a inclusão.

Se as escolas privadas que praticam o preconceito recorrerem a um bom financeiro, abraçarão imediatamente a causa da educação inclusiva. Ainda que pelos ganhos financeiros, ganhos de imagem, ganhos pedagógicos.

Luis Nassif

8 Comentários

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  1. Nassif

    Eu sou uma lástima em matemativca,mas não tem nada de errado nos seus graficos não.

    Grafico 1- A coluna 5B,,5C e 5D não sao os numeros de Anos.

    Total da Folha Professores Mes não seriam – 3.000+3500+3500= 10.000,00 Mes e não 112.500,00 /MES 

    Bom é so uma duvida de alguem que não entende nada de Matematica.

    Abraços

     

     

    1. A linha contém o número de

      <p>A linha contém o número de anos do ciclo, para facilitar a conta do número de salas.</p><p>O cálculo do gasto é feito em cada coluna: Nº de anos do ciclo&nbsp; x&nbsp; Nº de salas para cada ano do ciclo x Nº de professores por sala x Salário do professor.</p><p>112.500 é a soma dos sálarios de todos os&nbsp; 3 ciclos: 48000 + 52500 + 42000 = 112500.</p>

      PS. moderador, quando houver comentários repetidos, favor apagar o(s) último(s) comentário(s), não o primeiro!

  2. educação inclusiva

    OI, NEM SEMPRE FUNCIONA COMO ESTÁ NO PAPEL. SENTI NA CARNE,POIS TENHO UMA FILHA ESPECIAL E FECHARAM AS PORTAS EM ESCOLA FILANTRÓPICA,NÃO A ACEITARAM(ELA TEM 13 ANOS,O PROBLEMA DELA É EPILEPSIA E ESTÁ CONTROLADA). ONFELIZMENTE A DISCRIMINAÇÃO COM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL É MAIOR QUE QUALQUER DISCRIMINAÇÃO(RACIAL,HOMOFÓBICA..)

  3. Dunga e a educação

    O futebol é o esporte(ainda) mais popular do Brasil. Era de se esperar que o seu comandante máximo fosse alguém que além de saber conduzir tecnicamente o time fosse capaz de também  dar o exemplo para o país e especialmente aos jovens mostrando-se polido nas entrevistas e claro falando pelo menos corretamente o idioma português que é a nossa língua. Infelizmente não acontece nem uma coisa nem outra, ssistir a uma entrevista do Dunga dá dó, além de revoltar. Como pode uma pessoa pública dessas ser um cara quase analfabeto cometendo erros crassos de português e o pior, não se notando qualquer esforço dele para evoluir. “Seje mais brasileiro Dunga , erre as palavras menas vezes e pare de fazer bobagens no time, seje corajoso”.  Diga de boca cheia:: Vocês vão ver, eu ainda vou se consagrar!

  4. Uma vez conheci, quando vivi
    Uma vez conheci, quando vivi no exterior, o.marido de uma amiga minha. Ele era professor de educação especial. quando ele né disse a profissão eu perguntei-lhe, e a inclusão?
    Aí ele respondeu, na sala de aula, eu sou o especialista que fica com a criança especial. Há dois ou mais professores.E eu respondi, igual ao Brasil!

    1. inclusão?
      Na prática não é o que ocorre. Não há profissionais preparados e, pela falta de estrutura, infraestrutura e preparo de escolas professores, funcionários e famílias, a inclusão, menos que um sonho, é uma falácia. A pessoa com deficiência é, na maioria das vezes, discriminada, isolada pelos próprios alunos. Sou favorável à inclusão, mas não é uma lei que fará as coisas acontecerem. Vai ser mais uma lei que conhecemos por letra morta.

      1. Inclusão já é realidade

        Ibsen, na prática a inclusão já é uma realidade em milhares de escolas no Brasil. Ainda estamos longe do ideal mas acredite, o processo já começou e não vai voltar atrás pela falta de profissionais preparados. Na verdade, os profissionais aprenderão durante esse processo! Em nenhum país do mundo, mesmo nos mais desenvolvidos, a inclusão é perfeita. Isso acontece porque as leis e convenções internacionais que garante a inclusão são recentes, tais como a Convenção de Salamanca. Todos estão aprendendo e praticando, à sua forma, a inclusão das pessoas com deficiência. E o Brasil não está atrasado, muito pelo contrário! Estamos à frente de países como a França, que trata as pessoas com autismo, por exemplo, com terapias ultrapassadas e pseudo-científicas. 

        Meu filho está em uma escola regular e como muitos outros é amado e bem tratado pelos coleguinhas. Essa é uma nova geração que abrirá caminhos para uma nova forma de ver a “deficiência”. Com o tempo veremos que a pessoa com deficiência tem muito a contribuir com a sociedade e na verdade pode ser a precursora de mudanças que trarão desenvolvimento para todos. 

        Abra a cabeça e procure conhecer os casos de sucesso. Esperar por “profissionais preparados” só atrasa um processo irreversível, inexorável e que já começou. Não vamos esperar mais. A hora é agora!

  5. GGN-NASSIF em parceria com

    GGN-NASSIF em parceria com SEBRAE lança mais um programa de governo Dilma Fim de Festa FEBEAPÁ do Lulopetismo no Poder da República:

    Programa Pequenos Defeitos Grandes Negócios

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