As gambiarras com a política de juros

Há uma incapacidade crônica dos nossos melhores economistas em investir contra o pensamento estabelecido e pensar soluções definitivas para o país.

Tome-se o caso do sistema de “metas inflacionarias” adotado pelo Banco Central em 2001.

A ideia central é permitir ao BC articular as expectativas de mercado:

  1. Aumenta a inflação, o BC aumenta a Selic.

  2. Teoricamente, aumentando a Selic há um encarecimento do crédito, reduzindo a demanda.

  3. Com menos demanda haveria menos pressão sobre os preços.

***

Até agora, sucessivos trabalhos acadêmicos mostraram:

  1. A maior influência sobre a inflação é a indexação. Sobre isso, o sistema de metas inflacionarias não tem a menor influência.

  2. O sistema de metas inflacionarias atua apenas sobre duas pernas: uma, a da apreciação cambial (com todo o leque de problemas que traz); outra, através das expectativas.

As expectativas afetam muito pouco o consumo. Mas afetam em muito o investimento. O consumidor continua consumindo; mas o empresário não irá aumentar a produção.

Consequência: consumo em alta, produção em queda, gerando desequilíbrios de monta.

***

Vejamos, agora, os efeitos deletérios da Selic.

O primeiro, é a apreciação cambial, uma herança maldita que está destroçando a estrutura industrial do país.

O segundo – como já foi dito – o de desestimular os investimentos sem desestimular o consumo.

O terceiro, o custo fiscal dos incentivos dados pelo governo para o financiamento privado.

Para ampliar o funding,  o governo injetou uma enorme soma de recursos especialmente no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social.

O Tesouro capta a 11% ao ano; o BNDES empresta a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) de 5%. A diferença entre as duas taxas significa um custo fiscal de R$ 30 bilhões por ano, ou 0,6% do PIB brasileiro.

Evidentemente que a distorção está não apenas nos níveis elevados da Selic, mas no fato de se tentar amarrar o financiamento da dívida pública e toda estrutura de taxas de juros longa aos movimento de curto prazo da política monetária.

***

Os desafios definitivos do país são:

  1. Discutir modelos que eliminem de vez os fatores que ainda pressionam os preços, dentre os quais a indexação

  2. Desindexar a dívida pública dos movimentos de curto prazo da política monetária.

  3. Encontrar outros mecanismos que permitam coordenar as expectativas.

***

Em vez disso, dois dos melhores economistas atuais propõe meras gambiarras.

Em vez de – com suas luzes – pensar em outras formas, menos custosas, de coordenar as expectativas, o ex-Ministro Delfim Netto enaltece o efeito expectativas.

Nelson Barbosa propõe aproximar a TJLP da Selic, para evitar o custo fiscal. Ou seja, indexar ainda mais a economia em movimentos pró-cíclicos: a inflação aumenta, a economia piora, aumenta a Selic e, de quebra, aumentam os juros do BNDES.

Segundo Barbosa, a medida irá melhorar as expectativas de longo prazo da economia.

Poderá melhorar as expectativas do mercado; não do empresário que irá tomar um financiamento, agora a taxa de juros pós-fixadas.

***

Tudo isso em nome de um modelo – as metas inflacionárias – que até hoje não se mostrou eficaz no combate à inflação.

Luis Nassif

73 Comentários

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  1. Os comentaristas econômicos

    Os comentaristas econômicos ainda vão perceber que as teorias econômicas estão sendo utilizadas pelos economistas não para solucionar problemas econômicos de países e sim para gerar riqueza à parcela específica de aplicadores.

    O governo baixou os juros e as pressões vieram dos rentistas e dos seus papagaios amestrados. A população entrou no coro e repetiu:

    – Inflação descontrolada, inflação descontrolada.

    E eis que a inflação volta a estar dentro das metas repetindo o que ocorre todo ano, alta nos primeiros meses e queda nos últimos.

  2. E deu a louca no mundoe na

    E deu a louca no mundo

    e na economia

    ao ponto de Nassif criticar dois dos economistas que mais admira, principalmente  Nelson Barbosa

    no link:

    Com a saída de Nelson Barbosa, Fazenda perde seu grande articulador

    Para se mudar a politica há que se voltar à ideologia e enterrar o pragmatismo.

    O que os economistas estão fazendo atende ao que o mercado e seus urubulólogos querem.

    Qual a crise mundial?

    As indústrias

    Quem está se dando bem?

    O mercado.

    Quem paga o pato?

    A população e seus governos.

  3. Delfin
    Se o sr Delfin tivesse essa competência toda nao teria afundado o sistema Telebras fazendo caixa pro tesouro com o dinheiro de nossos planos de expansão

    E sem isso nossa Telebras seria uma Petrobrás e nao esse serviço caro e ruim da privataria das telecomunicações

  4. Meu economista, minha vida?

    Não consigo acreditar que a realidade brasileira possa ser alterada em forma teórica, com receitas de economista, mudando uma taxa aqui ou desindexando esta outra situação por lá. A maior alteração que tem havido, nos últimos anos, nestas equações econômicas provêm da realidade, direcionada por convicção política, não por trabalhos acadêmicos nem do cruzamento teórico de curvas de oferta e procura.

    Esta realidade consiste no aumento e distribuição da massa salarial neste país que, inclusive, nos libertou do FMI e das “marolinhas” econômicas mundiais que chegaram até as nossas encostas.

    A classe empresarial, utilizando durante centenas de anos o seu poder inconteste dentro da economia, explora a ignorância e atitude bovina do consumidor, vendendo os artigos com os quais subsistimos, cobrando caro, e levando os seus lucros para o exterior, para ele sim gastar o nosso dinheiro em bobagens e ligando pouco em reinvestir nos seus negócios, muito menos focado no crescimento do Brasil. A mídia, de comum acordo, faze subir e descer o preço do tomate ou da dúzia de ovos, a qualquer instante. Aqui no Brasil é o governo o verdadeiro indutor da economia, com obras públicas cujo investimento irriga de dinheiro as cadeias econômicas e, o sucesso dessas mediadas, é maior quanto maior seja a fatia desse dinheiro que fica circulando no território nacional.

    Com o salário mínimo quase três vezes (em dólar) superior ao de FHC, com o programa Bolsa Família, com o pleno emprego, Brasil conseguiu equilibrar o jogo econômico em favor do povo, ou seja, dos consumidores locais de coisas simples (arroz, feijão, moradia popular, carro popular e etc.), e esse dinheiro, circulando pelo Brasil tem sido o artífice da estabilidade econômica que hoje vivemos, a pesar de todas as barbaridades que a classe empresarial utiliza contra a nação, como, por exemplo, a evidente paralisação de investimentos, o atraso de pagamentos a terceiros e demissões, que grupos empresariais coordenados, aplicam no Brasil particularmente neste ano de 2014, processo que irá a finalizar apenas depois de abertas as urnas, querendo criar hoje um clima adverso para o país. Sou pequeno empresário e vivo na pele a pressão dada nestes tempos pelas grandes empresas, que são os meus clientes.

    Um engenheiro estuda e trabalha durante a vida toda tentando fazer por 1 dólar uma coisa que outros fazem por 2 dólares. Já o comerciante, luta a sua vida toda para comprar por 1 dólar e tentar vender em dois ou mais, o mesmo produto (e, na maioria, levando o lucro para fora). O economista acha que uma equação boba vai direcionar esse jogo de interesses, mas, são muitos russos com os quais deve primeiro combinar (filosofia de jogador de futebol).

    Hoje existe realmente o consumidor, em quantidade e dispersão suficiente como para contrabalançar uma classe empresarial esperta e antipatriótica (em forma expressiva). Essa realidade é combatida politicamente, como Lula começou fazendo, com políticas de distribuição de renda e, ainda, prosseguindo com Dilma, desenvolvendo obras de infra-estrutura que irrigam dinheiro e emprego dentro do país.

    Economistas faziam parte da faculdade de ciências sociais, até 1968, mais ou menos (pelo menos nas universidades chilenas). Hoje fazem parte das ciências exatas (virou engenharia). Eu dei aulas de matemáticas financeiras a turmas desses economistas. Um cálculo bobo de taxa interna de retorno e VPL e, com muita arrumação e critérios qualitativos, colocando em forma analítica as curvas de oferta e de procura.

    O economista da geração dos 70 para frente provém das doutrinas de Milton Friedman (Chicago, EUA), os chamados “Chicago” boys. Economistas de gema, aqueles que acham que se uma mulher tem um filho em nove meses, então 9 mulheres poderiam ter um filho em um mês. No Chile, quando caiu o preço do leite, estes gênios falaram: “Entonces, cómanse las vacas”

    Chega de imaginar que o economista é um ser genial, que é o tipo de cara que muda o país, pois não é. Até o Aécio Cunha (Neves) é economista, quer mais do que isso?

    1. A inflação e os preços caem e os empresários não repassam

      “A classe empresarial, utilizando durante centenas de anos o seu poder inconteste dentro da economia, explora a ignorância e atitude bovina do consumidor, vendendo os artigos com os quais subsistimos, cobrando caro, e levando os seus lucros para o exterior, para ele sim gastar o nosso dinheiro em bobagens e ligando pouco em reinvestir nos seus negócios, muito menos focado no crescimento do Brasil. A mídia, de comum acordo, faze subir e descer o preço do tomate ou da dúzia de ovos, a qualquer instante.”

      Nesta semana que passou, como sabemos, a inflação ficou no teto, e vários preços cairam, o do tomante mais de 17%. Pensei que os empresários fossem repassar isso pró consumidor, o que parece que não ocorreu. Nâo seria o caso de reduzir o preço nos restaurantes, uma vez que vários itens alimentícios cairam de preço. Assim não dá, com essa mentalidade empresarial não há inflação que caia, muito pelo contrário

      1. CONSUMIDOR

        Pois é AVATAR.

        Uma vez questionei em uma lojinha de bebidas importadas porque que quando o dolar subia ele subia o preço do vinho e quando o dolar caia o preço não baixava?

        E ele como todo o empresário brasileiro simplesmente não respondee, porque independente do preço que ele compre o produto o importante é a margem de lucro e o consumidor que se exploda.

        1. Abrem um negócio hoje e amanhã já querem voar para Miami

          Abrem um negócio hoje e amanhã já querem voar para Miami, comprar carro importado, gastar 50 mil reais numa noitada, um pouco do Rei do Camarote  nessa ganância dos nossos empresários que, aliás, não são poucos, o Brasil está em décimo lugar na lista dos paises com maior número de milionários, o ranking de bilionários não fica atrás, segue link para artigo de 2013 sobre projeção para os próximos anos

          http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/negocios/numero-de-bilionarios-157-maior-1.213079

           

           

      2. CONSUMIDOR

        AVATAR.

        Complementando:

        Sobre a reclamação de nossos grandes empresários que só olham o bolço:

        Você lembra que quando baixou o preço da conta de luz, ou quando cancelaram a CPMF não baixou preço de nada????????

    2. “Chega de imaginar que o

      “Chega de imaginar que o economista é um ser genial, que é o tipo de cara que muda o país, pois não é. Até o Aécio Cunha (Neves) é economista, quer mais do que isso?

      Dilma a ex presidiária é economista também.

      1. Outros méritos

        Dilma está lá por outros méritos. Assim como o Lula, que nem Diploma tem. FHC é sociólogo.

        O título de economista, sozinho, não confere a genialidade a ninguém

         

  5. Manutenção de preços para o mercado no limite.

    Creio que ambos propõem algo que se enquadre dentro da forma de financiamento baseado em troca de títulos em R$ x U$ dentro da ordem atual. A fórmula da espectatica é o que serve de âncora para o mercado de troca de moeda câmbial atual, e que serve de base de composição de preços dos titulos e financiamento do mercado de crédito internacional. Tudo o que se tem pregado no programa do Aécio é sobre como se dar visibilidade e previsibilidade para as espectativas para a manutenção do preço que compõem o estoque dos títulos do mercado. Essa manutenção serve para se colar nossa moeda no dólar, com espectativas de preços e inflação em comodites, consumo e energia totalmente previsiveis. O resto, como manutenção do emprego, redistribuição de riqueza, investimentos em infraestrutura, educação devem ser submetidos a esta ordem. 

    No programa do Aécio tudo fica claro: 

    1. Os preços devem ser submetidos ao mercado. Isso se deve a crença de que o mercado sempre traz o equilibrio NECESSARIO no presente para que as espectativas dos preços fututos sejam prevísiveis, e o crédito da ambudância em dólar internacional estacionado em paraísos fiscais entrem no país. O que se prega é que o estado apenas controle o tamanho da sua dívida para a estabilidade do preço de seus títulos. Todos os outros preços devem ser controlados pelo mercado. (Aqui vem a primeira crítica desta teoria, pois o mercadistas se esquecem tanto dos problemas advindos da centralização e concentração da criação da riqueza. Isso permite a criação de círculos fechados que podem maipular preços, fomentar a esuberância da irracionalidade baseada em planilhas, formar bolhas que criam conflitos sociais…). No caso do Brasil do Aécio tudo casaria: o mercado controlaria o câmbio valorizando o real baseando-se no aumento da Selic, controlando a inflação e permitindo o aumento de preços da energia. No seto elétrico, contratos em vencimento seriam renovados sem acerto de preços já pagos pela população e distribuindo dividendo a grupos de investidores nacionais e internacionais em São Paulo, Minas e Paraná. Preços controlados pela nossa economia de oligopólio seriam segurados e serviços congelados. O financiamento para estes preços adviriam das privatizações com a recapitalização dos preços da ações da petrobras pelo aumento da energia, outras estatais, e da mudança da regulamentação do pré-sal. A balança de pagamentos pioraris, e reformas para desregulamentação do mercado de trabalho, redução de impostos para indústria (fiscal por cima), seriam realizadas para ‘dar’ competitividade a indústria. O investimento em infraestrutura seria feito por privatizações que precificariam os preços por cima, e tudo o que Dilma/Lula fizeram e está escondido, seria colocado na conta do Aécio.

    2. Qualquer coisa que venha abaixo disso, como educação, saúde, tecnologia… é segundo plano. Ou seja, ficam com o que sobra. Por isso todo tipo de secretarias e organização socias iriam para o espaço. O ecossitema com informações da população mais carente e que é usado para se desevolver políticas públicas seria jogado no lixo. O bolsa família viraria distribuição permanente de renda para os mais necessecitados, mas seria cada vez mais desidratado e com valores cada vez menores como funcionava no governo FHC. Seria transofmado num wellfare state beeeem apobrecido.

    3. Todo tipo de descontentamento será ‘segurado’ com o discurso unificado da mídia, e claro: tudo isso foi feito por culpa do PT.

    Entretanto, na conjuntura atual me pergunto: qual o plano da Dilma pra desarmar o nó dos preços reprimidos com dólar alto e inflação no teto da meta. Não estou infeliz (nem feliz), e irei votar nela porque o plano do Aécio é uma porcaria, mas qual o plano dela? Ficar no que propõem o povo citado e criticado pelo Nassif não resolve nada. Até agora eu gostei do que o Nakano falou: dentro da economia tem de se fazer reforma fiscal e monetária. Entretanto, algo bom só virá se houver (na ordem) reforma política, tributária e previdenciaria. Continuar os avanços do programa do PT nos últimos 12 anos dentro da realidade de poder constituído hoje no país não dá. A conta não fecha. No mundo a mesma coida. Piketti que o diga! Pagar 5% de juros permanente dentro da realidade criada pelos financistas do FHC chegou no limite. 

  6. Se for para controlar o

    Se for para controlar o consumo, sugiro reduzir a selic e aumentar o IOF.

    Concordo que a selic não tem  o efeito colateral de reduzir o consumo. Mas, aumentar o IOF terá.

    Efeitro benigno desta medida. Reduz a despesa com juros pagos pelo governo e aumenta a receita de impostos.

  7. Ops, acabei de ler:”Como

    Ops, acabei de ler:

    “Como regra geral, a sabedoria econômica convencional repete os mantras da direita que atendem, essencialmente, aos interesses da comunidade financeira e do empresariado que se ceva nas taxas de juros elevadas.”

    https://jornalggn.com.br/noticia/os-%E2%80%9Ceconomistas%E2%80%9D-de-patricia-poeta-ditando-a-campanha-presidencial-por-j-carlos-de-assis

    Apenas acrescento, quem no pragmatismo não segue o “convencional”?

    Quem não ficou seduzido com os mantras?

    “reforma”, “ajustamento estrutural”, “Disciplina de mercado”,  “Eficiência”,  “Mercado livre” 

    Leia mais em:

    http://assisprocura.blogspot.com.br/2012/05/retorica-e-eufemismos-na-economia.html

  8. Petróleo

    Petrobras projeta crescimento nas exportações de petróleo no segundo semestre
    1/08/2014 13p2—Rio de Janeiro—Flavia Villela – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger

    A Petrobras pretende exportar cerca de 250 mil barris de petróleo por dia, no segundo semestre, 51% a mais que o exportado no primeiro semestre do ano. Essa projeção e outros anúncios foram feitos hoje (11) durante a apresentação para investidores dos resultados da empresa no segundo trimestre, na sede da empresa, no centro do Rio.

    Para o segundo semestre de 2014, a empresa também prevê aumento de 4% na produção de derivados de petróleo (2,24 milhões de barris por dia) na comparação com a média do primeiro semestre (2,15 milhões de barris diários). Na apresentação, a companhia voltou a anunciar meta de produção anual 7,5% acima que na última apuração do ano passado.

    Segundo o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, a ligação de mais um poço à unidade flutuante Cidade de Paraty foi concluída e vai representar produção de mais 30 mil barris de óleo por dia no campo.

    Os principais números do segundo trimestre foram divulgados na sexta-feira (8) passada, apontando uma queda de 8% em relação ao trimestre anterior e de cerca de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado, segundo a companhia foi devido à maior alíquota efetiva do Imposto de Renda e ao menor resultado financeiro.

    URL:
    http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-08/petrobras-projeta-crescimento-nas-exportacoes-de-petroleo-no-segundo-semestre

  9. Os custos de extração caíram no pré-sal.

    Altos índices de produtividade no pré-sal reduzem custos de extração
    Blog Petrobras-Fatos e Dados—12.Ago.2014–Postado em: [Atividades]
    Atingimos uma importante marca em nossa produção no pré-sal. O navio-plataforma FPSO Cidade de São Paulo, instalado no campo de Sapinhoá, na Bacia de Santos, atingiu sua capacidade máxima de produção de 120 mil barris por dia em 10 de julho, com a contribuição de apenas quatro poços produtores. O resultado confirma o bom desempenho das reservas desse campo, onde está localizado o poço mais produtivo do país, de onde são extraídos 36 mil barris de petróleo por dia. Com altos índices de produtividade, os custos de extração caíram no pré-sal.

    O campo de Lula, por exemplo, teve custo de extração de US$ 9 por barril de óleo equivalente (boe), menor do que a média do nosso custo de extração como um todo, de US$ 14,76/ boe em 2013.

    Outro exemplo de bom desempenho, o Teste de Longa Duração (TLD) na área oeste do Plano de Avaliação de Iara, iniciado em 21 de junho, prosseguiu em julho confirmando boa produtividade com um poço que produz em torno de 29 mil barris diários.
    A produção de petróleo do pré-sal alcançou novos recordes em julho e num único dia voltou a ser batido:
    —–em 13 de julho os 25 campos interligados no pré-sal das bacias de Santos e Campos totalizaram uma produção de 546 mil barris.
    —–O número é 5% maior que o recorde anterior, de 520 mil barris, que havia sido alcançado em 24 de junho. Também foi atingido novo recorde mensal, de 480 mil barris por dia.

    Esses volumes incluem a parte que operamos para nossos parceiros.
    URL:
    http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/altos-indices-de-produtividade-no-pre-sal-reduzem-custos-de-extracao.htm

  10. Acho que alguém já disse, mas

    Acho que alguém já disse, mas vou repetir: a questão não é nem mesmo a fé nas metas de inflação, na qual nem o Banco Central acredita, mas a ideologia contra gastos públicos. A proposta do Nelson Barbosa é meramente para reduzir os incentivos fiscais e o déficit fiscal do governo. Como alguém disse, isso deveria ser discutido não em relação a se gera déficits ou superávits mas se os setores incentivados são ou não do interesse coletivo. Discussão difícil, sei, mas necessária. Aliás, na economia política e, portanto, na política econômica, ela sempre está presente. Quando deixamos ideólogos como Delfim falar, aí estamos perdidos. Veja que ele não se cansou de defender os subsídios públicos (portanto deficitários) para os PPPs da infraestrutura. Agora, quem vai defender a desindexação das tarifas de telecomunicações, de planos de saúde e de energia?

    O próprio texto do Nassif mostra que vivemos uma ditadura da ideologia e não da evidência factual.

     

  11. Consumo x Inflação

    Tá na hora de acabar com esta correlação de forças.

    Porque as pessoas devem diminuir o consumo consciente?

    Acredito que a inflação brasileira está mais relacionada a problemas estruturais e de qualificação profissional do que o consumo das pessoas.

    Para finalizar, é a visão curta que o brasileiro tem. Principalmente os brasileiros donos do grande capital. 

  12. Conta Petróleo

    Nassif, concordo com grande parte do que foi exposto. Mas a meu ver, essa história toda do aumento ou diminuição da taxa SELIC tem uma principal variável: a Conta Petróleo. Porque se fosse apenas para o custo do dinheiro ficar mais caro, o BACEN dispõe de outros instrumentos de contenção, como o Depósito Compulsório. Além disso, mesmo que a taxa de juros ao consumidor final se eleve a 100% ao mês, só vai ter um impacto nas compras a prazo, ou seja, o feijão e arroz continuam sendo comprados à vista, mesmo que haja um impacto secundário (o consumidor vai comprar à vista o que deveria ser à prazo e não vai ter renda para os demais gastos), não é o que mais impactaria.

    Por outro lado, um aumento da SELIC proporciona um aumento do investimento externo, que por sua vez aprecia o câmbio. Com o dólar controlado, temos uma consequência: os produtos importados não encarecem, e, portanto, a inflação não sobe. A percepção que temos é de que não temos uma dependência tão grande sobre a importação, porém, apesar da propalada autossuficiência de petróleo, essa já não existe mais, nem nunca existiu quando se trata de gasolina. Assim, numa sequência lógica, aumenta-se os juros, aprecia-se o dólar, importa-se gasolina mais barata. Daí também vem a política da Petrobras de segurar o  preço da gasolina, por consequência vendendo gasolina às distribuidoras com margem baixa ou negativa.

    O preço da gasolina, além de ter um impacto direto na inflação, com aumento do custo do transporte individual e coletivo, tem um impacto eleitoral muito maior que a inflação. Portanto, o Estado Brasileiro está pagando juros mais caros para controlar o preço da gasolina, e para assegurar eleitoralmente a eleição dos partidos de situação.

    A solução encontrada há tempos atrás foi a autossuficiência do petróleo, que estancaria a Conta Petróleo e aí sim, poderíamos reduzir juros. Mas por um lado a demanda é crescente, e a produção do Pré-Sal não está a plenos pulmões. Tira-se aí mais dois entraves durante o Governo Dilma (dentre muitos): a queda de Eike Batista, que também não produz o que prometeu, e os usineiros de cana, que a máfia tabelou o preço do álcool (no Estado de SP pelo menos) a 70% do preço da gasolina.

    Não importa por qual conta pagaremos, se na gasolina ou no juros. A diferença é quem ganha mais com isso.

     

     

     

  13. Prioridades

    Esse debate sobre inflação já começa torto por supor que uma inflação estavel no patamar de 6% é um problema central da economia. Não é. Muito mais prioritario é atacar a desindustrialização, a falta de dinamismo do PIB, a falta de investimentos, o desquilibrio crescente no balanço de pagamentos, a distribuição de renda ainda precária.

    Com esses problemas resolvidos a inflação se ajusta por si só pois a oferta terá o dinamismo suficiente para responder mais rapidamente ao crescimento da demanda. Tentar controlar a inflação reprimindo a demanda num pais cujo principal ativoé o imenso potencial de seu mercado interno é burrice, pois além de tudo sinaliza para os investidores que a demanda está proibidade de crescer, o que nos condena a um ciclo interminavel de demanda e investimentos reprimidos.

     

    1. Desindustrialização

      “Muito mais prioritário é atacar a desindustrialização”

      Concordo plenamente, mas antes precisamos que os setores responsáveis em grande parte pela desindustrialização se concientizem disso.

      Ontem e hoje aconteceu o 25o Congresso Brasileiro do Aço cujo principal objetivo é a “defesa comercial eficiente e a utilização efetiva do instrumento do conteúdo nacional”.

      Acredito que a tradução desse objetivo seja, defesa do aumento do imposto de importação,desvalorização cambial, mais isenção tributária, proteção contra a concorrência internacional via barreiras técnicas etc.

      Isso tudo para sustentar o preço doméstico mais alto do mundo em insumos de aço.

      Desde a decada de 90 o foco do setor siderurgico passou a ser o dominar as cadeias mais representativas do aço, da materia prima ao manufaturado passando pelos insumos intermediários, e isso tem determinado o fechamento de centenas de empresas em diversos segmentos da construção civil à mecânica, incluindo-se aí as de bens de capital.

      A indústria do aço no Brasil, em especial a de longos, precisa se concientizar de que seu principal cliente é a indústria de transformação e não o consumidor final, e que a intenção de domínio sobre toda cadeia desindustrializa o País, o que abre caminho aos manufaturados internacionais. 

  14. Swap Cambial e composição da dívida pública

    Política Fiscal—NOTA PARA A IMPRENSA – 31.7.2014
    Banco Central do Brasil
    —-No final de junho a exposição total líquida nas operações de swap cambial totalizou R$198,5 bilhões. O resultado dessas operações (diferença entre a rentabilidade do DI e a variação cambial mais cupom) foi favorável ao Banco Central em R$3,4 bilhões.

    III – Dívida líquida do setor público
    A dívida líquida do setor público alcançou R$1.755,1 bilhões em junho (34,9% do PIB), elevando-se 0,4 p.p. do PIB em relação ao mês anterior. A apreciação cambial de 1,6% no mês contribuiu com R$11,5 bilhões para essa elevação.

    No ano, a relação DLSP/PIB elevou-se 1,4 p.p. Os juros nominais apropriados e a valorização cambial de 6% no ano contribuíram para elevar a relação, na ordem, em 2,4 p.p. e 0,9 p.p. do PIB. Em sentido contrário, o crescimento do PIB nominal, o superavit primário e o ajuste de paridade da cesta de moedas que compõem a dívida externa líquida contribuíram para reduzir a relação em 1,2 p.p., 0,6 p.p. e 0,1 p.p. do PIB, respectivamente.

    A Dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal, INSS, governos estaduais e governos municipais) alcançou R$2.941,1 bilhões em junho, 58,5% do PIB, elevando-se 0,5 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.—

    URL:
    http://www.bcb.gov.br/?ECOIMPOLFISC

    anexos

  15. O que há não é incapacidade,

    O que há não é incapacidade, é bloqueio ideológico.

    A sombra dessa falácia de que temos um estado mastodôntico é que obstrui o debate. Tudo para que mantenhamos as taxas de juros e spreads bancários mais malucos do mundo. Que o estado gasta mais do que arrecada, é somente uma constatação aritmética. A questão é em quê se gasta. Ou seja, fala-se muito em cortar gastos, mas não se avança um milímetro quando o assunto é o que cortar.

    A dívida interna, os contratos financeiros – realizados pelos políííticos, diga-se – são sagrados. A dívida social, o contrato social está se tornando também. Quero ver como vai ficar. Economista não costuma entender isso.

    O Celso Furtado já ensinou há décadas: pra uma minoria imitar o padrão de consumo e estilo de vida da aristocracia do atlântico norte, dado o nível de renda, a maioria tem que ter seus salários achatados. É essa a estrutura social brasileira que está sob estresse mais uma vez. Ou seja, os salários vão aumentar ou abaixar? O que está por detrás de uma ou de outra decisão? É isso que a maioria dos economistas não tem aparato conceitual para entender.

    Uma pena, porque nas boas escolas até ensinam, mas a rapaziada não dá muita bola.

  16. Reduzir os juros da selic e vender parte das reservas cambiais

    O fim da dependência do petróleo importado e desdolarização da dívida pública, da uma nova e inédita perspectiva para a economia brasileira, que precisa ser aproveitada pelo atuais condutores da política econômica e monetária.

    Com o atual ritmo de crescimento do PIB não há pressão de demanda, muito pelo contrário, o que abre espaço para a redução dos juros da selic para média dos juros internacionais eliminando o atual elevadíssimo diferencial de juros praticado pelo copom.

    Com a redução dos juros da Selic para a média dos juros da selic, deve ocorrer uma saída significativa de dólares que estão aplicados em renda fixa no Brasil, a venda de parte das Reservas cambiais no mercado à vista e a manutenção do atual programa de swaps cambiais permitiria uma correção gradual da taxa de câmbio, mesmo com a saída dos dólares que estão aplicados em renda fixa. como já foi demonstrado no início do ajuste da política monetária nos EUA ocorrida no início de 2013;

    Com uma correção da taxa de câmbio  de 3% a 5% nominais acima da inflação em 3 ou 4 anos teremos uma taxa de câmbio competitiva, sem colocar em risco a meta de inflação estabelecida pelo CMN-Conselho Monetário nacional.

     

     

     

  17. o importante é que haja

    o importante é que haja consumo suficiente para manter o pleno emprego e a inflação dentro da meta como vem ocorrendo nos últimos doze anos e evitar o que ocorreu principalmente na europa, onde o desemprego é quase bominável e os governos de vários países foram praticamente apropriados pelos representantes dos interesses financeiros, política deletéria que o psdb pretende pelo jeito implantar no brasil.. seria o fim da picada…

  18. o texto estaria perfeito, não

    o texto estaria perfeito, não fosse um ponto…. a principal correia de transmissão da inflação não é o consumo, e sim salários..ou seja, o objetivo da selic é mesmo o de frear o investimento… diversos estudos mostram que um banco central técnico (independente) é o que menos custos traz em termos de elevação da selic… a presidenta tentou interferir nesta lógica, aparentemente não deu certo.

     

    valew

  19. O que não se vê

    Caro Nassif do bandolim, 

    sua opinião é respeitável. Por isso mesmo, ajude os economistas. Coloque mais pimenta na conversa!

    Já disse aqui e repito. Economista só é bom quando deixa de ser economista e se transforma em pensador que usa a economia eventualmente em seus enunciados.

    Dito isso, proponho a seguinte análise:

    1 –  Aumenta a inflação e o BC aumenta a SELIC.

    Aqui já cabe a pergunta:  De qual inflação se trata?

    Inflação de demanda? De custos( da oferta)? Inercial? De lucro( estagflação)? Da fraude? Da má-fé? Da Dívida? Do rolo? Do tomate? Da impresa? Enfim, de qual delas estás tratando?

    Tratar da suposta “doença”   apenas com o vocábulo  inflação não me parece claro o suficiente para receitar um  remédio eficaz. Um único  remédio para  tratar de doenças SOCIAIS. Complicado não?

    Inflação não seria , em sentido amplo, um  CONFLITO DISTRIBUTIVO pela repartição do produto?

    E a selic resolve este conflito? Remunerando-se mais A RENDA que não foi GASTA? Aquela renda que vive em busca de oportunidades  atrativas, com o menor risco possível? Aquela renda que a todo momento fala de “segurança jurídica”, de preservação das “instituições”, e , de quando em vez, um de seus  representanes menos hábil, solta um temor em relação à “democracia”?

    Essa coisa de menos demana e menos pressão de preço, não me desce bem.

    Ora, pressão de preço num mercado de livre concorrência? Aquela concorrência perfeita que só se encontra nos manuais de economia? Aquele paradígma FAJUTO , coeteris paribus, o qual, com uma simples reunião, um conluio,  pode gerar o preço que desejar, num mercado, flagrantemente, oligopolizado? Um mercado que já foi diagnostica  pelo furtado tempos atrás que o  odiou e que ainda  odeia  a lei 4.131/62?

    Enfim, economia, de fato,  serve para “dar um ar” de seriedade às  gambiarras instituicionais instaladas no brasil desde os tempos remotos. Gambiarras que mascaram a extração da mais valia a custos “atrativos”. 

    Ora, ora, ora, proponham logo o fim do direito do trabalho, como querem muitos – e olha que querem mesmo hein – para então deixar que nossos milhares de sindicatos espalhados para todo lado, resolvam “fortemente” as demanas dos “trabalhadores livres”( isto é, livres , teoricamente, desde 1888)

    Nossa grande empresa capitalista – mutatis mutandis – continua sendo a CASA GRANDE. Agora, é certo, devemos considerar que o trabalho “livre”, para gerar  lucro e tributo. É aristocracia para um lado, burguesia para outro e no meio os babacas da “força de trabalho”.

    Hoje a casa grande mundial já se transformou em “transnacional”, geradora de produto interno bruto.Ou melhor, geradora de produto nacional bruto!  Não há soberaria ,  e muito menos  modelo econômico, que supere a sua força! 

    E se alguém duvidar disso, não se engane, o capital é poderoso o suficiente para propagar inflações inerciais na cabecinha dos otários desacordados de sempre! 

    Tudo em busca da Receita Bruta que para ser atrativa   preciso  ser   igual ao lucro líquido no bolso dos “investidores”. Para isso, é claro, necessitamos de uma “reforma tributária aliada com um choque de gestão”! 

    O que se vê e o que não se vê, como diria Bastiat com 24 anos , evidentemente   após ter recebido um bela herança de se avó para mamar nas tetas do mundo do trabalho( como fazem a minoria poderosa por ai)   e propagar a ideia ( logia)  do superávit primário para pagar o serviço da dívida e deixar que o tomate não suba de preço, evitando-se assim, a inflação no bolso dos babacas! kkkk 

    E por falar em receita, melhor ouvir a receita do samba. Ou o Nassif do Bandolim discorda disso?

     

    Saudações

     

  20. Câmbio, Selic, crescimento econômico e Crash de 2008

    Dilma Rousseff recebeu de Lula, no primeiro dia de janeiro de 2011, uma taxa Selic de 10,75 por cento ao ano. E recebeu também uma taxa de câmbio de 1,65 reais por dólar. Vejamos:

    -Janeiro de 2011: Selic em 10,75 por cento e câmbio em R$ 1,65 por dólar;
    -Agosto de 2014: Selic em 11,00 por cento e câmbio em R$ 2,28 por dólar.

    A Selic atual está apenas 0,25 por cento maior do que estava quando iniciou o governo Dilma. É uma diferença absolutamente ridícula e irrisória (e lembremo-nos de que Lula recebeu de FHC uma taxa Selic de 25 por cento ao ano).

    O real, no governo Dilma, está se desvalorizando desde o primeiro minuto do primeiro dia de janeiro de 2011. Logo, não há que se falar em ‘apreciação’ cambial aqui em Pindorama, muito antes pelo contrário.

    Cumpre destacar também que os EUA tem uma taxa de juros de 0,25 por cento ao ano desde dezembro de 2008. O Japão tem uma taxa de juros de 0,1 por cento e a União Europeia tem uma taxa de 0,15 por cento ao ano.

    Dentro deste contexto, onde as potências centrais mantém taxas de juros próximas de zero há muitos e muitos anos seguidos, é quase um milagre que o Brasil tenha conseguido desvalorizar o real, visto que os capitais especulativos correm justamente para os países emergentes, onde as taxas de juros são mais elevadas.

    De qualquer sorte, reduzir o problema da industrialização e do crescimento única e exclusivamente ao fator cambial ou da taxa de juros é um erro grosseiro. Basta verificar o crescimento acumulado dos principais países do mundo entre 2008 e 2013:

    1) União Europeia: -0,94%;
    2) Zona do Euro: -1,83%;
    3) EUA: 5,51%;
    4) Japão: 0,3%;
    5) Alemanha: 4,21%;
    6) França: 0,61%;
    7) Reino Unido: -1,37%;
    8) Itália: -8,73%;
    9) Espanha: -5,73%;
    10) Portugal: -6,79%;
    11) Grécia: -23,65%;
    12) México: 9,16%;
    13) Brasil: 19,87%;
    14) Rússia: 10,73%;
    15) Índia: 45,57%;
    16) China: 66,44%.

    Nota-se que o Brasil, em que pese ter taxas de juros muito superiores às taxas praticadas em todos os países e blocos apresentados, conseguiu crescer mais do que estes mesmos países, com exceção dos fenômenos Índia e China.

    Os países centrais estão com taxas de juros próximas de zero há muito e muito tempo e não conseguem crescer. Ou seja, é impossível falar de economia hoje em dia sem estudar os efeitos do Crash de 15 de setembro de 2008 (maior crise econômica desde 1929).

    Não baste ter taxas de juros próximas de zero e câmbio desvalorizado num mundo convulsionado pela crise econômica mundial. Este é o dilema que terá que ser enfrentado, de forma coordenada, pelos mais diversos países. 

    Estamos hoje como estávamos na década de 30 do século passado. Só espero que a saída da crise não seja tão dramática e belicista como foi naquela época… A purga da crise está longe de acabar, infelizmente.

    1. Diogo é um  governista não

      Diogo é um  governista não importa o que o governo faça terá seu apoio incondicional, não importa que o governo ate mate mesmo assim apoiaria.

      Governismo é a doença infantil do esquerdismo diria Lenin.

  21. problema é politico

    A economia de um país é apenas o reflexo das relações de suas forças sociais e politicas. Para mexer com o câmbio vai ter de sacudir o vespeiro dos rentistas. Quem se habilita?

    1. Exato

      Os juros devem ser altos para garantir a rentabilidade dos rentistas, o dólar deve ser barato para garantir que a rentabilidade em reais permita a maior remessa de dólares possível para as matrizes lá fora.

      Além disso, reservas gordas (e caras) para garantir que a saída seja garantida e sem riscos a qualquer momento, e superavit primario (gastos sociais e investimentos publicos contidos) para garantir a capacidade de pagamento do governo desses juros altos.

      Um modelo perverso, dificil de mudar, mas que deve ser explicitado sempre que possivel para enquadrar devidamente o debate.

    2. vespeiro de quem?

      Vamos ser mais sinceros o dono desse vespeiro é o governo petista, ele sim é o maior beneficiário desse estelionato eleitoral hipotecando o futuro do país. É esse governo incompetente que não quer mexer nisso, é mais fácil para eles continuar mentindo e sustentando esse teatro, só acredita nessa falácia de vespeiro de rentistas que é petista fanático.

        1. perder tempo
          Eu não vou explicar nada para quem não quer entender, se vc sabe ler procure os noticiários econômicos e veja por si mesmo.

  22. Biodiesel B6 já pode ser encontrado nos postos

    —-Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, cada ponto percentual a mais de biodiesel na mistura evita a importação de aproximadamente 600 milhões de litros de óleo diesel por ano, o que, a preços atuais, representa uma economia direta de quase US$ 500 milhões—-

    A Medida deverá posicionar o Brasil como 2º maior produtor mundial de biodiesel
    Assessoria de Comunicação Social—Ministério de Minas e Energia—Data 02/07/14

    Os postos de combustível começaram a comercializar nesta terça-feira, 1º de julho, o diesel com a adição de 6% de biodiesel. A ampliação da mistura de biodiesel foi estabelecida pela Medida Provisória nº 647, de 28 de maio de 2014. A MP determina ainda a elevação para 7%, a partir de 1º de novembro de 2014.

    A nova mistura permitirá ainda o pleno uso da capacidade de produção de biodiesel no país e beneficiará agricultores familiares, com geração de renda.
    Atualmente, cerca de 73% das matérias-primas utilizadas na fabricação do biocombustível são soja, cultivada por pequenos, médios e grandes agricultores.
    Em segundo lugar está o sebo bovino (22%). As demais matérias-primas são óleos de algodão, fritura, girassol e outros.
    O Brasil dispõe hoje de 57 unidades em condições de processar cerca de 7,5 bilhões de litros de biodiesel por ano.
    Cerca de cem mil famílias são contempladas pelo Programa Nacional de Biodiesel.

    O aumento da mistura também deverá posicionar o Brasil como 2º maior produtor mundial de biodiesel. Ainda em 2014, a produção brasileira deverá superar 3,4 bilhões de litros, ultrapassando a atual segunda colocada, a Alemanha (aproximadamente 3 bilhões). A consolidação definitiva ocorrerá em 2015, já com a adoção do B7.
    A expectativa é de que no próximo ano, a produção deverá passar de 4,4 bilhões de litros. Atualmente, o maior produtor é os Estados Unidos, com mais de 5 bilhões de litros por ano.

    O Programa Nacional de Biodiesel instituiu o percentual de 2% da mistura, em 2008, e, em 2010, subiu para 5%, depois disso não haviam ocorrido mudanças.
    Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, cada ponto percentual a mais de biodiesel na mistura evita a importação de aproximadamente 600 milhões de litros de óleo diesel por ano, o que, a preços atuais, representa uma economia direta de quase US$ 500 milhões.

    URL:
    http://www.mme.gov.br/mme/noticias/lista_destaque/destaque_999122.html
     

  23. Ineficaz é bruxaria

    Que nada mais é do que o tripé composto de maquiagem fiscal, gastos públicos engessados no cume e descontrole inflacionário, seja por medidas atabalhoadas, seja por falta de regência das expectativas.

    Metas inflacionárias trabalham expectativas, mostrar qual nível de inflação o governo aceita, exato (e não como dito antes que é acertar qual será a inflação futura) mas para controlar a inflação faltou falar dos outros 2 pés do tripé:

    a) câmbio flutuante que não deve servir nem prá segurar a inflação nem prá maquiar a baixa competitividade da indústria, mas refletir o custo do dinheiro interno em relação ao mundo e

    b) austeridade fiscal, que não é CORTAR gastos (sociais ou não); eventualmente pode até AUMENTAR, se for para gastar bem (provocar retorno). Mas, para isso, isto é, para poder AUMENTAR ou DIMINUIR é presiso DESENGESSAR;

  24. Banqueiros – Tombinho, nós

    Banqueiros – Tombinho, nós queremos Selic alta, mas você vai incentivar os empréstimos…

    Tombinho – Tudo bem, vou injetar mais 40 bilhões pra vocês emprestarem sem limite.

    Banqueiros – Parceiro, como você consegue expandir o aumento da taxa Selic, e, sem subtrair o encargo, promove o crédito?

    Tombinho –  Todo mundo já está careca de saber que o aumento da Selic decreta minha incapacidade de dar conta da meta de inflação.

    Banqueiros – Nós mandaremos a mídia golpista dizer que a inflação é culpa da Dilma. 

      1. Dilma entra na minha vida na

        Dilma entra na minha vida na medida que posso escrever sobre os caluniadores e dar a cara a tapa no seu lugar; por uma nova história do país.

        Ninguém vai me intimidar porque conheço o Deus que sirvo.

        Por isso, eu posso crer no amanhã.

        1. nova história?

          Vc disse nova história do país? Para  mim a corrupção continua igual ou pior, a incompetençia econômica e cinismo eu tenho certeza que aumentaram muito.

  25. A inflação do Chile é de

    A inflação do Chile é de 3%a.a. A taxa selic deles é de 3,75%a.a., juro real de 0,75%. O México tem uma selic de 4,5%a.a. A inflação no Brasil é de 6,5%. A selic nossa está em 11%a.a.!! Juro real de inacreditáveis 4,5%!! São centenas de bilhões de reais tirados do orçamento federal para pagar os rentistas, que ganham com a  maior taxa de juros real do mundo. Por quê não reduzir a selic para 8%a.a. na próxima reunião do Copom? A presidenta Dilma precisa mostrar que é Estadista e enquadrar o presidente do Banco Central, caso contrário, o país entrará em uma forte recessão nos próximos meses.

    1. Taxa Selic.

      Nos comentários da Fabiana sobre a Taxa Selic, apenas um pequeno adendo: não se considerou a forte incidência do Imposto de renda sobre os rendimentos e a inflação anual (supondo-se que a arrecadação acompanhe a inflação).

  26. A discussao sobre a Marcacao a Mercado

     

    Nassif, é meio fora de pauta mas vamos lá. Recentemente vc comentou sobre gestao de Armínio Fraga a frente do BC e classificou como desastrosa a implantacao da Marcacao a Mercado. Nao se pode descartar o contexto e os impactos descritos, mas em principio foi uma importante medida visando o fortalecimento do mercado de fundos e da poupanca privada nacional, trouxe mais transparencia e seguranca ao investidor, defendendo-o do efeito de transferencia de riqueza decorrente da atualizacao mensal do PL. O Tesouro tem como uma das suas principais estrategias o fortalecimento do mercado secundario de titulos, tanto é que justifica os leiloes fechados aos dealers com esse argumento. Entao faz todo o sentido medidas dessa natureza, certo?

     

     

     

    1. O problema não foi a marcação

      O problema não foi a marcação a mercado mas o passo seguinte: o lançamento de swaps cambiais amarrados a títulos pré-fixados. O mercado comprou o pacote e desovou os títulos. Desovando, derrubou seu valor no mercado impactando todo o estoque de títulos pré-fixados nas carteiras dos fundos.

  27. Acho que faltou alguns pontos…

     

    Fiquei meio curioso sobre seu post. Afinal de contas, qual é sua sugestão?

    Bem, se a Selic atua muito pouco sobre a inflação, então foi um erro aumentá-la para combater a inflação, não é?

    Mas, aí fico a pensar, com todo bombardeio da mídia sobre a inflação do “tomate” e os mercados financeiros contra a Dilma porque ela vinha baixando não somente a Selic, mas também forçando os spreads bancários, qual alternativa restaria ao governo senão aumentar a Selic? Deixar que a mídia continuasse a tocar o “terror” com a questão da inflação em pleno ano eleitoral? Além disso você falou logo de inicio que a idéia (errada) é:

    “A ideia central é permitir ao BC articular as expectativas de mercado”, pois bem, não lhe ocorreu que o inverso também não só é possivel como acontece? Ou seja, que o mercado influêncie as decisões do BC? De certa forma seu post me parece que isenta o mercado de qualquer responsabilidade no assunto.

    Então acho que faltaram duas questões importantíssimas que deveriam constar do seu post: primeiro: sugestões para o problema; segundo: uma avaliação sobre a participação dos mercados nesta questão. além da mídia é claro e, principalmente, a atuação desses dois últimos atores como, possíveis atores de influência do BC. Sem estes pontos, fica um ar de que o mercado não age errado nunca em relação a inflação, mas que apenas é guiado pelas expectativas que o BC gera, não sendo ele, o mercado e tão pouco a mídia, criadores de expectativas que influenciem nas decisões do BC.

    1.  
       As propostas do Yoshiaki

       

       As propostas do Yoshiaki Nakano

      Se bem entendi.

      BC autonomo executando a politica monetaria, com instrumentos que impactem o custo do dinheiro: taxa de redesconto, compulsorio, por exemplo (ele fala em “taxa basica de juros, taxa no mercado da moeda”) e a selic meta para remunerar o investimento. Com mandato para executar a politica cambial tambem ( pelo o que entendi, nos moldes do copom com um CMN cambial com fins ao desenvolvimento da industria) incluindo a gestao das reservas.

      Conclui que essas mudancas trariam os juros para patamares mais civilizados (taxa basica EUA + inflacao+ bonus de risco?)

      Fica a pergunta: se é possivel desvincular a selic da politica monetaria, porque nao fizeram isso antes?

      https://jornalggn.com.br/noticia/o-que-espera-o-futuro-governo-por-yoshiaki-nakano

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

    2. Estadistas sabem como poucos

      Estadistas sabem como poucos ganhar a batalha da comunicação e influenciar e não se deixar influenciar pelo mercado ou pelo inacreditável boletim focus. A presidenta Dilma é extremamente fechada, tem uma péssima comunicação com o mercado, com a sociedade. não sabe verbalizar para a sociedade uma visão de futuro; os empresários que querem investir e acreditar no país ficam meio perdidos e com medo. Enquanto isso, a grande mídia deita e rola com a seguinte manchete: “inflação dispara para 0.2%” e o governo fica estremecido e com medo da mídia/mercado, enquanto a desindustrialização cresce a olhos vistos no país.

    3. O Nassif não é do ramo, é jornalista e dos bons

      Não têm solução fácil, senão a Suiça, a Inglaterra e a China já há teriam usado.

      Aqui é quem pode mais chora menos.

      Mas se o Brasil usar as mesmas ferramentas imateriais para criar uma moeda que o proteja, como fez a China, em vinte anos estamos de novo bem posicionados em todos os setores produtivos, inclusive o industrial.

      Eu  garanto.

    4. A inflação é antes de tudo um problema político

       

      Eduardo Pereira da Silva (quarta-feira, 13/08/2014 às 23:46),

      Seu comentário foi recompensado corretamente com cinco estrelas. E pelo que você disse para o dono do blog, e em minha avaliação, haveria de existir mais estrelas para o seu comentário.

      Há muito mais tempo, mas com mais intensidade nos últimos trinta dias, Luis Nassif vem em uma campanha ferrenha contra o Banco Central. Só que a campanha dele não é contra um Banco Central qualquer. A campanha dele é contra o Banco Central que tudo fará para reeleger a presidenta Dilma Rousseff.

      E ele não faz a crítica objetiva, direta e firme contra o Banco Central. A crítica dele é enviesada, cheio de contorcionismos e penduricalhos. Em julho nesta série sobre o Brasil em 2015, ele fez um post sobre política industrial intitulado “Brasil 2015: rumos da política industrial” de terça-feira, 15/07/2014 às 06:00, em que só há uma referência ao câmbio. E vale a pena mostrar esta passagem. Diz Luis Nassif sobre o que seria o diagnóstico da realidade da política industrial:

      “A taxa de investimento da economia está despencando – especialmente na indústria.

      No BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), mesmo com linhas de financiamento a juros quase zero, a demanda por crédito está parada. A enorme lista de isenções fiscais dos últimos anos criou restrições para novas ações de estímulo fiscal do governo. E não seguiram uma estratégia de futuro, mas apenas uma resposta aos apertos trazidos pelo câmbio”.

      O penduricalho ai foi a crítica a isenções fiscais para enfrentar os problemas causados pelo câmbio. O endereço do post “Brasil 2015: rumos da política industrial” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/brasil-2015-rumos-da-politica-industrial

      Depois ele trouxe uma série de post contra o Regime de Metas de Inflação e a condução da política monetária pelo Banco Central. Indico o primeiro “A hora de discutir as metas inflacionárias” de sábado, 19/07/2014 às 10:40, e o último “O “forward guidance” do Banco Central” de terça-feira, 05/08/2014 às 06:00. O endereço do post “A hora de discutir as metas inflacionárias” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-hora-de-discutir-as-metas-inflacionarias

      E o endereço do post “O “forward guidance” do Banco Central” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/o-forward-guidance%E2%80%9D-do-banco-central

      No post “O “forward guidance” do Banco Central”, o contorcionismo de Luis Nassif consistiu em dar um título cujo objetivo era dizer que ele explicaria o que ele considerava como sendo aquilo que o Banco Central denominava “forward guidance” só que se ele apresenta a explicação do significado de “forward guidance” de modo até direto e preciso, ele escondeu a intenção dele em recheios perfunctórios e o conteúdo do post é entendido em outro sentido. Transcrevendo o que disse ele lá no post “O “forward guidance” do Banco Central” para traduzir o que significava “forward guidance”:

      “A única função da elevação da Selic é atrair mais dólares para ajudar o BC a segurar a desvalorização cambial inevitável”.

      Enfim, todo mundo sabe que quando o Fed começar a elevar os juros vai haver fuga de dólares das economias periféricas. E para enfrentar esta expectativa, que é na verdade uma realidade, os juros agora estão altos. O contorcionismo de Luis Nassif foi tão exagerado que em um post com mais de 60 comentários contam-se nos dedos os comentários que falam da questão cambial.

      Não custava nada ele colocar os recheios do modo que fez o Yoshiaki Nakano no artigo “Inflação já cede rapidamente” que fora publicado terça-feira, 12/08/2014, no jornal Valor Econômico, mas separar o cheio da idéia central que ele queria enfatizar. E mais interessante é que Yoshiaki Nakano faz referência ao que Luis Nassif vem considerando como medidas contraditórias do Banco Central que de um lado eleva o juro e de outro expande o crédito. Só que Luis Nassif critica as medidas contraditórias enquanto o Yoshiaki Nakano explica que as medidas não têm o mesmo efeito ou com a mesma intensidade sobre a inflação. Nas palavras de Yoshiaki Nakano:

      “Numa conduta convencional, o Banco Central eleva a taxa de juros com a intenção de conter a expansão de crédito e, através desta, a demanda agregada, o emprego e daí conter a taxa de inflação. . . . Assim, é estranho que o Banco Central venha estimular o crédito, quando a inflação está começando a ceder, . . . A única justificativa para esta decisão de estimular o crédito, mantendo a elevadíssima taxa de juros de 11% ao ano, é que o Banco Central está convencido de que o canal da taxa de câmbio é mais eficaz para controlar a inflação do que a do juros. E tem toda razão”.

      O endereço do artigo “Inflação já cede rapidamente” de autoria de Yoshiaki Nakano é:

      http://www.valor.com.br/opiniao/3648758/inflacao-ja-cede-rapidamente

      Sou leigo em economia, mas tenho minhas críticas a Yoshiaki Nakano e mesmo nesse artigo que elogio por ele ser mais direto, avalio que ele não levou em consideração o que Luis Nassif leva e que é as expectativas de aumento do juro americano e com isso a fuga de dólares dos países da periferia para os Estados Unidos. Só que ele foi explícito sobre o assunto de que ele queria tratar e que é o problema da valorização cambial.

      Uma das mais frequentes críticas que eu faço aos textos de Luis Nassif é que na maioria deles ele traz uma série de variáveis econômicas e, primeiro, nem sempre ele as considera no conjunto, mas em geral isoladamente ou em grupo de duas ou três, e, segundo, ele não as considera sob o aspecto político. Déficit público, dívida pública, saldo na Balança Comercial, câmbio, taxa de investimento, taxa de crescimento, taxa de desemprego e taxa de inflação são variáveis econômica, mas só as duas últimas podem ser consideradas como variáveis políticas sob o aspecto eleitoral. E mais importante, a inflação é uma variável econômica que ainda não conta com uma garantia da teoria expressa cientificamente que dimensione os efeitos da inflação sobre a economia. Já os efeitos da taxa de inflação no campo político são bastante conhecido. Aliás, Jânio Quadros já sabia disso na campanha para presidente em 1960.

      Sobre a relevância da inflação em uma campanha eleitoral eu gostaria de mencionar e deixar indicado aqui o link para o post “IPCA desacelera e volta a ficar dentro da meta” de sexta-feira, 08/08/2014 às 09:22, aqui no blog de Luis Nassif, consistindo de transcrição de reportagem do Jornal GGN. O endereço do post “IPCA desacelera e volta a ficar dentro da meta” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/ipca-desacelera-e-volta-a-ficar-dentro-da-meta

      No post há um comentário que eu enviei em que eu transcrevo trechos de outros comentários meus em que tento mostrar a importância de se ter uma inflação baixa nos três meses antecedentes à eleição para que a Dilma Rousseff seja eleita. Penso que vale a pena dar uma olhada no comentário.

      Menciono aqui também dois comentários de Fabiana C. Um que ela enviou quarta-feira, 13/08/2014 às 22:03, e outro que ela enviou quinta-feira, 14/08/2014 às 08:08, junto ao seu comentário. O primeiro comentário foi mais descritivo trazendo as taxas de juros do Chile e do México para mostrar o quanto exagerada é a taxa de juro no Brasil. E no fim do comentário ela faz a pergunta: “Por quê não reduzir a selic para 8%a.a. na próxima reunião do Copom?” E na sequência ela lança o repto à presidenta Dilma Rousseff para que a presidenta seja estadista. Diz lá a Fabiano C.:

      “A presidenta Dilma precisa mostrar que é Estadista e enquadrar o presidente do Banco Central, caso contrário, o país entrará em uma forte recessão nos próximos meses”.

      Trouxe este comentário porque ele mostra o quanto às pessoas desconhecem a respeito da vinculação entre a inflação e a popularidade de um candidato. Nem sei se forçar o Banco Central a abaixar a taxa de juros seja conduta de estadista, mas sei que em qualquer país onde há a reeleição, o compromisso do governante é com medidas que possam assegurar que ele seja reeleito e uma das medidas mais importantes nesse sentido é a redução da inflação. E se a taxa de juros direta ou indiretamente reduz a inflação, não se deve esperar outra ação do governante que não seja a utilização desse instrumento de combate à inflação.

      No segundo comentário dela e que ela fez junto ao seu, ela parece assumir que a presidenta Dilma Rousseff não é a estadista que ela deseja. Também no segundo comentário eu vejo um pouco de confusão porque de certo modo ela confunde estadista com pessoa com carisma. Carisma é dom que uma pessoa possui e que se revela na capacidade que ela tem de convencer outra. Um político carismático tem muito mais capacidade de convencimento do eleitorado do que um político não carismático. A presidenta Dilma Rousseff não tem carisma. Agora um estelionatário também é muito carismático.

      E o outro comentário que eu gostaria de mencionar é o de Tom enviado quarta-feira, 13/08/2014 às 12:53, para junto do comentário de Marcelo Castro enviado quarta-feira, 13/08/2014 às 12:03. Ele já havia feito um bom comentário e que fora enviado quarta-feira, 13/08/2014 às 10:00, em que ele diz que a inflação não é um problema econômico. Este comentário dele, entretanto, é um comentário como os meus, salvo que ele sabe ser sucinto, pois dizer que a inflação não é problema econômico é um mantra meu de mais de trinta anos.

      O segundo comentário dele é algo de fora de série. Nunca vi um comentário em dois sucintos parágrafos retratar a realidade brasileira e o buraco em que nós nos encontramos com tanta precisão. É um comentário que ainda que curto precisaria ser analisado talvez mediante um post para o qual tivesse uma chamada de pelo menos uma semana. Vou enriquecer este meu comentário transcrevendo o comentário dele a seguir. Diz então o Tom no comentário que ele enviou quarta-feira, 13/08/2014 às 12:53:

      “Os juros devem ser altos para garantir a rentabilidade dos rentistas, o dólar deve ser barato para garantir que a rentabilidade em reais permita a maior remessa de dólares possível para as matrizes lá fora.

      Além disso, reservas gordas (e caras) para garantir que a saída seja garantida e sem riscos a qualquer momento, e superavit primario (gastos sociais e investimentos publicos contidos) para garantir a capacidade de pagamento do governo desses juros altos.

      Um modelo perverso, dificil de mudar, mas que deve ser explicitado sempre que possivel para enquadrar devidamente o debate”.

      Talvez o correto não seja transformar este comentário em um post. Como ele diz basta apenas sempre antes de um post propondo discutir a realidade econômica brasileira transcrever os dois primeiros parágrafos do comentário dele.

      E um início do debate seria exatamente saber por que chegamos a este modelo que o Tom, e imagino que qualquer um, considera um modelo perverso?

      Em uma discussão assim eu começaria lembrando que em cinco anos de governo José Sarney, a economia brasileira cresceu mais do que nos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso. Acrescentaria que com inflação alta e câmbio competitivo, o país não precisaria de reservas nem de capital externo para crescer. E lembraria que o divisor das águas foi o Plano Real associado a uma eleição e na sequência a necessidade de aprovar a emenda da reeleição, a necessidade de se reeleger Fernando Henrique Cardoso e depois necessidade de se criar condições para a eleição da ainda nem candidata Dilma Rousseff. Desde então o modelo perverso que Tom descreveu, como o corvo de Edgar Allan Poe está a nos espreitar. E em época de eleição ou reeleição certamente o que se vai bem ouvir é que nunca mais, nunca mais haverá inflação como aquela.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 15/08/2014

  28. Os argumentos e os fatos

    Um texto com toda a lógica do “mercado” que, como as profecias, não modifica o presente, mas  só o futuro é capaz de confirmá-las:

    “Em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (11), a consultoria econômica Rosenberg Associados prevê que Dilma Rousseff será reeleita e que o cenário mais provável para o país é a “continuidade da mediocridade”.

    O relatório diz que “[Dilma] está plantada numa sólida diferença para os demais [candidatos] que, se não é confortável, é desencorajante”.

    O horário gratuito na TV “pode embaralhar as cartas”, mas “[Dilma] vai dispor de muito mais tempo que os outros para alertar’ a classe baixa de que a elite está tentando anular suas conquistas.”

    “É por isto que, visto de hoje, o cenário mais provável é a continuidade da mediocridade, do descompromisso com a Lógica, do mau humor prepotente do poste que se transformou em porrete contra o senso comum.”

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/180411-dilma-mantera-mediocridade-diz-consultoria.shtml

  29. Não tem real fraco que recupere nossa indústria

    Não tem câmbio depreciado (real fraco) que recupere nossa indústria, que padece de:

    1. Falta de criatividade

    2. Altos custos de tributos, mão de obra, direitos trabalhistas, burocracia

    3. Falta de escala

    4. Falta de P&D

    5. Poder de concorrência com estrangeiros (e não é por causa do dólar)

    6. Poucas patentes

    7. Pouca visão de mercado

     

    O dólar é atraido por juros altos, mas não tem poder de influenciar nossa indústria. Toda vez que o real deprecia nossos preços de exportáveis também se depreciam. Por ora nossa vocação é a agroindústria e commodities minerais, além de aqui e acolá uma Embraer da vida. Mas poderiamos exportar serviço, construir uma indústria naval de peso, industrializar os derivados de petróleo, sem contudo poder competir com câmeras, computadores, produtos óticos, produtos de alta tecologia etc. O dólar baixo também ajuda a indústria a se reequipar. Com essa costa toda, não exportamos pescados!!!

  30. O problema é político, não

    O problema é político, não econômico.

    Recentemente o governo Dilma tentou desarmar esta armadilha do mercado para o estado brasileiro.

    A SELIC chegou a 7% a.a., o governo chegou até a fazer o mais difícil, que foi mexer na rentabilidade da poupança, o que muita gente duvidava.

    E bancou a aposta que a inflação não voltaria com tanta força e que iria tirar a credibilidade do mercado.

    Em 2010 o BC começou a divulgar os dados da inflação nuclear no Brasil, provavelmente com o intuito de, num segundo momento, mudar a referência para o ajuste da SELIC. (passar do IPCA cheio para a inflação nuclear, i.e., no nosso caso, IPCA cheio menos energia e alimentos).

    Acontece que a inflação de alimentos veio forte e o terrorismo midiático foi tanto que esta inflação de alimentos acabou se espalhando pelos outros preços da economia.

    Que deveria ter feito o governo?

    Deveria ter bancado a aposta, ter sido irresponsável mesmo com a inflação por um tempo e mantido os juros baixos.

    Esta inflação maior por um tempo, com os juros mais baixos, teria aliviado o orçamento da união.

    Com a inflação em alta e os juros baixos, com o governo sinalizando irresponsabilidade com a inflação mesmo, escrachada, obrigatoriamente o capital empoçado na renda fixa teria migrado para os investimentos e, consequentemente, a economia voltaria a crescer.

    Afinal, este é o espírito do sistema de metas de inflação: quando a economia vai mal, diminui-se os juros, os investidores vão pra economia real pq os títulos perdem atratividade e a economia se recupera.

    Ocorre que no Brasil a rentabilidade dos títulos depois do plano real historicamente é tamanha que, mesmo com o nível de juros mais baixo em termos históricos (7%), a rentabilidade real dos títulos ainda era positiva.

    E o que fez então o mercado? Ao invés de ir pra economia real, botou o governo no corner, exigindo aumento de juros.

    Como tinha uma eleição no meio de tudo isto, o governo deixou toda a estratégia pra lá e usou o receituário de sempre, aumentando a SELIC mesmo com a economia patinando para estratosféricos 11% a.a. (em termos dos juros mundiais hj).

    A história ainda vai dizer, mas guardadas as devidas proporções, este populismo cambial da Dilma hoje se equivale ao de FHC em 1999.

     

     

    1. O Appy e o coupon câmbial

      Nesta vou na lição do Appy, pois a conta do coupon câmbial é complexa, mas foi usado uma fórmula precária e ingênua para baixar os juros.

      Não é assim que funciona.

      A Suiça, a Inglaterra e a China não estão ai enfrentando a banca e sofrendo as consequências disto à toa.

      Um acordo de outro nível deve ser lançado sobre o dinheiro internacional, o Brasil é subrepresentado, os europeus criaram o Euro e assim mesmo estão penando.

      O Brasil é grande e da para se isolar e negocial, a banca cederia na marra.

      Acorda, Dilma!

    2. Não é populismo cambial, mas populismo desinflacionário

       

      Droubi (quinta-feira, 14/08/2014 às 21:51),

      Eu não lembro de eu ter usado a expressão populismo cambial, mas devo ter elogiado os primeiros articulistas da grande mídia que usaram esta expressão ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso.

      Não deixo de elogiar ainda hoje os que usam esta expressão, mas estou cada vez mais convencido de que ela não deve ser utilizada uma vez o povo a quem a expressão se refere não tem nenhum sentimento em relação ao câmbio. O povo tem sentimento somente em relação ao emprego e em relação à inflação.

      Eu dou muito destaque aos efeitos políticos da inflação. Neste sentido gostaria de mencionar três posts recentes em que eu trato desse vinculo político da inflação. Primeiro menciono o post “IPCA desacelera e volta a ficar dentro da meta” de sexta-feira, 08/08/2014 às 09:22, aqui no blog de Luis Nassif, consistindo de transcrição de reportagem do Jornal GGN que tratada inflação de julho. E menciono também o post “O primeiro comercial político na TV” de terça-feira, 21/09/2010 às 07:49, e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-primeiro-comercial-politico-na-tv

      E como terceira referência lembro que eu deixei uma série de comentários junto ao post “O “forward guidance” do Banco Central” de terça-feira, 05/08/2014 às 06:00, e para o qual eu deixei um link em comentário que enviei sexta-feira, 15/08/2014 às 19:16, para junto do ótimo comentário de Eduardo Pereira da Silva que ele enviou quarta-feira, 13/08/2014 às 23:46 para Luis Nassif aqui neste post “As gambiarras com a política de juros” de quarta-feira, 13/08/2014 às 06:00. No meu comentário para Eduardo Pereira da Silva há também o link para o post “IPCA desacelera e volta a ficar dentro da meta”.

      Lembro aqui que eu enviei quatro comentários junto ao post “O “forward guidance” do Banco Central” e todos eles para Luis Nassif e onde eu deixo vários links importantes e aqui e ali eu faço um apanhado de alguns comentários trazendo uma abordagem que eu avalio como importante na discussão do tema de inflação e do Regime de Metas de Inflação e dos efeitos no câmbio e em outras variáveis econômicas das políticas relacionadas com a criação de emprego e do combate à inflação.

      Em um dos meus comentários no post “O “forward guidance” do Banco Central”, eu faço referência a um comentário seu que já se encontra na segunda página daquele post. Eu comento que a sua proposta de utilizar o núcleo da inflação como referência para ajuste da Selic fora corretamente avaliada pelo comentarista DanielQuireza em comentário enviado terça-feira, 05/08/2014 às 13:13, em que ele diz:

      “A ideia do Bresser por ex, de acomodar uma inflação um pouco mais alta por algum tempo é inviável politicamente, da mesma forma que a ideia apontada pelo comentarista Droubi”.

      Aqui neste post “As gambiarras com a política de juros”, você volta com a idéia da utilização do núcleo da inflação para balizar o ajuste da Sélic. É um comentário mais completo, pois você também descreve a luta da presidenta Dilma Rousseff para tentar abaixar a taxa Selic embora tendo no final cedido às pressões para o aumento da Selic.

      O destaque, entretanto, que eu faço ao seu comentário diz respeito ao início dele em que você diz que o problema é político. Não tenho dúvida disso, só penso que você não precisava desviar o foco para a questão do câmbio. O câmbio é um problema econômico com dois efeitos diversos. O câmbio valorizado reduz a inflação e aumenta o desemprego. Em uma campanha política o governante fica submetido a duas pressões distintas: aumentar o nível de emprego e diminuir o nível da inflação. A decisão de qual a prioridade ele deve escolher é evidentemente uma decisão política.

      O desemprego e a inflação são as duas únicas variáveis econômicas que agem diretamente sobre a população e têm assim efeito eleitoral. O aumento do desemprego produzido pela valorização cambial reduz a popularidade do governante e a redução da inflação originada da valorização do real aumenta a popularidade. Ocorre que a inflação atinge todo mundo e o desemprego só aqueles que ficam desempregados. Os governantes que pensam no longo prazo tudo farão para que lá à frente na véspera de uma eleição, tenha-se pelo menos três meses de inflação bem baixa que possa catapultar uma candidatura junto ao eleitorado. Na verdade não é catapultar mas sim garantir. Para catapultar uma candidatura você tem que fazer é instalar uma pressão consumista que aumente a procura por trabalhadores como fez o governo de Lula em 2009 para catapultar a candidatura de Dilma Rousseff em 2010.

      Já para garantir uma reeleição você tem que manter a inflação em um patamar bem baixo que crie admiração do pelo governante. Foi isso que fez Fernando Henrique Cardoso em 2008 e é isso que faz a presidenta Dilma Rousseff em 2014. E que se ressalte que em 1994, Fernando Henrique Cardoso pode utilizar via Itamar Franco dois instrumentos para catapultar a candidatura dele. De um lado houve a redução abrupta da inflação e de outro houve a explosão consumista que gerou uma euforia favorável à candidatura de Fernando Henrique Cardoso.

      O grande problema que talvez só seja bem esclarecido no futuro um tanto longínquo é que para países em desenvolvimento e com grande extensão territorial como o Brasil mais bem nos faria uma inflação entre 10 a 30 por cento ao ano. Quando este tempo de esclarecimento chegar se constatará que o Brasil pagou um preço terrível pela redução rápida de inflação em 1994 e pela introdução do instituto da reeleição.

      Então a expressão correta a ser utilizada para descrever a conduta do governante em relação à inflação é dizer populismo inflacionário (ou desinflacionário). O problema é que ninguém quer utilizar a expressão populismo inflacionário porque não só para o povo mas também para os economistas de melhor estirpe o correto é inflação baixa. Talvez por não ser economista eu tenha tanta segurança em dizer que o povo e os economistas de melhor estirpe estão equivocados.

      Há males, entretanto, que vêm para o bem. Como o Plano Cruzado em 1986 que acabou destruindo uma recuperação econômica brasileira que se fazia puxada pelo saldo na Balança Comercial de US$1 bilhão mensal, mas foi o que nos assegurou uma das mais modernas constituições do mundo, o Plano Real e suas consequências trouxeram para o Brasil a oportunidade de se ter na Administração Pública dois grupos que se acusam mutualmente mas de mais qualidades do que a maioria de outras candidaturas que apareceriam de sobejo se a inflação rodasse na faixa de 10 a 30 por cento ao ano.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 16/08/2014

      1. Correção: são três posts, um antigo e dois recentes e muito mais

         

        Droubi (quinta-feira, 14/08/2014 às 21:51),

        Em meu comentário acima, eu queria deixar o link para o post “O primeiro comercial político na TV” que eu não havia referido em meu comentário anterior para Eduardo Pereira da Silva e acabei misturando a minha referência ao post “O primeiro comercial político na TV” com a minha referência a dois posts recentes, tratando o post “O primeiro comentcial político na TV” também como post recente. Em uma correção eu deveria ter dito algo como:

        “Neste sentido gostaria de mencionar três posts, sendo um antigo e dois recentes e sendo que nos dois recentes eu trato desse vinculo político da inflação”.

        Como se pode ver pela data, terça-feira, 21/09/2010 às 07:49, o post “O primeiro comercial político na TV”, que saiu publicado aqui no blog de Luis Nassif originou de uma sugestão de Almeida ainda na eleição de 2010. Em meu comentário para Almeida e enviado sexta-feira, 24/09/2010 às 07:55, eu não entro em debate sobre o efeito político da inflação. Eu apenas saliento que no comercial para a campanha de Jânio Quadros em 1960 tenta-se fazer a conexão do processo inflacionário com a corrupção e transcrevo uma história que eu havia lido na Folha de São Paulo na década de 90. Na coluna Painel que aparece na quarta página do primeiro caderno do jornal Folha de S. Paulo há sempre ao final uma pequena história relacionada à política. No caso se contava que em uma campanha política Jânio Quadros após ouvir um discurso de Antonio Delfim Netto disse para o ex-ministro:

        “Não se fala para o povo que “a causa do processo inflacionário é o déficit orçamentário”, pois o povo não sabe o que é processo inflacionário nem o que é déficit orçamentário”.

        E então completou, resumindo como se vê a seguir, o discurso a ser dito:

        “A causa da carestia é a roubalheira do governo”.

        Em síntese, este resumo do que seria a inflação, segundo Jânio Quadros, expressa o motivo para se considerar a inflação um fenômeno essencialmente político. Para o povo a inflação é sinal de corrupção do governante. Para o povo a inflação é produzida pelo conluio do governo com o grande empresariado.

        O governo da presidenta Dilma Rousseff teve muitos erros e muitos acertos. Acertos e erros são contingentes em qualquer governo. O que é importante é avaliar se a linha ideológica de um governo se identifica com a nossa linha ideológica. Eu não vou ter razão para gostar de um governo que adota uma linha ideológica distinta da minha a menos que pretendo mudar a minha linha ideológica.

        Assim só nos resta analisar circunstâncias que limitam ou expandem a atuação de um governo. E aqui devemos levar em conta várias circunstâncias que pressionaram o governo da presidenta Dilma Rousseff. Não vamos levar em contas circunstancias do passado que agem no presente. Assim vamos deixar de lado o problema da implantação e execução do Plano Real e a dívida pública de curto prazo elevada que o Plano Real produziu e a pressão que esta dívida causa na liquidez da economia e a herança maldita do Regime de Meta de Inflação, do livre fluxo de moedas, da livre flutuação do dólar, a liberação do comércio exterior com a lei Kandir e outros problemas assemelhados. Esqueçamos também como a dívida de curto prazo foi elevada para garantir o apoio popular para pressionar o Congresso Nacional a aprovar a emenda da reeleição e depois para garantir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso diante da crise russa.

        Também vamos esquecer o esforço, mediante o aumento da dívida pública e da valorização do real, que o governo de Lula fez para eleger a não carismática Dilma Rousseff. Vamos nos ater apenas às circunstâncias que podem ser consideradas novas e que atingiram em cheio a condução da política econômica do governo da presidenta Dilma Rousseff.

        Fala-se muito que o governo da presidenta Dilma Rousseff segurou o preço dos combustíveis e em consequência atingiu a indústria do pro-álcool, reduziu o preço da energia elétrica, fez concessões tributárias atabalhoadamente, valorizou o real, fez uso da contabilidade criativa para esconder a expansão dos gastos públicos e outras ações menos relevantes. Para um levantamento mais ou menos exaustivo basta ir em um ou outro post mais recente de Luis Nassif com críticas seja ao governo de Dilma Rousseff seja à gestão do ministro da Fazenda e mais recentemente ao governo da Dilma Rousseff. Nesse sentido vale mencionar o post “A teimosia (quase) insuperável de Dilma” de quinta-feira, 26/06/2014 às 06:00, o post “Para entender o desgaste do governo Dilma” de segunda-feira, 16/06/2014 às 16:47, o post “Os problemas do estilo Dilma de centralização” de sexta-feira, 23/05/2014 às 08:46, ou o post “O jeitinho nos anos eleitorais” de quinta-feira, 03/04/2014 às 06:00, todos eles de autoria de Luis Nassif e todos eles saídos no últimos quatro meses só não havendo referência a posts críticos a Dilma Rousseff no mês de julho porque foi no período em que Luis Nassif centrou críticas ao Banco Central.

        Deixo a seguir os links para estes posts onde se pode perceber que mesmos os comentaristas favoráveis ao PT acompanham as críticas de Luis Nassif, salvo talvez o Diogo Costa que em meu entendimento exagera nos argumentos que rebatem as críticas feitas por Luis Nassif ou outros comentaristas ao governo da presidenta Dilma Rousseff.

        Bem, para consulta deixo os links para os posts mencionados acima. O endereço do post “A teimosia (quase) insuperável de Dilma” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/a-teimosia-quase-insuperavel-de-dilma

        O endereço do post “Para entender o desgaste do governo Dilma” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/para-entender-o-desgaste-do-governo-dilma

        O endereço do post “Os problemas do estilo Dilma de centralização” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/os-problemas-do-estilo-dilma-de-centralizacao

        O endereço do post “O jeitinho nos anos eleitorais” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/o-jeitinho-nos-anos-eleitorais

        E como eu fiz referência a Diogo Costa, destaco que há aqui neste post “As gambiarras com a política de juros”, um comentário de Diogo Costa bem no estilo dele, enviado quarta-feira, 13/08/2014 às 11:35. Embora nos comentários dele com rebates às críticas ao governo da presidenta Dilma Rousseff, Diogo Costa procure fazer um relato descritivo dos fatos e dados ocorridos no período e os comentários dele sejam em geral bem elogiados ganhando quase sempre cinco estrelas, eu vejo um tanto de exagero na postura dele. Um dos exageros consiste em, ao ressaltar a desvalorização do real que ocorreu no governo da presidenta Dilma Rousseff, não perceber que a desvalorização ocorrida foi em torno só de 11% em relação ao dólar, se bem que não considerando a inflação americana, e que haveria espaço para um desvalorização de 10 a 15% para tornar a nossa indústria competitiva. Desvalorização em relação ao dólar, mas considerando que no ano que vem, quando o FED começar a subir os juros, haverá valorização do dólar em relação às moedas dos países que competem com o Brasil, será necessário também completar a desvalorização do real com a desvalorização sofrida por uma cesta de moedas de países em desenvolvimento que competem com o Brasil.

        Outro problema nos comentários de Diogo Costa é a forma violenta que ele escolhe para combater os comentários dos trolls. Não só os trolls não merecem respostas, a menos para destacar uma fragilidade ou inconsistência muito grande na argumentação que porventura eles tenham feito, como às vezes os argumentos dos trolls são bem fundamentados ou os comentaristas assim considerados nem deveriam ser tomados por trolls, mas sim como pessoas com ideologia distintas e que talvez por isso mesmo precisariam ser bem contraditados.

        De todo modo, os comentários de Diogo Costa perfazem com êxito e excelência o contraponto às críticas ao governo da presidenta Dilma Rousseff e servem para mostrar o quanto se deixa de ver do que foi realizado nos últimos quase quatro anos apenas por avaliar o governo da presidenta Dilma Rousseff exclusivamente pelo crescimento do PIB e pelo problema no Balanço de Pagamento.

        E no mesmo dia deste post “As gambiarras com a política de juros” de quarta-feira, 13/08/2014 às 06:00, foi publicado aqui no blog de Luis Nassif outro comentário de Diogo Costa e que foi transformado no post “O desempenho do Brasil após a crise de 2008” de quarta-feira, 13/08/2014 às 08:52, e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/noticia/o-desempenho-do-brasil-apos-a-crise-de-2008

        O texto de Diogo Costa é um comparativo da economia brasileira após 2007, último ano antes da crise do segundo semestre de 2008, com a de outros países e para tanto traz dados sobre vários países da economia mundial. De certo modo, ele faz esta comparação no comentário dele aqui neste post e enviado quarta-feira, 13/08/2014 às 11:35.

        Um dado interessante que há no comentário de Diogo Costa diz respeito à taxa Selic no final do governo de Fernando Henrique Cardoso que alcançou 25%. A taxa de 25,00% foi estabelecida na 79ª reunião do Copom realizada em 18/12/2002 e vigorou no período de 19/12/2002 a 22/01/2003. E que se diga que na primeira reunião do Copom no governo de Lula, a 80ª reunião do Copom realizada em 22/01/2003 e valendo para o período de 23/01/2003 a 19/02/2003, a taxa foi elevada para 25,50%, e na 81ª Reunião do Copom, realizada em 19/02/2003, a taxa foi elevada para 26,50%, valor que manteve até a 85ª Reunião realizada em 18/06/2003, quando foi reduzida para 26,00% para o período de 23/01/2003 a 19/02/2003.

        E acrescento ainda que o IGP medido a partir dos três últimos meses de 2002 (Outubro 4,21%; Novembro 5,84% e Dezembro 2,7%) equivaleria a uma inflação anual de cerca de 64,6%. Ou seja, aqueles foram os meses de juros reais negativos mais altos em valores absolutos em todo o período do real. Não é por outra que aquele é o período em que o real alcançou sua máxima desvalorização.

        Nada a elogiar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo fato de o real ter ficado tão desvalorizado, pois Fernando Henrique Cardoso atribui aquela desvalorização do real ao Lula.

        Quanto às circunstâncias que devem ser entendidas antes de se partir para as críticas à política econômica do governo de Dilma Rousseff, eu gostaria de mencionar primeiro uma bolha na construção civil que o governo Lula deixou prosperar para poder facilitar a eleição da presidenta Dilma Rousseff. Segundo o Banco Central a bolha alcançou seu apogeu em 2009. Desde então o governo agiu vagarosamente para a ir desinflando. E hoje não se fala mais na bolha como era corriqueiro nos anos passados.

        Alias, havia um comentarista aqui no blog de Luis Nassif que de posse de alto cabedal de conhecimento no tocante aos cálculos atuariais prognosticava com frequência sobre a bolha. Era o Fuhgeddaboudit™. E remeto ao post “O executivo do Bradesco e o elogio ao Banco Central” de domingo, 08/04/2012 às 12:31, aqui no blog de Luis Nassif, em post oriundo de sugestão de Roberto São Paulo – SP – 2014, e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-executivo-do-bradesco-e-o-elogio-ao-banco-central?page=2

        Escolhi este post porque nele eu faço referência ao Fuhgeddaboudit™ mencionando um comentário meu para ele em outro post em que eu digo que o governo da presidenta Dilma Rousseff havia gerenciado com habilidade o problema da bolha na construção civil. E indiquei o post “O executivo do Bradesco e o elogio ao Banco Central” porque no meu comentário enviado segunda-feira, 09/04/2012 às 00:23, para junto do comentário do comentarista então denominado Andre Araujo e enviado domingo, 08/04/2012 às 13:47, eu abordo a eficiência do Banco Central do Brasil na administração da taxa de juro e da taxa Selic e reproduzo um post antigo de Andre Araujo em que ele explica o funcionamento do Regime de Metas de inflação. Por vaidade não resisto a não mencionar a gentil resposta que Andre Araujo em comentário enviado segunda-feira, 09/04/2012 às 08:31 me dedicou.

        Bem, mas a bolha foi uma das razões para o governo não poder agir com rapidez e força na questão cambial. A maxidesvalorização apesar de todos os percalços é a forma mais eficiente (pode não ser justa) de se enfrentar problemas no Balanço de Pagamento. É bem verdade que a razão mais relevante para não se ter uma ação brusca em relação ao câmbio fosse de natureza política uma vez a desvalorização repentina após uma eleição é vista como estelionato eleitoral e reduzira bastante as chances de reeleição.

        Então dentro de um governo de quatro anos com direito a reeleição não se pode esperar em um governo de continuidade a tomada de medidas de impacto. Neste sentido, a possibilidade da realização dessas medidas é mais viável em um governo eleito pela oposição.

        Aqui talvez eu pense ser possível esclarecer porque eu considero que há a possibilidade de Fernando Henrique Cardoso ter feito a boa política em 2002, deixando o real desvalorizar, para garantir melhores condições econômicas ao governo de Lula. Lula estaria mais compromissado com o combate à inflação, principalmente não contando com o apoio da grande imprensa, do que José Serra. Assim, trazendo a desvalorização para o governo de Fernando Henrique Cardoso e deixando a inflação se manifestar de forma mais acentuada no final do governo dele, Fernando Henrique Cardoso teria criado espaço para o governo Lula poder ter êxito na condução da política econômica. Trata-se entretanto só de uma possibilidade pois pode-se também imaginar que ele deixou a desvalorização do real seguir um curso natural ou mesmo incentivado porque pensava que pudesse voltar aclamado pelo povo quando Lula sucumbisse diante da inflação.

        Agora em relação às medidas na área econômica adotadas pelo governo para levar o país de modo gradual para uma nova faixa de equilíbrio, e que são criticadas pela oposição, eu começaria falando sobre o preço dos combustíveis. É preciso então lembrar que contando com a valorização do real que ocorreu durante o governo dele, Lula não fez ajustes no preço do petróleo. Os ajustes ficaram por conta do governo da presidenta Dilma Rousseff. Então no governo da presidenta Dilma Rousseff houve aumento de preço dos combustíveis.

        E há um problema nestes reajustes. Qual é o nível de preço dos combustíveis do petróleo que permite uma produção do álcool combustível a preço competitivo. Digo isso porque se o governo levar os preços de combustíveis ao preço do mercado internacional haverá uma forte valorização das terras utilizadas para a produção da cana de açúcar e com isso uma valorização das demais terras no Brasil com reflexo nos preços dos alimentos.

        Talvez a pressão para o aumento do preço de combustíveis derivados de petróleo seja realizada pela Petrobras sendo bem ecoada pelo mercado, mas que não me parece benéfica para o Brasil. Neste sentido eu recomendo dois comentários que enviei sábado, 09/11/2013, um às 13:19 e o outro às 14:03, para “O” Anonimo, comentarista no blog de Alexandre Schwartsman A Mão Visível, lá no post “Domingo deprimente” de segunda-feira, 28/10/2013 e da própria autoria de “O” Anonimo que deixa o link para o artigo de Ciro Gomes “A serviço de quem?” publicado na Carta Capital de 27/10/2013. O endereço do post “Domingo deprimente” é:

        http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/10/domingo-deprimente.html

        E o endereço do artigo de Ciro Gomes “A serviço de quem?” é:

        http://www.cartacapital.com.br/revista/772/a-servico-de-quem-5112.html

        Relativamente aos preços de energia elétrica, a circunstância que precisa ser entendida como tendo imposto limites na ação do governo foi a série de decisões que órgãos colegiados de controle interno ou do poder judiciário estavam impondo. Houve uma série de decisões em um formato atabalhoado e desencontrado que impunham reduções de preços no preço de energia elétrica alegando-se que o preço de energia teria sido majorado de forma excessiva para enfrentar a crise do racionamento de energia no governo de Fernando Henrique Cardoso, mas que o aumento seria temporário devendo posteriormente ser revertido.

        O governo resolveu uniformizar as decisões dando organicidade a elas e capitalizando para o executivo o efeito de ter capitaneado o processo de redução dos preços de energia.

        As desonerações tributárias na área de seguridade social foram tomadas em grande parte com o fito de tornar a produção nacional mais competitiva no exterior.

        As desonerações tributárias de IPI para a indústria automobilísticas e para indústrias vinculadas à construção civil visavam dar ânimo a dois setores importantes para a alavancagem do PIB.

        Quanto a questão da valorização do real, eu lembro que na parte deste meu comentário em que eu me refiro a Diogo Costa, eu manifesto-me sobre a questão cambial. Acrescento que uma parte do problema da pouca desvalorização do real nos quase quatro anos do governo de Dilma Rousseff decorreu na seca no oeste americano em 2012 que elevou preços das commodities agrícolas e pesou no índice de inflação de alimentos obrigando o governo a segurar a desvalorização do real. Numa economia desenvolvida onde o setor de serviços tem muito maior peso, a inflação de alimentos não repercute tanto no índice de preços como repercute no Brasil. E nós temos também certo grau de indexação na economia.

        Além da seca no oeste americano, o governo da presidenta Dilma Rousseff teve que conviver nos quase dois anos últimos anos com o julgamento da Ação Penal 470. Como eu gosto de dizer a inflação é um problema político. E é um problema político porque a população associa altos índices de inflação com a corrupção. E talvez seja até o contrário. Se inflação baixa é sinônimo de populismo, que você chama de populismo cambial, então a inflação baixa pode ser vista como um exemplo de corrupção de toda população. É claro que corrupção está sendo considerada aqui no seu sentido mais genérico. É a população sendo corrompida para apoiar o governo mediante a vantagem indevida representada pela inflação baixa. E o governo é ainda mais corrupto quando se considera que ele obtém a inflação baixa mediante o pagamento de juros estratosféricos.

        E o pior que a Ação Penal 470 não foi compreendida no seu alcance. Pelo julgamento do STF, houve apenas o entendimento de que o caixa dois quando recebido por políticos com o poder de atuação de um deputado federal não é caixa dois mas sim crime de corrupção. E o PT foi instruído equivocadamente a ficar contra o ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, quando poderia sacrificar os réus do PT na Ação Penal 470, e mostrar que o ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes foi cria do PT. Há dois anos que eu insisto nesta tese, mas a única pessoa que me pareceu que eu consegui convencer foi a Mariana B, pelo menos pelo que eu li de um comentário que ela colocou junto ao meu enviado quarta-feira, 13/08/2014 às 21:02, para junto do comentário de IV AVATAR, enviado terça-feira, 12/08/2014 às 03:02, lá no post “As motivações não tão secretas da aposentadoria de Barbosa” de terça-feira, 05/08/2014 às 14:41, aqui no blog de Luis Nassif e consistindo da transcrição do artigo “As motivações não tão secretas da aposentadoria de Joaquim Barbosa” de autoria de Márcio Chaer e publicado no Conjur. O endereço do post “As motivações não tão secretas da aposentadoria de Barbosa” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/as-motivacoes-nao-tao-secretas-da-aposentadoria-de-barbosa

        Embora eu tenha feito o comentário mais para expor uma teoria um tanto conspiratória de que a renúncia do ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes foi mais para, dada a animosidade dele com as grandes bancas de direito no país, adiar para as calendas gregas a decisão sobre os Planos Econômicos e assim não permitir que as grandes bancas de advocacia não enchessem as burras de dinheiro com os elevados honorários que receberão (Dependedo de quem substituir o ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, o julgamento pode ficar sem quórum para decisão de inconstitucionalidade), eu aproveitei meu comentário para insistir no fato de que ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes conseguiu convencer os outros ministros de que o entendimento do crime de corrupção deveria ser alterado e que o ministro Enrique Ricardo Lewandowski ao observar a mudança de entendimento dos outros membros do STF também acompanhou o voto do ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, não havendo assim motivo para o ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes ser tão execrado.

        Quanto à crítica do uso da contabilidade criativa, ela não faz sentido quando feita pelas pessoas que defendem o grande avanço que a Lei de Responsabilidade Fiscal representaria. Se a contabilidade criativa é legal significa que não há impedimento à contabilidade criativa na Lei de Responsabilidade Fiscal. Se a Lei de Responsabilidade Fiscal é boa, a contabilidade criativa não pode ser ruim.

        Agora, aqueles que criticam a contabilidade criativa colocam grande ênfase na gestão fiscal e no consequente superávit fiscal. Ocorre que este superávit fiscal no Brasil vem sendo calculado sem levar em conta a rolagem da dívida de curto prazo. Só que não é assim que ele é calculado nos países europeus. O déficit público apresentado pelos países da comunidade europeia leva em conta a rolagem da dívida de curto prazo, pois essa rolagem compõe os déficits públicos. Enfim, aceita-se uma mentira de dimensões muito maior do que os valores envolvidos na contabilidade criativa, e se acusa o governo de adotar medidas que a lei não proíbe.

        Bem, Luis Nassif tem feito também críticas à comunicação do governo federal. A crítica à comunicação do governo federal não faz muito sentido. Contando com a ajuda dos mais competentes marqueteiros do país, não é crível falar mal da comunicação do governo federal.

        A crítica que seria válida é aquela voltada para falhas que não podem ser supridas pela propaganda. A presidenta Dilma Rousseff tem como uma grande falha a falta de carisma. Luis Nassif poderia criticar esta falta de carisma da presidenta Dilma Rousseff que não consegue ter uma interlocução mais direta com o povo. Só que Luis Nassif não é direto e não acusa a presidenta Dilma Rousseff de não ter carisma e assim não ser capaz de convencer a população. Não vejo a falta de carisma como um problema econômico. Trata-se de um problema político pois reduz a capacidade de convencimento do governante e em consequência a popularidade e o potencial eleitoral de um candidato. Eu particularmente penso que este é um problema do governo da presidenta Dilma Rousseff. Ela não tem carisma para convencer a população da correção das medidas que ela tomou.

        Esse é um dado do governo da presidenta Dilma Rousseff que já era conhecido desde que ela foi ministra do governo de Lula, primeiro nas Minas e Energia e depois na Casa Civil. Não há muito o que pode ser feito. Há limites, entretanto, no carisma. Um governante não carismático com crescimento econômico acentuado e sem inflação tem muito poder de convencimento. E um governante carismático gerenciando uma economia com altas taxas de inflação fica bastante desacreditado.

        Penso que no caso da presidenta Dilma Rousseff a falta de carisma dela só pesou porque estava associada a outros problemas. A presidenta Dilma Rousseff sem carisma conviveu com o julgamento da Ação Penal 470, julgamento que não teve uma divulgação esclarecedora pela mídia, em uma época em que ela precisava manter a taxa de juro em patamares mais baixo para corrigir as distorções que o crescimento acentuado do segundo trimestre de 2009 ao segundo de 2010 trouxeram para a economia brasileira. Ao manter a taxa de juro alta a taxa de inflação subiu.

        Julgamento da Ação Penal 470, inflação crescente em razão dos juros baixo e também porque pressionada pela seca no oeste dos Estados Unidos e pela necessidade de desvalorizar o real podem bem ser as principais razões para a manifestação de 2013. E as manifestações em si de junho de 2013 não parecem ter repercutido na economia no mês em que elas ocorreram, mas desde então a economia brasileira parece que ficou prisioneira delas. E assim uma economia que aparentemente apresentava os primeiros indicadores de recuperação foi jogada para trás desde então.

        Cabe lembrar que uma das críticas que Luis Nassif faz ao governo da presidenta Dilma Rousseff no tocante à comunicação é não saber fazer a boa divulgação das obras do governo. Em princípio avalio que, sendo a presidenta Dilma Rousseff assessorada por grandes conhecedores de marketing, é pouco provável que ela possa ser criticada sob este viés. O que pode ter ocorrido é que as manifestações de junho de 2013 arrefeceram o ímpeto propagandístico dos governos que ficaram desde então mais comedidos. Além do caráter democrático se as manifestações de junho de 2013 conseguiu reduzir os gastos dos governantes com propaganda, elas terão servido para mais alguma coisa.

        Não sei, mas pareceu-me que alardear realizações após as manifestações de junho de 2013 tem efeito de uma contra propaganda. De todo modo, vale a pena deixar aqui o endereço do post “Brasil 2015: a importância da comunicação pública” de terça-feira, 22/07/2014 às 06:00, postado aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele em que ele faz críticas a postura do governo em relação a comunicação. O endereço do post “Brasil 2015: a importância da comunicação pública” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/brasil-2015-a-importancia-da-comunicacao-publica

        No post “Brasil 2015: a importância da comunicação pública” Luis Nassif defende que a boa comunicação tem efeito nas expectativas e favorece a implantação de políticas públicas. Junto ao post “Brasil 2015: a importância da comunicação pública”, eu tenho um comentário que enviei terça-feira, 22/07/2014 às 08:27, e a partir desse comentário enviei mais outros três. Primeiro creio que como uma pessoa da área de comunicação Luis Nassif superavalia a importância da mídia na condução de um governo. E segundo, considero que ele vem dando um destaque muito grande às expectativas. Na visão aqui eu posso dizer bastante exagerada de Luis Nassif, há um ciclo vicioso em que a grande mídia alimenta as expectativas pessimistas e estas expectativas fazem a economia retroceder. Se fosse assim um governo teria que gastar tudo com propaganda.

        Talvez porque as manifestações de junho de 2013 pareceram ter tido efeito nas expectativas e também ter tido efeito na economia real, Luis Nassif esteja superdimensionando as expectativas quando o correto seria mais bem avaliar os efeitos das manifestações de junho de 2013.

        Em meu entendimento, as manifestações de junho de 2013 que foram em muito decorrentes do julgamento da Ação Penal 470 no STF associado a uma taxa mais modesta de crescimento e a taxas mais elevadas de inflação foram um fato de tal ordem inusitado que produziu um paradeiro na economia. Foi este paradeiro que reverteu uma retomada do crescimento econômico que se iniciou no segundo semestre de 2012. É isso que se pode ver no Gráfico II.9, à página 16 do fascículo em PDF do IBGE intitulado “Indicadores IBGE – Contas Nacionais Trimestrais – Indicadores de Volume e Valores Correntes – Janeiro/Março 2014” e pode ser acessado no seguinte endereço:

        ftp://ftp.ibge.gov.br/Contas_Nacionais/Contas_Nacionais_Trimestrais/Fasciculo_Indicadores_IBGE/pib-vol-val_201401caderno.pdf

        E, em meu entendimento, a valorização em demasia da importância dos meios de comunicação na concretização da expectativas e a própria sobrevalorização das expectativas embora seja para Luis Nassif uma espécie de favas contadas não o impede de fazer afirmações como a que se segue:

        “Essa ideia de que basta ter previsibilidade para despertar o espírito animal do empresário é balela. O que desperta é previsibilidade e garantia de mercado. Se se retirar a perna do consumo interno, o que resta?”

        Não basta expectativas, é preciso previsibilidade. E não basta previsibilidade é preciso manter o mercado interno (E esterno também no que diz respeito às empresas exportadoras). Pareceu-me sem sentido associar a previsibilidade na economia, com o espírito animal do empreendedor e com manutenção do mercado interno. Trata-se de frase que ele incluiu lá no post “Brasil 2015: o fantasma do ajuste de início de governo” de domingo, 17/08/2014 às 06:00. O endereço do post “Brasil 2015: o fantasma do ajuste de início de governo” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/brasil-2015-o-fantasma-do-ajuste-de-inicio-de-governo

        A que veio o post “Brasil 2015: o fantasma do ajuste de início de governo”? Lendo fica de um lado a impressão de que Luis Nassif avalia que a partir dos debates em dois dias entre economistas de linha heterodoxa reunidos no Rio de Janeiro no Seminário Brasil em Perspectiva, não há espaço para ajustes radicais.

        É provável que qualquer que seja o governo haja uma desvalorização do real de 10 a 15%. Eu creio que isso é radical e não há muito como evitar. Agora o que não me parece compreensível ele tentar associar a possibilidade ou não do ajuste com as três variáveis que ele colocou na frase que transcrevi acima: “previsibilidade na economia”, “espírito animal” e “manutenção do mercado interno”.

        Ora, previsibilidade na economia é algo só para cemitério. A economia capitalista está em permanente mutação. “Tudo que é rígido desaba e o que está em permanente mutação permanece”. Esse deveria ser também o lema do capitalismo. E o que move o espírito animal é a percepção de que há retornos maiores. E quanto a manutenção do mercado interno o que se pode dizer é que uma desvalorização da moeda, pelo menos no primeiro momento, precisa redirecionar o fluxo da produção. Primeiro, parte da produção externa que chegava ao mercado interno terá preços aumentados e não será mais utilizada. É preciso então diminuir a demanda interna e aumentar a produção interna para suprir, pelo menos em parte, aquilo que não será mais importado. E segundo, uma parte maior do que é produzido internamente será exportado. Assim será necessário aumentar a produção interna e também reduzir a demanda interna para se ter excedente.

        Enfim, a menos que não se faça a desvalorização da moeda, o próximo governo precisa reduzir a demanda interna e aumentar a produção e, portanto, vai haver redução do mercado interno. É claro que outra possibilidade e fazer os ajustes como o governo vinha fazendo antes de modo vagaroso e torcer para que todas as circunstâncias favoreçam o próximo governo.

        Próximo governo que eu penso que será da presidenta Dilma Rousseff dado a queda da inflação que deverá perdurar até as eleições em outubro e que será o fator mais importante a balizar as decisões dos eleitores.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 18/08/2014

  31. Falar em juros sem citar o

    Falar em juros sem citar o nivel da poupança interna?

    Juro é a preferência temporal do consumo. ou seja a decisão de consumir ou poupar, ao poupar sobra recursos que podem serem alocados onde a necessidade seja maior.

    Não se pode  analizar apenas uma variável economica isolada do resto.

    Outros paises tem juros baixos não pela menor ganância do mercado, mas pela elevada poupança interna.

    Chega de ilusões.

    Nada é como a imprensa especializada nos diz, na falta de poupança interna o governo utiliza se de aumento da liquidez, que nada mais é do que aumentar a quantidade de moeda na economia.

    Cria se a ilusão que existe recursos poupados, esta ilusão entra em choque com a realidade cedo ou tarde, ai precisa queimar o excesso de liquidez na economia,com aumentando juros.

    1. Dinheiro fiduciário da banca e a poupança interna

      O argumento da falta de poupança para que se possa investir só faz sentido onde o controle da emissão da moeda é estrito e feito em benefício do povo e da nação.

      Aqui é onde discordo do Aliança, pois diferentemente dele, admito o lançamento de moeda com lastro nas riquezas do Brasil e de seu enorme potêncial de consumo interno, mas feito não pela banca que usa os juros pornográficos como primeiro dreno desta riqueza a seu favor, mas em benefício do povo e da nação, com um dinheiro honesto para com o Brasil, como o Yuan é para a China.

      O Aliança não irá responder, pois este é debate vencido, seu argumento é a volta do padrão ouro ou um seu sucedâneo, o que freiaria e levaria o Brasil a uma economia da idade média.

      O truque, que é coisa de profissional, é lançar a nova moeda com base em princípios universais e naturais, como o Dólar, assim ela se sustenta em si mesmo.

      Todas as outras distorções, decorrem desta cooptação da emissão da moeda brasileira, e hoje do dinheiro eletrônico, pelo cartel dos juros pornográficos e da financeirização internacional, que onde consegue lançar seus tentáculos, só promove miséria e desgraças, vide Gaza e o Oriente Médio.

      1. “a emissão da moeda é estrito

        “a emissão da moeda é estrito e feito em benefício do povo e da nação.”

        Sua argumentação usa o apelo da emoção.

        Criar esta ilusão de que existe poupança real é o que realmente prejudica o país e beneficia os bancos e grandes grupos ligados ao governo.

        Consumir a poupança do povo e assimilar os ganhos de produtividade não é o que considero beneficiar o “povo”. Deixar dividas para as gerações futuras idem.

        Beneficiar o povo é o governo gastar o que arrecada sem usar o imposto inflacionário como fonte de financiamento.

         

        1. Você está confuso com o que é inflação

          Emitir sobre riquezas não é inflacionário, é uma alavancagem com base no real. Por isto o mundo têm tido este progresso fantástico nos últimos anos. 

          Desconsiderar o acúmulo do capital e sua capacidade de reenvestimento para gerar novos múltiplos de riqueza e engessar a economia num processo anti-natural com um padrão de reserva fixa é optar pelo elitismo  e pouco progresso material aos humanos a este regime subemtidos.

          O que é capital  pode e  deve ser utilizado para que novas riquezas possam ser criadas, usurfruidas e consumidas.

          1. “Emitir sobre riquezas não é

            “Emitir sobre riquezas não é inflacionário,”

            Você que esta confuso com o que é inflação, inflação sempre foi a expansão monetária desde Roma é assim.

            Modernamente se distorceu o conceito “inflação”.

            Emitir moeda seja qual for a justificativa SEMPRE é prejudicial ao povo, por ter seus ganhos de produtividade e a poupança absorvida pelo estado, emitir moeda descapitaliza em termos reais o produtor, desvaloriza o poder de compra do salário do trabalhador, altera o sistema de formação de preços, muda o “risco moral” da economia.

            É uma ilusão achar que papel colorido vale alguma coisa.

             

  32. “A ideia central é permitir

    “A ideia central é permitir ao BC articular as expectativas de mercado:

    Aumenta a inflação, o BC aumenta a Selic.

    Teoricamente, aumentando a Selic há um encarecimento do crédito, reduzindo a demanda.

    Com menos demanda haveria menos pressão sobre os preços.”

    Cada economista terá uma visão do mercado para criticar o governo.

    Dilma relaxa, o mercado quer refletir seu poder.

    O mercado de juros concentra o foco na eleição de Aésim.

    Ojetivo do item 1. (aumentar a inflação e o BC aumentar as expectativas para o mercado faturar com Selic), não tem data marcada de parar de aplicar mais inflação.

    os itens 2. e 3. com overdose de juros provoca estagflação com desequilíbrio fiscal. 

    A mídia diz que o déficit público é resultado da política monetária do governo.

    O BC já é independente para interferir na economia que o Aésim pretende dar independência total para o BC.

    Desculpe Nassif, não consegui retirar a numeração de sequência dos itens 4. em diante que são do meu comentário.

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