BC joga a queda da inflação no colo de Temer

Ciência é uma sistematização de conhecimentos acumulados, desenvolvidos através da observação de fenômenos e fatos. No caso das ciências humanas, há um complicador adicional: em muitos casos, não é possível definir regras universais devido às características específicas de cada país e cada economia.

Um dos maiores vícios intelectuais é a incapacidade do especialista em debruçar-se sobre a realidade, em buscar na análise de fatos a comprovação ou não da sua teoria. Provavelmente imaginam que qualquer interferência da realidade macularia o caráter excelso das ideias.

Quando se entra na economia, o jogo fica ainda mais complexo devido à própria mitificação do conhecimento que, por questão de marketing político, é vendido para a opinião pública como ciência exata.

É o caso das avaliações recorrentes sobre a correlação entre política monetária, fiscal e inflação.

Seguidores do sistema de metas inflacionárias, os analistas do BC são unânimes em afirmar que qualquer quadro de desajuste fiscal eleva a inflação. E aí caberia à política monetária fazer o contraponto, elevando os juros.

Inflação de demanda

Há um princípio anterior ao da própria criação da economia como ciência: a lei da oferta e da procura. Em um mercado competitivo, quando há muita procura, os preços sobem; quando há pouca procura, os preços caem.

Ora, períodos de economia aquecida são, em geral, períodos de superávit fiscal, devido ao aumento das receitas fiscais. Ao mesmo tempo, são períodos de preços aquecidos, por excesso de demanda.

No sentido oposto, períodos de economia em queda são mais suscetíveis a déficits fiscais, devido à queda das receitas fiscais. E menos propensos a pressões inflacionárias.

Cria-se, então, o paradoxo:

Economia aquecida à Superávit fiscal à pressões inflacionárias.

Economia em queda à Déficit fiscal à deflação.

Significa que déficit fiscal não pode ser analisado de forma independente, mas dentro do contexto no qual se insere. Com uma economia acelerada, o déficit fiscal tem um impacto expansionista sobre os preços. Com a economia caindo, um impacto contracionista sobre a produção.

Então, como se explica que em 2015 a economia tivesse desabado e a inflação subindo?

Inflação de preços administrados

A política monetária atua objetivamente sobre preços de mercado. Supõe-se que, com juros mais elevados e crédito mais restrito, haverá redução dos financiamentos ao consumo, derrubando a demanda.

A inflação de 2015 foi essencialmente uma inflação de preços administrados: tarifas, combustíveis, mais desvalorização cambial.

Mesmo assim, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou substancialmente a taxa Selic e trancou o crédito, promovendo uma recessão econômica inédita. Somado à crise internacional e aos efeitos da Lava Jato, o choque fiscal promoveu um aprofundamento radical do nível de atividade. Em cima disso, veio uma política monetária restritiva que praticamente brecou o retorno das empresas para o nível anterior de atividade.

E, mesmo assim, a inflação não caía porque incorporando os choques tarifários.

As teorias exóticas

Era questão de tempo para os choques tarifários saírem da inflação anual. Mesmo assim, como a teoria tem vida própria e não se submete aos ditames do mundo real, alguns economistas levantaram a tese da “dominância fiscal”. Isto é, a crise fiscal assumiu tal proporção que a economia se tornou insensível aos estímulos monetários. Em breve a inflação explodiria para 20% ao mês trazendo o caos, como previu a economista Mônica de Bolle.

A saída sugerida consistiria em gastar as reservas cambiais para a criação de uma âncora cambial.

Bastaram poucos meses para o diagnóstico ser superado pelos fatos.

Desde fins do ano passado, aliás, sabia-se que a queda da inflação já estaria contratada para o segundo trimestre, na medida em que os choques tarifários fossem saindo do cálculo anual. E que, na sequência, haveria a inversão da curva de juros.

Chega-se agora com as contas públicas na pior posição da história, déficits enormes. E as expectativas de inflação estão despencando, a ponto de o mercado apostar em inflação próxima a 6,5% no final do ano.

De repente, os técnicos do Banco Central se deparam com esse paradoxo teórico: como é possível que, em um quadro de amplo desajuste fiscal, a inflação cair, desobedecendo a teoria? (http://migre.me/tE2No)

Como são prisioneiros da teoria, a única explicação possível foi recorrer aos santos: “Embora ainda muito alta, a inflação está em rota de queda, o que não deixa de ser um pequeno milagre diante da questão fiscal ainda não resolvida”.

Cenário favorável

Nos próximos meses a herança de Joaquim Levy será dissipada.

Havendo condições de aprovar um pacote fiscal com CPMF, o governo terá pela primeira vez um cenário favorável – e seria com Dilma ou com Temer.

Os preços estão relativamente alinhados. As expectativas de inflação para 2016 deverão ficar abaixo de 7%. No segundo semestre, a Selic tem condições de cair rapidamente. O BC não foi imprudente de seguir as recomendações dos cabeças de planilha e preservou as reservas cambiais em robustos US$ 375 bilhões, ao mesmo tempo em que reduz os swaps cambiais.

O boicote da oposição impediu Dilma de colher os frutos. Agora, poderá permitir que a colheita fique com Michel Temer.

Não fosse o extraordinário ruído político e jurídico promovido pelo golpe, o país poderia estar saindo do buraco em que se meteu.

Luis Nassif

30 Comentários

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  1. Além da “recuperação natural”

    Além da “recuperação natural” que existe uma vez que o acordão neutralize o efeito paralizante da lava-jato sobre a economia e uma certa recuperação do preço do petróleo a medida que EUA reduz produção por fracking.  

    As fábricas brasileiras não foram implodidas, não houve uma catastrofe natural que tenha retirado quase 10% do produto POTENCIAL brasileiro nos ultimos dois anos.

    Com a neutralização da instabilidade política a economia imediatamente tende ao retorno ao patamar anterior, isso se verifica em número expressivos de PIB que na realidade não tem efeito sobre o aumento real da produção, mas sim sua utilização.

    Por exemplo Russia 2009 teve queda do PIB de 7.8%.  Ano seguinte recupera com crescimento de 4,5%.  Porém o nivel real de atividade ainda estava abaixo do nivel de 2008. 

    Agora no papel, parece bom.

    O problema é a Temeridade do programa de Temer – que é pro-ciclico.

    Aguardemos… não sou otimista.

     

    1. L’Etat c’est NOU$ !!

      Sim – e Temeridade com poder absoluto pra passar qualqer coisa, com uma inédita fusão entre o Executivo e o Legislativo (e o Judiciário?).

      Pela 1a vez na Nova República o mesmo grupo controlaria Presidencia + Câmara e tem termos de entendimento facil com Senado.

      Nao tivemos isso nem no Sarney, em que Ulysses – do “mesmo” PMDB do Presidente – era um de seus maiores opositores.

      Fora isso, Temer tem de 3 a 4 votos cativos no STF + um bloco de 4 a 5 doido pra lavar as maos.

      O Pesadelo do Montesquieu: vamos voltar à França pré-revolucionária com um condomínio de picaretas no lugar do Rei-sol: l’Etat c’est NOU$ !!

      E o pior??

      Monica de Bolle – a “liberal” – aplaude o golpe que tenta instituir esse novo quadro institucional, com fusão de fato entre os três Poderes.

      A liberal de textbook não tem problema com Estado absoluto – desde que aplique o seu programa, evidentemente.

      Dureza!

       

      1. Liberais brasileiros

        Liberais brasileiros historicamente seguiram essa linha.. por exemplo, Roberto Campos em carta a Paul Samuelson revoltado pela inclusão do brasil dos anos 60 e 70 como regime totalitário no livro de macroeconomia do outro (livro q ainda hoje serve para ser estudado pelos alunos de introdução a macroeconomia e devidamente esquecido e desaprendido ao longo do curso) lança a seguinte frase:

        “Solid operational democracies like the US can afford to ignore the difference between opposition and subversion.”

        Sendo esse um dos maiores expoentes da liberdade individual no Brasil, não é de se espantar que o liberalismo nunca tenha pegado de fato por aqui.

        Descreve também o regime brasileiro como autoritário mas não ditatorial:

        “Its most appropriate description would be a regime of ‘consented authoritarianism'”

        Vale a pena ler o documento na integra.

        http://arquivosdaditadura.com.br/documento/galeria/carta-roberto-campos-paul-samuelson#pagina-1

         

        1. Como não amar?

          “‘consented’ authoritarianism” – <3

          Pra todos esses textbook liberals se tivesse que escolher só um nome era esse:

          >>> JOHN RAWLS <<<

          2 livros apenas:

          1) para quebrar o dogma da espiral da prosperidade e do utilitarismo com relação à justiça distributiva na sociedade – “A Theory of Justice” resolve

          2) e para quebrar ao meio esse pseudo-liberalismo político que só convém quando o resultado lhes agrada – “Political Liberalism” dá o recado

          Acho que é seguro afirmar que foi o que de melhor eu tirei do Mestrado em Direito Internacional no Brasil.

          E olha que esses livros eram do “ciclo básico”, comum a todas as especialidades do Direito. Eram da cadeira “Teoria da Justiça”.

          Não tinham nada a ver com Direito Internacional propriamente dito.

          Já te falei do Rawls.

          Vc que é economista vai entender muito mais do que boa parte dos meus colegas de curso.

          Tem muita fórmula econômica e muito gráfico para demonstrar as proposições dele.

          O meu “a theory of justice” é todo rabiscado… sublinhado, anotado. É daqueles livros que vão mudar a sua forma de pensar pra sempre.

          https://en.wikipedia.org/wiki/John_Rawls

          Clinton, que sabe das coisas, deu medalha pro cara.

          1. Me desculpe, mas não posso

            Me desculpe, mas não posso sufocar a piada pronta. Dizem que um senador vai escrever um livro explicando seu voto a favor do impeachment. O  título: Como não mamar?

  2. Ué, parece que “de repente” as coisas estão se esclarecendo…

    No link fornecido pelo Nassif podemos ler o seguinte:

    “Conselheiros do vice-presidente Michel Temer alimentam a esperança de que o Banco Central possa começar a cortar os juros logo nos primeiros meses de seu provável governo. Não seria a solução para todos os problemas, mas em tese poderia reduzir os encargos da dívida pública e dar algum alento à economia e à arrecadação dos governos, facilitando o ajuste fiscal.”

    Interessante… Agora que o golpe foi consumado, não é que a fórmula milagrosa para a situação fiscal do governo foi encontrada?

    Assim tão de repente?

    Como são rápidos estes caras! Nem assumiram e já estão com a receita prontinha!

    Como ninguém pensou nisso antes? Este assunto passou tão longe do PiG nos últimos três anos…

    A resposta deve estar em 2012, quando a primeira queda maciça de juros estava em curso…

    Quando, depois disso, coisas estranhas começaram a acontecer neste país… Por quê será?

      1. Juros

        Jossimar

        Concordo com você. Os empresários fizeram uma verdadeira guerra contra Dilma não investiam e colocavam seu dinheiro parav render e agora ainda se fazem de vítima dizendo eles é que iriam pagar o pato.Quem deveria pagar o pato eram eles mesmo e os bancos não a classe trabalhadora.

    1. O BC alimentou o golpe desde o começo

      Na última reunião subiu mais ainda os pornográficos juros reais brasileiros.

      Juros reais pagos aos rentistas = Taxa Selic – menos inflação.

      Como a inflação está caindo e mais importante ainda, pois o que vale é a sua projeção futura, que veio de 12,5% para menos de 5%, logo os juros reais aumentaram para mais de 7,6 %, ou seja, enquanto o planeta roda a juros negativo, aqui se paga quase 8% sem risco, pois o BC faz o que quer com a grana do Brasil, inclusive entregar 600 BILHÕES de Reais para os rentistas, tirando a comida do bolsa família e os remédios dos doentes pobres.

      Se a Dilma ficar esta diretoria deveria ser apeada na mesma hora, pois conspiradores que aumentam sem motivo justificável a taxa de juros de uma economia na pior recessão dos últimos 300 anos no Brasil, colocando a capacidade de pagamento do Brasil nas cordas e destruindo toda e qualquer esperança e sonho dos brasileiros não merece continuar no posto.

      Foram os principais promotores do golpe e usaram as fraquesas dos congressistas para atingir seus objetivos.

  3. Nassif Bíblico KKKKKK!!!!! 7anos de vacas magras, 7 asnos de vac

    Pois é Nassif, se a teoria não explica os fatos, MUDE-SE OS FATOS E FODA-SE!

    Mas os malucos que só perceberam agora que destruir é muito mais fácil do que construir, mas que irão pegar remédio igual do outro lado assim que assumirem, parecem que para fugir da prisão estão dispostos a incendiar o Brasil e conflagrar a população.

    Nem preciso dizer que a históira não os aliviará.

    No que você escreveu, um comentário com as minhas idéias:

    “Ciência é uma sistematização de conhecimentos acumulados, desenvolvidos através da observação de fenômenos e fatos. No caso das ciências humanas, há um complicador adicional: em muitos casos, não é possível definir regras universais devido às características específicas de cada país e cada economia.” 

    Mas como são ciencias humanas estão sujeitas as limitações dos humanos e às Leis da Natureza. Asssim, por exemplo, nenhuma observação feita por humano pode envolver mais de seis variáveia ao mesmo tempo e os cinco sólidos platônicos são os tijolos básicos para a construção de tudo.

    Logo, conclui-se com um mínimo de esforço, que só um plano que tenha por base a Astrologia, o Tarot e a Geometria concomitantemente será capaz de oferecer a máxima qualidade o os resultados mais poderosos. Inclusive nas ciências humanas e na economia em especial.

     

  4. Só uma observação = quem

    Só uma observação = quem meteu o país nesse buraco chama-se Dilma Rousseff – com sua política de segurar inflação através da petróbras por quatro anos. É como tratar uma dor de dente só dando anestesia. Chega uma hora que não faz mais efeito e aí não há outra solução senão arrancar o dente. 

  5. Muito bom

    “Um dos maiores vícios intelectuais é a incapacidade do especialista em debruçar-se sobre a realidade, em buscar na análise de fatos a comprovação ou não da sua teoria. Provavelmente imaginam que qualquer interferência da realidade macularia o caráter excelso das ideias.”

    A economia vira metafísica. Os doutores se negavam a ver a experiência de Galileu, quando ele provou que corpos de massas diferentes caíam ao mesmo tempo.

  6. Os milagres vão se suceder

    Os milagres vão se suceder não só internamente, como também globalmente. Foi só estar confirmada a derrubada do governo nacionalista do Brasil, com a perspectiva inexorável da entrega do présal às gigantes do óleo americanas, e o preço internacional do petróleo começou a subir novamente a escada. Isso, apesar da entrada forte do Irã no mercado. O barril do Brent já está em 48 doláres. Com o golpe no Brasil, foi cumprida uma parte geopolítica importante daquilo a que se destinava a queda forçada dos preços. A outra parte, derrubar a economia da Rússia, provou-se impossível de ser concretizada e foi abandonada.

  7. quebradeira

    Primeiro detona-se a maior empresa do pais, em seguida as maiores construtoras. Aproveitando o embalo acaba-se com o desenvolvimento da pesquisa (inclusive o da nossa principal arma de defesa), e o investimento em educação. Põe-se centenas de milhares de trabalhadores “no olho da rua”.

    Prende-se o maior líder discordante de políticas populares (emanadas do estrangeiro) e premia-se os executores. Com maciça propaganda vende-se gato por lebre. 

    Quem pode se garante aumentando seus preços (um achocolatado, líder de mercado 800gramas pode ser encontrado de R$ 6,99 até R$ 12 nas principais redes de supermercados),  encontrando cada vez menos compradores. 

    E o doente recebe doses cada vez maiores do único remédio: Elevação da taxa de juros. Conclusão: os balanços dos bancos continuam a bater recordes, o povo afunda no brejo e VOLTAMOS A SER REPÚBLICA DE BANANAS.

  8. gargalhando da imbecilidade

    Ah se fosse em outros tempos a crise de 2008 teria impingido mais 2 décadas perdidas.

    Depois daquela hecatombe o Brasil viraria pó (quero dizer os brasileiros virariam pó).

    A pequena crise que vivemos é somente uma marola, tenham certeza.

    Mas a imbecilidade desse povo, como previsto nas mais amargas teorias, não tem limites.

  9. Esta inflação é daqui ou é a de Marte

    Há ainda uma explicação menos teorica e mais prática para que os números da inflação de 2016 estejam estranhamente baixos, e de certa forma, contrariando tendências econômicas normalmente aceitas e o sentimento do consumidor quando paga no caixa pelas compras que faz rotineiramente.

    É quando os números oficiais da inflação acumulada estão falseados, burilados por interesses políticos.

    Senão vejamos: em janeiro tivemos aumento do salário mínimo e na parcela dos trabalhadores do setor de serviços que são representados pelo Sindeprestem. Como é óbvio, o serviço é um componente de custo direto essencial para quase todos os produtos, e é claro para o setor que trabalha com oferta de mão de obra neste setor da economia.

    O salário mínimo subiu 11,68%, e o dissídio 2016 do Sindeprestem foi de 9,91%, além da elevação de pisos e reajuste de valores dos benefícios (alimentação, cestas, etc). Se o aumento de um componente básico do custo direto, sozinho, gira em torno de 10%, como é possivel se falar em inflação acumulada no ano de 7%?

    É possivel. Quando se está mentindo.

    Sei que o cálculo de inflação é um mix de preços e produtos mas estou certo de que não há, nas prateleiras dos supermercados, ítem que tenha subido menos do que 15%, alguns chegam fácil aos 25%. Como também estamos aqui nos referindo a um mix, então dividirei meus gastos mensais totais em 2016 com estes ítens pelos gastos que costumava ter em 2015, mensais também. Sei que estou comprando menos, estou sendo ‘econômico’ em minhas compras. Não obstante, estou gastando em média 29% a mais do que gastei em 2015 para os mesmos períodos.

    Isto sim, bate com meu sentiimento em relação à inflação e a economia.

    Se só a condução subiu 8,5% a quem querem enganar, petistas mentirosos? E no seu caso ainda, desenvolvendo um conceito falacioso para justificar o seu número simpático.

    Ora, ora, prezado senhor. Que malandragem pé-de-chinelo.

  10. O desmonte final do sistema capitalista

    O desmonte final do sistema capitalista

    Para tentar melhor compreensão das atuais tensões mundiais envolvendo a agressiva política externa dos EUA em permanente conflitos com os interesses de outras nações, principalmente, a urgência de reanimar a debilitada economia mundial à custas de petróleo barato e abundante, como o existente no Pré Sal, que somando ainda a questão do crescente desemprego, prometem mais inseguranças e graves ameaças para os próximos anos.

    Pelas atuais projeções tecnológicas, os robôs humanoides, de incontáveis e diversificadas habilidades e conhecimentos, em variados tipos e naturezas, estarão sendo vendidos pelo comércio antes de 2025, aptos à trabalhar em quase todas as áreas ainda ocupadas pelo trabalhador humano, industriais, comerciais, serviços, domésticos, etc. Causarão vasto desemprego em todo o mundo. 

    Com o passar do tempo, esses humanoides ficarão mais inteligentes, produtíveis, hábeis e de reduzidos custos, acessíveis as pessoas jurídicas e físicas. Quanto mais acessíveis, mais desempregos causarão. E, quem não fizer intensivo uso dessa tecnologia, rapidamente perderá poder de concorrência. Irão à falência em reduzido tempo. Milhares e milhares de trabalhadores ficarão fora do mercado consumidor, desempregados, sem poder de compra. Essa fantástica tecnologia desmontará o polo consumidor manual e braçal, em pouco tempo.

    No campo do trabalhador intelectual, o desemprego ficará por conta da nova geração de computadores sem teclados, à caminho, comandados pela voz humana. Logo mais adiante, estarão aptos ao diálogo e troca de ideias com o ser humano e entre eles próprios. Passaremos a conversar com o computador. No início, com algumas limitações, claro. Em mais alguns anos, será possível ágil dialogo com esses incríveis computadores, tal como seres humanos fossem. Interligados com outros computadores de mesma natureza, dentro e fora da empresa, proporcionarão grande flexibilidade, qualidade e eficiência em toda a produção, fabricação, comércio, serviço, vendas, logística, etc. Teremos ao nosso lado, assessores altamente qualificados e inteligentes, atualizados a cada secundo sobre as últimas novidades tecnológicas disponibilizadas. Contando com semelhante gênio, dia e noite, o patrão não precisará de mais ninguém. Estará no comércio, antes de 2030. Causará sideral desemprego. 

    Além do que, Dona Tecnologia não exige salário, 13º, ticket refeição, férias, aposentadoria, FGTS, plano de saúde, licença maternidade, creches e outras mais. Ademais, quando Dona Tecnologia é aposentada (posta fora de serviço), segue tranquilamente para a reciclagem, aterro sanitário ou para o ferro velho, sem reclamar, sem vociferar ou exigir direitos. Não cobra hora extra, não chega atrasada, não falta ao trabalho, não se distrai, não cansa, não faz greve, não repassa informações aos concorrentes, não faz cara feia, não fofoca, etc. Ou seja, a produção tecnológica tem todas as vantagens sobre o trabalhador. Por isso mesmo, substituir o homem sempre foi uma das prioridades dos patrões, em todos os tempos.

    A inteligência artificial, humanoides, robôs e outros dispositivos, causarão o maior desemprego já visto, jamais pensado e imaginado. O polo consumidor será reduzido abaixo do mínimo crítico, desencadeando o inevitável colapso do sistema capitalista. Isto é, se antes, o sistema capitalista não venha se desintegrar por conta de provável nova grande crise bancária mundial. 

    Diante do inevitável colapso do sistema capitalista, provavelmente, para antes de 2030, as tensões causadas pela agressiva política externa dos EUA tentando contornar o incontornável, serão cada dia mais intensas nas áreas de seu interesse, principalmente na América Latina. 

    As EUA com a ajuda da grande mídia “livre” e dos traidores de sempre, já conseguiram instalar um governo entreguista na Argentina. No Brasil, contando com a turma de preto e a grande mídia “livre”, a menos de algum milagre, em mais alguns meses, aqui também será instalado um governo entreguista e pró EUA, na base do golpe. 

    E, para que não reste dúvida alguma dos objetivos e propósitos desse golpe, de governo sem votos, basta ver o perfil moral do pessoal que estão a frente dessa sujeira toda, corruptos e desmoralizados, juntos com conhecidos entreguistas a serviço do grande capital externo e interno. Será uma gigantesca corrupção e traição à Pátria, com todo apoio da grande mídia “livre”. Logo estão desmontados o Mercosul e o BRICS. Vergonhosamente retornaremos para a órbita econômica dos EUA.

    Tudo indica que uma das primeiras providências dessa turma, serão privatizações de riquíssimas empresas estatais a preços de bananas, como no governo entreguista FHC/PSDB. Também, a desativação de estratégicos projetos e fabricações na importante área militar de defesa. 

    As gigantescas reservas de petróleo e gás do Pré Sal, descobertas pela competente Petrobras, serão entregues aos gringos. Afinal, o Pré Sal possui um dos petróleos de menores custos do mundo. Entregarão essa sideral riqueza a preços de nada, juntos com estratégicos projetos na muito importante área da defesa. Tudo, diante das Forças Armadas, que nada farão. Ficarão bem quietas. Uma grande vergonha.  

    Para viabilizar as últimas festas de grandes pilhagens do sistema capitalista, desta vez, sem tanques, aviões e metralhadoras, aqui no Brasil, estão usando o Judiciário, Congresso e grande mídia, objetivando apossarem de siderais estratégicas riquezas do povo e do Brasil, a preços de bananas, como nas privatizações FHC/PSDB.  

    Dado a continuada grande crise mundial, por certo que farão uso de truculências e medidas antidemocráticas. Uma delas, a censura dos meios de comunicações, de todos os tipos, principalmente, na internet. De maneira “legal” e ilegal. “Legal”, com o Congresso rapidamente aprovando leis que viabilizem todo tipo de censura, bloqueando as consideradas ameaças ao sistema. Ilegal, todo tipo de censura, escuta e intercepções de mensagens, informações, projetos, planilhas, etc. não previstas em leis.  

    Dada à tendência de crescente desarranjo da economia por todo o mundo capitalista, por certo que não ficarão somente na censura e controle dos meios de comunicações. A medida que as tensões e distúrbios irão aumentando decorrente de milhares de desempregados e falidos, mundão afora, inclusive no Brasil, passarão a usar todo tipo de truculência e arbitrariedade, como ameaças, prisões e até mesmo, instalação de chips nas pessoas com diversos diabólicos objetivos, dentre eles, localização, transmissão da fala, etc.

    Dependendo do nível de gravidade das revoltas, novamente, os hediondos crimes estarão de volta, inclusive, torturas, sequestros, assassinatos, e outros mais. Provavelmente, a total censura e ou bloqueio das comunicações com o exterior. Será o próprio Anticristo. Fora desse terror, estarão as nações verdadeiramente soberanas, isto é, aquelas que possuem um mínimo de poder de fogo nuclear.

     

     

     

     

  11. O governo Temer terá seu

    O governo Temer terá seu “milagre econômico” também, repetindo a ditadura militar? A inflação deve cair, mas o que garante a volta dos investimentos? Só o fato dos empresários gostarem mais do Temer do que da Dilma, do PMDB mais do que do PT?

    1. A banca e o Brasil

      Interessante que é lúcido o suficiente para perceber que não se enfrenta a banca e os donos do Dólar com um pais desestruturado, sem norte, sem estrela e sem rumo. (resposta à pergunta sobre dívida pública e auditoria aos 1h e 30 minutos do vídeo)

      Falta a seu programa de governo fornecer os caminhos para corrigir isto e materializar a proeza, sugiro, humildemente, o uso da Astrologia, do Tarot e da Geometria concomitantementes.

      Ciro, acorda!

  12. O que mais gostei do texto foi ver o Nassif

    termina-lo com a palavra golpe e não mais impeachment.

    Impossível esperar coisa boa de um governo ilegitimo com Sarney Filho, Perella, Temer, Moreira Franco, Skaf e Serra.  Qualquer um que queira imaginar o estrago de um governo PMDB, basta olhar para o Rio.

     

  13. Vejam só, quem concorda (em 1996…) com Nassif!

    Trata-se de um trecho apenas. Grifei umas frases dele: 

    Durante a campanha eleitoral, explicando o plano econômico, eu dizia que a inflação era o imposto mais perverso que os brasileiros podiam pagar. A inflação destruía a esperança, corroía o tecido social e incentivava a esperteza e a corrupção. Os ricos corriam para a especulação financeira. A classe média se socorria da poupança, que apenas atualizava monetariamente suas economias. Só os pobres não tinham como se defender.

    No entanto, governar não é apenas estabilizar a economia. Uma moeda forte não é um fim em si mesmo. Governar é, antes de mais nada, promover a justiça, a igualdade de oportunidades, a distribuição de renda, a geração de emprego, melhorar a qualidade de vida e garantir a felicidade.

    O Brasil do abandono, do atraso, da desesperança e da necessidade já pode sonhar com um Brasil de justiça, de progresso, de solidariedade.

    Nestes dois anos, tivemos avanços reais _insuficientes, mas reais_ e que alimentam a nossa confiança nas mudanças.

    Já temos dois anos de inflação em baixa. Em 1996, ela deve ficar em 10%. Em outros tempos, isso seria a inflação de uma semana. São evidentes também os sinais de que a estabilização da economia permite uma mudança na distribuição de renda e na melhoria da qualidade de vida.

    A exclusão social começa a dar lugar à inclusão social. Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha da pobreza. As classes D e E diminuíram 17%, e as classes A e B cresceram 21%. O rendimento dos 10% mais pobres da população dobrou.

    Fernando Henrique Cardoso escreveu, sob o título

    Uma revolução silenciosa

    Folha de São Paulo, 29/12/96, Tendências/debates

    Fernando Henrique Cardoso

  14. Advirta-se: A economia é uma

    Advirta-se: A economia é uma ciência humana que não tem a largueza dos conhecimentos das ciências em geral; pois é uma ciência particular obcecada no ramo das pesquisas que se reduzem ao misticismo. Em outras palavras, naquilo que deveria ser na esfera de fatores cognoscitiva, afina-se com coisas bastante diversas, que convém a inflação, a oferta e a procura, e taxa de juros; ocupando-se o lugar do valor do homem com os ramos privados do ajuste fiscal.

    Já que fixaram esta colocação falsificada, é muito fácil dizer que muitos objetem a possibilidade de provar-se que o homem vem encontrar-se objetivamente em termos de conhecimentos adequados para existir o valor das situações deste homem. Ora bem, então, imagina-se que é oportuno procurar fazer atrocidades para evitar riscos da adesão de um vinculo para o outro?

    Eis, então, a consequência inevitável de não se ter o valor do homem endereçado ao dinheiro para refletir as normas científicas: Não há uma situação de constatação do homem para comensurar o valor do trabalho em que se deriva a animação da sociedade. 

    Logo, precisávamos do espaço específico que permitisse quantificar a economia na esfera da ideologia do homem. Mas, na verdade, ele não tolerará que confinem as instituições públicas por méritos de pesquisas que não circunscrevam a integralidade funcional dos predicados que se identificam com toda exatidão da adiçao econômica ser gerada pela manifestação da ciência. 

    Há um caminho para o valor externo ir para a ciência, e, da ciência virtual, voltar para união ao valor concreto da riqueza, no sentido de fazerem a dimensão real aqui explicada, na qual o modelo seja desencarnado das dividas públicas para fazer-se nas normas da mediação neutra. São princípios e valores que devem entrar no campo de conversão das atividades humanas efetivas, com a capacidade de influir na humanidade, no diz respeito a passagem do homem ao tempo tecnológico.

    A conclusão anterior implica que a eliminação problemática dos flagelos devidos as adequações com financiamentos externos pressupõe essencialmente uma carga de interesse em relação à ciência como única ordem teórica a emitir os recursos que joga a vida. 

    Falta apenas o reconhecimento moral de que não há necessidade de uma razão diferente em cada nação para que se caracterize a abjetividade hermenêutica para o dinheiro, porque se o assentimento das concordâncias convir atualidade ao nível das escolhas de atribuir valor, por causas individuais, serão as ações realizadas no equilíbrio do valor do trabalho, para alcance de todos projetos, em referência de procedimentos à unidade digital, dentro de certos limites do mundo. 

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