Brasil 2015: infraestrutura e o fim das gambiarras

 

Um dos grandes desafios do próximo governo – seja Dilma, Aécio ou Campos – será encarar de vez as reformas estruturais e acabar com o primado das gambiarras.
 
Ao assumir a presidência, Dilma Rousseff colocou como prioridade do governo aumentar os investimentos e reduzir o custo Brasil. Para tanto, produziu uma mudança estrutural no sistema de concessões: em vez do pagamento pela concessão onerosa, a competição pela menor tarifa.
 
Aí começou a esbarrar nos problemas do país: sistema tributário desequilibrado, falta de um mercado de investimento de longo prazo, entre outros.
 
Sem consenso sobre as reformas estruturantes, Dilma passou a se valer das gambiarras, das soluções pontuais. E perde a visão de conjunto.
 
***
 
Até então, a política de investimentos em infraestrutura escudava-se em duas grandes estatais: Petrobras e Eletrobras. Ambas investiam através da geração de caixa.
 
Para segurar a inflação, contiveram-se os preços dos derivados de petróleo, comprometendo o poder de fogo da Petrobras. Para reduzir o custo Brasil, impôs-se uma nova regra de redução da tarifa de energia que liquidou com o poder econômico-financeiro da Eletrobras.
 
***
 
Sem as duas pernas, todo o esforço público foi canalizado para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), através de modelos de capitalização com impacto fiscal.
 
Para garantir a modicidade tarifária, Dilma insistiu em tabelar a taxa interna de retorno, definindo níveis máximos de tarifas. Parecia um caminho promissor, mas acabou esbarrando no irrealismo das tarifas fixadas.
 
O principal fator era o custo do investimento. Decidiu-se criar o subsídio disfarçado através dos financiamentos do BNDES: financiamento de 25 anos com TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais 2% ao ano.
 
Tome-se o caso da BR 163, por onde passam 30% da carga de soja do país. A tarifa vencedora foi de R$ 2,66 de pedágio  por cada 100 km. Se a vencedora se valesse dos financiamentos usuais de mercado – prazo de 12 anos e taxas mais elevadas – a tarifa seria de R$ 7,00.
 
***
 
Foi uma bem-vinda redução do custo Brasil. Mas com isso criou-se uma situação precária, um modelo que depende da Bolsa Empresário e dos subsídios do Tesouro. E perdeu-se a oportunidade de mobilizar outros capitais para a criação de um mercado de longo prazo.
 
***
 
Agora, vai-se entrar em uma fase decisiva da infraestrutura.
 
As concessões de rodovias devem bombar, as ferroviárias poderão deslanchar. Há interesse internacional e possibilidade de entrada de capital externo.
 
Mas a questão fiscal se sobrepõe em vários aspectos: na necessidade de aval do Tesouro para os investimentos externos; para destravar os investimentos em mobilidade dos municípios; para destravar o investimento ferroviário garantindo o aval do Tesouro à Valec.
 
E tudo isso depende de uma gestão integrada com a política macroeconômica.
 
***
 
Não se menosprezem os caminhos abertos por Dilma, quando caiu de cabeça na retomada dos investimentos em infraestrutura. Era a mudança que o país necessitava há décadas.
 
Mas há que se mudar o método. Sem abrir a discussão, sem ouvir as partes, sem o concurso de soluções criativas, todo esse potencial poderá morrer na praia.
Luis Nassif

40 Comentários

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  1. Compromisso com custo final do pedágio

    Se o empresário “ganha”  uma bolsa que torna o pedagio que seria R$7  em R$2,33, então não é só o   empresário que está ganhando a bolsa, mas sim todos so usuários da estrada.  O modelo do PT tem compromisso com o custo final do pedágio, sem esse compromisso fica bem  mais fácil.

    Acho que este modelo  do PT está a anos luz do modelo do PSDB, por exemplo, onde os empresários continuam ganhando as bolsas  e os pedágios são bem mais que os 7 conto.

     

     

    1. Custo PSDB

      É ainda pior do que isso: no modelo tucano de SP, a concessionária paga uma remuneração anual ao Estado, cujo custo é coberto pelo preço do pedágio. Ou seja, o PSDB, tão crítico da carga tributária, cobra um IMPOSTO DISFARÇADO dos usuários da estrada, sob o pretexto de investir nas estradas não pedagiadas.

      Mesmo fora do governo federal, o PSDB custa muito caro ao Brasil. O custo dos produtos incorpora os pedágios estaduais caríssimos, e agora, ainda por cima, a indústria paulista vai ter dificuldade de produzir em função do colapso do fornecimento de água.

      1. Inovação é isso aí: Custo

        Inovação é isso aí: Custo PSDB. Gostei do termo. Agora quando se falar em ‘Custo Brasil” podemos entender como “custo PSDB”?

      2. hipocrisia

        Deixa de hipocrisia Marcio pois seu PT quando era oposição era totalmente contra aumento de impostos e depois que chegou ao poder, foi recorde apos recorde de arrecadação ano apos ano e ainda tentou ressuscitar a CPMF, a verdade que todos esses politicos ordinarios( DO SEU PT TBM) não querem trabalho em montar um governo eficiente, eles adoram criar cargos a mais cargos para dar empregos aos cumpanheiros, todos esses politicos cinicos e corruptos dividem os cargos  de governo como quem divide um bolo de festa. E ainda tem mal informados ou mal intencionados como vc que vem defender politico aqui, é muito engraçado ou talvez vc tenha alguma boquinha em algum governo? rsrs

  2. Nassif

    As concessões e a política pública para a área de infraestrutura já bombaram e o IED está migrando da área de serviços e agroindústria para a infraestrutura. É o que diz a “Sobeet”

    “É fato que a economia brasileira tornou-se pólo de atração de Investimentos Diretos Estrangeiros. Há 10 anos o país ocupava a décima quinta posição no ranking dos países que mais receberam fluxos de IDE no Mundo, com ingressos equivalentes a 1,7% do total dos fluxos globais de IDE. No ano de 2012, por sua vez, o país passou a ocupar a quarta posição…

    Quais as conclusões destas mudanças na composição dos ingressos de IDE nos últimos 10 anos? Uma possível conclusão é que estes foram pelo menos parcialmente influenciados por oportunidades de investimento criadas por meio de políticas públicas específicas. Estas foram capazes de criar as condições necessárias para a atração de investimentos diretos voltados para atividades consideradas como estratégicas em diferentes momentos.

    Nos próximos anos, os investimentos na construção de infraestrutura e exploração de serviços nos setores de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos estarão no centro atenções e serão o foco das concessões do Programas de Investimentos em Logística. Tais concessões terão apelo para investidores estrangeiros.”

    É o que diz a “Sobeet” em seu:  Boletim 90 – Março 2013

    1. investimentos diretos

      Esses ditos “investimentos diretos” na verdade em sua grande parte vão é DIRETAMENTE PARA ESPECULAÇÃO, o banco central não tem estrutura para acompanhar realmente o que entra para investimento direto mesmo, como construções de qualquer natureza, esse dinheiro entra como investimento direto é apenas para pagar menos impostos e o governo covarde de vcs finge de morto, finge que não sabe apenas para inflar numeros bons e entrar mais dolares porque sabe que precisa deles desesperadamente pois nossa balança comercial ja foi pro saco ha muito tempo, o superavit comercial que havia ja virou quase deficit, vamos ser mais honestos nos posts, alias alguem de vcs esquerdopatas sabe qual é o defict comercial de produtos industrializados do brasil? vcs ja pesquizaram na net o quanto caiu a participação da industria no PIB brasileiro? TENHO CERTEZA QUE NÃO, vcs so procuram noticias boas (tão poucas na economia ne rsrs) para postar aqui e iludir os incautos

    2. Vale a pena copa e colar..

      “Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles”. Dylan Thomas. 

       

  3. Ontem, fui de Porto Alegre à

    Ontem, fui de Porto Alegre à Barra do Ribeiro, em torno de 80 Km. Neste trecho peguei a duplicação da BR116. Algo  sonhado de há muito  mas inimaginável de ser realizado,  dez anos atraz, por exempllo. Está lá  uma rodovia  nova, ao lado da já existente. Novos  tempos, sem dúvida.

    1. NOVOS TEMPOS

      Verdade mesmo oscar? novos tempos? A saúde ta otima não é mesmo? A segurança com leis mais duras por iniciativa do governo federal para criminosos inibiu demais a criminalidade ne? As estradas estão um tapete não? A corrupção quase não se vc mais, quase todos os politicos corruptos estão na cadeia!!!!! Nossa economia bombando, nossa industria exportando para o mundo inteiro graças a coragem do governo federal em relação ao cambio, tornou nossa industria super competitiva!!! FAZ ME RIR OSCAR

  4. Inflação e redução da desigualdade

    Uma informação que não encontro: quanto da inflação nestes últimos anos é advinda em função da redução da desigualdade? Acho esse dado fundamental para determinar a real dimensão do problema inflação!

    Explico: nos últimos 11 anos o Brasil tem sido o país que mais reduziu a desigualdade no mundo (vide índice de Gini). Ora, isso gera uma pressão de custos de uma maneira geral e particularmente nos setores intensivos em mão de obra.

    Os economistas à direita aproveitam e entram de sola dizendo que a produtividade da economia brasileira está caindo (a The Economist dá uma mãozinha), afirmando que o brasileiro é preguiçoso. Na verdade, o que ocorre é que a padaria que fatura R$ 30 mil/mês e tem 5 funcionários, quando o salário deles é de R$ 500/mês, tem sua “produtividade” alterada quando a desigualdade no país diminui. Desenhando:

    Input: R$ 2,5 mil em mão de obra. Output: R$ 30 mil em faturamento. Produtividade: R$ 12 mil/funcionário.

    Quando o salário sobe para R$ 800:

    Input: R$ 4 mil em mão de obra. Output: R$ 35 mil em faturamento. Produtividade: R$ 8,75 mil/funcionário

    O empresário tem três saídas: 1) diminuir número de funcionários; 2) aumentar preços; 3) reorganizar o funcionamento do negócio. Normalmente acontece a combinação de 1 & 2. A padaria que eu frequento é um claro exemplo. Foi organizada para funcionar com 10 funcionários. Hoje atende mal porque, no mesmo modelo, funciona com 5 funcionários. Praticamente não há auto-serviço. Os clientes dependem totalmente dos funcionários para comprar o pão no tradicional modelo de bancada de sempre.

    Se, analisando essa pauta, chegamos à conclusão que um peso considerável dessa inflação (40% ?) é oriunda da redução da desigualdade, me desculpem, mas isso não é inflação, mas redistribuição da renda do país. Dores normais de quem está transformando uma sociedade pra melhor. Nessa linha, erra o governo ao conter a capacidade de investimento da Petrobras e Eletrobras para segurar essa “inflação”.

    1. Allan, ótimo comentario

      Você saiu do macro, e foi para o  micro, já que o macro é a soma de milhões de micros.

      Concordo que a gestão de preços da Petrobras foi muito ruim, por que totalmente (ia escrever tolamente) contraproducente, já que poderiam ter sacrificado a tal meta no final do ano em várias oportunidades. Tiveram medo da mídia e do tal mercado.

      No caso da eletricidade, foi um erro de execução: todos as lideranças da indústria foram pedir á presidenta uma queda dos altos preços da energia elétrica, uma obra dos anos FHC, quando não ouvi nenhuma dessas lideranças da indústria reclamarem (criticavam longe dos microfones). A oportunidade era esta que foi usada, i.e.. antecipação das renovações de concessões. Como o assunto foi “politizado” (PSDB + mercado financeiro – o que no fim é a mesmíssima coisa) as cias estaduais dos tucanos (CEMIG, CESP etc…) se recusaram a participar da renovação. O erro foi de ter decidido aplicar os mesmos índices de queda de preços que se estas estaduais tiveram participado. E quem pagou a conta foi a Eletrobras. Não sei se há uma maneira de recupera-la quando as concessões das estaduais tucanas vencerem (deve ser em 2015-2017).

      Sobre a padaria, a única solução viável a longo prazo é a opção 3 do sei exemplo. Isso demanda investimento, e para ter sucesso uma volta definitiva do Brasil a taxas de juros civilizadas, coisa que PSDB e mercado financeiro não aceitam já que iria impedi-los de trocar de Range Rover todo ano…

    2. Comentário muito bom, Nassif vê se publica !

      Allan

       

      Sua observação foi perfeita. É isso mesmo. Os empresário somente conseguem aumentar a produtividade aumentando preços ou reduzindo mão de obra. Nunca inovando.

       

      Mas não dá pra exigir inovação de algúem que mal tem segundo grau incompleto e que a duríssimas penas consegue fabricar e vender pão.

       

      E essa é a realidade de quase todas as micro e pequenas empresas do Brasil.

       

      Saudações

       

       

    3. Construção civil é um exemplo melhor.

      No lugar da padaria como exemplo eu citaria a construção civil. Primeiro que ela tem um índice próprio de custos (o CUB), segundo que nesta o aumento do custo da mão de obra é mais evidente e quantificável.

  5. Burocracia

    Nenhum candidato pôs em seu programa a busca pela simplificação tributária. Não é pagar menos imposto, é pagar mais fácil.

    1. É PARA PAGAR MENOS IMPOSTOS MESMO

      Eu defendo o contrário de vc bruno, devemos sim pagar menos impostos e exigir eficiençia na administração  publica, menos corrupção, brasil não precisa de mais impostos meu amigo, o brasil precisa é de gente com mais vergonha na cara no poder deste pais.

  6. ” Ou seja, o PSDB, tão

    ” Ou seja, o PSDB, tão crítico da carga tributária”.

    Carga Tributária Bruta de Brasil em 01/01/1995 = 28% do PIB

    Carga Trbutária Bruta do Brasil em 31/12/2002 = 34,8% do PIB

    Este aumento da CTB foi durante o Governo de FHC. O PSDB é tão ruim que critica até mesmo suas realizações.

    Venderam as estatais, aumentaram a carga tributária, aumentaram a dívida pública de 36% para 64% do PIB e ainda quebraram o país três vezes neste intervalo de 8 anos.

    COM O PSDB DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM.

    Pergunta ao Nassif: Se não fossem as “gambiarras”, teríamos saído do lugar? 

    1. isso é verdade

      Por não ser fanático adorador de partido(QUE NÃO VE ERROS NOS GOVERNOS DO PT), concordo inteiramente com vc Jossimar realmente o governo do FHC roubou o bolso do contribuinte mas o seu governo do PT não reclamos quando recebeu o governo ja com altissima carga tributária e tentou insistentemente e extenção da CPMF apesar dos recordes consecutivos de arrecadação federal de impostos ano apos ano nos governos lula e dilma. Seu governo do PT não conseguiu aumentar ainda mais os impostos por ser totalmente impopular e danoso politicamente  e não precisava pois todos anos foram recordes consecutivos de arrecadação bem acima do crescimento da economia, ISSO NÃO É AUMENTO DE CARGA TRIBUTÁRIA?

  7. A eleição de Aécio, além de

    A eleição de Aécio, além de péssima para o Brasil, seria também “filosóficamente injusta”, já que serão os próximog governos que irão colher os frutos dos investimentos em infraestrutura realizados por Lula e Dilma.

    1. Picaretagem intelectual é

      Picaretagem intelectual é dose.

      Lula&Dilma teriam feito algumas coisa sem estabilização da moeda?

      Quanto tempo gastariam para estabilizar o país?

      Deixe de torcer para A ou B. Pense, simplesmente!

       

      1. Eu sabia que alguém ia chamar

        Eu sabia que alguém ia chamar o “santo Real” em sua defesa.

        Como se tivesse sido “São FHC” que o criou, inteiramente sozinho. A equipe econômica, os técnicos reunidos pelo governo para a sua criação não fez nada. O presidente, na época, Itamar Franco, do PMDB, também não fez nada.

        Alias, seu ídolo FHC pode aproveitar bem a criação do Real em seu próprio governo, e inclusive quase o colocou a perder em seu segundo mandato. Ou vocês esqueceram do índice de inflação, da taxa de juros, da carga tributária, dos níveis de desemprego e da quantidade de reservas do país no segundo mandato do FHC?

      2. Estabilização da

        Estabilização da Economia?

        Quanto era a Inflação quando LULA assumiu? Você lembra?

        Qual era a TAXA SELIC?

        Hoje TENHO CERTEZA!

        Se não houvesse o plano real – LULA TERIA ESTABILIZADO A ECONOMIA e LONGE dos “Cabeças de Planilia” que DEVERIAM ESTAR PRESOS!

    2. E seu lula e dilma?

      Prezado jorge e o seu lula e dilma não colheram o plano real e a lei de responsabilidade fiscal, a extinção  de quase todos os bancos estaduais que eram fontes diárias de corrupção nos jornais, o seu PT votou varias vezes contra a execução do plano real, que moeda vc paga suas contas? Vc usa REAL ou PTAL para pagar suas contas? Parem de postar meias verdades, não façam igual nossa imprensa mafiosa, sejam honestos e imparciais em suas colocações, se querem torcer por alguma coisa  vão  para um dos estádios de futebol da copa, mais um dos frutos maravilhosos deixados por seu governo incompetente adorado por vcs.

  8. Os impasses do novo modelo ferroviário

    http://imaginebrasil.org/2014/07/01/o-novo-modelo-regulatorio-para-as-ferrovias-no-brasil/

     

    O novo modelo regulatório para as ferrovias no Brasil:

    incertezas e uma proposta de complementação

     

    Joaquim José Guilherme de Aragão

    Yaeko Yamashita

     

    Laboratório de Infra-estruturas – INFRALAB

    Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília

     

    Está em pauta uma profunda reforma regulatória no setor ferroviário. Essa se faz necessária, na medida em que o regime existente de concessões, implantado no governo de Fernando Henrique Cardoso, terá grandes dificuldades em contribuir para a construção de uma série de novas ferrovias, necessárias para o atendimento do território nacional por uma rede de conectividade razoável. E a construção, em médio prazo, dessa rede seria uma condição básica para reverter a dependência crônica do País do transporte rodoviário.

    De fato, atuando dentro das regras do regime contratual vigente, as concessionárias aumentaram sensivelmente a produção de transporte e a produtividade. Mas, até porque o contrato não as obrigava a tal, reduziram significativamente os trechos operados, deteriorando adicionalmente o nível já baixo de conectividade de nossa rede. Outras críticas externadas pelo governo são a superconcentração do tráfego em minério e grãos, e o baixo grau de intermodalidade praticada no sistema.

    Além disso, o governo vem insistindo em que os trechos ociosos sejam abertos a operadores ferroviários independentes (política de livre acesso), para melhorar o aproveitamento da infra-estrutura disponível.

    Dados esses pontos de insatisfação, o governo optou, para os novos trechos, por um modelo inteiramente inovador em nível internacional. Primeiramente, ele introduziu o regime horizontal. Ou seja, diferentemente do regime atual (vertical), onde a concessionária opera os trens e mantém a infra-estrutura, pelo novo modelo as concessionárias iriam se concentrar na implementação da infra-estrutura, sua operação e sua manutenção. Já a venda de tráfego ficaria com a VALEC, empresa estatal.

     A ideia subjacente desse modelo é livrar as concessionárias do risco do tráfego, altíssimo nas novas ferrovias, ao ponto de dificultar a equação financeira dos contratos de concessão; esse risco seria doravante assumido pela empresa pública. Outras características do modelo são:

    a)      A livre abertura das ferrovias a operadores ferroviários independentes (OFI´s) credenciados, que pagariam à VALEC pelo direito de usar a infra-estrutura (o preço seria definido por meio de uma “oferta pública”); e às concessionárias, pelo custo de desgaste nas infra-estrutura (“tarifa de fruição”);

    b)      O pagamento pela VALEC às concessionárias, ao nível necessário para obtenção de taxa interna de retorno atrativa (regulação pela TIR); tal modelo equivale ao clássico cost-plus, e vem substituir a regra do price cap,  vigente nas concessões atuais.

    c)       Nas ferrovias antigas, sob contrato ainda vigente, a VALEC compraria a capacidade ociosa e abriria a via aos operadores autônomos; os preços seriam negociados, visando a manutenção do equilíbrio dos contratos.

    Ademais, a liberdade de tráfego às operadoras independentes é vista pelo Governo como uma estratégia para garantir um mínimo de competição na operação ferroviária, com vistas a se obterem fretes competitivos.

    As críticas que se fazem a esse modelo advêm, de um lado, das concessionárias atuais, que defendem a permanência do modelo vertical. De outro, o mercado vem externando uma forte desconfiança com relação à capacidade do governo, em especial da VALEC, de honrar os compromissos para com as concessionárias, dado o previsivelmente alto déficit comercial das novas ferrovias por um prazo relativamente longo.

    Outros pontos de dúvida podem ser adicionados:

    Trata-se de um modelo inédito e complexo, que pode trazer insegurança para os agentes privados em virtude da incerteza de resultados e da complexidade das relações e implicações, aumentando os custos de transação.Embora uma das ideias mestras do modelo seja liberar o concessionário do risco de mercado, que é altíssimo nas ferrovias novas, ele pode frustrar esse “alívio”. De fato, o concessionário seria remunerado por dois tipos de tarifa, sujeitando-o ao risco de mercado (pela receita da tarifa de fruição) e a riscos governamentais.O próprio operador também estaria sujeito ao duplo pagamento, sendo que ainda não está claro como seria procedida a “oferta pública” para a aquisição de direitos de uso da ferrovia pela VALEC.A reintrodução do regime de cost plus traz de volta os vícios desse sistema para o Poder Público, que é a considerável assimetria de informação do governo com relação aos parceiros privados. Dificilmente o Poder Público obterá informações confiáveis com relação aos custos reais, se sujeitando a riscos de custos que não deveriam ser por ele assumidos.A previsão, a favor da concessionária, de “receitas de operações complementares” e “receitas extraordinárias”, ainda não definidas, visa tornar o contrato mais atrativo, mas na verdade complica mais ainda a previsão dos ganhos e o controle da remuneração do capital: seriam elas computadas no TIR, ou seriam concedidas de graça ao concessionário, por cortesia do Poder Público?A primeira hipótese torna a previsão do TIR absolutamente opaca, haja vista a grande abertura de possibilidades para essas receitas, com retornos e riscos imprevisíveis; na verdade, o próprio concessionário ficaria desencorajado em correr atrás dessas receitas, pelo esforço e custo adicional que sua obtenção implicaria, a troco da mesma receita principal.No segundo caso, portanto da gratuidade dessas receitas, quem ficaria no prejuízo seria o Poder Público (na verdade, o contribuinte), pois estaria abrindo mão de receitas por ventura consideráveis desses negócios, sem obter uma correspondente redução da tarifa e das obrigações de contraprestação financeira da VALEC.

    Entretanto, o fator mais crítico para o sucesso do novo modelo e de qualquer outro modelo (inclusive o vertical) são o desequilíbrio e a incompletude do nosso território. De fato, tal característica básica de nossa geografia econômica produz fluxos relativamente reduzidos e desequilibrados, sobretudo nas fronteiras econômicas. E a ainda crônica falta de um planejamento territorial impede que os diversos potenciais do nosso território possam ser sistematicamente despertados e explorados.

    O próprio planejamento dos transportes (PNLT) mostra-se mais preocupado em reduzir os gargalos atuais e previsíveis do sistema logístico corrente para os fortes fluxos de commodities, do que construir o território equilibrado. Na medida em que esses fluxos continuem resultando do processo espontâneo e desigual de territorialização, o alívio dos gargalos sem a contrapartida de se desenvolverem as regiões de uma forma mais equitativa reforça o desequilíbrio territorial.

    Por sua vez, as políticas de concessão retalha o sistema logístico em partes lucrativas e não lucrativas. Essa abordagem fragmentária, com foco em projetos específicos, visa em princípio delimitar as responsabilidades do investidor para garantir seu equilíbrio financeiro. Mas na verdade, produz novos riscos de interface e de mercado, ao não contribuir sistemicamente para o desenvolvimento econômico da área de influência e, assim, para a consolidação comercial das ferrovias.

    A nosso ver, a viabilização em larga escala dos investimentos ferroviários e a alteração substancial da matriz modal desequilibrada dos transportes clamam por uma complementação substancial do modelo regulatório proposto. Primeiramente, é indispensável um esforço de construir uma rede completa e de conectividade razoável na maior parte do território nacional, aliado a um planejamento territorial em nível nacional, regional e local.

    Além disso, ao invés do fatiamento e da fragmentação das políticas e dos projetos, há de se procurar uma maior reconexão dos investimentos em infra-estrutura com os do setor produtivo e com outras políticas que catalisem o crescimento econômico (educação e capacitação, apoio ao empreendedorismo, infra-estruturas urbanas, etc.), nas áreas de influência das infra-estruturas. Denominando esse tipo de esforço de programa territorial, deverá ele incentivar o investimento privado, gerar renda, adensar fluxos logísticos e promover crescimento, de forma que a arrecadação fiscal resultante garanta a sustentabilidade fiscal dos empenhos públicos no programa.

    No contexto desse novo tipo de programação territorial, novos tipos de empreendimentos privados e de parcerias público-privadas deverão reforçar a consolidação comercial e fiscal dos investimentos em infraestrutura em ferrovias. Propomos que, nas plataformas logísticas, um novo tipo de consórcio logístico-industrial, que intitularíamos em empresa de desenvolvimento territorial, seja contratado, onde em troca de cessão de áreas da concessionária ferroviária (VALEC, no caso da concessão horizontal; ou a concessionária, no caso da concessão vertical) ela produzisse desempenhos econômicos de interesse da concessionária e dos poderes públicos ao longo da linha. Esses desempenhos econômicos haveriam de consistir de geração de tráfego, geração de emprego e arrecadação fiscal ao longo das cadeias produtivas dinamizadas, assim como volume de contratos com empresas locais.

    Essa empresa aglutinaria, sob comando de uma holding, empresas de trading, que dinamizariam a produção local e a colocaria nos mercados nacional e internacional; empresas de serviços aos produtores; empresas imobiliárias de instalações logísticas, escritórios, áreas comerciais e habitações;  e empresas de logística. Cada empresa teria sua autonomia, mas seria pilotada estrategicamente pela holding, com vistas a que os desempenhos contratados sejam assegurados.

  9. TIR e qualidade andam juntas. Deveriam?

    A questão de praticamente tabelar a TIR dos empreendimentos e também regular qualidade do serviço tem criado problemas e afastado interessados. Leilões de concessão viraram verdadeiros sacos de gato com consórcios artificiais montados com o “dedazo”do governo. Isos sem falar na Eletrobras…

    Falta ainda encontrar um caminho. Além disso, os bancos privados participam de maneira muito tímida do financiamento em infraestrutura. É hora de atrair estes players para o jogo.

  10. TIR e qualidade andam juntas. Deveriam?

    A questão de praticamente tabelar a TIR dos empreendimentos e também regular qualidade do serviço tem criado problemas e afastado interessados. Leilões de concessão viraram verdadeiros sacos de gato com consórcios artificiais montados com o “dedazo”do governo. Isos sem falar na Eletrobras…

    Falta ainda encontrar um caminho. Além disso, os bancos privados participam de maneira muito tímida do financiamento em infraestrutura. É hora de atrair estes players para o jogo.

  11. Foram gambiarras ou opções estudas e escolhidas pelo governo?

     

    Luis Nassif,

    Você subiu bastante de nível nas suas últimas críticas ao governo. Já disse isso antes. Alias, vale à pena transcrever aqui a frase inicial de um comentário que eu enviei terça-feira, 15/07/2014 às 14:16, para você junto ao post “Brasil 2015: rumos da política industrial” de terça-feira, 15/07/2014 às 06:00, aqui no seu blog e de sua autoria. Iniciei o meu comentário assim:

    “Depois de muita retórica, falando das trapalhadas do Secretário do Tesouro e do Ministro da Fazenda e da teimosia da Dilma Rousseff ou do estilo centralizador dela, finalmente parece que você se dispõe a criticar a política econômica do governo de modo mais consistente. E fez a crítica calcada em boa análise econômica, embora, como leigo em economia, a minha avaliação da explicação de Fernando Sarti, do Instituto de Economia da Unicamp, não tenha muito valor”.

    Aqui neste post “Brasil 2015: infraestrutura e o fim das gambiarras” de domingo, 20/07/2014, você é objetivo nas suas críticas. Em um parágrafo você faz duas críticas. Transcrevo o parágrafo para deixar bem transparente a crítica que você lança ao governo, relativamente ao uso da Petrobras e Eletrobras, duas empresas importantes em que se tem escudado a política de investimentos em infraestrutura no Brasil.

    “Para segurar a inflação, contiveram-se os preços dos derivados de petróleo, comprometendo o poder de fogo da Petrobras. Para reduzir o custo Brasil, impôs-se uma nova regra de redução da tarifa de energia que liquidou com o poder econômico-financeiro da Eletrobras”.

    E na sequência você lança sua terceira crítica que seria o uso do BNDES via subsídios no financiamento para permitir tarifas menores nas licitações por menor preço.

    Bem, antes de comentar a sua crítica deixo o link para o post “Brasil 2015: rumos da política industrial” que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/brasil-2015-rumos-da-politica-industrial

    A grande vantagem da crítica objetiva como a feita neste post é que ela permite o contra argumento objetivo. A crítica genérica, subjetiva como a que você vinha fazendo dizendo que o governo cometia trapalhadas ou era teimoso ou era centralizador só permitia o contra argumento genérico, subjetivo do tipo, o governo não comete trapalhada, não é teimoso ou não é centralizador ou diante de evidências de que é teimoso ou centralizador alegar que a teimosia ou centralização são qualidades de um bom governo.

    Aliás, a subjetividade no julgamento dos governantes permite muita retórica. Uma retórica muito utilizada é acusar um governo de incompetente. Nesse sentido vale à pena ler o artigo “O dogma da incompetência” de Paul Krugman e disponibilizado no site da Uol em 27/6/2014 às 12h 37, no seguinte endereço:

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/paulkrugman/2014/06/1477325-o-dogma-da-incompetencia.shtml

    No artigo Paul Krugman trata do Plano de Saúde do governo de Obama, o chamado Obamacare, e em determinado momento ela aborda a existência de uma espécie de premissa que certos especialistas tem sobre a atividade estatal prevendo de antemão uma incompetência do governo. Transcrevo dois parágrafos em que Paul Krugman fala sobre o plano anterior de reforma na saúde no governo de Clinton e que não foi aprovado. Diz lá Paul Krugman:

    “Por exemplo, o famoso memorando em que Wiliam Kristol instava os republicanos a matar a reforma da saúde de Clinton, em 1993, advertia explicitamente que o Clintoncare, se implementado, poderia bem ser percebido como sucesso, “desferindo um golpe doloroso contra as alegações republicanas de que defendemos a classe média ao restringir o governo”. Por isso, era crucial garantir que uma reforma jamais acontecesse.

    Kristol estava dizendo à liderança de seu partido que histórias sobre a incompetência do governo são algo que se usa junto aos eleitores para convencê-los a apoiar cortes de impostos e desregulamentação, mas não algo em que os líderes deveriam acreditar pessoalmente”.

    Fiz questão de transcrever aqui o artigo de Paul Krugman porque tenho defendido há mais tempo que a não ser na incompetência absoluta ou na competência infinita não há muita fundamentação e acusar um governante de incompetente ou competente.

    E em relação as suas críticas à política do governo em relação à infraestrutura, que eu considerei objetivas, o que eu gostaria de dizer seriam três contra argumentos que penso podem ser construídos objetivamente e de certo modo explicariam a ação do governo, como sendo mais fruto de planejamento do que de gambiarras.

    Primeiro em relação a questão do preço de combustíveis, é preciso levar em conta que a tendência é o Brasil se tornar exportador tanto de petróleo como dos derivados de petróleo. Na condição de exportador, o Brasil deve ter o preço interno de combustíveis no mesmo nível do preço externo ou ele deve ser menor? E esta questão deve ser feita levando em conta que os combustíveis com um preço elevado leva uma aumento no preço do álcool e com isso um maior uso de terras férteis para a produção de cana de açúcar. Em suma vai haver valorização de terras agrícolas e redução da oferta de alimentos com encarecimento destes produtos.

    E há que se levar em consideração que, dada a rigidez de preços para baixo, a redução posterior de preços de combustíveis para reduzir custos de empresas não assegura posterior redução dos preços dos produtos produzidos. Eu creio que é dentro deste limite de atuação que o governo tem procurado estabelecer preços internos de combustíveis inferiores aos preços no mercado internacional.

    Creio que o governo errou em reduzir o preço de energia elétrica, pois imaginou equivocadamente que a redução de preço ia reduzir custos e isso ia passar para os preços. Só que ele esqueceu da rigidez dos preços para baixo. E considero que o governo foi pressionado por decisões judiciárias que mandavam as empresas de energia elétrica devolverem aumentos nos preços decorrentes da necessidade de fazer frente ao problema do apagão elétrico. O governo decidiu então passar para as mãos do governo uma decisão que estava sendo tomada pontualmente pelo poder judiciário.

    E em relação ao subsídio do BNDES, eu creio que você tem razão. Trata-se, entretanto, de uma razão em parte. O problema é que o Plano Real nos deixou como herança uma dívida de curto prazo elevada que pressiona para bem acima da realidade a nossa taxa de juro. Com uma taxa de juro elevada, qualquer tarifa pública só será viável se ela for muito cara. A solução mais realística ao meu gosto seria o governo fazer um grande aumento da carga tributária e com isso conseguir uma redução da taxa Selic e assim poder fazer licitações por menor preço em que o valor da tarifa ficasse bem baixo. Agora, quem conseguiria fazer este aumento na carga tributária? Assim, acho que você está certo em criticar esta política de subsídios de longo prazo do BNDES, e mesmo considerando que é uma política de longo prazo você está certo em chamar esta política de gambiarra, mas a menos que se adotassem preços abusivos nas tarifas era a única alternativa que restava ao governo. Como disse a presidenta Dilma Rousseff, o governo tem trabalhado dentro de uma faixa muito estreita de mobilidade.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 20/09/2014

    1. As amarras que nos levam às gambiarras

       

      Luis Nassif,

      Muito da ação do governo é mais bem compreendida quando se leva em conta as amarras a que se submete um governo na condução do país. No caso brasileiro há as amarras legais da nossa constituição e que são parecidas com amarras impostas aos governos democráticos em outros países do mundo e há algumas amarras específicas decorrentes de um passado que não quer se desgrudar do país. Além disso há também as amarras intrínsecas ao país, como a sua extensão territorial, a qualidade das terras para o desenvolvimento agrícola (considera-se aqui o contraste de vasta região do país de boa qualidade para a exploração agrícola com o que se tem no Nordeste e no Norte na parte da Floresta Amazônica), a desigualdade social e espacial do país e o índice de escolaridade da população, embora estas duas últimas amarras devem ser mais consideradas como amarras do passado.

      Bem o que eu queria salientar aqui são as amarras do passado recente. Nesse sentido, eu salientaria o problema da dívida de curto prazo elevada que repercute na taxa de juro para combater a inflação. Para entendermos esta dívida de curto prazo elevada há que considerar a elaboração e execução do Plano Real que foi feito para acabar com a inflação de uma vez e vinculado a uma campanha eleitoral para garantir a eleição de um candidato que não fora sequer presidente de um grêmio recreativo na juventude. E tivemos depois a necessidade de manter a valorização da moeda produzida pelo Plano Real de modo a assegurar uma pressão popular no Congresso Nacional para que se aprovasse a emenda da reeleição do Presidente e depois a necessidade de manter a valorização da moeda produzida pelo Plano Real para garantir a reeleição do Presidente e também mais tarde a necessidade de valorizar ainda mais a moeda para que se pudesse ter a eleição da candidatura de Dilma Rousseff em um clima de oba oba.

      Com todas as amarras que desaguam no problema da dívida pública de curto prazo elevado, e contingenciado pelo ambiente externo, o país acabou chegando a um ponto de difícil margem de manobra.

      Pode-se até questionar se é justo atribuir todo o contingenciamento que o país sofre como sendo resultado do problema da dívida pública de curto prazo elevada. Eu creio que é correto dar uma importância maior ao problema da dívida porque a dívida de curto prazo repercute na inflação e em razão da necessidade de combater a inflação, o Brasil tem uma das mais altas taxas de juros do mundo. Se a dívida de curto prazo fosse menor, o juro necessário para assegurar uma taxa de inflação que não causasse problemas políticos poderia ser bem menor.

      É dentro desta realidade de se ter necessidade de um juro elevado para combater a inflação, ou talvez mais bem se diria se se falasse que é dentro da realidade de se conviver com uma dívida pública de curto prazo elevada e se ter necessidade de manter a inflação em níveis aceitáveis pela população que se acabou optando por um instrumental mais moderno e mais eficiente de combate à inflação e que é o Regime de Metas de Inflação.

      Então para mim não é possível compreender questões setoriais da economia brasileira sem levar em conta o Regime de Metas de Inflação. Neste sentido vou deixar a seguir a indicação de alguns links de posts que tratam de assuntos que tem relação com o Regime de Metas de Inflação e a realidade brasileira e em especial que contenham comentários meus com mais links para mais posts que analisam o Regime de Metas de Inflação.

      Aqui no seu blog eu menciono três posts mais recentes além do post “Brasil 2015: rumos da política industrial” de terça-feira, 15/07/2014 às 06:00, para o qual eu deixei o link em meu comentário anterior.

      O primeiro post é “Os vinte anos do Plano Real” de quarta-feira, 02/07/2014 às 06:00, e de sua autoria e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/os-vinte-anos-do-plano-real

      O segundo post é “Brasil 2015: o desafio de mudar o tripé econômico” de sexta-feira, 18/07/2014 às 06:00, e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/brasil-2015-o-desafio-de-mudar-o-tripe-economico

      E o terceiro post é “A hora de discutir as metas inflacionárias” de sábado, 19/07/2014 às 10:40, e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-hora-de-discutir-as-metas-inflacionarias

      Bem, no seu blog antigo Projetobr, e no ano de 2008, apareceram vários posts em que se discutia a questão do Regime de Metas de Inflação. Lembro aqui do post “Stiglitz e as metas de inflação” de terça-feira, 10/06/08 às 10:03, com texto de autoria de Rodrigo Medeiros em que ele mencionava o artigo de George Stiglitz “As falência das metas de inflação”. Os posts no Projetobr não são mais acessíveis, mas eu deixo a seguir dois links para o artigo de Stiglitz “As falências das metas de inflação”.

      O primeiro link para o artigo “As falências das metas de inflação” é no Blog do Desemprego Zero no seguinte endereço:

      http://www.desenvolvimentistas.com.br/desempregozero/2008/06/a-falencia-das-metas-de-inflacao/

      E o segundo link para o artigo “As falências das metas de inflação” é junto ao post “A mudança nas metas inflacionárias” de segunda-feira, 01/10/2012 às 08:00, aqui no seu blog e com texto de sua autoria como Coluna Econômica. No post há um comentário meu que enviei segunda-feira, 01/10/2012 às 14:20, e no qual eu transcrevo o artigo de George Stiglitz “As falência das metas de inflação”. O endereço do post “A mudança nas metas inflacionárias” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-mudanca-nas-metas-inflacionarias

      Neste mesmo post e no mesmo comentário eu transcrevo um antigo post no seu blog Projetobr intitulado “O modelo de metas de inflação” de quinta-feira, 03/08/2008 às 07:59, sendo o texto de autoria de Andre Araujo.

      E deixo o link também para o post “A hora de discutir as metas inflacionárias” de terça-feira, 16/04/2013 às 08:00, aqui no seu blog e de sua autoria como Coluna Econômica e que pode ser visto no seguinte endereço:

      http://advivo.com.br/node/1340589

      Destaco este post “A hora de discutir as metas inflacionárias” porque mostra que esta é uma preocupação antiga sua como também porque nele há comentários meus com links para artigos discutindo a questão do Regime de Metas de Inflação.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 21/07/2014

  12. Infraestrutura

    Eu prefiro que os administradores do dinheiro público ajam com competência e não com vontade política. Estabeleçam um planejamento de longo prazo que faça sentido e não um grande balcão de negócios caótico e sem direção. Que as metas e prioridades sejam compatíveis com as necessidades de um país que carece de tudo, inclusive de soluções e programas inteligentes, por ter se tornado um país em leilão onde reina o uso das gambiarras. 

  13. investimento e gestão macroeconômica

    Nassif,

    Estou relendo no momento o livro Macroeconomia da Estagnação, do professor Luís Carlos Bresser-Pereira. Nessa obra, um dos pontos altos é o fato de o Brasil manter a taxa de juros de curto prazo (Selic) em níveis doentios. E isso vem de encontro aos desafios de aumentar os investimentos em infra no Brasil pontuados no artigo acima.

    1) A taxa de juros reais ser muito alta pressiona os projetos de investimento, que precisam de TIRs mais altas para serem viáveis.

    2) Como a taxa Selic já é absurdamente alta e a dívida pública é indexada a ela via LFTs, o mercado de empréstimos de longo prazo torna-se inexistente por se tornar muito caro. Isso impõe a necessidade do Estado arcar com o fornecimento de tais empréstimos a taxas subsidiadas via BNDES.

    Note-se, portanto, que o problema da Selic e das metas de inflação, recorrentemente abordado por você, é uma importantíssima trava macroeconômica para os investimentos em infra. Se fosse reduzida, o mercado poderia contribuir com uma maior parte dos empréstimos de longo prazo necessários, ao mesmo tempo que o governo ficaria com o Tesouro mais desafogado, liberando uma verdadeira enxurrada de capitais para o setor.

    Não vejo outra solução que não passe pela queda da Selic e a remodelagem do sistema de metas inflacionárias, mesmo que temporária, para acomodar uma inflação mais alta. Portanto, trata-se de se formar uma coalização forte o bastante para bater nos rentistas, talvez abarcando os capitalistas interessados nas concessões, juntando industriais e a parte do setor financeiro que lida com debêntures, ações, etc.

    O que é desesperador é que dois dos candidatos nunca o farão pois estão comprados com a ortodoxia. Dilma, quem poderia fazer, também não toca no assunto.

     

     

     

    1. Os desafios a serem vencidos
      Parabéns Shekarchi. Abordou o ponto principal, que não pode nunca ser desconsiderado quando falamos dos entraves para os investimentos de longo prazo no país. Qual a taxa básica de juros existente, que estabelece um patamar mínimo de rentabilidade sobre os demais investimentos.
      Creio que Dilma tentou baixar esta taxa no seu segundo ano de governo, mas os rentistas estão por todos os lados, inclusive nos setores produtivos.

  14. Quem faz a infraestrutura?

    É interessante, se fala em infraestrutura e se esquece de quem a constrói!

    Caro Nassif, vejo que tanto tu como os demais se concentram no problema do custo do dinheiro e outros fatores, e esquecem de um item, que mesmo não sendo de primeira ordem acho na minha humilde opinião que não deveria ser esquecido.

    Gambiarra originalmente é utilizada para uma obra física qualquer em que a improvisação é o mote. Logo quando se fala em gambiarra em obras de investimento está se falando também nas gambiarras em termos de ENGENHARIA.

    Porém, seguindo o espírito das Novelas da GLOBO, onde engenheiro não aparece como personagem principal (aparece menos do que o porteiro do prédio), ignora-se os problemas do APAGÃO TÉCNICO que existe no setor público em termos de engenharia.

    Para planejamento estratégico, que resulta numa otimização do recurso envolvido, é necessário no Estado brasileiro um corpo técnico capaz e bem instrumentalizado de engenheiros, arquitetos, geólogos e outros.

    Tanto os governos conservadores como os progressistas simplesmente jogam para terceiro plano a necessidade de corpo técnico para planejamento. O PT me parece que praticamente ignora a necessidade de fortalecer o corpo técnico nas decisões de técnicas! Parece até que tem raiva de engenheiros, pois segundo a ótica de muitos estes seriam a síntese do reacionarismo.

    Um técnico da área de ciências exatas tem seu salário no mínimo a metade dos técnicos da área da saúde e um terço a um quarto da área jurídica, com a diferença, quando se contrata um engenheiro para trabalhar 40 horas se espera que o mesmo trabalhe 40 horas, já médicos e advogados em geral ao serem contratados para 40 horas de espera que ele trabalhe 20 horas (e na realidade trabalham 10 horas).

    Insisto na necessidade de uma política de Estado para a formação de corpo técnico, pois muito dinheiro se tem posto fora por escolhas de más opções de projetos, por projetos terceirizados de má qualidade e por deficiência na fiscalização que é muitas vezes também terceirizada.

    Fico simplesmente embevecido nas discussões dos valores de juros a curto e longo prazo, por impostos e coisa e lero, mas como ninguém conhece como deve trabalhar um engenheiro (como os roteiristas das novelas de TV), não se fala do outro lado da gambiarra, a que deu origem ao termo, a obra mal planejada, mal projetada, mal construída e mal fiscalizada.

  15. Cansado

    Só sei o seguinte: e lá se vão 20 anos de Plano Real. Sendo 12 no governo Lula/Dilma.

    E ainda estamos nessa enrascada. Daqui a pouco vou morrer e não vou ver isso resolvido. Tudo isso cansa.

    “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

    Se sobe juros, cai inflação, mas tb cai emprego/renda/investimentos. Se cai juros, sobe emprego/renda/investimentos, mas tb sobe inflação. Está na hora de alguém fazer igual no filme apollo13. Coloca os cientistas dentro de uma sala, e só sai qdo conseguirem montar uma estratégia que faça um objeto quadrado conseguir passar por uma passagem redonda (era algo do tipo). De outra forma, os astronautas irão morrer. O problema precisa ser solucionado. 

    Mesma coisa. Temos um problema, e PRECISAMOS estabelecer uma estratégia para resolver esse dilema. Que seja de Longo Prazo (e deve ser), mas tem que ter algo claro e que seja colocado em prática. 

    Até hj não sabemos a posição de nenhum candidato para resolver isso.

    Não sei oq pode ser feito… talvez colocar os juros para baixo e aumentar o compulsório (segura a inflação) e forçar parte desse mesmo compulsório ir para projetos específicos de Infra (via PSI), assim talvez manteria a atividade aquecida com obras de ganho de produtividade e ao mesmo tempo segurando a inflação (ou pelo menos boa parte dela). Temos + de R$ 400B parados no conpulsório e não conseguimos mexer por causa da inflação. E ao mesmo tempo, falta dinheiro privado para obras em Infra. 

    Ou qualquer outra solução que seja. Eles tem + informações e preparo acadêmico/profissonal que nós. Mas que façam alguma coisa. Negócio é juntar todos em uma sala e só sai de lá com uma estratégia estabelecida e “check-points”  estabelecidos para ir observando a implementação do projeto. 

    De resto, só sei que estou cansado desse blá blá blá todo ano. 

     

  16. Aqui no ES.

    Uma nova licitação para serviços de transporte público da grande Vitória, foi realizada, de forma muitos suspeita, pois não houve, ou não apareceu novas empresas a concorrer, as regras não parecem ser de uma nova licitação, parecer ser uma mudança de gestão e não licitação.

    1. Também com um edital onde

      Também com um edital onde exigia que novos grupos interessados deveriam comprovar terem veículos novos para poderem participar (quem tem 200-300 ônibus novos na garagem prontos para alguma licitação!!), enquantos os atuais operadores puderam participar com seus veículos em operação, ou seja, já em fase de depreciação (veículos usados!!!).

      O edital só por isso poderia ser impugnado, mas como ninguém entrou com recurso, então tá valendo, né não!?!?!

      Além disso, tudo passou para as mãos dos operadores (gerenciamento da camara de compensação, programação das viagens, etc.), a empresa pública gestora praticamente acabou, somente serve para chancelar/carimbar o que vem dos empresários.

      Fora que o negócio agora é sem risco nenhum para os empresários pois esta lá no contrato de concessão que qualquer aumento é irremediavelmente repassado para a tarifa, então assim é facil, né não, aumentou o diesel no meio do ano, aumenta a tarifa, aumentou o óleo lubricante, aumenta a tarif, nada de absorver os custos como era anteriormente.

      Também pudera, afinal nada como um secretário que gasta R$ 220.000 num seminário, no apagar das luzes do mandanto, onde somente em um dos dia ele foi o único palestrante!!!

      http://www.seculodiario.com/20899/9/mp-de-contas-denuncia-ex-secretario-de-transportes-por-indicios-de-promocao-pessoal-1

  17. Tem gente que só vive em

    Tem gente que só vive em crise ou para ela. O psdb é antipaís, antipovo, anti tudo que funcione.O negócio deles é crise, sendo governo ou não. Eles só lucram, enchem seus bolsos, dessa forma, Lembram o apagão do fhc? Quantos amigos do principe da privataria lucraram com a venda de lâmpadas econômicas? Tudo era crise para abarrotar o bolso dos aliados. Qual obra foi feita no governo de fhc? Foi concluída? Neca, os elefantes brancos surgiam e nunca tinham conclusão. Hoje, vê-se obras por todos os lados e concluídas. Governo corrupto foi fhc que nunca investiu em nada no país, mas investiu muito nos banqueiros, nos empresários da aviação, nas empreiteiras que recebiam e a obra não aparecia, nas empresas de telefonia(maior número de reclamações desse país). Na saúde, como era? Sucateamento geral. Quem tem saudade do psdb, vá pra sp ou paraná de sp e deixe nosso país em paz. Esses reclamões já estão pra lá de mequetrefes. Vão pra sp que vocês escutarão o chorão, alckmin, falando em picuinhas(essa palavra que ele usa tem a cara do xuxu).

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