CLOs, a próxima bolha financeira, por Luis Nassif

 

A próxima crise financeira global será dos CLOs. O alerta é da economista Carmen Reinhart, uma das grandes especialistas globais em crises financeiras, parceira de Kenneth Rogoff em alguns livros referenciais sobre crises financeiras em economias avançadas e nos mercados emergentes.

São dois os efeitos da redução global dos juros, a partir da política monetária implementada pelo FED (o Banco Central norte-americano).

O primeiro, o amplo endividamento de países e corporações, valendo-se da oferta ampla de crédito de baixo custo. O segundo, o crescimento de um mercado de dívida corporativa que começa a repetir a saga do subprime – a crise do mercado hipotecário norte-americano que se alastrou pelo mundo em 2008.

A busca de melhores remunerações fez os fluxos financeiros se dirigirem  a dois mercados de risco maior: o dos países emergentes (EM) e das corporações norte-americanas com baixa classificação de crédito (que Reinhart chama de USAEM).

A bolha em formação é em torno de uma nova modalidade de crédito, as obrigações de empréstimo garantido (CLOs). , O S & P / LSTA US Loan 100 Index identificou um aumento de cerca de 70% nesse mercado, no início de dezembro em relação aos níveis de 2002.

Há muitos pontos em comum entre os CLOs e o subprime.

A crise do subprime seguiu o seguinte ciclo:

  1. Os bancos conseguiram eliminar o risco dos empréstimos hipotecários em seus balanços, juntando os crédito de maior risco em carteiras que eram negociadas com deságio com o chamado mercado sombra (de instituições pouco reguladas).
  2. Por sua vez, esses fundos garantiam suas carteiras com cartas de seguro.
  3. Com o risco minimizado, passaram a descuidar cada vez mais da capacidade de pagamento dos mutuários. Por outro lado, o aquecimento do mercado valorizava os preços dos imóveis, que serviam de garantia para empréstimos cada vez maiores.
  4. Quando explodiu a crise, houve o efeito contágio. Os preços dos imóveis despencaram e as garantias viraram pó.

Com as CLOs repete-se o mesmo padrão especulativo, embora de forma menos abrangente.

Tem a fase inicial, da formação da bolha, com o capital entrando, alavancada pelo bom momento que vive a economia norte-americana, próxima ao pleno emprego.

O modelo se espalhou pela Europa e chegou ao Japão. Na Europa, em 2018 houve aumento de 40% na emissão de CLOs. Ou seja, já existe uma rede global de contágio, quando a bolha estourar.

A crise virá em um segundo momento quando ocorrerem simultaneamente três fatores-chave para uma crise financeira: o aumento dos níveis de endividamento, a erosão no valor das garantias e a queda nos preços das ações.

Some-se o fato desse mercado de CLOs ser praticado majoritariamente pelas chamadas instituições-sombra, fundos e bancos de investimento. Aparentemente, o mundo não aprendeu todas as lições que poderia, com a crise de 2008.

Essa bolha, por si, não é mais abrangente que a do subprime. Mas o estouro se dará em uma economia na qual as dívidas corporativas e de países – especialmente na China e dos EUA – assumiram níveis quase alarmantes.

Dias atrás, o BIS ( o Banco Central dos bancos centrais) alertou para três fatores de atenção: a fragilidade dos bancos europeus, o risco de inflação elevada (provocando aumento das taxas nos EUA) e a forte concentração da dívida corporativa nos EUA na categoria de crédito BBB que é apenas um nível acima dos títulos junk (mais arriscados).

Luis Nassif

26 Comentários

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  1. De bolha em bolha

    Na realidade, chegamos a uma situação em que a necessidade do capital de conseguir retornos cada vez maiores vai nos obrigar a viver de bolha em bolha; ao estourar uma bolha, logo criarão outra.

  2. Filme repetido

    Não há problema nenhum se esta bolsa estourar.

    Os neoliberais, defensores ferrenhos do estado mínimo mais uma vez recorrerão a ele, estado, para serem resgatados (com as mesmas desculpas esfarrapadas de sempre, a integridade dos mercados, o risco sistêmico de quebra generalizada etc).

    E os países ao longo do mundo despejarão centenas de bilhões de dólares para resgatarem os predadores do mercado financeiro.

    Fica tudo como sempre: se têm lucros, são deles. Se tem prejuízos, são do povo.

    E tudo segue.

  3. O fracasso do modelo keynesiano
    Mais uma vez, o modelo desenvolvimentista keynesiano levará o mundo para o buraco. Nessa de estimular o crédito barato para aquecer a economia… Tudo desaba.

      1. Relaxe amigo.

        acabou de sair pesquisa que apontou que o Brasil é o 5º pais “mais ignorante” do mundo.

        Tem nação com ainda mais imbecil do que o amigo acima

         

  4. Bolha financeira
    O mundo continua girando e os predadores, cada vez mais gananciosos, obterão um lucro cada vez maior. As crises são programáticas e o estouro da bolha sempre cai e caiu nas costas dos mais vulneráveis. É o ciclo da economia dirigido pelo grande capital.

  5. CLOs, a próxima bolha financeira

    mais do que econômica, a importância deste assunto é política. pois este será o conturbado teatro de operações global com o qual os Generais se defrontarão. nenhum céu de brigadeiro. estão preparados para enfrentar esta guerra?

    securitização -> colateralização = socializar o risco, portanto o prejuízo, enquanto os ganhos permanecem privados.

    CLO ou CDO ou CMO ou CFO, pouco importa… os moinhos satânicos seguirão triturando bolha após bolha. a crise tem nome: Capitalismo.

    já não há mais viabilidade para nenhum choque ultraliberal austericida, menos ainda para qualquer milagre keynesiano.

    como Haddad ou Ciro se sairiam? ainda pior do que os Generais? ou todos são parte “disto tudo que está aí”?

    Trump retira de imediato suas tropas da Síria, e também anuncia uma retirada do Afeganistão, seria ele o “fascista”?

    em valores atualizados a Guerra de Brother Sam contra o Afeganistão já ultrapassa os gastos com o Plano Marshall. mas as plantações de papoula continuam florescendo.

    sob risco de sua bolha de crédito privado, a China monitora ondas cerebrais de operários e instala reconhecimento facial nos banheiros públicos.

    mas sempre em busca de Salvadores, a Ex-querda ainda jura que o Big Brother Made in RPC irá construir um mundo inclusivo e de paz…

    os Generais dão provas seguidas da imensa capacidade de sua incompetência na intervenção na SSP-RJ.

    segundo o General interventor todos os indicadores estão com viés de queda e a capacidade operacional dos órgãos de segurança foi recuperada (inclusive os valores).     

    como sempre, o deserto do real não cabe na bolha da burocracia tecnocrática.

    a mega-operação contra a milícia foi um fiasco. mesmo envolvendo 1.700 homens, dos 118 mandados de prisão apenas 27 foram cumpridos. o principal alvo, o líder da milícia local, conseguiu fugir. houve vazamento de informação.

    (caso existam, seria aconselhável revisarem os planos de invadir a Venezuela).

    enquanto isto, Lula continua lá. e lá vai apodrecer por um bom tempo. esta é uma bolha que dificilmente irá estourar prematuramente.

    muitos vêem em curso uma crise terminal do Capitalismo. talvez não. isto seria subestimar sua voraz criatividade. embora tenha colonizado e recolonizado o planeta, resta ao Capitalismo uma última fronteira: a vida, ela própria.

    .

    1. orra  ..e nem falou de

      orra  ..e nem falou de futebol, carnaval ou novela ??!! desculpe, se assim, suas considerações estão incompletas  ..imagine, nem da gága de Ilheús ou do Galvão Bueno

      vc me fez lembrar um camarada que encontrei no barbeiro  ..a cada argumento contra, ele mudava de assunto e não se deixava no corner ..convenhamos, com o leque de temas que vc abordou, fala aqui pra camera da verdade ? vc não quer descer em detalhes a nenhum deles, né ?

      ta parecendo aquelas colunas do “painel” da rolha  ..serve pra descobrirmos que esta acontecendo alguma coisa, mas não dá pra percebermos nem aonde, como ou porque

      abçs

      1. CLOs, a próxima bolha financeira

        -> vc me fez lembrar um camarada que encontrei no barbeiro  ..a cada argumento contra, ele mudava de assunto e não se deixava no corner ..convenhamos, com o leque de temas que vc abordou, fala aqui pra camera da verdade ? vc não quer descer em detalhes a nenhum deles, né ?

        vejamos então o tema central do artigo: “Essa bolha, por si, não é mais abrangente que a do subprime. Mas o estouro se dará em uma economia na qual as dívidas corporativas e de países – especialmente na China e dos EUA – assumiram níveis quase alarmantes.”

        ou seja: tem outra enorme bolha especulativa pronta a estourar.

        frente a isto, é preciso indagar: estariam os Generais conscientes disto? como os Generais enfrentarão este desafio?

        com certeza não será com bombardeio de fake news via WhatsApp.

        tampouco será como Lula fez em 2008, salvando dezenas de empresas com recursos públicos, via BNDES, enquanto conclamava à população: “-Compre! Comprem! É apenas uma marolinha…”.

        e a realidade do dia a dia no varejo teima, ainda mesmo agora, em contrariar o “viés de queda dos indicadores” apresentado pelo General interventor:

        Assassinato de farmacêutico por PM após briga no trânsito causa comoção na web;

        Tiroteio em frente à sede da Polícia Civil do Rio deixa um morto e três feridos.

        .

    2. Telegramas do fim do mundo
      Caro amigo… se nem com você falando de forma “superficial” o pessoal não consegue entender… Como descer aos detalhes?

      Dá pena de ver esse pessoal que não imagina que o vapor de fuzil na favela, a guerra no Iêmem, e prisão da CEO chinesa estão completamente conectados…

      O que me deixa puto é que burrice é “atributo” pessoal, mas seus resultados assolam a humanidade.

      1. CLOs, a próxima bolha financeira

        para registro. encontro com um amigo. não nos vemos já tem um tempo. pergunto:

        – e aí? como vão as coisas?

        – fiquei 28 dias na Venezuela.

        – é mesmo! foi fazer o quê?

        – questões jurídicas de família. nada a ver com política.

        – mas aquilo lá deve tá uma foda.

        – e muito! caras da Polícia Nacional Bolivariana me ofereceram dois AK-47, mais carregadores, por uma bagatela.

        – uma puta corrupção, né?

        – conversei com muita gente. os caras são doidos. todo mundo tem AK-47 em casa.

        – ah! já entendi…

        – pois é. quem é a favor e quem é contra o Maduro. mas são unânimes em afirmar, na hora que os norte-americanos, ou colombianos ou brasileiros, enfiarem o pé na Venezuela os fuzis vão apontar numa direção só: para o peito dos invasores.

        grande abraço

        p.s.: por falar em crise financeira, o blecaute vem chegando…

        vídeo: Blecaute – GENERAL DA BANDA

        [video: https://www.youtube.com/watch?v=aFnb9pC2AOg%5D

        .

    1. Não é difícil de entender:

      Não é difícil de entender: “CLO” é o mesmo que “subprime”: uma forma dos operadores do dólar combaterem as democracias, privatizando o que puderem, tomando para si o que é das pessoas. É como se as pessoas que gerem e operam as firmas privadas através das quais corrompem estados nacionais dissessem que as pessoas não devem unir-se e fortalecer-se senão através dele, do dólar. A pena para quem tentar unir-se através de estados democráticos e públicos será a ou morte por tiro ou fome ou a morte como humano, pelo isolamento.

      Esse negócio de nomear operações como “CLO”, “Subprime”, “Lava Jato” ou qualquer outro nome “bem-boladinho” é recurso importantíssimo de venda, para que a gente compre medo e terror sem custo para, em seguida, comprar segurança, pagando-a. E pagando-a não apenas em dinheiro mas abrindo mão da própria alma, da humanidade que naturalmente nos une. Os marqueteiros do golpe do capital contra estados nacionais não deixariam de nomear e renomear esse golpe, como tão bem funciona na nomeação e renomeação de produtos comerciais.

    1. Porque pára-se de debater sobre um texto…
      Porque a gente pára de debater um texto que já não está mais visível na barra de rolagem?
      Porque o assunto comentado e os próprios comentaristas saíram da moda virtual.

  6. Telegramas do fim do mundo
    As CLO ou CREDIT LOAN OBLIGATIONS já estavam descritas por Nouriel Roubini em seu livro Economia das Crises, e em seus textos anteriores a 2008 que deram a ele o título de Dr Doom…

    Mais e mais lixo tóxico…

    Já parece claro que a criatividade do mercado e sua expansão exponencial, que aumentou seu tamanho até que ele não tenha mais nenhuma relação com a base material de riqueza (valor, trabalho, capital e etc), vai mais uma vez desabar justamente sobre essa base infinitesimamente menor… algo como um elefante carregado por uma formiga.

    Na hora do pega para capar (como Marx ensina, a hora que o crédito quer voltar a ser dinheiro e esse busca se transformar naquilo que representa) sobra sempre para os idiotas de sempre…nós… que não demos a sorte de termos nascido algoritmos…

    Como disse o arkx isso nada tem a ver com outrad economia…

    É política… o ato político mais antigo que se tem notícia: escolher quem ganha (poucos)e quem perde (muitos)…

    1. CLOs, a próxima bolha financeira

      -> sobra sempre para os idiotas de sempre…nós… que não demos a sorte de termos nascido algoritmos…

      d’accord, monsieur. en réponse à son télégramme, les gilets jaunes lui écrivent une lettre.

      Carta 10: Destrua a bancocracia!

      QUINTA-FEIRA, 13 DE DEZEMBRO DE 2018

      Meus amigos, estamos perdendo a batalha. Por semanas, temos lutado vigorosamente para derrubar esse sistema. Juntos, recriamos laços de solidariedade; estabelecemos pontos de bloqueio; multiplicamos ações em todo o território. Mas nossa guerra de movimento é transformada passo a passo em uma guerra de posição.

      Nós estamos presos em uma guerra de trincheiras, onde aqueles que estão no topo nos esquadrinham, bloqueiam e tentam nos fazer vacilar graças ao dispositivo midiático, monetário e de segurança.

      Podemos nos orgulhar do que já realizamos. Tal movimento coletivo e espontâneo é novo. Entendemos que nossos representantes de cima nunca nos representaram de verdade! Entendemos que todos os truques monetários eram apenas uma nova política de um pouco de açúcar para apaziguar as tensões sociais!

      Entendemos que uma força comunitária vinda de baixo foi capaz de produzir um recuo nas políticas daqueles de cima!

      Mas, hoje, devemos refundar nossos métodos para dobrar os de cima. Nossa concepção de lutas ainda é um legado de tempos  passados. Este método é eficaz, mas no nosso mundo global, continua a ser, infelizmente, insuficiente. Nós vemos em Macron, uma tábua de salvação, e pensamos que a sua deposição desencadearia uma mudança súbita de nossas vidas.

      Mas devemos tirar essa quimera de nossas cabeça! Macron é um criado da esfera de cima. Ele não manda grande coisa. Ao contrário, obedece a um dispositivo monetário poderoso que deve necessariamente ser revertido. Este dispositivo é global, mas não é inatingível. Mesmo aqueles de cima, em suas torres de vidro e arranha-céus, têm suas fundações na terra! Cabe a nós trazê-los para a vida real!

      Portanto, teremos que entender que nos movemos de um tipo de economia para outro. Nossas lutas são muito keynesianas e correspondem a táticas herdadas do passado. Mas precisamos realizar uma revolução em nossos modos de ação.

      Anteriormente, bastava bloquear fábricas, empresas, bens para ameaçar as instituições para desafiar as de cima. Mas há trinta anos nossa economia é dominada pelo crédito.

      É verdade que as montanhas de bens cresceram em tamanho por 50 anos. O consumo invadiu nosso modo de vida; centros comerciais se multiplicaram. Mas tudo isso não é nada comparado ao imenso oceano da dívida que estão se acumulando hoje em todo o mundo. Vivemos a crédito e o crédito tornou-se o motor da economia.

      É por isso que os institutos que avaliam a credibilidade da França no tocante aos mercados consideraram que as medidas de Macron seriam atenuadas mais cedo ou mais tarde, e que ele “ainda tinha espaço de manobra”. É por isso que os mercados financeiros consideram que os nossos bloqueios representam uma perda de crescimento apenas entre 0,1 e 0,2% do PIB! Quase nada!

      Então, meus amigos, bate melhor quem  bate mais forte! Hoje, não metemos medo suficiente aos que estão acima. Tudo é previsível demais porque nossos métodos são os do passado, e os de cima os canalizaram.

      Queridos amigos de baixo, nós não atacamos o suficiente seus portfólios! Nós devemos atacar os  créditos! Temos que atingí-los no coração! Temos que quebrar as instituições bancárias! Vamos fugir da prisão bancária!

      Essas instituições vocês as conhecem muito bem, estão em todas as esquinas e têm como centro de controle o Banco Central Europeu em Frankfurt. Mas, no momento, deixamos nosso trabalho real ser transformado em dinheiro, e depois legalmente desviado por todas aquelas bombas de sucção a crédito! Como vampiros, eles se alimentam do nosso esforço, e nos sugam o sangue através dos nossos depósitos bancários.

      Vamos inverter o curso das coisas, os preços da bolsa de valores, e esvaziar aqueles acima, de sua substância, privá-los de sua comida terrena! Fazê-los morrer de fome! Vamos pegar nosso dinheiro em massa! Prive-os de seu pão diário: crédito!

      Para nós.

      .

  7. CLO’s, Para Os Íntimos: Tamos

    CLO´s, para os íntimos: lá vem mais ferro: a irreversibilidade do capetalismo a se transmutar em rentismo. Tenho dito a muitos amigos: — “Se eu fosse capetalista, estaria lutando ao lado dos sociais-democratas, pois nosso inimigo comum é o rentista”.

  8. A faca …
    Soma-se a isto as atitudes de Trump levando países como Rússia, China, Turquia desfazendo-se dos papéis de títulos da dívida dos eua, esses países teem afogado os eua com papéis, enquanto retomam seu dinheiro e ouro, o q está difícil para Trump entender é se esses paises poderá com a simples atitude de retirar cada vez mais o seu dinheiro dos eua levando uma desconfiança e acabar os eua sendo afogados com uma montanha de papéis e uma economia em ruínas, diria que alguns países poderá ter a faca e o queijo em uma relação com os eua …

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