Como montar o puzzle da competitividade

 

O país atravessa um momento curioso, especialmente nas políticas de apoio à pequena e micro empresa.

Em uma ponta, há um conjunto de associações, ferramentas, linhas de apoio às empresas. De outro, uma enorme dificuldade das áreas públicas – Estados, União – em juntar as peças e montar o quebra-cabeça.

A grande parceria, portanto, consistirá nas associações, sindicatos, órgão setoriais fazendo o meio campo entre o associado e as verbas públicas.

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Tome-se o campo da inovação. Hoje em dia, algumas fundações de amparo à pesquisa – como a Fapesp – financiam com bolsas tecnológos alocados em empresas (ou associações).

Há um conjunto de incentivos fiscais que não chegavam aos pequenos pelo fato de seu balanço ser pelo lucro presumido. O Plano Inova Emresa corrigiu essa lacuna.

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É possível, portanto, montar um projeto que comece pela gestão – recorrendo ao Sebrae -, pelo treinamento dos profissionais – recorrendo ao Sesi -, que passe por definição de pesquisas e pelo acesso às linhas existentes – passe pelo meio campo com a Universidade, definindo pesquisas em conjunto e bancando com as bolsas e linhas de financiamento das Fundações de Amparo à Pesquisa ou as linhas de financiamento e investimento do Investe Empresa.

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Há uma enorme diferença em relaçao ao país de dez ou quinze anos atrás. Naquele país, jogava-se xadrez com poucas peças no tabuleiro. No atual, existem todas as peças. Faltam apenas jogadores do setor privado, para completar o jogo.

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Nos últimos anos, sucessivos projetos de política industrial trouxeram alguns ensinamentos.

O primeiro, é que governos são essenciais para criar a moldura legal, jurídica, de financiamento, tributária. Mas não conseguem montar planos bem estruturados que cheguem na ponta.

Por outro lado, se um setor apresentar um plano bem estruturado, seja para o governo federal, seja para governos estaduais, haverá enorme probabilidade de quem sejam acatados, já que projetos desse tipo passaram a contar nos currículos dos governantes.

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Especialmente nas políticas de inovação, a grande dificuldade é definir as demandas das empresas. Há um bloqueio cultural que faz com que muitas empresas não consigam perceber os avanços incrementais trazidos pela inovação, seja na melhoria gradual da fabricação, seja na distribuição, comercial, transporte etc.

Anos atrás, uma pesquisa do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) da USP, viabilizou todo um setor de embalagens, por permitir transportar as embalagens em chapas, ao invés de caixas cheias de ar.

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O caminho ideal seria as associações de classe montaram agências de desenvolvimento setoriais. Seu papel seria identificar as pesquisas e trabalhos inovadores capazes de impactar as empresas associadas. Depois, identificar as linhas de financiamento da pesquisa e os grupos de pesquisa acadêmica capazes de consolidar a parceria.

Estruturando o plano, e tratar de fazer o trabalho político de apresentar aos órgãos públicos.

Luis Nassif

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