Como o marketing reduziu a economia a um produto de boutique

A melhor tradução desses tempos de superficialidade e redes sociais foi a afirmação do publicitário Nizan Guanaes, na reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), sugerindo a Michel Temer aproveitar sua impopularidade para tomar medidas impopulares.

Comprova que nas últimas décadas a discussão econômica e política tornou-se refém dos refrãos de mercado, da criação de reputações vazias e do salvacionismo da purgação dos pecados: a economia está ruim porque pecamos, gastando mais do que tínhamos; se for feita a lição de casa, com sacrifícios (dos outros), recuperaremos o caminho da salvação.

Nada exprime mais esse vazio, esse falso intelectualismo, do que as manifestações do Ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal.

Diz ele que o governo é ruim, mas a equipe econômica é competente. Qual o nível de análise para chegar a tal conclusão? Nenhum. Não analisou a produção acadêmica, não conhece a atuação pregressa de nenhum deles, não demonstra o menor conhecimento para uma avaliação minimamente competente de sua atuação à frente da Fazenda ou do Banco Central. No entanto, opina, e com a carteira de Ministro do Supremo e porta-voz de um iluminismo de butique.

É de uma superficialidade assustadora, uma mera repetição do que ouviu na Globonews e se tornou um bordão de bom pensamento, como uma marca de gravata, uma indicação de um bom livro ou boa música. E diz Barroso, com aquele tom alarmista dos gansos do Capitólio, que o atraso é permanente no Brasil, porque as forças que o sustentam são poderosas.

Mire-se no espelho. O atraso ancestral é decorrente da superficialidade escandalosa de pessoas como ele, que supostamente deveriam representar uma elite letrada, porque um dos grandes juristas do país, mas que se movem no mercado de ideias da mesma maneira que socialites nas colunas sociais, esforçando-se atrás de frases de senso comum para serem in.

No Brazil Forum UK 2016 – feito para especialistas – Barroso apresentou como uma das vantagens do Brasil a estabilidade democrática e um conjunto de condições para o desenvolvimento, dentre os quais, a educação. Para a mídia e o populacho de suas relações sociais, apresenta como saída política o estado de exceção e como saída econômica a PEC 241, analisando as estratégias fiscais com a mesma superficialidade com que se analisa uma conta de padaria.

O gênio Henrique Meirelles

Foi esse processo de banalização das análises que transformou em gênio financeiro o Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que jamais passou de diretor da área internacional de um banco médio dos Estados Unidos – embora deixasse divulgar a informação de que “global president” seria presidente global, e não de um mero diretor de área internacional, que respondia por menos de 8% dos ativos do banco.

Mestre na arte do marketing pessoal, levou Lula no bico. E, por ser permanentemente disponível para o mercado, o próprio mercado e os papagaios da mídia trataram de construir a imagem de grande Ministro, assim como fizeram com Antônio Palocci, enquanto lhes serviu e, antes dele, com Pedro Malan.

Agora, tenta-se criar o mito Armínio Fraga, um especialista em ganhar dinheiro, arte que exige uma espécie de talento que nada tem a ver com a construção de políticas macroeconômicas sustentáveis, com visão de nação.

Uma boa síntese da superficialidade de análise do mercado em relação à economia pode ser lida na excelente entrevista de Alexa Salomão e Ricardo Grinbaum com o mega-operador Luis Stuhlberger (https://goo.gl/xAd2uy) o mais bem-sucedido administrador de fundos hedge.

Stuhlberger é o que de mais sofisticado o mercado produz. Mesmo assim, é dono de um pensamento mecanicista, incapaz de entender o jogo nacional de maneira sistêmica, os limites da ação política, os impactos dos ajustes fiscal e monetário sobre a economia real, o estado de espírito da população com o aprofundamento da crise, seus impactos sobre a ação legislativa. Ou mesmo entender a enorme cadeia produtiva que passa ao largo da influência das grandes corporações. Por aí se explica o fato de só depois do desastre consumado se dar conta de que a realidade não obedeceu às expectativas do mercado.

Para esses gestores, mesmo os mais sofisticados como Stuhlberger, a economia se resume ao Banco Central e aos investimentos de private equity. E como são os grandes compradores de análise econômica, os economistas e consultores se limitam a atender às demandas do freguês.

É o chamado paradoxo das expectativas positivas:

1. Se os gestores financeiros acreditarem no país, eles investirão e o país volta a crescer, independentemente das condições das demais variáveis da economia.

2. Mas os investidores só investirão se as demais variáveis apresentarem expectativas positivas.

Como operadores como Stuhlberger só conseguem analisar grandes agregados, caem do cavalo quando percebem que apenas o poder da fé não basta para mover as montanhas.

É por aí que se entende a geração da última expectativa: Armínio Fraga e sua inacreditável proposta de acentuar ainda mais o ajuste fiscal, com a economia rumando para a depressão, mesmo após a comprovação ampla dos desastres cometidos pelo pacote Joaquim Levy e da ameaça de pacote Meirelles.

A lógica suicida do Banco Central

O mesmo acontece com o Banco Central, com as inacreditáveis taxas reais de junho em um quadro em que a economia caminha para a depressão.

Anos atrás, cunhei a expressão “cabeças de planilha” inspirado na planilha de Ilan Goldjan, então diretor do Banco Central, atualmente seu presidente.

Ao lado de Armínio, Ilan foi um dos instituidores do sistema de metas inflacionárias, visando a coordenação das expectativas dos agentes econômicos. Montou uma planilha que definia resultados automáticos para cada situação, desde as previsões de inflação, a partir de dados desagregados, até a intensidade do ajuste da Selic.

Todo o mercado, então, passou a trabalhar em torno da planilha do Ilan. Não interessava acertar o que aconteceria com a economia, mas com a planilha do Ilan, estivesse certa ou errada.  Acertar o resultado da planilha significaria acertar o nível da taxa Selic, as taxas dos leilões do Banco Central e do Tesouro, toda uma indústria montada com as apostas em torno da inflação.

A cadeia improdutiva da arbitragem criou a mística da inflação como a variável-chave de toda a economia. Bastaria a inflação cair para o centro da meta para todos os problemas se resolverem, caírem as taxas longas de juros, o investimento voltar, trazendo de volta o crescimento. Pouco importa se, para chegar ali, deixou-se para trás uma terra arrasada.

Mais que isso, desenvolveram a tese de que cada instrumento de política econômica só pode ter um objetivo. Ou seja, geração de dívida pública, apreciação cambial, impacto no crescimento, nada disso importava: a política monetária só tinha como alvo a inflação e nenhum obstáculo poderia ser imposta a ela, nem a denúncia de custos excessivos

Essa visão insuportavelmente simplista não se reciclou nem após a crise pós-eleição, que desmontou toda a noção de equilíbrio macroeconômico. Era evidente que o passado não mais servia de balizamento para o futuro, porque vive-se uma situação inédita de recessão com queda de receita fiscal e crescimento agudo da dívida.

Momentos de instabilidade, como o atual, exigem um pensamento muito mais sofisticado e pragmático, capaz não apenas de analisar os indicadores, mas intuir de bate-pronto os movimentos da economia, entender as novas correlações, identificar os pontos centrais da crise para formular diagnósticos rápidos e certeiros.

Exige experiência de mundo real e inteligência para se mover em fatos nunca antes ocorridos.

Nada foi feito.

Esse Brasil – que Barroso reputa de iluminista – tem o brilho da luz neon de uma Lava Jato e as purpurinas douradas da falsa sofisticação.

 

Luis Nassif

28 Comentários

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  1. Caro Nassif, temos que desmontar a falsa qualidade de ……….

    Caro Nassif, temos que desmontar a falsa qualidade de pessoas que se notabilizaram em ser simplesmente bons operadores de mercado, pessoas que com uma carteira grande de investimentos joga contra ou a favor de uma dada situação e por ter bastante recursos e muitas informações privilegiadas conseguem alguns êxitos nas finanças. Estes não são economistas, simplesmente sabem que em dada situação se venderem ou comprarem com intensidade conseguem lucros para suas carteiras, nada mais do que isto.

    Na realidade, como diz Alexandre, estas pessoas apreendem em escolas de administração, mas a base teórica que grandes economistas tem, eles são nulos.

    Economia é algo bem mais complexo do que os MBA’s sabem, são meros operadores.

  2. Economia com Ricardo Amorim… o asno moderado da “ciclologia”

    Várias vezes vi gente divulgando palestras e frases de Ricardo Amorin… sempre a mesma pasmaceira… em algumas palestras, é feita uma produção tal que ele aparece como um Deus da economia ou discursando como Steve Jobs.

    Desde que Temer assumiu ele adotou um curioso discurso… eu já vi ele repetir várias vezes: “a economia é cíclica… com Dilma tava ruim e agora vai melhorar na mesma proporção… por causa do ciclo… claro”. É um jeito inovador de depositar esperança em Temer mesmo sem ter nenhuma ação ou plano econômico para elogiar.

    Tudo são ciclos econômicos… pra que analisar indicadores??? Perda de tempo… vai melhorar porque o ciclo ruim tem que acabar… ta na hora… Dilma saiu… mas o tal ciclo não iria acabar mesmo com Dilma??? 

    Essa tal “ciclologia” deve ser uma nova ciência… basta analisar os ciclos do país… não precisa fazer nada para sair da crise… só esperar o ciclo acabar…

    É engraçado que, no caso por exemplo de Rodrigo Constantino, várias pessoas se dão ao trabalho de responder e questionar as asneiras fanfarronas que ele diz… porém esse Ricardo Amorin consegue ser menos fértil do que o Constantino… e nunca vi ninguém questionando.

    1. Vale tudo

      Estou entre os que desconfiam que o capitalismo já deu o que tinha que dar. Se for isso mesmo, rumaremos para um novo sistema econômico (que convencionou-se chamar de “socialismo”) ou para a barbárie, segundo alerta de Engels, reforçado por Rosa Luxemburgo.

      Nesse ambiente de crise sobre crise seguida de crise, “analistas” como Ricardo Amorim inventam qualquer coisa para justificar que tudo deve ficar como está. Vale tudo para defender o indefensável.

    2. O Amorim ontem no programa

      O Amorim ontem no programa Manhattan Connection questionado por Lucas Mendes sobre suas previsões no livro APOS A CRISE disse que acertou todas. Ele não acertou absolutamente nada, seu ciclo de prosperidade não dá o minimo sinal mas ele disse que acerou que o impechment da Dilma, algo que não precisava do Amorim para prever.

      Amorim é um simbolo da ligeireza e fragilidade com que se abordam assuntos de economia no Brasil.

      1. Se gabar de acertar

        Se gabar de acertar impeachment da Dilma é o mesmo que alguém se gabar que acertou que 2016 teria um dia a mais. rs

        Amorimainardi = fusão que reflete a pobreza de análise econômica e política que o Brasil vem sendo vítima – e vale ressaltar que isso não tem espectro ideológico, vale da esquerda à direita. 

    3. Quando eu ainda usava o

      Quando eu ainda usava o facebook eu não me aguentei e respondi um contato que publicou um link dele com a seguinte frase: se vc ganha R$ 5.000,00 pode se considerar entre os 10% do mundo.

      Essa frase é o perfeito exemplo da superficialidade de Ricardo Amorim e nada mais que uma tentativa canhestra de fazer os assalariados mais privilegiados e os pequenos burgueses encamparem as necessidades das elites reais. Ora, se minha família tem renda per capta de R$ 5.000,00 somos classe média e nada mais! Estamos longe, e muito longe muito longe mesmo dos ricos de verdade.

    4. Ué, nao é sobre a bolsa

      que ele estava falando? 

       

      A economia pra essas pessoas é a economia do bolso deles, não? 

       

      O Brasil pra eles é o Brasil que destruiu o Barão de Mauá – ter o Brasil de volta é destruir a Odebrecht, ou eu estou errado? 

    5. Também reparei, Rei, e penso

      Também reparei, Rei, e penso que Ricardo Amorim faz assim com a intenção… ou melhor, na tentativa de idiotizar quem lhe dá crédito, subvertendo o sentido das chamadas crises cíclicas do capitalismo. Repara como Lindbergh, por exemplo – mas muitos outros – repetem que os governos socialistas precisam tomar medidas anti-cíclicas.

      “Ora”, pode pensar o incauto, “se Lindbergh quer medidas anti-cíclicas, é claro que Ricardo Amorim vai querer medidas ‘cíclicas’.”

      Estupidez não tem limite…

       

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_econ%C3%B4mica_antic%C3%ADclica

       

  3. Boa análise

    O Brasil parece mais com uma empresa produtiva que com um banco. Precisa no leme um empresário que abrace a causa, um líder, que ame o Brasil, que seja admirado pelos empregados (habitantes), e que deseje o desenvolvimento social deste. Até agora o mercado acha que o Brasil é um banco.

    Assim como qualquer grande empresa, passou a hora dos bons preços das commodities e, com isso, perde importância o Diretor Financeiro, devendo tomar a responsabilidade maior o Diretor de Operações. Brasil está abaixo do lucro, já na camada limite do seu OPEX, e apenas gente de “operação” poderão salva-lo, nunca um chicago-boy.

  4. O Brasil importa tanta coisa.

    O Brasil importa tanta coisa. Vamos importar uma elite. Está mais do que provado que a nossa – a do passado, a do presente e provavelmente a do futuro – pensa muito pequeno, não serve prum país complexo como o nosso. Vamos sair ao mercado pra comprar uma elite. Talvez a elite que governa hoje a Colombia sirva rs 

    30 anos de democracia contínua e um nome que se aventa pra tentar salvar  o titanic é – nelson jobim. Sinal definitivo que nossa elite não serve pra nada mesmo. 

  5. Em dos recentes programas

    Em dos recentes programas PAINEL da Globonewa o ex-Ministro Luis Mendonça de Barros saiu com essa para espanto do proprio apresentador William Waack:

    ” mas agora com o Henrique Meirelles consertando a economia não vai ter para ninguem, ele será o futuro Presidente da Republica”, dalou sábio pensador convidado ao programa para nos brindar com sua sapiencia.

    Pela cara do Waack eu acho que o Mendonção tão cedo não volta ao programa

    1. Caro André Araújo, seria

      Caro André Araújo, seria muito legal vê-lo no Globonews Painel, bem que o Waack poderia abrir esse espaço para os blogs progressistas.

  6. O inacreditavel Paulo Leme

    O inacreditavel Paulo Leme reaparece das cinzas para dar pitaco em entevista no ESTADAO com o tittulo:

     

    “O AJUSTE PRECISA SER MAIOR E MAIS RAPIDO”

     

    Essa criatura era o escolhido de Arminio Fraga para ser o diretor de area externa do Banco Central quando  Arminio foi nomeado Presidente do BC. Diretor do Goldman Sachs em Nova York, Leme tinha como seu esporte preferido falar mal, muito mal, do Brasil para o mercado financeiro  americano,  enquanto voava para o Brasil para tomar posse o Luis Nassif publicou na sua coluna na FOLHA uma entrevista de Leme dias antes metendo o pau no Brasil, bastou para que o Governo

    vetasse sua nomeação para o BC.

    Após tudo o que aconteceu no mundo economico desde então, com as crises de 2008 e da Grecia ambas gestada pelo Goldman Sachs, ressuscita esse personagem com o MESMO, MESMISSIMO discurso, não evoluiu seu pensamento economico, acredita na recessão como purificadora de todos os males da economia. E o ESTADÃO ainda dá espaço

    para tanta abobrinha.

     

     

    1. Paulo Leme

      A situação está de a vaca não reconhecer o bezerro.

      Até o sempre elegante e culto André Araujo está perdendo as estribeiras. Eis o que  ele escreve já no início do seu comentário: “Essa criatura era o escolhido”.

      Oremos…

       

       

       

       

  7. Sabe a impressão que tenho?

    Sabe a impressão que tenho? Que essa gente nunca trabalhou no mundo real. Vivem num mundo superficial de conceitos por eles criados, confirmados pela imprensa e que se retroalimentam de vácuo. E de roubo de dinheiro público. Legalizado, mas roubo.

    O primeiro mandamento do capitalismo que é o consumo parece não ser entendido por esses “economistas” de vento. Como uma economia vai decolar se o consumidor não tem poder aquisitivo? E se o consumidor não compra de onde o governo vai receber imposto? Se o governo se dispõe a acabar com uma empresa como a Petrobrás o que vai substitui-la na geração de obras e empregos?

    Para os gênios que dirigem o país aqui uma pequena contribuição de quem tem uma pequeninissima empresa que tem que sobreviver na crise por eles criada :aumentou o desemprego, vai cair o consumo das minhas peças de vassoura. Pra não entrar no negativo tenho que vender uma injetora. Não, se vender vou ter que dar de graça e o dinheiro acaba em dois tempos sem resolver o problema. Ou mando funcionários embora mas para tanto tenho que vender a Montana para pagar as indenizações o que também não é a solução.

    Como sair desse buraco?  Humm… Tem clientes pequenos que vem comprar pequenas quantidades e que vendem kits de vassouras, rodos e pás de casa em casa? Desempregados que criaram uma nova oportunidade de trabalho, mas não tenho pá para fornecer. Esta aí um produto novo para fabricar, mas preciso de um molde  e tenho que procurar dinheiro na praça para financiar. Procuro onde? Nos bancos com suas altas tarifas? Não.Troco material que tinha em estoque porque caiu a produção com um ferramenteiro. E assim não precisei vender a injetora, nem a Montana e continuei com a empresa funcionando na crise. 

    Se eles quiserem aprender comigo posso dar uma palestra a custo Sergio Moro ou oferecer estágio sem remuneração. Mas tem que começar varrendo chão ou separando plástico para reciclar. Foi assim que eu e o meu marido começamos quando Fernando Henrique nos desempregou na década de 90. E não é que agora começou tudo de novo.

    1. Carissima Vera Lucia, velho

      Carissima Vera Lucia, velho que sou me debato demais com pessoas que viveram a vida como empregados, com carteira assinada. Desde os 13 anos sempre trabalhei por conta, sei que exitem porém não conheci: FGTS, 13º, férias remuneradas, contribuição patronal para INSS e Fundações diversas. Então a cada manhã era uma perspectiva nova a ser enfrentada, uma necessidade permanente de reinvenção, a consequência é que o mundo do empregado e o mundo do autônomo não se encontram, a daí a visão de quem anda a pé ou de automóvel não bate. Penso que os economistas são grandes malandros. Boa sorte na sua luta e felicidades!

    2. Concordo!!!

      Inflação de demanda é o Nirvana do Capitalismo.

      Os caras querem o contrário, então digo que vivemos um sistema semelhante ao pós-colonial para não falar de pseudo-feudalismo.

      Abraços.

  8. Não é só na economia.

    Não é só na economia.

    Há outras áreas nas quais a superficialidade impera. Há setores movidos por ideias que não se sustentam na realidade, por “achismos”, e que, em constante crise, esperam por soluções que vão nos levar ao paraíso. É uma mistura de sebastianismo com isso que está bem a apresentado no texto: o consumo de uma solução a partir da indicação de algum dono da verdade – e a mídia se presta a esse fim.

  9. Nassif, voce está se

    Nassif, voce está se superando, está virando um poeta. Mas, porém, contudo, uma pergunta aqui de um simples curioso. Essa galera aí, incluindo o Meireles, o Temer, o PSDB os bancos e a GloboNews, quem disse que eles querem a volta do desenvolvimento econômico do país?

    Dar sugestões nesse sentido, com essa galera no poder,  não seria dar murro em ponta de faca?

  10. Realidade gourmetizada

    Tem quem pense que os juízes do STF estão em um nível superior de informação. Mas a realidade é que tanto esses juízes quanto o barbeiro, a cabeleireira e seus frequentadores bebem da mesma fonte.

    Parece incrível, improvável e inconcebível mas tanto Barroso quanto Joaquim Barbosa, Carmen Lúcia etc., que poderiam compor um time de jornalistas e analistas 1a. qualidade para produzir clipes, resumos e reflexões tanto para si mesmos quanto para o STF, se contentam em comprar produtos de firmas privadas como a “Globo”, “Folha”, “OESP”  e “Abril”, assinantes da produtora e emissora Globo News, jornais FSP, Estadão e da revista Veja. Como se o Direito fosse desvinculado da realidade brasileira ou como se a versão dessas empresas sobre realidade brasileira fosse confiável.

    Note-se que uso “versão” no singular. É que a homogeneidade das narrativas dessas empresas denuncia a hegemonia…

     

    Joaquim Barbosa mostrando envelope e posando para fotógrafo da revista Veja:

  11. Creio que ainda dê tempo..

    Creio que ainda dê tempo.. Temer cai no início de 2017, fato. Quem assumirá? Já foi dito em outro post, o correto e plausível seria a volta da presidenta Dilma, presidente legítima, e a partir daí guinada na política econômica. Nome para ministério da fazenda: Laura Carvalho, a presidenta DR gosta das suas ideias. Seria a volta do crescimento econômico. Aposto nesse cenário.

  12. Quem inventa regras de avaliação com elas convive

     

    Luis Nassif,

    Creio que depois que as manifestações de junho de 2013 desmontaram os investimentos na economia brasileira nós ficamos na corda bamba dependendo do humor do mundo para com o dólar. Depois do Brexit e agora com a eleição de Donald Trump, não há nada previsível a não ser a redução de tributos nos Estados Unidos o que vai levar a um aumento de juros e, portanto, a uma desvalorização das moedas de periferia.

    Diante dessa perspectiva de crises cambiais para o futuro, a redução do juro no Brasil fica praticamente impossível. A solução para o problema terá que ser um aumento da nossa carga tributária ou o aumento da inflação o que não é mais possível em regimes democráticos.

    Quanto a crítica ao ministro Roberto Barroso, você não se pode considerar isento de responsabilidade. Há muito você, com base na sua cachola ou quando muito com base em alguma máquina que só você possui, e, no pior dos casos, com base em pesquisa de opinião, chama um governante de bom ou ruim ou de competente ou incompetente.

    Se você pode dizer isso sem nenhuma fundamentação científica, porque o ministro Roberto Barroso não tem o mesmo direito? Esse é um mundo que você ajudou a construir e, portanto, não há como fugir dele.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 05/12/2016

  13. Taxas de juros pornográficas por muito tempo

    O pensamento torto dos intelectuais brasileiros leva em conta as distorções de uma taxa de juros absurdamente alta, durante um tempo excessivamente longo no Brasil.

    Para eles o normal é este, não conhecem a outra face da moeda, juros civilizados ( 12% ao ano no máximo ) e moeda estável.

    Só o cartão de crédito eleva a inflação no mínimo em 5%, verdadeiro imposto sem contrapartida para o povo e a Nação, que com o fim do dinheiro será universal, sem escapatória fora as moedas virtuais.

    Em um mundo tri-dimensional com humanos, política macro-economica é coisa para profissional de políticas públicas macroeconômicas, umas que levam em consideração simultaneamente as consequências de suas implementações nas oito direções.

    Não ensinam isto nas escolas de administração pública no Brasil, mas os que nos comandam, exploram e açambarcam agem assim.

    Medidas corajosas, mesmo que temporárias as há, faltam em homens com coragem e conhecimento para implementá-las: dai o sonho molhado da banca financeira com o FHC, covarde com C maíusculo.

    No post da mensagem do Jânio, falei em colocar o Fraga shorteando o Brasil  para ter dinheiro, dinheiro na mão é vendaval, e o Franco por ser mais experto e preparado que o resto da laia, mesmo assim…. agora depois de um short squezzi por aqui, vira terra de ninguém.

    Na verdade, Nassif, a planilha do Ilan era a confiança de que aquilo era o que tinha e se não tem tu, vai tu mesmo hehehehe…

     

     

  14. Cenário alternativo

    Prezado Nassif

    Vamos a um cenário que acho que pode ocorrer caso o governo atual se mantenha no início do próximo ano.

    Voltemos a 1993, naquela época havia um cansaço de uma década e meia de super inflação, o então Presidente Itamar Franco (homem de biografia que não se compara aos atuais, mas que os golpistas sonhou em ser igual) no desespero para completar seu mandato e depois de tentar vários nomes no Ministério da Fazenda, saca do bolso o seu Ministro das Relações Exteriores (esta informação é importante), que monta uma equipe que realiza um Plano e controla a inflação (os erros seguintes não entram na análise), e com isso no ano seguinte se elege Presidente no primeiro turno.

    Agora vejamos o momento atual, o grande problema da economia é a depressão. Veja que talvez o único homem do governo que ainda possui algum conhecimento de crescimento econômico, pelo menos seu passado indica isso,  é o Ministro das Relações Exteriores, e é o único que invocando este passado pode se apresentar como o homem que vai reativar a economia, fora isso tem apoio da grande mídia (que o  blinda a anos) e dos empresários(principalmente da FIESP, desesperada com a depressão), é o um homem que já possui certa idade (mais de 70 anos) e pode ser sua última chace de ser Presidente.

    Repare que semana passada ( e passou despercebida aqui) houve uma Operação exatamente nas sedes do Banco de Boston (lembra quem?) e no Banco Itaú (lembra quem do Banco Central?), isso pode demonstrar algo oculto, mas que entra aqui.

    Quem ganha com este aumento da crise e com a desilusão com o governo golpista, só o Ministro das Relações Exteriores, que sonhando com o exemplo de seu parceiro FHC pode se apresentar como uma solução para a depressão do país, fazendo exatamente o que o governo atual condena (aumentando os gastos públicos, ou seja, gastando nos limites do teto dos gastos),  com o apoio da grande mídia (que sempre foi sua parceira) e da FIESP.

    Quem no governo mais se beneficia com a velha política do quanto pior, melhor? pois provavelmente espera que no desespero o governo Temer o nomeie  para o Ministério da Fazenda (cargo que não teve nem no governo FHC) com a missão deseperadora da retomada do crescimento. Caso consiga ou faça alguma mágica, passa a perna nos outros candidatos do PSDB e se fortalece em 2018, seja como o salvador da pátria ou com o discurso da continuidade de um Projeto que tirou o país da depressão.     

  15. Nassif impecável.
    Se
    Nassif impecável.
    Se tivéssemos uma emissora pública e aberta de TV com alcance nacional, uma prioridade para o próximo real governo, progressista e democraticamente eleito, poderíamos assistir, aprender e entender como se (de)forma essa teia delicada da economia com a política e a realidade social em documentários, tão diferentes na produção e na origem e por isso tão próximos da intuição de como sopra o vento, como “Réquiem para o sonho americano”, do intelectual Noam Chomski, e “Ilha das Flores”, do Jorge Furtado com participação do imenso Paulo José, ao qual assisti como aluna de escola pública da periferia em São Paulo, outríssimos tempos…
    E o povo se divide entre a letargia anestésica que lhe permite fingir que não apanha porque não reconhece a dor – “sempre foi assim”, e a histeria salvacionista e demagoga que se confunde com ativismo e reação cívica, em maior grau na direita oportunista, está no seu DNA, mas infelizmente, e talvez por isso a desorganização, dispersão, confusão e fraqueza, também entre aqueles que se autodenominam “nova esquerda”.
    Dizem que é a Kali Yuga, que está prevista para terminar em 2025. Resistiremos até lá? Com certeza. Mas com as dores do crescimento que não comportam conciliações superficiais nem rompantes de guerra nuclear – há que se admitir o conflito e a ruptura para começar em outras bases, sem a falsa cordialidade, cínica e oxidativa, mas com a coragem de assumir a divergência e encontrar caminhos, contornos e limites pra convivência não destrutiva dos contrários – reaprender a ganhar e perder, sem ultimatos bravateiros e patéticos de vida ou morte porque ambas também têm seus limites e contornos próprios que não se reduzem a serem opostos. Remistificar o mítico e desmistificar a realidade:
    ” Cada coisa em seu lugar, Ô-ô, ô-ô,
    A bondade, quando for bom ser bom,
    A justiça, quando for melhor
    O perdão:
    Se for preciso perdoar”

    Gigante Gilberto Gil, que o artista me desculpe se abuso de sua arte e autorize o copyleft. A arte – e a religião também quando fidedigna – é a intuição das infinitas portas e janelas por onde se transita na verdade. Obrigada ao Artista.

    “ A raça humana – Gilberto Gil
    A raça humana é
    Uma semana
    Do trabalho de Deus

    A raça humana é a ferida acesa
    Uma beleza, uma podridão
    O fogo eterno e a morte
    A morte e a ressurreição

    A raça humana é
    Uma semana
    Do trabalho de Deus

    A raça humana é o cristal de lágrima
    Da lavra da solidão
    Da mina, cujo mapa
    Traz na palma da mão

    A raça humana é
    Uma semana
    Do trabalho de Deus

    A raça humana risca, rabisca, pinta
    A tinta, a lápis, carvão ou giz
    O rosto da saudade
    Que traz do Gênesis
    Dessa semana santa
    Entre parênteses
    Desse divino oásis
    Da grande apoteose
    Da perfeição divina
    Na Grande Síntese

    A raça humana é
    Uma semana
    Do trabalho de Deus

    © Gege Edições Musicais ltda (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mundo)

    ficha técnica da faixa:
    voz e violão: Gilberto Gil

    A música foi feita após uma estada de Gilberto Gil em Israel, durante a qual visitou os locais bíblicos como o túmulo de Jesus, a casa de Lázaro e outros. “O mote – ‘a raça humana é uma semana do trabalho de Deus’ – surgiu em Tel-Aviv”, reporta o autor. “Ao voltar, elaborei a letra toda. A canção é a emanação das sensações vividas por mim naqueles lugares”.

    *

    – Às vezes, ao final de uma frase melódica que requer uma palavra oxítona também pode se justapor uma proparoxítona; o cantar faz a acentuação recair tanto na antipenúltima quanto na última sílaba. É o que acontece em A Raça Humana no verso que termina com “gênesis”, proporcionando o fenômeno rímico com “giz”.

    Gil: “Sem descaracterizar o acento gramatical e sem criar a sensação de problemas prosódicos. Porque, você quase não ouve o ‘sis’ da palavra, falada: a ênfase fica no ‘gê’; mas na música, você canta ‘gênesís’. Soa bem a incidência acentual nas duas sílabas. É a liberdade que só a música dá, de entoar diversamente.”

    – Uma particularidade da poesia de música, porque esse tipo de rima só se efetua realmente, claramente, na melodia. E depois, mais abaixo, você ainda diz ‘parênteses’, rimando com ‘gênesis’ (e ‘giz’).

    *

    Gil: “Eu adorava essa expressão do Caetano Veloso, ‘ferida acesa’ [de Luz do Sol: “Marcha o homem sobre o chão/ Leva no coração uma ferida acesa”], e resolvi transpô-la, traduzi-la para o contexto de A Raça Humana. ‘Ferida acesa’: como se o pus fosse luz.”

    – Luz e pus, beleza e podridão.

    “A idéia é essa.”. ”

    SP, 06/12/2016 – 10:33

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