O dia da consagração de Lula e o fim da história para FHC, por Luis Nassif

Um paiá de Monai,  bonzo  bramá

Primaz da cafraria do Pegu,

Quem sem ser do Pequim, por ser do Açu,

Quer ser filho do sol, nascendo cá.

 

Tenha embora um avô nascido lá,

Cá tem três pela costa do Cairu,

E o principal se diz Paraguaçu,

Descendente este tal de um Guinamá.

 

Que é fidalgo nos ossos cremos nós,

Pois nisso consistia o mor brasão

Daqueles que comiam seus avós.

 

E como isso lhe vem por geração

Tem tomado por timbre em seus teirós

Morder os que provêm de outra Nação.

Gregório de Mattos

 

Gregório de Mattos criou a figura do “fidalgo caramuru”, descendente de português com índia, que pretenderia origens nobre, como fruto do encontro da aristocracia europeia com a aristocracia selvagem.

Há muito tempo, Fernando Henrique Cardoso é nosso “fidalgo caramuru”, o filho de generais, com um pé na cozinha e um olhar no primeiro mundo. Como Pedro Malasartes, outro herói miscigenado, há muito tempo FHC se desprendeu da ambição vã de liderar partidos, conduzir povos, mudar nações, porque dá trabalho. Deve ter desistido lá pela adolescência, depois que largou as Marchas do Petróleo é Nosso que traziam muito orgulho para a família e pouco poder aos seus – além de serem muito trabalhosas.

Sempre contou com a mão do destino para fazer história. Na adolescência, filho de família histórica; na idade adulta, beneficiado por um golpe que lhe permitiu voltar para o país com fama de herói. O poder lhe caiu no colo de graça, assim como o Plano Real.

Mas, como um autêntico Malasartes, sua sopa de pedra visa conquistar a eternidade sem precisar se esfalfar muito com as coisas terrenas. O seu partido se esfacela. E o máximo que ele ousa são platitudes em forma de artigos para velhos jornalões.

Quando se trata de biografia, porém, FHC luta como um leão, esbraveja, tenta encontrar interpretações para seu reinado.

Quando terminou seu mandato, leu a biografia de Franklin Delano Roosevelt. E enxergou-se do outro lado do espelho de Roosevelt. A biografia mostrava como Roosevelt tinha a capacidade de iludir políticos, juízes, dizendo uma coisa e fazendo outra. E FHC se viu um Roosevelt brasileiro. Sem New Deal, um detalhe.

Nos seus tempos de glória, mandava vir do Rio de Janeiro o superlobista Jorge Serpa, o homem que atravessou todos os governos desde o Marechal Dutra. E apenas para a pergunta que a Bruxa fez para o espelho:

– Diga, Jorge, quem foi maior: Juscelino ou eu?

E Jorge, naturalmente, respondia:

– Claro que é você, Fernando!

E voltava para o Rio de Janeiro com mais um causo do príncipe, que fazia as delícias dos frequentadores do restaurante Mosteiro.

Digo tudo isso para enfatizar que a luta maior de FHC é para encontrar um significado para sua história, uma interpretação, uma teoria a posteriori que o possa colocar no panteão dos grandes nomes da pátria, em patamar mais alto que o metalúrgico abominável, que ele aprecia com os olhos de Salieri, e amaldiçoa com o pior dos sentimentos: a inveja histórica.

Assim como Salieri, FHC tem mais discernimento que a média dos seus seguidores, para entender a grandeza do mito Lula. O pior é isso: ele entende. E sabe que, independentemente do julgamento de amanhã no TRF4, a perseguição implacável da Justiça, da mídia, do Ministério Público a Lula, trouxe mais um capítulo épico à lenda do metalúrgico desbocado, orgulhoso da sua origem, que soube encarnar como nenhum outro, nem Garrincha, a verdadeira alma nacional, e com uma postura de estadista que nenhum outro, nem Getúlio, conseguiu igualar.

Essa é a tragédia de Salieri.

Absolvido, Lula tem o caminho pronto para voltar ao Planalto. Condenado, exporá ao mundo a perseguição de quem foi vítima, e a pequena dimensão política daquele que, fosse um pouco maior, teria iniciado o grande pacto nacional, ou, na pior das hipóteses, o desprendimento de se colocar contra o arbítrio.

Se FHC tivesse tido a grandeza de montar o pacto de salvação nacional com Lula, a esta altura estaria se ombreando com ele, dois gigantes empenhados em passar por cima de diferenças, pelo bem maior do país.

Não tendo a dimensão política exigida para os grandes gestos, a glória ou o martírio de Lula será o epitáfio para FHC, um estadista incompleto, vazio, fútil.

Para ele, o Requiém de Salieri. Não merece o de Mozart.

Luis Nassif

87 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. mmmm

    O “exilado” de luxo  retornou ao Brasil no ano (1968, com AI-5 e tudo) mais negro de toda a negritude do Golpe de 64.

    Cabra corajoso, ou tem umas coisitas mal-contadas.

  2. Dizem que na residência de
    Dizem que na residência de FHC existiam inúmeros espelhos espalados por todos os cômodos.
    E que FHC foi quebrando um a um a cada resposta indesejada: “Lula!”

  3. Nassif, a sua visão de

    Nassif, a sua visão de Salieri parece ser a da peça de Peter Schaffer que inspirou o célebre filme “Amadeus”, que transformou o compositor num invejoso e ressentido com o sucesso de Mozart. Na verdade, a sua história conhecida é bem distante da trajetória do personagem da ficção teatral/cinematográfica. Embora não fossem amigos íntimos, ele e Mozart tinham um grande respeito mútuo e chegaram a compor juntos uma cantata para piano. Mesmo sem a genialidade de Mozart, Salieri era um compositor de grandes méritos, teve uma carreira bem sucedida e foi professor de outros grandes compositores, como Beethoven, Schubert e Liszt. Em suma, de modo algum, pode ser comparado a uma mediocridade pomposa como FHC. 

    1. Geraldo, eu ia fazer essa

      Geraldo, eu ia fazer essa observação. A visão de Salieri que temos hoje não corresponde à realidade, assim como a que se tem de Ricardo III de Shakespeare (mostrado como o mais vilão do reis ingleses, pois foi inimigo da dinastia Tudor que reinava na época do BArdo. Os historiadores dizem que Ricardo III  teve um nível de maldade igual a média dos reis ingleses). Enfim, isso mostra como a arte é poderosa, fazendo com que uma versão seja tomada como verdade pelos contemporâneos. Sobre FHC e Lula, a equação é simples= no Brasil, se um presidente segue o projeto de mediocridade de nossa elite miserável, ele tem todas as benesses (apê em Paris ) e proteções (como nunca investigar a compra da reeleição). Agora, se um presidente ousa tornar esse juntado de gente que fala português em uma nação, ele será impiedosamente castigado, independente de sua clase social ou perfil = vide o que aconteceu com o Vargas dos anso 50, JK e agora Lula. E o circo de horrores em Porto Alegre serve tanto pra tirar Lula da eleição (inaugurando nossa democracia iraniana) e pra mostrar que quem não seguir a cartilha rentista-entreguista  será impechado antes de tomar posse. Ouso dizer que hoje dia 24 de janeiro inaugura-se a democracia brasileira moldado no modelo mexicano do PRI. 

       

       

  4. Requiém para FHC – O velhaco canalha

    Requiém para FHC – O Velhaco Canalha

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=5KVFj-Ac98s%5D

     

    Verdadeiro Canalha
    Bezerra da Silva

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Você vive de trambique
    Deita na sopa
    E se atrapalha
    Olha aí, seu canalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Se elegeu com votos da favela
    Depois mandou nela
    Metê bala
    Isso é que é ser canalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Rapinou o dinheiro do povo
    Saiu esbanjando
    E fazendo bandalha
    Veja bem, seu canalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um tremendo canalha
    Comprou carrão
    Fazenda e mansão
    E o povo na miséria comendo migalha
    Veja bem, seu canalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Quem judia do povo sofrido
    É um tremendo patife
    Um estorvo, uma tralha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Está livre a poder de propina
    Porém a justiça divina
    Não falha
    Veja bem, seu canalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    O truco se acaba
    Meio retrocesso
    Verás o reverso da medalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdaderio canalha
    Viver de moleza é muito bom
    Quero ver você
    Encarar uma batalha
    Vai trabalhar, canalha!

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    E no dia do judas tu fica na tua
    Se tu for pra rua
    A galera te malha
    Fica em casa, canalha!

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Comeu, bebeu, fumou e cheirou
    Depois caguetou
    O cabeça-de-área
    Olha a bala, canalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Nunca vi ninguém dá dois em nada
    E também se ver
    Cadeado não fala
    Aprendi isso, canalha

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    E depois daquele par de chifres
    Em que altura está
    O meu chapéu de palha
    Já viu isso, canalha?

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    O calado tá errado
    E falando nem se fala
    Cala a boca, canalha!

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    De repente o bicho pegou
    Tu se empirulitou
    E jogou a toalha
    Sai correndo, canalha!

    Canalha, tu é um verdadeiro canalha
    Canalha, tu é um verdadeiro canalha

  5. Tudo bem, mas você foi cruel com Salieri

    É uma injustiça com Salieri a comparação com FHC. O primeiro tinha seu valor, o segundo é hediondo. FHC não merece o Requiem de Salieri, belíssimo por sinal, pra ele basta um rufar de tambores.

  6. Em extinção

    Quando FHC se viu livre das investigações se imaginou maior que Lula. Mas com tantas penas aparadas pela Lava-jato é capaz de alguem estar de olho em toda esta malandragem.

  7. Nassif

    Também considero genial o seu ponto de vista sobre FHC !

    O meu seria assim :

    “Eu só queria um apartamento novo em Higienópolis, um em New York , outro na Av. Foch em Paris , uma fazendinha em MG para meu descanso e deixar ricos meus filhinhos ” . Somente isto , mais nada. Glórias ? sou muito modesto e não pediria  tanto. Só não desejo mais comer “buchada de bode ” e montar num jegue com chapeu de cangaceiro. “Isto não pode, isto não dá ! “.

  8. Lula não cabe mais nele!!!

    FHC é um privilegiado.

    Pode frequentar os melhores restaurantes do Brasil sem ser molestado.

    Desde que não ostente, também pode frequentar qualquer buteco da periferia de qualquer cidade que não será molestado por nem sequer reconhecido.

    Já Lula não pode fequentar os melhoeres restaurantes do Brasil porque dificilmente encontrará um cardápio que o agrade. Além disso pode ser molestado por algum patinho da FIESP.

    E Lula também não pode frequentar qualquer buteco do Brasil porque causaria um tumulto com a sua simples presença.

    Lula nunca morrerá. Ele não cabe mais nele e pouco importa o que a natureza ou a “justiça” dos homens façam com o seu corpo.

    Já FHC, mesmo rodeado dos seus, nunca morrerá em paz.

     

     

     

     

     

  9. A melhor definição de FHC é

    A melhor definição de FHC é dada pelo Bezerra da Silva. Quanto a Saliere, Nassif, mais respeito, por favor. Ouça o Requiém.

  10. Paródia da Realidade

    Palmares III

     

    FHC, velho
    Chacal, a barba
    Rapada, a cara grave
    E o sangue 
    Curtindo-lhe o couro
    Da alma mercenária.
    FHC, velho
    Verdugo, qual
    A tua paga?
    Um punhado de ouro?
    Um reino de vento?
    Um brasão de horror?
    Um brasão: abutre
    Em campo negro,
    Palmeira decepada, 
    Por timbre, negro esquife.
    FHC,
    Teu nome guardou–o 
    A memória dos justos.
    Um dia, em Brasília, 
    No mesmo chão do crime, onde vitimastes o Francis,
    Terás teu mausoléu:
    Lápide enterrada
    Na areia e, sobre ela,
    A urina dos cães,
    O vômito dos corvos
    E o desprezo eterno.

  11. Pronto, canalha de
    Pronto, canalha de Higienópolis, pode morrer agora: já tens uma obra-prima como necrológio. Ainda que o tenhas obtido ainda vivo (sic), aproveita. Nada que venha a ser escrito sobre ti, de hoje em diante, terá te retratado tão bem.

  12. O lado dramático para FHC

    O lado dramático para FHC nisso tudo, é exatamente isso: ELE SABE! – E essa consciência das “coisas”  é que o mortifica, por trás daquele ar ridículo de “grande homem” que ele ostenta para si e seus “admiradores” – que ele deve, no fundo, desprezar, pois sabe também, evidentemente, que sendo ele uma fraude, só tolos ou ingênuos poderiam admirá-lo como “estadista” ou coisa que o valha……

    Nassif está certíssimo num ponto: a vida foi BENEVOLENTE PARA ELE, dando-lhe uma oportunidade de ouro, “ao apagar das luzes”, de cobrir uma multidão de erros e omissões em sua vida vaidosa e rasa, se assumisse a luta por um processo justo para Lula, mas nunca ousou desafiar a Globo e sua classe social, ao contrário, cinicamente falava em “vamos aguardar a justiça, apesar de ser deprimente a prisão de um ex-presidente….” – uma fala CANALHA, vinda dele, que sabe como poucos da inocência de Lula.

    Para quem queria ser eternizado como um “grande homem público”, a sarjeta da História, seu destino, deve lhe causar um sofrimento psíquico intolerável.

    Mas manterá a pose até o dia de sua morte.  É o que lhe resta!

  13. Impossivel, Nassif.
    Impossivel, Nassif.

    A social democracia “à” brsileira de um tipo com FH sempre deixou claro que “se achava”, e o povo deveria, bovinamente, ser conduzido por uns metidos a besta como eles, que nao negavam que se achavam isso e aquilo.

    Nada mais paulista…

    Perdeu, perdeu espaço pra social democracia com alguma raiz sindical, trabalhista e social.

    Nao foi à toa que descambaram pra direita boçal: é muito doloroso ver uma crença ir pro ralo assim “na cara da sociedade”…

    Para além de cuidar da biografia, FH vai ter trabalho dobrado para não ficar gravado no epitáfio “ex-sociologo que morreu como golpista”. Afinal, foi esse o papel desempenhado a partir de 2012. Com artigo publicado e tudo!

    Caramba! Lembrei aqui tantas vezes: em 2012 o Sr. FHC escreveu artigo exortando “bater bumbo” pra classe media e falando com todas as letras em todos os salões “todos contra o PT”, PT, PT.

    Falta mais alguma coisa pea entender?

    Precisava ele ganhar o premio de “criatura do ano de 2015” dado pela camara de comercio eeuu?

    Assim como na epoca do “mensalão”, com artigo redigido por Alberto Goldman falando em “sangrar” o Lula e o PT, PT, PT…

    Alguma duvida?

    Enfim, em 2018 achar que essa direita travestida de “centro” bem educada vai dizer “well, passamos dos limites” é demais.

    Já era há muito!

  14. Parabens Nassif

    Belo artigo. Você é um craque. Crepusculo de FHC. Ele jamais poderia fazer a defesa de Lula quando colocou as suas digitais no impeachment de Dilma. Aceitar que o seu partido contratasse uma Janaina Paschoal para fazer uma parecer a favor do impeachment já mostra quem é FHC. 

  15. Tenho a impressão de que FHC

    Tenho a impressão de que FHC viveu sua vida para que, a cada segundo, ela lhe fosse leve, tranquila e prazerosa, não importando nada além de si. Parabéns, ele conseguiu! Todavia, a terra é pesada e funda, e finda. Que siga em frente e bon voyage.

    Dudu, bidu, bidu, bidu, bi
    mama água

    Dudu, bidu, bidu,
    papá, dá, dá-á

    Quando eu cheguei das estrelas
    entrei na terra
    por uma caverna
    chamada Nascer

    E eu era uma nave
    uma ave
    da ave-maria
    e como uma fera
    que berra
    entrei
    na atmosfera

    E cuspido, espremido,
    petisco de visgo,
    forçando a passagem
    pela barreira,
    sangrando, rasgando,
    subindo a ladeira,
    orgasmo invertido,
    gritei quando vi:
    já estava respirando.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=YcdL0BGsLS0%5D

  16. É preciso respeitar o Judiciário?

    Recomendo que leiam:
    http://ocoletivo.eu/files/e-preciso-respeitar-o-judiciario-em-uma-democracia.html

    Às vésperas do julgamento de Lula pelo TRF-4 em Porto Alegre, muito se escuta, especialmente da grande mídia e de blogs como O Antagonista, que “é preciso respeitar a instituição Poder Judiciário em uma democracia”. Conclui-se que as manifestações contrárias, que indicam não concordar com eventual condenação e consequente inelegibilidade de Lula nas eleições de 2018, são uma afronta à instituição Poder Judiciário.

    Pera lá. Vamos por partes porque estão invertendo a lógica da coisa numa república democrática! Há três problemas na afirmativa “é preciso respeitar a instituição Poder Judiciário em uma democracia” que não aceita contestação, que demonstrarei a seguir.

    1. Em primeiro lugar, o que é a instituição Poder Judiciário?

    Leia mais em: http://ocoletivo.eu/files/e-preciso-respeitar-o-judiciario-em-uma-democracia.html

  17. …uma postura de estadista

    …uma postura de estadista que nenhum outro, nem Getúlio, conseguiu igualar.

    Que FHC é execrável estamos de acordo, mas dizer que Lula é um estadista maior do que Vargas é demais. Até considero Lula um dos maiores políticos de todos os tempos. Isso com certeza ele é. Porém Estadistas, heróis e líderes de povos têm uma coisa em comum… A disposição de arriscar o próprio pescoço para salvar os seus. Portanto…

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Qj-w3i9_hpQ%5D

    1. CORROBORO

      Concordo plenamente contigo. Lula é um grande político, mas estadista está a léguas de distância.

      Também é valido destacar que Lula é um bom ativo eleitoral e possivelmente sem ele o PT pode sucumbir como força menor na política nacional. Assusta-me hoje o quanto baixou o nível de formulação dos quadros do PT em comparação ao que o foi a fervente São Bernardo dos anos 80. Lembrando-me de Singer, o lulismo é tornou amarrado o petismo.

      Ademais, Vargas construiu o ESTADO NACIONAL BRASILEIRO e os seus algozes só agora conseguem vulnerar seu legado, atigindo-o no coração novamente como a bala que o atravessou. Dilapidam a PETROBRAS, entregam a ELETROBRAS, atacam o BNDES, fulminam a CLT, jogam na vala do esquecimento o NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO e dão carta branca aos abutres internacionais.

      E vale destacar LULA e o PT por décadas refutaram Vargas e o trabalhismo seguindo a intelligentsia uspiana oriunda das obras de Fernando Henrique Cardoso, Francisco Werffort e Faleto.

      Agora, sofrendo as agruras do estado de excessão, LULA e o PT rememoram a figura do velhinho nos anos 50. Mas até nisso as coisas são bem diferente.

    2. CORROBORO

      Concordo plenamente contigo. Lula é um grande político, mas estadista está a léguas de distância.

      Também é valido destacar que Lula é um bom ativo eleitoral e possivelmente sem ele o PT pode sucumbir como força menor na política nacional. Assusta-me hoje o quanto baixou o nível de formulação dos quadros do PT em comparação ao que o foi a fervente São Bernardo dos anos 80. Lembrando-me de Singer, o lulismo é tornou amarrado o petismo.

      Ademais, Vargas construiu o ESTADO NACIONAL BRASILEIRO e os seus algozes só agora conseguem vulnerar seu legado, atigindo-o no coração novamente como a bala que o atravessou. Dilapidam a PETROBRAS, entregam a ELETROBRAS, atacam o BNDES, fulminam a CLT, jogam na vala do esquecimento o NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO e dão carta branca aos abutres internacionais.

      E vale destacar LULA e o PT por décadas refutaram Vargas e o trabalhismo seguindo a intelligentsia uspiana oriunda das obras de Fernando Henrique Cardoso, Francisco Werffort e Faleto.

      Agora, sofrendo as agruras do estado de excessão, LULA e o PT rememoram a figura do velhinho nos anos 50. Mas até nisso as coisas são bem diferente.

    3. concordo

      estadista está para geopolítica assim como craque está para futebol.

      muitos confundem  craque com grande jogador. a mesma confusão comestadista.

      lula foi o melhor presidente erm mais de 50 anos e sua grandeza foi em mostrar ao povo brasileiro, cabisbaixo e “olhando de lado” que poderia e deveria ser altivo.

      errou ao não atacar as estruturas estatais que mantém o estado atrelado às ordenações afonsinas, principalmente o judiciário.

      nem tocou nelas …

  18. Muito bom. Mas nem o Salieri

    Muito bom. Mas nem o Salieri merece tamanho desprestígio. Para embalar o FHC só mesmo um fado entoado pela Mirian Dutra.

  19. O porquê de tanto rancor

    Quando Lula foi eleito havia uma aposta no então “social-democrata” ninho tucano e dos gurus do plano real de que Lula iria trocar os pés pelas mãos e de que o governo petista não passaria de quatro anos. Riam e debochavam com a boca cheia das privatizações. Quando os ataques a José Dirceu se tornaram sistémicos, principalmente, na revista Veja, sabia-se que ali havia a tentativa de derrubar Dirceu e com isso pensavam naufragar o governo Lula. Todas as tentativas de derrubar o governo Lula foram tentadas, tanto pela imprensa quanto pela oposição.

    Fernando Henrique Cardoso não esperava, assim como seus pares, que Lula, mesmo sem Dirceu, fosse ter êxito; de que fosse admirado no mundo todo e recebido com simpatia por chefes de estado, até mesmo pela rainha Elizabeth. Lula não recebeu apenas presentes (ao que parece foi o presidente da republica que mais recebeu presentes), mas recebeu carinho, condecorações, foi homenageado, foi ouvido, foi procurado por muitos poderosos, foi capa de revista do mundo todo, foi doutor-honoris causa em muitas universidades. Foi, malgrado a oposição sistematica da imprensa e do ranço esnobe do PSDB e seus seguidores, o melhor presidente da republica brasileira.  

    Foi o unico presidente que ao ser eleito foi saudado entusiasticamente com a capa do Le Monde Diplomatique tendo sua foto de fundo estampada na capa e os dizeres “América Latina: 1972 – 2002 :  Viva Brasil!”

    No entanto, o rancor de classes, a intolerância ideologica, a vergonha do homem brasileiro mestiço e sem formação, tem levado parte da sociedade brasileira a apoiar essa campanha de perseguição juridica jamais vista contra um ex-presidente da Republica que é amado pelo seu povo, mestiço e simples como ele.

  20. A pessoa de Fernando Henrique

    A pessoa de Fernando Henrique sempre me interessou à partir da sua passagem pelo governo de Itamar Franco. Intelectual respeitado, sociólogo, era teoricamente a pessoa indicada para a presidência da República. Votei nele na sua primeira eleição. Acompanhei o desenrolar do seu governo e, bem antes do término do primeiro mandato, me decepcionei enormemente. Como sempre acompanhei as colunas de Luis Nassif, a sua explicação para esta personagem era a de que, embora muito inteligente, FHC é desgraçadamente vaidoso. Votei então sempre em Lula e em sua candidata a partir de então. Mas tento acompanhar o posicionamento de FHC porque esta personagem me marcou pela sua contradição. Com o tempo o que percebi foi um FHC invejoso. Invejoso do sucesso de Lula.  FHC deve ter pensado “se eu, um intelectual da minha estirpe, fracassei no governo desse país, o que fará este metalúrgico semi-letrado. E só esperar por pouco tempo…”  .  FHC foi eleito por duas vezes, mas se o câmbio tivesse explodido um pouquinho só antes, a sua reeleição já era. Lula foi reeleito, fez sua sucessora e ajudou a reeleição da mesma. Recebeu homenagens de diversos países e personalidades (Obama, rainha da Inglaterra, etc) e, horror dos horrores, homenagens do sistema acadêmico, berço do famoso sociólogo. Então, nos últimos tempos, mesmo com Lula fora do poder, vira e mexe FHC dispara algum torpedo contra Lula, alegando (suprema hipocrisia) corrupção no seu governo e no de Dilma ou enfatizando (suprema descortesia) que Lula é um ignorante. Até estimular um golpe na democracia FHC o fez através de Aécio e companhia. O que induz uma pessoa como FHC, um dos pais da redemocratização do Brasil, ir contra a sua luta travada lá atrás quando era um jovem? Como entender esta contradição? Creio que a resposta seja que FHC, como um Joseph Fouché movido apenas por vaidade e inveja, procura apenas poder repetir para Lula sua superioridade como estrategista, como o que Joseph Fouché pôde dizer a  La Fayette: “idiota, criei um arranjo político e instituições de governo no qual muito roubaram, grassavam suspeitas de enriquecimento ilícito e ninguém foi preso. Hoje estou livre e continuarei assim. Veja o que você criou; um arranjo que vai te engolir e a teu partido; supremo idiota”. E assim seria a vingança de FHC, aquela com a qual poderia morrer em paz com ele mesmo.

  21. sic transit gloria mundi

    Passou a vida toda construindo o próprio tumulo e esculpir o epitáfio e ser lembrado nos séculos.

    Passou a vida toda mentindo mancomunado com os mentirosos.

    Passou a vida toda construindo a sua arapuca a impedir uma saída.

    Passou os seus derradeiros dias escravo e palhaço nas mãos dos “amigos e patrões”.

    Passou desta vida para entrar na m#$%@.

  22. Sem tutela – ou democracia Nutella?

    Parece contraditório descrever FHC como um preguiçoso incompetente e inapetente para depois dizer que seu maior erro político foi não ter feito a conciliação de classes política, como se, caso tivesse feito, o país teria sido salvo de si mesmo e da classe política a que FHC pertence, os saqueadores históricos – ele, naturalmente, mais fiel aos rituais de salão e suas pantomimas do que a quadrilha que saiu dos bastidores para comandar o show de horror, em todas as instituições públicas de Bruzundanga, e não apenas no Executivo. Ao lhe atribuir tamanha importância, que sua biografia logicamente não aconselharia até por ter sido imerecida e a despeito de sua pequenez, acaba por repetir o erro cometido por quem permitiu que ele ocupasse tanto espaço político por inércia do sistema: parece dizer que sua grandeza é algo latente, a que renunciou, e que não foi confirmada em atos políticos e heróicos, apenas por preguiça e vaidade, o que não é o caso, a meu ver.

    Se ele “herdou” papel político de destaque sem ter lutado para conquistar, que tipo de conciliação ele seria capaz de realizar, e que tipo de país seríamos se dela dependêssemos?

    Não estararemos passando pelo golpe, e pelo, involuntário e indesejado para muitos, expurgo das relações políticas e sociais e acerto de contas com nossas fraturas constitutivas, porque os detentores do poder político sempre resolveram conciliar por cima, e literalmente passando por cima da realização efetiva da democracia, que pressupõe participação popular na decisão dos rumos do país? 

    Lula e o Brasil não dependem de migalhas de gente como FHC, nem o golpe e nossas agruras são resultado de sua falta de “generosidade” em estender a mão ao sindicalista desbocado – Lula é muito mais que isso e suponho que a descrição seja uma ironia bem intencionada. Essa visão reproduz e legitima a idéia de país dependente das oligarquias, de cuja bondade ou maldade dependem o presente e o futuro como país e nação. Mas o buraco é muito mais embaixo e passa bem longe do espelho de FHC et caterva.

    A luta de Lula contra as injustiças pessoais e sociais, o golpe e nosso estado de mal estar existencial como país e como cidadãos resultam exatamente da intervenção “paliativa” e conservadora de gente como FHC que sempre manteve o país sob suas rédeas e não permitiu, de maneira ativa mesmo quando aparentava passividade, que a força política do povo – entidade de controversa conceituação, utilizada aqui como oposição de elite sócio-econômica – viesse à tona e fosse exercitada e respeitada, como pressupõem democracias de fato e de direito.

    Considerando o perfil do autor do artigo, atribuo a intenção à boa vontade em relação ao personagem, a despeito do despeito que lhe atribui, este um elemento de análise que não chega a ser uma platitude conceitual – palavra do ano para desqualificar idéias sem muito esforço de argumentação – mas não é, definitivamente, uma novidade em sua biografia política, esta um obituário de longa duração.

    Democracia também dá trabalho, e muito. Se FHC não foi estadista por esse motivo, quem lhe pede socorro e responsabiliza por não ter sido capaz de construir alternativa política legítima e por esse motivo ser incapaz de salvar o país de sua própria história, também parece preferir o atalho ao longo e exigente caminho de construção da democracia pela cidadania ativa, sem tutela e com lideranças construídas pela luta política e não pela herança da oligarquia colonial ou da ditadura midiática. 

    Se a premissa do artigo está correta, por incrível que pareça acho que FHC deve ser agradecido por ter, pela inércia que foi sua companheira e tutora política, ocupado o verdadeiro espaço que lhe cabe na história, o de coadjuvante dispensável num enredo em que o povo e seus verdadeiros representantes merecem o lugar de protagonistas. 

     

    “A democracia não corre, mas chega segura ao  objetivo.” J. W. Goethe (1) 

    “A pior democracia é preferível à melhor das ditaduras.” R. Barbosa (2) 

    (1) Dicionário das Citações. Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti (organizadores), Karina Jannini (tradução), editora Martins Fontes, 2001, aforismo 2695, p. 487.

    (2) idem, aforismo 2697, p. 487. 

     

     

    Sampa/SP – 24/01/2018 – 08:40

     

  23. Nassif, não seja tão injusto

    Nassif, não seja tão injusto com FHC.

    Ele ganhou, em 2015, o prêmio “Man of the year” em NY na American Chamber of Commerce, das mãos do hoje garoto sexagenário João Dória Jr.

  24. Manual para matar mitos!

    Não adiantava a Hércules toda a força de seus golpes, decepando as cabeças da hydra…Só o fogo impedia que renascessem…

    O narciso (ffhhcc) não se mata criticando-lhe a vaidade (ou sua beleza, nesse caso, supostamente intelectual), mas sim pela inanição à beira do lago…

    Lula é um mito…e como tal não será morto pelo martírio da sentença judicial, nisso Nassif está corretíssimo…

    Lula será abatido, mas sim pela (auto) referência de que sua imagem e sua história (memoráveis) resolvem todos os problemas…

    O gesto fatal de Getúlio não foi desespero, foi a compreensão de que se continuasse a jogar o jogo, ele perderia o controle da sua narrativa…fez o que fez…

     

    Empresto as palavras do odiável roberto jefferson, a faço um adendo: Lula não será abatido na campanha, nisso ele é imbatível (até quando perde), ele será tragado no mandato…

    Li hoje aqui no blog o ótimo (mais um) texto do Wilson Ferreira, do Cinegnose…

    Ele é da opinião que Lula será absolvido, e como tal, eleito em 2018…

    Eu vinha dizendo o contrário até bem pouco tempo, mas como ensina Churchill (The Darkest Hour), na pele do Gary Oldman, “quem não muda de ideia, não muda nada”…

    Eu achava que um golpe dado, as elites não se arriscariam a entregar a rapadura em eleições onde um dos principais alvos era o favorito…

    No entanto, após ler Wilson, descobri que a narrativa de um golpe sofisticado como esse, que experimenta a “cruza” da linguagem semiológica midiática, com arranjos parlamentares e judiciais, não iria pelo caminho óbvio…

    Obrigado, Wilsoooon…(na ilha do Náufrago, de Tom Hanks, é a “bola” Wilson” que nos salva da insanidade)…

    E em se tratando de análise política, recentemente tenho me sentido como a personagem Chuck, vivido pelo Hanks…

    Ilhado…

    Lula seria o único brasileiro com capital político para desmascarar a farsa da ditadura do judiciário, da mídia e das elites…ele detém a ferramenta essencial: a linguagem das massas, a empatia e o carisma…

    Absolvido, diria Lula que a justiça foi feita?

    Provavelmente, e aí todo o judiciário, o processo conrta ele e os demais, toda a institucionalidade do golpe seria ratificada e imaculada…

    O combate dos efeitos do golpe cairia na disputa congressual desigual, nos limites da formalidade já viciada, enfim, em quatro anos Lula nunca conseguiria desfazer o estrago…

    Isso é o que a direita quer verdadeiramente manter, seja com Lula ou com huck ou o bolsopata…

    E se de quebra, com a manutenção da captura de nossos direitos sociais, nosso patrimônio estatal, e do nosso futuro pelo mercado, Lula caísse em desgaraça pela decepção de sua inércia e/ou inacapcidade de arregimentar força política para desfazer os crimes de lesa pátria cometidos, não seria genial?

    O cerne da questão hoje é o domínio da narrativa…

    E “salvar” Lula do tacão de um judiciário fascista e partidário é central para a sobrevivência desse mesmo judiciário, que será validado como capaz de corrigir a si próprio dos desvios de um tresloucado juiz de primeiro píso…

    Lula solto e apto é dizer o seguinte: nosso sistema funciona!

    E se o sistema funciona, não houve golpe!

    E se não houve golpe, mudar o que foi feito, só dentro da “lei”…ou das regras…

     

    1. O dia da consagração de Lula e o fim da história para FHC

      “No Brasil não basta vencer a eleição, é preciso ganhar a posse!”

      Getúlio Vargas

      a eleição se vence com o voto nas urnas. mas para ganhar a posse, e, mais importante, manter o mandato e concretizar as transformações, é necessário o constante e intransferível exercício da cidadania. e isto se faz nas ruas.

      esta é a lição de 24-JAN-2018.

      .

      1. Mais importante que a verdade, é controlar como ela se parece…

        Por esse motivo é que para a narrativa do golpe ser legitimada, se faz necessário dar aparência de que as ruas garantiram a posse de Lula…

        Desde Vargas, a coisa se sofisticou bem mais…

        Os mandatos não importam tanto, já estão de antemão capturados…

        As elites mundiais entenderam que era preciso deslocar o eixo da disputa: sai o mandato e seu exercício (mais ou menos “cidadão”) e entra o controle da “narrativa do mandato”…

        Nesse sentido, os mesmos 40% de eleitores que dizem dispostos a votar em Lula em 2018 (1º turno) e outros tantos no 2º turno, dando-lhe a vitória eleitoral, estiveram silentes e obedientes durante o golpe e os crimes de lesa-pátria cometidos pela camarilha preposta dos EUA e dos seus sócios menores, a Europa…

        Não parece estranho que a garantia da posse se dê em frente a um tribunal, onde juízes estão a decidir o “futuro” do país e de uma das maiores lideranças mundiais?

        Pois é…

         

      2. Ruas?

        Então, por esse critério, os processos que levaram a marcha com deus pela família em 64, ou as marchas dos camisas pretas de mussolini, ou as primaveras no Oriente Médio, insufladas pela CIA e os algoritmos são a expressão da luta política?

        Olha amigo, assim como não imagino que as eleições e outros aspectos da formalidade institucional encerrem o processo democrático, também não vejo que “as ruas”, só por elas, também o façam…

        Repito: esse monte de gente em POA, apenas para “torcer” pelo placar de um tribunal?

        É isso mesmo?

        1. O dia da consagração de Lula e o fim da história para FHC

          – a comunicação por escrito via web enseja muitos mal-entendidos;

          – sempre leio com atenção seus comentários, sendo que estes últimos rendeu uma boa conversa por aqui onde estou no momento;

          – as questões levantadas por vc são complexas e não devo reduzí-las a um simplismo de “concordo/não concordo”. muito embora concorde na quase totalidade, considero ser mais produtivo desenvolver as questões, explorando sua complexidade.

          posto isto, algum diálogo:

          -> Então, por esse critério, os processos que levaram a marcha com deus pela família em 64, ou as marchas dos camisas pretas de mussolini, ou as primaveras no Oriente Médio, insufladas pela CIA e os algoritmos são a expressão da luta política?

          justamente por ter plena consciência de serem nas ruas a decisão em última instância, a Direita sempre se valeu de convocar grandes manifestações populares, como a Marcha em 1964.

          mesmo o Golpe de 2016 foi concebido como um par de barulhentas e sórdidas tardes de domingo, com as manadas de patos amarelos com a camisa da CBF ocupando a Av. Paulista para protestarem contra a corrupção, corporificando por esta forma a base social necessária para legitimar um impeachment inconstitucional.

          contudo, tudo o que qualquer setor dominante em qualquer sociedade não quer é a multidão nas ruas. quando muito, por nada além de um breve momento e totalmente sob tutela, sempre obedecendo a uma agenda cuidadosamente executada.

          já as famosas Primaveras, tidas como geradas dos laboratórios da CIA, os dados e fatos não sustentam esta versão. o exemplo recentíssimo do Irã põe abaixo este tipo de abordagem. o que não implica em que CIA e congêneres sempre não estejam sempre atuando.

          fiz uma pesquisa sobre o Irã para consumo próprio e postei aqui no Blog do Nassif. pode ser consultada aqui.

          assunto complexo. deve ser abordado com paciência e em continuidade.

          -> Olha amigo, assim como não imagino que as eleições e outros aspectos da formalidade institucional encerrem o processo democrático, também não vejo que “as ruas”, só por elas, também o façam…

          concordo 100%.

          não é por outro motivo que o PT em sua fundação procurava equilibrar este dois campos de luta, inclusive em sua organização interna.

          -> Repito: esse monte de gente em POA, apenas para “torcer” pelo placar de um tribunal?

          compreendo e concordo.

          mas convenhamos que é um grande avanço esta grande mobilização popular, ainda assim insuficiente. entretanto, trata-se de uma experiência da qual nenhum dos participantes sairá incólume. dela virão consequências inevitáveis.

          -> Por esse motivo é que para a narrativa do golpe ser legitimada, se faz necessário dar aparência de que as ruas garantiram a posse de Lula…

          -> Não parece estranho que a garantia da posse se dê em frente a um tribunal, onde juízes estão a decidir o “futuro” do país e de uma das maiores lideranças mundiais?

          novamente concordo. tenho postado sobre isto seguidas vezes aqui no Blog do Nassif, desde 2015. e antes, entre 2006 e 2009.

          -> Lula não será abatido na campanha, nisso ele é imbatível (até quando perde), ele será tragado no mandato…

          esta é a questão crucial.

          sendo ou não Lula candidato. sendo ou não eleito. pois não se trata primordialmente do direito de ser candidato, ou de vencer eleições, e sim da capacidade de encaminhar as transformações necessária para o Brasil não ficar reduzido a uma condição neo-colonual e semi-escravocrata.

          assuntos complexos, muito além de poucas linhas de breves comentários. é preciso desenvolvê-las, debatê-las, voltar constantemente a elas.

          grande abraço

          .

    2. Acho sofisticação demais para

      Acho sofisticação demais para uns sujeitos tão tacanhos e brutais, como essa turma toda que se apropriou do poder na base da pilhagem mesmo. Mas, aguardemos…

      1. Lhe apresento Sua Excelência, o Capitalismo!

        Caro Flávio, esse aí é o capitalismo em pessoa: sofisticação, pilhagem, truculência e quando interessa, luvas de pelica ou o porrete…

        Esses lacaios golpistas não são os donos do golpe, caro amigo…

        É coisa que vem de andares bem acima!

  25. O dia da consagração de Lula e o fim da história para FHC

    FHC sempre foi, e sempre terá sido, um mínimo minúsculo diminuto personagem – o que vem a ser completamente diferente da multidão de anônimos fazendo girar a roda da História. se não fosse pela farsa do Plano Real, FHC jamais teria sido eleito Presidente, para em 4 anos promover uma selvagem e corrupta privataria – crime pelo qual até hoje não foi responsabilizado.

    é quase impossível para os que veneram Lula como um mito, assim como anteriormente ocorreu com Getúlio, dimensionar sua função no desdobrar do tempo histórico.

    Lula é um símbolo vivo da ascensão do trabalhador brasileiro ao protagonismo social e político que lhe cabe, sem o qual o Brasil não se viabiliza como Estado, tampouco se ergue como Nação.

    assim como Getúlio Vargas personificou a impossibilidade de haver no Brasil uma “Burguesia Nacional”, sendo seu suicídio um tiro de misericórdia nesta ilusão.

    Lula é mais um ciclo no processo de amadurecimento dos Brasis, no qual se cumprirá a profecia de Getúlio Vargas: “Um dia será um de vocês que estará aqui no meu lugar”. Lula ainda não é “esse cara”. até mesmo porque já não será um cara, e sim um coletivo de coletivos.

    hoje, 24-JAN-2018, mais uma volta se dá nesta espiral. passando por Lula, através de Lula, para avançar além de Lula e fazer nascer o futuro no incerto e intenso momento do agora.

    vídeo: Samba enredo da Beija-Flor 2018 por Giovana Galdino

    [video: https://www.youtube.com/watch?v=35oeo84bWQs%5D

    .

  26. Só merecerá respeito na morte

    Só merecerá respeito na morte quem teve dignidade na vida. Salieri Henrique Cardoso só não será esquecido porque aqueles a quem serve tentarão fazer o possível para coloca-lo de maneira irreal, até mesmo mentirosa, nos livros de história. Só que enquanto Lula terá lugar ao lado dos presidentes e personlaidades mais importantes de nossa história, Salieri henrique cardoso será apenas mais um, como algum daqueles da velha república que a gente nem lembra que existiu, ou sabe apenas o nome, mas não faz a menor ideia do que fez ou em que período governou. Salieri henrique cardoso cheira a mofo. cheira naftalina.

  27. No governo fhc fiquei anos

    No governo fhc fiquei anos desempregado, a unica coisa que se conseguia eram bicos aonde você praticamente tinha de pagar para trabalhar a fim de ganhar experiência 

    Foi terrivel, mas quando lula assumiu com a bandeira dos movimentos sociais e do trabalhismo o Brasil mudou de uma forma tão radical que ae tornou a nação que todas as nações queriam imitar o que acirrou o ódio da direita por ele porque foram incapazes zes de fazer algo parecido

    E esse ódio não começou com fhc, mas desde aqueles que foram apoiados e sustentados pela ditadura militar: é um ódio recíproco alimentado pelos 1% mais ricos contra os outros 99% da população e de uma classe média burra, precinceituosa, manipulada e sustentada com dinheiro público contra todos, até contra si mesma

    São o esgoto mental do brasil e pelo bem de todos para lá devem retornar, ou para paris, miami ou lisboa se preferirem

  28. Belo Texto

    Belo texto do Nassif, infelizmente o FHC representa as castas coxinhas: egocêntricas e ignorantes. O FHC poderia crescer muito agora assim como o Aécio poderia ter sido grande assumindo a derrota e pensando em2018,. 

     

    Mas coxinha é coxinha né, Brazil zil zil

  29. Belo Texto

    Belo texto do Nassif, infelizmente o FHC representa as castas coxinhas: egocêntricas e ignorantes. O FHC poderia crescer muito agora assim como o Aécio poderia ter sido grande assumindo a derrota e pensando em2018,. 

     

    Mas coxinha é coxinha né, Brazil zil zil

  30. Epitáfio
    Os livros e a história não escreveram o epitáfio que Rui Barbosa talvez merecesse.Vide sua gestão como ministro de Deodoro.Rui levou o país abaixo do fundo.
    O plano real será o outro lado de FHC, como o baiano teve o seu.1789 além de liberdade, fraternidade e igualdade , também teve o Terror.

    1. O Plano Real não foi
      O Plano Real não foi implantado no governo FHC, mas de Itamar Franco. FHC não foi o criador, mas era ministro da fazenda de Itamar e se beneficiou dele eleitoralmente. Surfou na onda do Real e recebeu os louros.

      1. O ministro da fazenda não era responsável pelo plano, tá…

        O PT fez uma falsificação histórica tremenda para cima de FHC. Está recebendo o troco agora: a extrema direita colocou na cabeça da população que nada nos mandatos do PT se salva. Nem provando do próprio veneno a militância aprende….

      2. de acordo!

        De acordo. 

        Na tradição politica brasileira o presidente recebe os louros e o onus.

        Curiosamente a grande imprensa teima em unir o Plano real ao FHC.Não é à toa.

        Vou resumir o “enigma” FHC.

        O “mercado” recebeu ao custo zero grandes ativos da Nação e por isso tempos em tempos lembra a impresa do PIG  para massagearem o Ego do FHC. Não esquecemos que o mercado paga a publicidade…

        Por isso quando não há assunto lá vem uma nova entrevista do FHC.

        De resto o que Nassif escreveu esta absolutamente correto.

        Só discordo de compara-lo a Salieri, Salieri pelo menos ainda é ouvido…

  31. A História se encarrega de jogá-lo no lixo

    Sem dúvida , o melhor retrato da biografia de FHC foi produzido pelo jornalista Palmério Dória em O Principe da Privataria , outro livro que foi deixado de lado pela grande mídia , tal como A Privataria Tucana. 

    Lá já se encontra o FHC em seu inicio de carreira política  , mostrando seu exilio dourado no Chile bancado por suas ligações com a Fundação Ford , e quanta grana recebeu naquele período. De volta ao Brasil , tenta emplacar a imagem do perseguido político lutando pela liberdade. 

    Durante seu governo , firmou-se a imagem da subserviência mais rasteira aos interesses do grande financismo internacional – sobretudo americano – através de sua irrestrita obediência às diretrizes do FMI. O episódio da desvalorização cambial combinada com os bancos , ocorrida em 1998 , com a subsequente quebra do pais e os emprestimos de emergência do FMI e a elevação estratosférica das taxas de juros , foi um dos episodios mais vergonhosos da historia do país e o prejuizo astronomico causado às finanças públicas , em beneficio de meia duzia de banqueiros. 

    O processo de privataria que montou no país , a rapinagem descarada do patrimônio público que promoveu em favor dessa mesma elite foi outro episódio marcante. Naquele momento decisivo , muitos dos problemas do país poderiam ter sido resolvidos , como a previdência , e mais uma vez não o foram . 

    Pouco antes de deixar o governo , se reune com a nata da elite e passa o chapéu para angariar fundos e criar sua fundação. Em seguida , muda-se para uma cobertura em Higienópolis que pertenceu ao banqueiro Edmundo Safdié , noticia que recebeu pouca atenção da mídia. Não era uma cobertura no Guarujá ou um sítio em Atibaia , locais de férias das classes baixas. 

     Apesar de ao longo dos anos variadas figuras destilarem , através de suas manifestrações episódicas nos jornais ou na televisão , episódios de repúdio à emancipação das massas pobres , como Boris Casoy , Danuza Leão , William Waack , Eliane Cantanhede , não há alguém melhor do que a figura de FHC para personificar a imagem da história dessa elite do atraso brasileira , aquela que quer manter o país a qualquer custo atrelado à sua condição de atraso como forma de bancar seu status social preponderante sobre os demais extratos sociais . Ir a Nova York , frequentar faculdade , salas de concerto , restaurantes , isso não deve se estender a todos , é um privilégio nosso , nossa distinção social sobre os demais . É um direito de nascença , como a pose e a empáfia  de FHC , que nunca fez nada de relevante na vida para merecer esse status , a não ser o berço bem nascido.

  32. Só para entender a diferença:

    Só para entender a diferença: Requiem Mozart mais de 80 milhões de visualizações

                                                     Requiem Salieri menos de 500 mil

    É ou não é para ter inveja

    <iframe width=”560″ height=”315″ src=”https://www.youtube.com/embed/Zi8vJ_lMxQI” frameborder=”0″ allow=”autoplay; encrypted-media” allowfullscreen></iframe>

        

  33. fhc foi e é o maior canalha

    fhc foi e é o maior canalha de nossa história! Esperar o que dele? Até do collor eu esperaria, uma vez que este fernando fez muito mais pelo país do que o bestiólogo de higienópolis!

  34. ferrugem

    O que corrói o fegacê é o fato do outro, o despreparado, ter sido reconhecido como o “O Cara” pelo presidente dos EUA!

    FHC, o coitado ainda tenta, com mil entrevistas, remendar a sua história. Não conseguirá porque nunca valeu nada e a sua empáfia é desprezada pelo povo.

    Haverá, entretanto, uma outra chance!

    Será em 2038 quando, eleito o ÇERRA45 terá o imortal fegacê como o seu  vice….. viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiixe!

  35. Justiça seja feita a Antonio

    Justiça seja feita a Antonio Salieri. É preciso dizer que o homem, embora talvez atacado pela inveja do gênio de Mozart, foi diferente da personagem do filme de Milos Forman. Como maestro responsável pela música da capela da corte do imperador José II, que tinha uma escola anexa, teve papel fundamental para a música clássica, pois foi responsável pela educação musical de vários compositores e músicos famosos, entre eles Ludwig Van Beethoven, Carl Czerny, Johann Nepomuk Hummel, Franz Liszt, Giacomo Meyerbeer, Ignaz Moscheles, Franz Schubert, Franz Xaver Süssmayr, e até do filho mais novo de Mozart, Franz Xavier.

    1. Como você bem diz,

      … ele deve ser lembrado e valorizado por ter sido professor de gênios, embora não me pareça ser possível colocá-lo entre um deles. Conheço vários réquiems, de épocas e em estilos diferentes, que nos arrebatam a cada compasso, e dá vontade de ouvi-los mais e mais vezes. Não é o caso desse Réquiem de Salieri. Eu ainda não o tinha ouvido. Há uns trechos interessantes, mas nada extraordinário. Ainda assim, não podemos negar seu valor na História.

  36. Putz, que inversão completa………
    Vejam essa pérola: “Se FHC tivesse tido a grandeza de montar o pacto de salvação nacional com Lula, a esta altura estaria se ombreando com ele, dois gigantes empenhados em passar por cima de diferenças, pelo bem maior do país.”. O “pacto nacional” mencionado é pós 2013, mas desde o primeiro mandato de Lula que eu, humilde anônimo na multidão, defendia que PT e PSDB deveriam ter uma aliança estratégica para prosseguir no processo de modernização das instituições brasileiras em andamento nos 15 anos anteriores. Na época, o PSDB era um partido de centro-esquerda que fazia uma oposição preguiçosa e protocolar ao governo do PT. Não seria difícil traçar uma agenda comum. No entanto, vejam só: em seu cálculo eleitoral, Lula descobriu que o PT tinha mais a ver com os coronéis do PMDB que com os sociais-democratas do PSDB… FHC deveria ser demonizado, assim como tudo o que havia sido feito em seu mandato, para eliminar seu único possível concorrente em eleições presidenciais. Abrir mão de uma agenda comum com um partido de centro-esquerda e abraçar sem pudor a canalha coronelista do PMDB – e tudo isso em nome de um cálculo eleitoreiro chulo – é ser um ESTADISTA?????? Como assim????? Dito isso, e para finalizar, troquem FHC por Lula na seguinte frase, e vejam como ela passa a fazer sentido: “a luta maior de FHC é para encontrar um significado para sua história, uma interpretação, uma teoria a posteriori que o possa colocar no panteão dos grandes nomes da pátria” FHC só não foi esquecido ainda porque o PT continua precisando de um bode expiatório para desviar a atenção das malandragens de Lula. Vejam que o PT recebeu a casa em ordem dos governos que o antecederam e entregou esse país que temos hoje! Triste constatação, mas contra fatos….. sempre há a falsificação histórica, na qual a militância sempre foi especialista.

    1. FHC e sua inveja estao para
      FHC e sua inveja estao para voce e seu comentario sobre o brilhante texto do Nassif, na exata proporcao. Cuidado, essa porra mata.

  37. E o país volta a afundar na sua insignificância
    Cinco passos à frente com Lula e quinze para trás com nossa classe média idiotizada. Elementos estranhos, que comemoram a própria derrocada. A ditadura da mídia e do judiciário. Tudo volta a ser dominado pela máfia DEMOTUCANA. Enquanto perseguem petistas, maus caráteres corruptos como Aético, FHC, Serra, ACMs, Álvaro Dias, festejam nas sombras.

  38. Nassif, nunca li um texto see
    Nassif, nunca li um texto see tão maravilhoso. Cheguei a chorar. De alegria, claro, ao imaginar o FDP, digo, FHC, lendo essa ode à sua pessoa!!! Estou exultante!!!

  39. Em resumo, FHC deveria ter

    Em resumo, FHC deveria ter negociado o ‘grande pacto nacional’ com aquele cara que passou 8 anos na presidência falando de ‘herança maldita’, ‘nunca antes nesse país’, ‘eles governaram o Brasil por 500 anos’… Tá bom.

  40. No futuro não tão longíguo

    No futuro não tão longíguo Fernando Henrique Cardoso merecerá “belíssimas” notas de rodapé nos livros de História. 

  41. Salieri não tratou mal a Mozart. Pelo contrário

    Quem diz são as traduções da Wikipedia. Na italiana, por exemplo,

    Fu un musicista eccezionale e un ottimo insegnante; tuttavia, il suo nome è rimasto legato nell’immaginario collettivo ad una presunta rivalità con Wolfgang Amadeus Mozart, che alimentò voci su accuse di plagio e perfino di aver causato la morte del compositore salisburghese: supposizione priva di qualunque fondamento storico ma riproposta da Peter Shaffer nel dramma Amadeus nel 1979 e poi dal regista Miloš Forman nel film omonimo.

    https://it.wikipedia.org/wiki/Antonio_Salieri

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador