O Xadrez da Rainha da Inglaterra e do interino do Jaburu

A história é repleta de paradoxos. É como uma espiral, sempre dá voltas retornando ao mesmo lugar, mas alguns degraus acima, como dizia o músico e filósofo Koellreutter. Há enormes semelhanças entre as crises das primeiras décadas do século 20 e as atuais, culminando com o Brexit do Reino Unido, a campanha pela saída do Reino Unido da Comunidade Europeia, que foi vitoriosa no referendo.

Desde o século 19 há a disputa pelo controle das políticas econômicas nacionais, entre a proposta globalizantes – liderada pelo grande capital internacionalizado – e os projetos nacionais.

Esta disputa está na raiz da economia como ciência. De um lado, o pensamento majoritário de crença no mercado, que nasce com Adam Smith, com o mundo racionalmente integrado por economias nacionais, cada qual fundando-se em suas vantagens comparativas.

De outro, o desenvolvimento da economia política, a convicção sobre o papel do Estado nacional para criar a competitividade sistêmica, a partir das ideias do norte-americano Alexander Hamilton, sistematizadas depois pelo economista alemão Friedrick List. Nesse modelo, mercado interno passa a ser tratado como ativo nacional, assim como a proteção das indústrias nascentes, os investimentos estratégicos para conquistar mercados etc.

Na base de tudo, sistemas eleitorais nos quais os dois lados irão vender suas utopias, sobre qual modelo é mais eficiente para levar o bem-estar à maior parte da população eleitora.

 Primeiro passo – a integração dos mercados

No século 19, a expansão da economia global, as novas rotas marítimas, a integração continental com as ferrovias, permitiram alguma integração internacional através do comércio.

O passo seguinte foi através dos fluxos de capitais, a primeira articulação efetiva entre países, a partir da coordenação do Banco da Inglaterra, tendo como parceiros os bancos centrais da Europa e dos países periféricos – no caso nosso, do Banco do Brasil cumprindo essas funções.

A cooptação das elites nacionais se dava através de três personagens centrais:

1.      Os capitalistas locais, que já mantinham relações com a banca inglesa.

2.      Economistas portadores das últimas novas da nova ciência, incumbidos de criar a utopia de que a livre circulação de capitais traria a prosperidade geral.

3.      Políticos eleitos, turbinados pelos recursos dos capitalistas e pelas utopias dos economistas.

A globalização viceja fundamentalmente em países democráticos, em que o jogo se decide pela cooptação dos vários agentes de opinião pública: intelectuais, jornais, políticos, advogados.

No meu livro “Os Cabeças de Planilha” detalho melhor esse modelo e a maneira como cooptaram Rui Barbosa, o primeiro Ministro da Fazenda da República.

Com esse pacto instituiu-se o predomínio do capital financeiro, abolindo qualquer forma de controle e regulação de mercados em um longo período que vai das três últimas décadas do século 19 até a Primeira Guerra Mundial.

Permitiu-se a criação de uma gama extraordinária de novas operações de mercado, visando turbinar ainda mais a especulação.

No tempo de Rui Barbosa, já se batizara de “tacadas” as jogadas possíveis com o controle da moeda, do crédito e a liberação do câmbio, que incluíam jogadas em bolsa, concessões ferroviárias escandalosas, operações de crédito com estados e União.

Esse modelo gera uma dinâmica que se espalha por várias economias até implodir o próprio modelo: Força política –> Desregulação de mercado –> Criação de novos instrumentos financeiros –> Geração de bolhas especulativas –> Implosão.

No caso brasileiro, o resultado foi a grande crise cambial do encilhamento, no nascimento da República, que atrasou por trinta anos o desenvolvimento do país.

Segundo passo – o choque de realidade

Aí chega a conta. Sucessivas bolhas especulativas minam as economias nacionais, mas o sistema político não consegue reagir porque, no período de predomínio da financeirização, sufocam-se as alternativas democráticas de mudança de rota.

Os cidadãos são tomados de profundo ceticismo em relação ao modelo político vigente, tanto interna quanto externamente, em relação às instituições multilaterais, em geral criadas para impor o poder do credor sobre os devedores.

As consequências fazem parte da história: Primeira Guerra, marcando o início do fim do modelo; crise de 1929 assinalando seus estertores; as disputas cambiais-comerciais entre nações; o nascimento do comunismo na Rússia (ainda uma economia feudal) e do nazi-fascismo a partir das disputas eleitorais na Alemanha, França e Espanha; a incapacidade da Liga das Nações em arbitrar conflitos nacionais.Na sequência, a consolidação de regimes ditatoriais até o desfecho final na Segunda Grande Guerra.

Os tempos são outros, o desfecho certamente será distinto, mas os sintomas são os mesmos.

Desde 1972, a financeirização passou a comandar as políticas nacionais. A expansão do capitalismo norte-americano turbinou a China, da mesma maneira que o inglês turbinou os Estados Unidos no século 19. Montaram-se os grandes blocos econômicos, abolindo as fronteiras nacionais.

No plano socioeconômico, abriu uma enorme janela de oportunidades, brilhantemente aproveitada pela China e pelos Tigres Asiáticos, relativamente aproveitada pela América Latina.

Países com baixos salários começaram a se industrializar, como chão de fábrica das grandes corporações. E países que não lograram desenvolver uma estratégia eficiente ficaram fora do baile.

Mais que isso, com o avanço das redes sociais e das diversas formas de comunicação global, a expansão do mercado de consumo e dos valores ocidentais, e sua contraposição, nos movimentos fundamentalistas em países de pouca tradição democrática,abrem espaço para um redesenho da geopolítica mundial. Nesse entrechoque de culturas, países inteiros foram destroçados devido ao desmonte de suas instituições. Trocaram uma ordem anacrônica, antidemocrática, pelo caos.

Em fins do século 19, as diversas guerras e crises europeias e do Oriente Médio promoveram um formidável fluxo de migração para os emergentes, beneficiando substancialmente EUA e América do Sul com mão de obra de qualidade superior.

No século 21, o fluxo migratório inverteu, com populações inteiras de nações destroçadas ou que perderam o dinamismo, invadindo o mercado de trabalho dos países centrais, já assolado pelas perdas de direitos, consequência dos ajustes que tiveram que serem feitos para impedir a quebra dos sistemas bancários nacionais.

Os efeitos são visíveis:

1.      Aumento do individualismo e da xenofobia.

2.      Crise dos partidos tradicionais e das instituições internas.

3.      Crescimento dos partidos de direita, estimulados pelas mídias nacionais, que pretenderam cavalgar a onda para ampliar seu poder político, ante as novas formas de comunicação.

É o que explica o referendo britânico.

A integração europeia era defendida pelo establishment político, financeiro, acadêmico. E foi derrotada pelo voto de protesto difuso, no qual se misturaram  a ultradireita xenófoba e a esquerda antiglobalização. Ou seja, a elite perdeu o controle das massas. O regime democrático torna-se disfuncional. E a maneira encontrada para controlar as pressões nacionais – a camisa de força da União Europeia – começa a fazer água.

Os desdobramentos no Brasil

Todos esses episódios têm desdobramentos no Brasil.

De 2008 a 2012 o Brasil se beneficiou da estratégia anticíclica de Lula e da sobrevida da especulação internacional com commodities, que garantiu alguns anos a mais de fartura.

Quando a crise derrubou as cotações de commodities, depois de dois anos de bom governo Dilma perdeu o rumo. Não conseguiu definir uma estratégia econômica, política, ou social, como ocorreu na crise de 2008 com Lula.

A crise derrubou o ânimo nacional e incendiou as ruas, com multidões insufladas pela mídia e compondo uma geleia geral ideológica: contra os impostos e a favor da melhoria da educação e saúde públicas.

A insatisfação foi turbinada pela Lava Jato, pela piora nas expectativas econômicas e pelos problemas com os serviços públicos.Mas não resultou em um conjunto articulado de propostas, encampado por algum partido político ou alguma liderança emergente. Houve apenas a insatisfação generalizada que abriu espaço para a ação descoordenada de grupos oportunistas de diversas espécies, como os grupos de Cunha-Temer, a Lava Jato, a mídia, os mercadistas. E isso em uma quadra da história em que escassearam as figuras referenciais, na política, na Justiça, no MPF, nos partidos e na mídia.

Essa frente entregou o poder de bandeja para uma das organizações mais suspeitas da moderna história política brasileira: o grupo de Michel Temer, Eduardo Cunha, Eliseu Padilha, Geddel Vieira de Lima e Romero Jucá.

A chance de dar certo é próxima de zero, conforme se verá a seguir.

Um interino vulnerável moral e penalmente

A notícia de Temer recebendo Eduardo Cunha reservadamente no Palácio Jaburu, por si, seria motivo de impedimento de Temer. O presidente interino conversando reservadamente com um parlamentar cujo cargo foi suspenso por suspeita de corrupção, apontado em vários desvios e proibido de frequentar a Câmara, justamente para não conspirar contra a Justiça. Certamente a conversa não girou sobre o Brexit nem sobre a atual campanha do Vasco da Gama. E só foi oficialmente divulgada após os vazamentos sobre o encontro sigiloso.

Para o interino se expor dessa maneira, mostra uma relação nítida de interesses.

A qualquer momento, Temer poderá ser fuzilado por uma das seguintes alternativas:

1.      Uma delação de Cunha ou de outros membros da quadrilha.,

2.      Uma denúncia da Procuradoria Geral da República.

3.      Vazamentos de informações pelos jornais e redes sociais.

Será possível ao país conviver com um interino com tais vulnerabilidades, com uma biografia polêmica, uma companhia suspeita e tendo nas mãos a mais poderosa caneta da República?

Um interino sem dimensão política

Dilma entendeu a dimensão da crise, mas não teve competência para enfrentá-la. Temer sequer logrou um diagnóstico consistente sobre o cenário atual. É surpreendente que, em algum momento de sua vida, criasse fama de intelectual. Suas declarações públicas não conseguem ir além dos ecos da imprensa,.

A maneira como se escora em Cristovam Buarque é deprimente. Alardeou aos quatro ventos o grande elogio recebido de Cristovam, que disse que só votaria pela volta de Dilma se ela mantivesse Henrique Meirelles e a equipe econômica. Ou seja, o aggiornamento de Cristovam não foi apenas em relação ao PT, mas à própria social democracia e à função do Estado que um dia fizeram parte de sua biografia.

Cristovam é uma espécie de Eugenio Bucci do Senado, equilibrando-se permanentemente entre extremos através de declarações rasas de um equilibrismo vazio.

A receita da lição de casa – os sacrifícios impostos aos cidadãos – funcionou quando podia se invocar o fantasma da hiperinflação. Qualquer sacrifício seria legítimo, pois todos eles visariam impedir a volta do fantasma.

O momento é outro. Têm-se uma população que experimentou períodos de bonança, conquistou direitos, incluiu-se no mercado e não aceita retrocessos. Para ela, Temer acena com mudanças radicais na Previdência, cortes nos gastos sociais com educação e saúde, aparelhamento da máquina pública com o que de pior a fisiologia política criou, a corrupção endêmica, profundamente enraizada na atuação política do grupo que empalmou o poder.

A democracia sem votos

É nessa sinuca que se desenvolve a tese da democracia sem votos, um sistema controlado pelas corporações públicas, pelo Ministério Público Federal e Tribunais superiores, pelos Tribunais de Contas associados à mídia.

É por aí que se entende a geopolítica norte-americana, de aproximar-se das estruturas dos Ministérios Públicos e Judiciários nacionais. Aliás, como bem lembrou Dilma na entrevista à Pública, a interferência externa não é agente central do golpe, que é fundamentalmente coisa nossa.

Será impossível se aplicar as teses neoliberais a seco. Nem encontrar políticos de discurso claro e vida limpa para conduzir o desmonte do Estado social sem ter o que mostrar pela frente.

Olhando todas essas peças do jogo, há movimentos que tenderão a crescer exponencialmente:

1.      Contra o golpe, ganhará fôlego a tese da constituinte exclusiva para a reforma política, suprapartidária, tendo como bandeira comum a crítica à crise de representatividade do Parlamento e dos partidos.

2.      Como aprimoramento do golpe, inicialmente a tentativa de tucanização de Temer, esbarrando na dinâmica da Lava Jato, de criminalizar também as lideranças tucanas até agora poupadas. Todos fazem parte do mesmo balaio.

3.       Como saída alternativa, o impedimento da chapa Dilma-Temer seguido de eleições indiretas visando consagrar alguém fora da política tradicional para completar o trabalho.

4.       Como lance final, maneiras de inviabilizar as eleições de 2018, pela óbvia impossibilidade de vencer eleições montado na velha lição neoliberal de desmonte das conquistas sociais.

 

Luis Nassif

43 Comentários

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  1. “Esta disputa está na raiz da

    “Esta disputa está na raiz da economia como ciência. De um lado, o pensamento majoritário de crença no mercado, que nasce com Adam Smith, com o mundo racionalmente integrado por economias nacionais, cada qual fundando-se em suas vantagens comparativas.”

     

    O pressuposto de que a competição entre os agentes econômicos gera o melhor aproveitamento dos recursos escassos é totalmente falso, é apenas uma crença.

    Eu não quero saber da “concorrência perfeita”, eu quero estudar sobre a “cooperação perfeita”, sobre a permacultura, sobre a economia solidária, sobre os arranjos produtivos que não esquecem da dimensão espiritual do alimento produzido. Este é o futuro.

    Imagine o possível desenvolvimento econométrico que o termo “cooperação perfeita” pode ocasionar.

    O capitalismo (com sua elite que detém os meios de produção) o socialismo (com sua elite que detém o poder do máquina estatal) ao longo da história criaram a mesma coisa: uma estrutura piramidal de poder.

    Eu acredito na auto-gestão, no poder do círculo, onde cada ponto é igualmente importante.

    Enquanto isso, as velhas discussões sobre esquerda versus direita continuam como um jogo nulo.

    É preciso do novo, das novas idéias de um sistema produtivo que valorize e proteja a natureza e as relações socias sagradas entre as pessoas. 

    Eu não sou “consumidor”. Este é principal erro das teorias econômicas, remover do agente econômico a sua dimensão humana.

     

     

     

  2. “Esta disputa está na raiz da

    “Esta disputa está na raiz da economia como ciência. De um lado, o pensamento majoritário de crença no mercado, que nasce com Adam Smith, com o mundo racionalmente integrado por economias nacionais, cada qual fundando-se em suas vantagens comparativas.”

     

    O pressuposto de que a competição entre os agentes econômicos gera o melhor aproveitamento dos recursos escassos é totalmente falso, é apenas uma crença.

    Eu não quero saber da “concorrência perfeita”, eu quero estudar sobre a “cooperação perfeita”, sobre a permacultura, sobre a economia solidária, sobre os arranjos produtivos que não esquecem da dimensão espiritual do alimento produzido. Este é o futuro.

    Imagine o possível desenvolvimento econométrico que o termo “cooperação perfeita” pode ocasionar.

    O capitalismo (com sua elite que detém os meios de produção) o socialismo (com sua elite que detém o poder do máquina estatal) ao longo da história criaram a mesma coisa: uma estrutura piramidal de poder.

    Eu acredito na auto-gestão, no poder do círculo, onde cada ponto é igualmente importante.

    Enquanto isso, as velhas discussões sobre esquerda versus direita continuam como um jogo nulo.

    É preciso do novo, das novas idéias de um sistema produtivo que valorize e proteja a natureza e as relações socias sagradas entre as pessoas. 

    Eu não sou “consumidor”. Este é principal erro das teorias econômicas, remover do agente econômico a sua dimensão humana.

     

     

     

  3. Opção 3 já está sendo pensada

    Opção 3 já está sendo pensada e estruturada há algum tempo. Batata que teremos presidente eleito indiretamente em breve.  O bom será assistir à luta “fraticida” que Serra levará a cabo, para tentar ser escolhido. Como nomes, aposto que será escolhido um dos três: Nelson Jobim, FHC ou Henrique Meireles.
    Interessante é também observar – e isso mereceria uma análise mais profunda neste intigrante xadrez – a não percepção, pela população, do desmanche dos direitos e políticas sociais que está sendo promovido. Anestesia? compactuação inconsciente?  manipulação? Falta de informação?  Desinteresse sobre o próprio destino, pura e simples?  Se o povo, (povão, maioria, massas) tirar do saco a coroa e assumir o papel de rainha, vai ser um deus nos acuda nesse tabuleiro. O jogo terá que ser revisto de cima a baixo.

    1. Giuseppe , como voce disse:

      Giuseppe , como voce disse: “povão, maioria, massas, tirar do saco a coroa e assumir o papel de rainha”, esqueça…! Infelizmente, a massa foi devidamente amestrada pela mescla da péssima influência do JN e afins somado à própria ignorância, então nada além acontecerá porque essa mesma “massa” não tem a menor idéia de que é dela a corôa e o protagonismo. A situação está tão crítica que essa “massa” só tem em mente como sobreviver com a atual crise com o feijão beirando a R$15,00 o quilo, aqui em sp está nesse pé..

      Essa massa não sabe o que é golpe de estado, não conhece história do Br, e que ela é que pagará a conta desse disparate de golpe… Vão comer o pão(duro e mofado) que o diabo amassou. Retrocesso é pouco para o que está desenhado para a maioria dos brasileiros, essa maioria que voce chama de povão, massa..

      A receita? A despolitização, nenhuma noção de cidadania ou nacionalismo e falta de investimento em educação foi desde sempre política de estado no Brasil para produzir essa “massa” acrítica e à margem da condução do seu próprio destino, estou errada? Os progressistas falharam na conscientização política do povo, e aí, agora, é “rabo de fuguete” chamar essa “massa” para ir paras as ruas defender os seus direitos..

      É de doer: país rico com um povo tratado desse jeito é presa fácil para os interesses economicos e geopolíticos mundiais, simples assim..

      Nada acontece de eficaz. Estamos no “mimimi” das palavras e textos contundentes. Palestras e mais palestras envolvendo intelectuais, sindicalistas e etcs, dentro de universidades, mas é daí?  Só isso mesmo..

      A realidade atual é como rapadura: é doce mas é dura..

      O Brasil é a terra do nunca! Nunca será o que tem tudo prá ser: a nação mais rica do planeta devido às suas riquezas naturais, além de maior diversidade cultural do mundo. Nesse sentido, o Br é digno de pena !! Pena de ser naturalmente rico mas o povo ser conduzido a ser o mais alienado e pobre de espírito do planeta.

      Pena..pena..pena…! 

       

       

       

       

       

  4. Muito bom, Nassif

    nem desenhado ficaria mais claro. Só não me conformo com o tanto que escrevemos nas épocas dessas várias etapas, no meu caso, cego do perigo que se corria desse final caótico e irreversível por longo tempo. Talvez, aqui discordemos.

    Como eu não enxerguei o encadeamento do golpe, como postei no ligar-os-pontos, ontem no FB?

    1) Dilma no início de 2013, repetindo os índices de aprovação recordistas de Lula; (Datafolha); 2) Em maio de 2013, através dos bancos públicos, a presidente força a redução das taxas de juros. O lucro dos bancos com juros, embora ainda enormes, cai 20% (UOL); 3) Quem disse que era isso o que o empresariado – indústria, comércio e serviços – queria, mas sim a cntinuidade do aumento da demanda para manterem um pé na operação e outro na Tesouraria?; 4) Junho de 2013, um aumento de R$ 0,20 nas tarifas do transporte em São Paulo provoca dias de grandes manifestações contra os governos e foco pricipal em Fernando Haddad, PT e Dilma; 5) Despenca a aprovação da presidente; 6) Deslumbramo-nos com o novo ativismo digital; 7) Nisso e nos escândalos da Petrobras, levados a delações premiadas na Lava Jato, a direita se organiza e dá voz menos medíocre ao conluio midiático com o Judiciário. A oposição, dãaammmm, demora a perceber a janela; 8) o golpe chega ao Congresso e Eduardo Cunha divide e ganha o PMDB para a oposição; 9) Impeachment; 10) “De volta ao começo”: queda na Selic pressionará bancos e encolher sua rentabilidade em até 0,7 ponto. (Valor, 24/06). 

    Enquanto isso eu e os amigos jogávamos dominó num botequim.

    .

    1. isso é o que enfraquece…

      ->”  4) Junho de 2013, um aumento de R$ 0,20 nas tarifas do transporte em São Paulo provoca dias de grandes manifestações contra os governos e foco pricipal em Fernando Haddad, PT e Dilma”

      nem a própria Dilma tá mais nessa. sem entender Junho de 2013, reduzindo-o a uma criação dos demiurgos da CIA ou uma orquestração da Direita para minar a popularidade do governo, não será possível encontrar rumo para nos libertarmos do golpeachment – por sinal, também eminentemente cosa nostra. Junho de 2013 foi a grande oportunidade perdida para a Reforma Política.

      ”Não. Eu não acho que aquilo ali [Junho de 2013] foi uma manifestação da direita. Eu não acho, realmente. Não acho que esteja ali o fulcro dos movimentos de direita, não acho.”

      Dilma Roussef, 27/06/2016, entrevista à Publica

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=7pFeDI4T6Ic&spfreload=10%5D.

    2. Muito bem, Nassif

       

      Senhores,

      Eu não sei se são os senhores que esqueceram ou o meu Alzheimer é que está pior, mas há um start up, da zona em que se transformou a conjuntura econômica desta Grande Colônia, resistindo na minha memória e que antecede, em algum tempo, aos black blocs. Desde os primeiros meses de 2013 se registravam críticas sistemáticas e crescentes à condução da economia e, tangencialmente, adquiriam corpo os açoites às ações positivas de inclusão social e de redução das desigualdades. Eu recordo de um artigo do Prof. Delfim Netto – um gênio com a mente voltada para o mal – onde faz uma afirmação das mais lúcidas das que já li ou ouvi sobre a Economia. Segundo ele, a Economia, ao contrário da Física, por exemplo, não é uma ciência, é uma disciplina. Como tal, não se sujeita a leis como a da gravidade. Enquanto você pode discursar contra a lei da gravidade até cansar que nada alterará, o discurso contra as “leis” da Economia traz efeitos. Assim, quando os números de 2012 foram conhecidos, trazendo uma expansão do PIB menor do que o esperado e uma performance geral frustrante, abriu-se uma janela de oportunidade para desancar o sarrafo nos comunas da hora e sua nova matriz econômica, um crescimento potencial do pib de 6% e a delirante tese de dar pão, educação e casa para pobre . Os Catilinas Econômicos, foram reconvocados e, vagorosa, mas em inexorável marcha, um a um, reergueram-se da escuridão dos sepulcros para onde tinham sido levados nos anos de vacas gordas. Mirians e Sardenbergs à frente. Dia após dia, manchete econômica após manchete econômica, desancaram a pau os fundamentos da economia e, por tabela, o verdadeiro alvo: o sentimento de confiança do público. Criou-se o clima para a reversão das expectativas. Por óbvio, registre-se que a Presidente e seus ministros deram um auxilio tão grande que incomensurável quando não souberam se posicionar e agir para evitar a desgraça anunciada. Afinal – seguindo a inspiração agrícola às metáforas – não adianta adubar terra seca, então, sem aquela valorosa ajuda o discurso catastrófico não teria dado frutos. Para fechar com chave de ouro o concurso nacional de tiro no pé, além de não achar resposta aos problemas reais da economia, criaram-se outros, com forte reflexo político na base de apoio popular. Ao correr atrás de fumaça para responder ao cenário econômico desenhado pelos jornais acabou na solução Levy, el Rompedor provando, novamente, que nada é tão ruim que não possa piorar. Aliás, nesse aspecto a Presidente Dilma é uma predestinada. Se há um fator com o qual ela sempre pode contar em qualquer equação é que algum de seus auxiliares vai pisar na bola, aconselhá-la a pisar na bola ou não avisá-la que está prestes a pisar na bola. Se há duas coisas pelas quais a Presidente não nunca poderá ser acusada são a de saber montar equipe e a de ter uma boa comunicação institucional.         

      Os black blocs, juntamente com o Passe Livre, foram apenas os catalizadores da reação que se formou dentro do quadro, prévia e deliberadamente, desenhado. Exemplo perfeito da teoria do caos. Aparentemente, de início foi um movimento espontâneo, anárquico, sem lideranças formais, unido em  uma causa libertária e sem pauta clara a não ser a do passe livre. Político, porém apartidário, alimentado pelo inconformismo, pela inquietude e pelo ativismo romântico da meninada, foi admirável. Incompreendido e reprimido, pelos mesmos personagens com mais de 30 anos que nos reprimiram nos anos 70, foi em seguida, infiltrado, desfigurado e segregado pela mídia, entre ordeiros/pacíficos e baderneiros/violentos. Desta forma foi esvaziado e extinto. Primeiro por ser imprevisível, logo, não controlável. Mas, também, porque cumpriu a função desejada. Transformou-se de uma manifestação local, com foco em protestos contra o poder local, em um movimento contra o governo federal, precisamente, contra a Presidente Dilma Roussef. Mesmo que essa interpretação encontrasse abrigo apenas na versão do Jornal Nacional, deixou como herança a marca da primeira demonstração pública de insatisfação com o governo bolivariano, populista e ladrão. Não somente ladrão, mas, pelo que parece precursor de toda a rede de corrupção que assolou e continua assolando o País. Segundo colunista de semanário de larga circulação, muito antes de se corromper o NYT para publicar matérias inverídicas e tendenciosas contra o governo legitimo e instalado de acordo com o “livrinho”, um antepassado do tesoureiro do partido mais corrupto do mundo, veio ao Brasil, embarcado como clandestino, na nau de Tomé de Souza. Informações vazadas dão conta que conforme o MP, o fato configura, não somente a premeditação e a formação de quadrilha, mas, a existência de uma dinastia de finórios malfeitores que, em crime oculto e continuado, sangra o Brasil desde 1549. Inclusive, uma fonte privilegiada informou que perícia técnica efetuada em registros históricos da organização criminosa, apreendidos na sede dos malfeitores, em São Paulo, concluiu que as suas cores institucionais celebram os primeiros ativos por eles desviados, à socapa e à sorrelfa (sic), das mãos do povo brasileiro: o pau-brasil e o ouro.      

      Voltando aos fatos correntes, lembro que a semente, oriunda dos protestos de junho de 2013, foi mantida em estado dormente, sendo nutrida pela campanha promovida contra a Presidente Dilma, o ex-Presidente Lula e o PT pelos próceres da República, antes e depois da eleição, até germinar e dar o fruto envenenado que todos, ao que me parece, teremos que comer e tentar digerir.

      Não podemos esquecer que foi da mesma semente que se originou a deflagração da Guerra Coxinha. Guerra essa mais televisionada que a Guerra do Golfo e a War on Terror juntas. O Exército Coxinha, com seus guerreiros da fé cristã e da temperança, guardiões da moral cívica, baluartes da justiça e da informação livre e democrática teve o batismo de fogo, em 2013, como quinta coluna infiltrada no movimento Passe Livre e nos black blocs. Ali, foi quando nasceu.

      A guerra, na linha de frente, foi travada sem tréguas, somente aos domingos e após o almoço na churrascaria, porque Coxinha Comido Jamais Será Vencido e “não somos mortadela para fazer protesto em dia de trabalho, sabe quanto custa a minha hora?” Bateram panelas e fizeram-se ouvir pelo firmamento, com auxílio dos amplificadores da mídia nacional e da logística de abastecimento dada pelo judiciário. Fez-se assim a base popular para o golpe, formada por uma minoria barulhenta que, em tomadas panorâmicas, iludiu e possibilitou ser noticiada e anunciada como representação da vontade do Povo e da Nação. Exercida pelo nosso maravilhoso Congresso onde, em sua câmara alta, ora acontece a última batalha.

      Quanto às tropas do EC, tal qual um dos seus ídolos, the President of the United States of America  George W. Bush, a bordo do USS Abraham Lincoln, estenderam a faixa Misson Accomplished, deitaram falação antecipada de vitória  e voltaram para casa, deixando um rastro de destruição, sem pensar nas consequências, no day after e, muito menos, nas suas vítimas, dentre as quais os próprios estão incluídos. Resta a mim um consolo, burro, mesquinho e rasteiro, próprio do béocio que sou: o de ver meus pares, arrependidos até a morte, chorando misérias pela monstruosa cagada que ajudaram a fazer.

      Bom dia e boa sorte, irão precisar (eu não, se piorar vou morar em Portugal, ao menos até que votem pelo Portexit, ou raios lá isso venha a ser chamado).

       

  5. que estresse

    Nassif estressado!

    Algumas palavras digitadas nervosamente sem espaços…

    Não é nada disso. É Serra na cabeça em 2018, a não ser que mais que uma bolinha de papel o atinja. Uma bulimia, ou falta de serotonina (é assim que se escreve?) pode liquidar o nosso poupado político. Uma orfandade geraria uma divisão do Brasilzão, coisa impensada no xadrez. 

    Seria uma beleza ver a campanha do carioca Bolsonaro bombando no sul, e implodindo-se por isto. 

    Abraços, também nervosos.

  6. Bom texto que contém uma imprecisão fundamental

    Não é verdade que o governo Dilma foi bem apenas até 2012. Isto é ampla, geral e irrestritamente falso. Foi muitíssimo bem até junho de 2013. Tínhamos em junho de 2013 a inflação plenamente controlada, o país crescendo e gerando empregos, os investimentos públicos e privados em crescimento, etc. 

    Tudo isso, sabe-se lá como, foi pulverizado pelas manifestações dos fantasiados do junho de 2013. E olhem que mesmo com essa idiotice do junho de 2013 o país cresceu 3% neste mesmo ano. Sem as horizontalizadas e imbecilóides manifestações “contra a Copa” ou pelos tais de 20 centavos, o país teria crescido até 4% em 2013.

    Imediatamente após o junho de 2013, que muita gente de “esquerda” e que vários “progressistas” ainda insistem em defender como sendo algo “revolucionário”, a formação bruta de capital fixo (taxa de investimentos) despencou violentamente e até hoje não voltou ao normal. 

    Como é possível que uma explosão de idiotice coletiva, como aquele junho de 2013, tenha acontecido num país que crescia economicamente, que distribuia renda, que gerava empregos, que tinha um orçamento equilibrado e superavitário e que mantinha a inflação sob controle e a taxa de juros em patamar de apenas 8% ao ano?

    Mais do que isto, é preciso sempre relembrar que até a setembro de 2014 o Brasil manteve as contas públicas em boa ordem. Foi a partir da queda virulenta do preço do petróleo, ocorrida no terceiro trimestre de 2014, que as contas nacionais começaram a ruir (isto para não falar na queda espetacular da cotação de outras várias commodities, algo que começou em agosto de 2011 e que se tornou um processo irrefreável em fins de 2013 e início do ano subsequente). 

    Quanto às soluções apontadas por Luis Nassif, destaco a que fala sobre a Constituinte Exclusiva para a reforma política. Lamentavelmente vários “blogs progressistas” torpedearam sem dó nem piedade a presidenta Dilma Rousseff em junho de 2013, quando a mesma bancou justamente essa proposta de Constituinte Exclusiva para a reforma política! É dizer que Dilma estava certa desde o início, com larga visão do futuro e antevendo o caos de administrar um país com 34 partidos políticos representados no Congresso, enquanto alguns “progressistas” se perdiam em devaneios e delírios de aprovação aos fantasiados do junho de 2013. 

    Para fechar, desafio a qualquer um que seja a ler, relembrar e desmentir que várias das medidas tomadas em 2015, pelo ministro Joaquim Levy, não vieram engatilhadas já no tempo de Guido Mantega, em fins de 2014. 

    Guido Mantega alertava já em 2014 que a política anticíclica, iniciada com sucesso por Lula em fins de 2008, e mantida por Dilma até dezembro de 2014, estava com os dias contados. E assim estava por uma razão muito simples: o orçamento estourou e era preciso reverter as políticas de desonerações fiscais. 

    Isso foi dito e defendido por Mantega em 2014! E era a mais pura verdade. 

    1. Lendo e relendo
      Penso que este comentário acima deixa o poder, o poder de fato, algo esvaziado. Jamais passou pela cabeça da presidenta, devemos conceder, uma crise institucional desta ordem: do Legislativo ao Judiciário. Passando pelo MP que agora escreve e peticiona que quer a ‘casquinha das multas e restituições’ da Petrobrás ( um elemento que escreveu e assinou isto dentro dos autos deveria nunca poder acusar ninguém – ninguém mesmo – de corrupção )…

      Esta tal desordem institucional, do alcance à magnitude, permite a seguinte reflexão: se o poder, o poder de fato, não imaginaria uma amplitude desta ordem, sua função porém ainda consiste em trabalhar e antever ( levar em conta a possibilidade, mesmo sem que ninguém de bom senso nela acredite ), em grau de segurança institucional – e responsabilidade inerente -, tais cenários.

      Dilma, a Dilma que duas semanas atrás admitia eleições a seguir da conclusão do impeachment, há dois ou três dias nem tratou de desmentir a veiculação que já não apóia mais tal entendimento…

      Cadê a responsabilidade em governar. Ou a responsabilidade de se afastar voluntariamente quando isto não consiga?

      ( nota: continuo achando o impeachment um golpe )

  7. Comportamento desde 2015 Dilma é de refém ?
    Dilma faz parecer que não entende a situação do país e as bobagens que fez desde o resultado da vitoria contra Aécio. Se entendesse  a gravidade no lugar de posar  querendo uma fotografia na história da honesta no mar de lama e de vitima de golpe, ela já teria aderido em alto e bom som a campanha em favor de eleições gerais e do fora Temer.  Se descolado do Zé Cardoso  e já plantado a volta dos valores da constituição original da CF, da petição de cancelamento das alterações desde 1998 feitas na CF, inclusive de cargo vitalicio para os presentes  Ministros do STF. É tudo ilegal e ilegitimo. Reverter tudo que foi  resultado desse congresso ilegitimo, mensalizado ou casa de usurpadores e terceirizado por contribuição do poder econômico, resultado da lei inconstitucional de FHC e Gilmar Mendes de 1997, mãe da corrupção sem limites que se verifica. Dilma envergonhou seus Mestres de Economia  ao capitular  e deixar governo a deriva, para a plutocracia e Mercado, tudo. Abandonou feito Marionete, os compromissos de campanha vitorioso, a população, sindicalistas,  em favor de interesses da elite, do  FMI, da Europa, dos EUA, da minoria perdedora. A crise que ela e a maioria sem dinheiro no banco é resultado das trapalhadas dela Dilma, quando traiu Lula e os eleitores trazendo Levy, diretamente do Bradesco e do PSDB  para desconstruir Guido e o governo Lula, enfim deixando Levy pilotar o avião do governo petista contra o solo, para criar massa de desempregados para reduzir salários,  e logico perdeu todo o apoio da população que estava despreocupada pensando em viver dias melhores, igualmente como acreditavam  os empresários fora da quadrilha da FIESP e não-sócia de banqueiros. Todos sem proveito do esquema ganha-ganha de taxas de juros básicas do BACEN  MUITO acima da taxa de retorno da industria e economia civilizada. Sem proveito da dissipação do dinheiro dos impostos, Maluquice de Dilma de trazer Levy  tinha disso elogiada por PH. Assassinato de um projeto politico seguido de suicídio, politico.

     

  8. A campanha popular já tem nome

    “Diretas Já”, não existe possibilidade de um cidadão que não só não recebeu nenhum voto como sequer foi candidato governar o país e prejudicar o povo. No momento em que cair o interino a mobilização vai começar pra evitar qualquer eleição indireta. O povo não aceitará.

  9. o que fizemos no outono de 2007?

    em Abril de 2007, a New Century Financial vai a falência, intoxicada pelas hipotecas subprimes que emitira, marcando primeiro evento da grande crise de 2008.

    em Maio de 2007, é deflagrada pela PF a Operação Navalha para desbaratar esquema de superfaturamento de obras do PAC.

    “O senador Delcídio Amaral (PT-MS) usou a tribuna do plenário do Senado para se defender das acusações de que o empresário Zuleido Veras teria pago o aluguel de um jatinho em abril passado. Delcídio afirmou, em discurso, que não sabia que seu amigo Luiz Gonzaga Salomon recorreu ao empreiteiro Zuleido Veras para pagar o fretamento de R$ 24 mil do avião que usou em 4 de abril. Depois de muito blá!, blá!, blá!, cara de choro e sei-lá-mais o que, o senador defendeu também a abertura de uma CPI para investigar as operações da Gautama.”

    “Vira essa navalha para lá”,  21/05/2007 no blog Os Amigos do Presidente Lula

    no outono de 2007 todos os sinais já antecipavam a queda do lulismo e a chegada da crise econômica mundial. foi o Alzheimer político que nos atirou nesse poço sem fundo no qual agora continuamos a afundar…

    o golpeachment é cosa nostra.

    .

  10. Um povo que não tinha nada
    Um povo que não tinha nada nem o que comer e ainda assim esse sofrimento não lutava por seus direitos, completamente ignorante política , depois que ganhou muito nos governos petistas, e agora perderá tudo com os golpistas vocês ainda acham que eles vão se revoltar sair às ruas em massa contra os golpistas e a perdas dos seus dirritos? Não acho e não vai, porque não foram ensinadas à lutar e defender os seus direitos, elas são manipuláveis e conformadas e habituadas a viver com pouco ou com nada, se sentem impotentes porque não foi lhes ensinados da força que tem ao se organizar e ir a luta.
    Infelizmente nesses anos todos a esquerda não soube politizar as pessoas.

  11. o que fazemos no inverno de 2016?

    o inverno já chegou. e com ele vieram os exércitos de zumbis.

    numa Democracia cercada e com o Estado de Direito em escombros, uma Lava Jato pretensamente dedicada ao combate à corrupção entroniza no Planalto uma organização criminosa. cosa nostra: Temer é Cunha! com a falência das instituições, envenenadas pelos propinodutos, os Cruzados de Curitiba pleiteiam bonificação por sua performance.

    a Crise de 2008 ainda pulsa. USA Incorporation já não conseguem estabilizar a economia mundial: a Europa se desintegra, a provincial Germânia mantém o Euro disfuncional, o Japão segue estagnado, e o dragão Chinês já não cospe fogo como antes.

    tanto aqui como em toda parte o sistema está em colapso. o que é agravado por uma inédita e reveladora crise climática: o capitalismo cruzou um limite perigoso, ameaçando a sobrevivência da própria sociedade.

    quais os sinais? o que eles antecipam? alguma luz do abismo?

    .

  12. Comentário 01:Cético no

    Comentário 01:

    Cético no pensamento, otimista na ação.

    “Será possível ao país conviver com um interino com tais vulnerabilidades, com uma biografia polêmica, uma companhia suspeita e tendo nas mãos a mais poderosa caneta da República?”

    Sim, plenamente possível. Basta a Globo e cia. darem sustenção. Não esqueçamos, trata-se de um oligopólio muito poderoso, capaz de definir a agenda e o humor do país. Não define as eleições presidênciais pq o horário eleitoral e os palanques e debates não permitem.

    Como se fará isso? Ora, como foi feito para sustentar as ilegalidades da Lava Jato, o Golpe de Abril e está sendo feito até agora.

    Querem mais um exemplo?

    “A notícia de Temer recebendo Eduardo Cunha reservadamente no Palácio Jaburu, por si, seria motivo de impedimento de Temer.”

    E por que não foi? Ora, pelo motivo acima exposto.

    Comentário 2:

    Há uma contradição.

    “Têm-se uma população que experimentou períodos de bonança, conquistou direitos, incluiu-se no mercado e não aceita retrocessos.” (Será? Tomara. Mas nessa hora sou São Tomé, só vendo. Não ponho muita fé, e aí está a contradição dos lances do xadrez.)

    Pois, a proposta do Golpe, com ou sem Temer, é, entre outras coisas: “mudanças radicais na Previdência, cortes nos gastos sociais com educação e saúde”, etc.

    Se, a população se rebelar, não tem como se acelerar as: “maneiras de inviabilizar as eleições de 2018, pela óbvia impossibilidade de vencer eleições montado na velha lição neoliberal de desmonte das conquistas sociais”

    Isso porque o Golpe já foi dado. A piora das condições econômicas vai cair no colo deles e seria contra eles que a população se rebelaria (caso esteja correta a hipótese de que ela não aceitará perdas).

    Comentário 3:

    “a interferência externa não é agente central do golpe, que é fundamentalmente coisa nossa.” Em 64 também “não foi”. Mas foi. Não por acaso ocorreram golpes em vários países da América do Sul: Chile, Argentina, Uruguai, fora as intervenções na América Central, diretas (Panamá) ou indiretas (Nicarágua, Honduras, El Salvador).

    Manifestações de Junho de 2013 + Lava Jato + Mídia = Golpe – Abril de 2016.

    Grande Mídia brasileira e Golpe são sinônimos, há inclusive um neologismo PIG.

    E quem foi determinante para mobilizar a classe média via redes sociais?

    Quem foi determinante na orientação/formação para o “combate a corrupção” do MPF e Juiz de Curitiba? E a NSA que grampeava até a Presidência, não grampeou agentes políticos e diretores da Petrobrás e Eletronuclear e passou as orientação para o MPF e o Juiz?

    Lógico, como em 64 quem deu o Golpe foram os brasileiros, mas coordenados/motivados por quem (por quais interesses)? Como naquele ano, a causa primeira foi interna ou externa?

    Ah, o INTERESSE NACIONAL. Sem Interesse Nacional, não há Inteligência NACIONAL. Sem Interesse Nacional, abre-se espaço para o Interesse Internacional e aí, nossa Inteligência fica a serviço de quem se interessa pelo Brasil que é o EUA. Simples assim.

    Em 64, a razão do Golpe foi o combate ao “comunismo”. Quem tomou a frente? Os militares (orientados pelos EUA, foram eles que escolheram o Castello Branco). E a quem interessava esse combate? Seria o fazendeiro João Goulart um comunista? 

    Em 2016, a razão do Golpe é o combate a “corrupção”. Quem tomou a frente? MPF e Juiz de Curitiba (ambos com cursos e parcerias com os EUA). E a quem interessa esse combate (contra a principal industria nacional e o principal partido social democrata e com um projeto desenvolvimentista)? Seria o combate a corrupção o motivo porque se depos uma Presidente ilibada para colocar no poder um Vice corrupto?

    Comentário 5:

    “uma espécie de Eugenio Bucci do Senado, equilibrando-se permanentemente entre extremos através de declarações rasas de um equilibrismo vazio.”

    Ufa, que alívio, sempre tinha esse diagnóstico, mas achava que era implicância minha.

    1. o que fizemos em 31 de março de 1964?

      -> “Lógico, como em 64 quem deu o Golpe foram os brasileiros, mas coordenados/motivados por quem (por quais interesses)? Como naquele ano, a causa primeira foi interna ou externa?”

      “E o Jango chegou e diz assim: Eu quero agradecer o companheirismo de vocês todos e o apoio que estão me dando. Mas eu prefiro me retirar do país para evitar o derramamento de sangue. Eu nunca me esqueci que o Brizola diz: Vai-te embora, traidor. Tu nunca mais vai voltar prá este país.”

      Coronel Pedro Alvarez, no filme “Os militares que disseram NÃO”, de Silvio Tendler – 00:21:28

      .

  13. “Será possível ao país

    “Será possível ao país conviver com um interino com tais vulnerabilidades, com uma biografia polêmica, uma companhia suspeita e tendo nas mãos a mais poderosa caneta da República?”

    Para isso ser possível, ou seja, para Temer manter-se no poder, ele via ter de fazer concessões até ao diabo.

    Com essa vulnerabilidade, Temer entregará o Brasil a todo tipo de poder: laboratórios, donos de planos de saúde, industriais, banqueiros, grupos de mídia, especuladores e bandidos de qualquer ramo.

    Mas, o brasileiro médio não alcança essa visão, não se apercebe do que está sendo arquitetado dia após dia nesse golpe em curso.

    Eu tinha pleno conhecimento da ignorância e desinteresse social e político que existe na maioria da população , mas nunca imaginei que nosso país sofreria tamanha regressão. É doloroso.

     

    “É surpreendente que, em algum momento de sua vida, criasse fama de intelectual.”

    hehehe… Segundo o Mino Carta, deve ser por causa do excessivo uso de mesóclises.

    Os idiotas adoram pseudointelectuais. Eles fazem sucesso.

     

    “3.       Como saída alternativa, o impedimento da chapa Dilma-Temer seguido de eleições indiretas visando consagrar alguém fora da política tradicional para completar o trabalho”

     

    Acho que a população não aceitaria isso! Cassar Dilma e Temer sim, aceitariam, mas eleições indiretas não!

    Iriam, com certeza, pedir eleições diretas Já. 

  14. O polêmico Junho de 2013

    Junho de 2013

    Houveram duas frentes nesses atos.

    Uma juventude ávida por participação. E esses atos foram sua estréia na vida pública e política. A presidente da UNE, por exemplo, é uma manifestante de Junho/13. 

    Um grupo jovem de direita que encontrou nesse momento uma oportunidade de lutar contra um Governo que não lhes representava. Aí, se especula que há alguns líderes (Vem pra Rua?) orientados por ONGs americanas (Soros). Pode estar aí um braço americano, pensado via redes sociais como foi feito na Primavera Arabe e Croácia (?) 

    Obs.: Posterior a essas manifestações houve um certo refluxo da juventude e, ao mesmo tempo, uma divisão. As posteriores manifestações contra o Governo (com camisas da CBF) não eram o mesmo público (eram um público mais velho). Uma parte da junventude, a exemplo da Presidente da UNE foi e está indo pra rua contra o Golpe.

    Mas aquelas manifestações de junho foram muito bem instrumentalizadas pela Direita (suspeita-se com inteligência americana).

    Em suma, há duas leituras possíveis e ambas podem estar corretas, dependendo do enfoque que se dê a cada uma delas. 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=UiVDtWb7K48%5D

    1. onde estávamos em Junho de 2013?

      Junho de 2013 ainda pulsa. a Crise de 2008 ainda é pouco. é impossível compreender a crise atual sem responder a pergunta: onde estávamos em Junho de 2013?

      estávamos nas ruas? ao menos acompanhamos as manifestações ao vivo pelo inovador trabalho dos mídia ativistas?

      ou ainda nos iludíamos com os altos índices de popularidade do governo, assim como o mercado financeiro acreditou piamente no triple A carimbado pelas agências de risco nos derivativos tóxicos de Wall Street em 2008?

      não tínhamos ainda percebido que nenhum incentivo e desoneração despertariam qualquer espírito animal numa lumpen burguesia viciada no saque e na pilhagem? ainda mantínhamos a fé numa solução à la Brasil para um Mensalão que jurávamos nunca ter existido? achávamos mesmo que Eike era o empresário-companheiro, molde inaugural de toda uma geração de futuros capitalistas brasileiros comprometidos com o desenvolvimento nacional?

      enquanto os sucessivos e intermináveis vagalhões do tsunami da crise global destroçavam a ordem econômica e política mundial, ainda contemplávamos o próprio umbigo monocordiamente repetindo tratar-se só de uma marolinha?

      ou até hoje preferimos acreditar que a maior de todas as crises brasileiras, no bojo da mais grave crise do capitalismo desde 1929, tudo isto na verdade não passa de manipulação da Rede Globo?

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=Dw7BBtwl4Bw%5D

      .

    1. Belo texto.
      Esse gráfico

      Belo texto.

      Esse gráfico comparando os gastos com juros, eu ainda não conhecia.

      E essa comparação quer dizer que o Japão é 1.147% mais seguro que o Brasil. Em outras palavras, o custo que a sociedade japonesa cobra do governo para emprestar-lhe dinheiro é 1.147% mais barato que a sociedade brasileira cobra do seu Governo. Seria interessante cruzar o número de emprestadores no Japão em relação a sua população, com o Brasil. O segredo dessa mágica não está no montante de juros em relação ao PIB, mas no número de aplicadores em relação a população.

  15. Sabe Nassif,a primeira vez
    Sabe Nassif,a primeira vez que ouvi sobre bem estar social foi com vc entrevistando
    não sei quem e lembro que ele até fugiu do tema,disfarçando, acho um absurdo
    políticos não mencionarem isso,já que deveria ser o OBJETIVO de seus mandatos,
    A realidade é q procuram o BEM ESTAR CAPITAL E NÃO O SOCIAL!!vaaleu Nassifão!

  16. Provavelmente a conversa de Cunha

    Provavelmente a conversa de Cunha com Temer foi uma extorsão ao presidente interino, os riscos da prisão de Cunha e sua delação acabariam com toda a farra da gangue

    As previsões do Nassif irão se concretizar se um outro fator ficar inerte na situação: o STF, como “garantidor” da democracia é papel da instituição impedir o país de voltar a 1985, mas como só existe um juíz com os brios necessários para liderança e ele é parte da gangue, duvido que o STF se mexa sem motivação

    Essa motivação virá das ruas, com o colapso da economia e o enriquecimento ilícito das elites com o dinheiro que está sendo tirado do povo, a farra da gangue continuará e enquanto durar a invulnerabilidade da imprensa, com a parede fantasiosa levantada pela rede globo e demais canais com relação ao governo Temer, que é algo impressionante: uma mistura de George Orwell e Videodrome, nossa nação só levantará do sofá quando o bolso doer

    Foi isso o que manteve o PT no poder esses anos todos e garantiu a reeleição da Dilma, como bem falou o Nassif: o medo do retrocesso econômico e social

     

    http://tvbrasil.ebc.com.br/brasilianas/episodio/o-papel-do-stf-na-consolidacao-da-democracia

  17. Valeu pelo comentário em relação ao Brexit

    para mim soa como completa falta de noção ver gente defendendo a União Europeia, um dos maiores exemplos de organização anti-democrática e anti-povo do mundo atual, uma central de chantagistas a serviço de meia dúzia de agiotas especializados em pilhagem. 

     Quando ao Brasil, não sei não. O golpista decorativo é péssimo, mas a Dilma continua dormindo em berço esplêndido. Vivemos uma falta de rumo completa e isso pode levar o golpe a se consolidar e a população ainda não percebeu o tamanho da merda. Nós estamos falando de um futuro com a Hillary nos EUA e Serra no Brasil (o Temer é só o palhaço decorativo) – se privatizarem até o ar que respiramos, eu não vou me surpreender.

    1. Verdade antonio,agora os

      Verdade antonio,agora os golpistas estão dando um”migué”(fingindo q não têm nada a ver com o golpe)

      até o Gilmar Mendes falou na Suécia(onde um Juiz criticou os privilégios do Judiciário brasileiro) que o

      processo do impeachment é mais POLÍTICO que jurídico ou seja querendo passar uma imagem de isenção

      só que antes eles queriam CONVENCER O MUNDO que não era golpe,como não colou,a maioria agora está

      fingindo que não tem nada a ver com o golpe ,BRASIL PAÍS DOS HIPÓCRITAS !!!!

  18. A odisseia

    Temos aqui um belo exemplo do que seja o overwriting. A única coisa que fica realmente clara é o estilo verborrágico, detalhesco e altamente questionável em termos de argumentação.

    O Brexit não é fenômeno sideral, um acidente nuclear, um disturbio cósmico. É simplesmente um resultado esperado e que está unicamente ligado ao choque de interesses entre duas culturas que não é possível harmonizar. Ingleses e alemães. Há, é claro, outros fatores diversos envolvidos, importantes também, porém são fatores que não estão diretamente ligados a repulsão histórica entre vikings e bretões.

    Mas não é preciso escarafunchar o secular ‘livro da vida’ e nem se parder em partículas de teorias economico financeiras do século passado para entender o que se passa. Qualquer associação, de qualquer tipo (economico, politico, cultural, científico), onde estejam envolvidos os alemães, só funciona se os demais associados aceitarem o Befehl Deutsch. É inevitável que se tenha alemão envolvido em algo sem que eles queiram mandar na situação. E sempre com a imposição arrogante de suas idéias e valores.

    Já os ingleses são o povo que inventou o orgulho nacionalista. Se o mundo foi feito em 7 dias, há os que defendem que a Inglaterra foi criada em primeiro lugar. O que sobrou de material foi destinado ao resto do mundo. Outros ingleses dizem que a Inglaterra foi feita por último, somente quando o criador se sentiu seguro de sua expertise pela prática adquirida no procasso.

    Muitas jointventures já foram tentadas. Mas onde há alemães envolvidos a taxa de sucesso no empreendimento cai violentamente. É uma espécie de sina. E como conheço a raça, aposto que estão felizes pela saída da Inglaterra, pois acreditam que vão dominar os remanescentes com maior facilidade.

    Os ingleses sempre estiveram com ‘um pé atrás’ em relação a UE. Demoraram para aceitar o Euro e mesma assim nunca promoveram a troca de seu meio circulante no país. Continuam usando moedas cunhadas durante a dinastia de Stuart para fazer o troco em seus pubs.

    E de fato, a Inglaterra nunca entrou de fato para a UE, outros países do Reino Unido talvez, mas a Inglaterra não.

    Mas vieram participando, convivendo e contemporizando.

    A gota d’água que fez transbordar o balde foi a estratégia alemã de aquisição à custo zero de mão de obra operarária qualificada e barata: a imigração dos refugiados sírios. Há quem pense (principalmente brasileros) que a admissibilidade da entrada dos sírios na Alemanha aconteceu por motivos humanitários. Quem não conhece a cultura alemã pode muito bem pensar assim, mas é um engano. Tal como aconteceu com a queda do muro de Berlin, a idéia é a de adquirir mão de obra operacional baratíssima, provenientes de pessoas sem outra opção de sobrevivência.

    Primeiro são confinados, depois é feita uma triagem. Aqueles que interessam, devido a sua qualificação, ficam na Alemanha. Os menos qualificados são enviados para outros países da UE e países com gente de coração mole (feito o nosso), sob a alegação de que todos devem ajudar aos necessitados em momentos dificeis como este está sendo para o povo sírio.

    Em outras palavras, os Alemães peneiram os caras, como no garimpo. O que não interessa volta para o rio.

    Não fizeram isso com os que vieram de Berlin, mas, a queda do muro derrubou significativamente o nivel salarial do empregado operacional em toda a Alemanha. Com os sírios, eles vem apelar pela soldariedade, mas o que realmente querem é ver o ‘eliminado na seleção’  caindo fora da Alemanha. Alguns, de fato se empregarão, nas funções mais humildes as quais a sociedade alemã não deseja disputar. Obviamente sendo pagos com migalhas.

    Isso pode ser novidade para muita gente, mas não os ingleses, que fazem o mesmo com os imigrantes pobres de suas ex-colônias. Não sei se ainda é assim mas quando se viajava para Londres, quem dava acesso ao visitante eram oficiais de imigração hindus. Quem dirigia os taxis eram turcos e assemelhados. Quem lavava os pratos nos restaurantes e trabalhava na construção civil eram os pobres vindos de várias nações, inclusive da nossa.

    A substância mais rara no universo é um ingles fazendo faxina.

    E como os ingleses vivem hoje uma excassez de posto de trabalho em função das imigrações dentro da própria UE, a proposta de ter que deixar entrar sírio foi a gota.

    Para resumir, nacionalismo. Só isso, nada mais.

    Quanto à nossa política, esta já encheu o saco. Não há sequer mais ânimo para derrubar uma linha.

    Não há um bom motivo para argumentar sobre absolutamente nada. É um diálogo de surdos.

     

     

    1. Texto arrogante e grosseiro!

      tinha que ser de um nick americanizado.

      Deve ser de um ghost writer do Trump.

      Mas eu esperava não ter que ler isto no GGN. 

      Alias dá a impressão, pelo estilo, de ter sido escrito (ou melhor vomitado) por algum capitão de mato mediático empregado modelo dos Civita/Frias/Marinho/ex-Mesquita.

  19. Europa, Brexit e Brasil
    EUROPA, BREXIT E BRASIL

    Passado o primeiro impacto do resultado do plebiscito de 23 de junho, no Reino Unido (UK), que aprovou a saída daquele país da União Europeia, precisamos analisar com cautela e consistência o que ele representou e quais as possíveis consequências daquela manifestação popular.
    O aspecto mais midiaticamente exposto foi da xenofobia e do racismo que teria motivado a maioria absoluta dos eleitores britânicos. Não há como negar a presença estrangeira no país que dominou grande parte do mundo – “onde o sol nunca se punha” – por quase um século e, por cálculo econômico, concedeu a asiáticos, africanos, islâmicos o passaporte britânico. E, observe também, como a imprensa em geral vem criminalizando, desde o 11 de setembro de 2001, os muçulmanos, ora como terroristas, ora como aproveitadores dos benefícios sociais existentes nos países europeus, ora, até com a má e parcial leitura de sua religiosidade, como “intrinsecamente maus”.
    Ignorar o reflexo desta campanha na mente da numerosa e intelectualmente precária classe média de qualquer país é torpe, como o é a quase absoluta comunicação de massa do século XXI. O aspecto xenófobo e a insularidade ajudaram à exclusão do UK.
    Mas o aspecto mais amplo está na precariedade da vida dos assalariados e dos despossuídos, quer britânicos quer europeus e em quase todo mundo. Esta precariedade, no meio de um mundo sempre mais rico, é fruto de três décadas do domínio absoluto das políticas nacionais pelo capitalismo financeiro internacional, que denomino “banca”.
    Cabem algumas reflexões sobre este governo da banca. Há um dado estatístico significativo e com relação à Europa: o número de ricos e pobres. Logo após a II Guerra Mundial, para um rico havia 12 pobres; em 1980, quando a maré neoliberal inicia trajeto para o domínio mundial, já estava 1 para 82; agora se calcula 1 para 530. Este é um dois dois objetivos fundamentais da banca: a concentração de renda. O outro é a transferência dos ganhos de todos os segmentos da economia – indústria, comércio, transporte, comunicação de massa etc – para o sistema financeiro.
    Estes dois objetivos resultam no desemprego, no subemprego, na redução dos gastos sociais e da previdência e na pauperização que se observa a olho nu em todo mundo, inclusive no “mundo desenvolvido”. Ignorar que esta condição existencial não tenha influído no plebiscito é fazer pouco caso da inteligência alheia. Mas esta percepção se confunde com os discursos oficiais e com a intensa e constante propaganda dos veículos de comunicação. Veja, por exemplo, a “austeridade”, o “controle dos gastos”, o “rigor fiscal”, palavras e expressões que induzem à compreensão de ações sérias, responsáveis e consequentes mas que, na verdade e efetivamente, podem ser traduzidas por: vamos transferir a receita dos salários, das aposentadorias e pensões, dos lucros empresariais, do valor dos alugueis para os juros, ou seja, todos os ganhos devem ser maximamente concentrados no pagamento dos juros. E aí se acrescenta a desinformação que dá a falsa impressão que são as despesas com as pessoas que precarizam a situação econômica; No orçamento brasileiro de 2014, o pagamento dos juros e amortização da dívida representou 45,11% das despesas e o segundo maior item destas foi a previdência social com menos da metade, 21,76% (Auditoria Cidadã).
    E, neste aspecto, o Reino Unido e a Europa Continental em nada diferem do Brasil. E na mal informada e acrítica classe média e mesmo em parcelas das classes mais favorecidas fica aquele vago e impreciso sentimento que “é preciso mudar tudo”, “a corrupção é o grande mal”. Realmente, mas quem é mais corrupta do que a banca que acolhe e procura todo dinheiro dos tráficos de drogas, de pessoas, dos ilícitos diversos, dos caixa 2, com os braços abertos de seus “paraísos fiscais”, onde o coloca a salvo da justiça e dos tributos.
    Voltemos ao Brexit. É apontado como vitória da direita. A direita soube, realmente, como em outros momentos da história, aproveitar a precariedade da economia para incentivar o sentimento quase natural do nacionalismo dos povos. E a esquerda, perdida desde o desmanche da União Soviética e da conversão da China à economia de mercado (!), caiu nas garras da banca pelo discurso pacifista e solidário da União Europeia. Isto leva-a a apoiar o sistema financeiro internacional com o Partido Trabalhista britânico, os Partidos Socialistas francês, espanhol e até o grego, vítima de um artifício contábil para sua escravização à banca, ou seja, à dominação política.
    Mas penso que a banca não foi derrotada, como alguns analistas estão compreendendo. As “crises”, que somam nove desde 1990, foram os instrumentos para consecução dos objetivos da banca. De 1990 até 2000, tivemos quase uma por ano, distribuídas pelos continentes: Europa, Ásia e América Latina. Com o mecanismo das crises, a banca cresceu, concentrou e dominou quase todos os governos nacionais, pois não foram os imprevistos e irresponsabilidades das economias e governos que as provocaram.
    A “crise” de 2008, a mais forte e ampla até agora, teve seu epicentro na maior economia mundial, os Estados Unidos da América (EUA), na primeira moeda das trocas internacionais (o dólar) e com o intervalo de sete anos em relação à anterior (2001, na Argentina). Como este processo é uma bicicleta, precisa continuar permanentemente para se equilibrar, meu entendimento é que estamos às vésperas de mais uma “crise”, já passados oito anos. E onde melhor do que na ainda rica Europa, do euro, a segunda moeda internacional. Não estaria o Brexit acendendo o pavio desta “crise”?
    E o Brasil, frágil politica e economicamente, com um governo não escolhido pelo povo e uma imprensa oligopolista e familiar, tudo deturpando e muito desinformando, sofrerá mais uma vez?

    Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

  20. Nassif, aí está um artigo à
    Nassif, aí está um artigo à altura de sua capacidade analítica. Dá gosto de ler, mesmo que o tom seja lúgubre.

    Eu humildemente incluiria um fator: o povo.

    Esse esmagamento das pretensões populares não vai passar em brancas nuvens. Eu atribuo a violência urbana em nosso país aos seguintes fatores: cultura repressiva (isto é, de violência latente); desumanização de largas fatias da população (violência policial, desprestígio de ideais de bem comum); crescente exposição à “salvação” pelo consumo, que atinge todas as classes sociais; demonização da política, que seria o espaço por excelência da negociação e acomodação de interesses do conjunto de grupos sociais.

    A esses fatores, enfim, atribuo a explosão de violência que vivenciamos nos anos 80 e 90. Alguns apontaram – corretamente, a meu ver – que os governos Lula foram uma lufada de ar fresco, permitindo a muitos vislumbrar a ascensão social jogando “de acordo com as regras”, o que ao menos oferecia uma opção e até certo ponto levava ao desprestígio da “alternativa individual à revolta social”: o crime.

    Mais uma vez, serão privilegiados os mesmos fatores que nos levaram à hecatombe social dos anos Sarney-FHC: tenho para mim que podemos estar às vésperas de mais uma explosão da criminalidade, de um lado, e uma nova rodada de fascistização da sociedade, de outro (oportuno lembrar que tanto a criminalidade quanto seu reverso autoritário estão bem representados em diversas camadas socioeconômicas).

    Enfim, digo apenas aos que temem os MTST da vida que há bruxas bem piores nos esperando logo ali, na esquina da História.

  21. Quem nasceu primeiro, o OVO ou a GALINHA.

    Explico:

    “Aliás, como bem lembrou Dilma na entrevista à Pública, a interferência externa não é agente central do golpe, que é fundamentalmente coisa nossa.”

    Nesse imbróglio, das tentações por interesses gananciosos à dinheiro, prestígio e poder fica difícil isentar alguém das descaradas e sui generis investidas golpistas em terras brasileiras.

    E se fosse a crise que tivesse ameaçado incendiar as ruas (em várias tentativas canhestras, e como mal sucedidas, substituídas por golpes judicialescos), agora que a crise está maior o incêndio seria total. Na realidade, o que explica a anomia, são os sucessivos subornos efetuados aos segmentos que se deixam corromper pelos corruptos do golpe.

    A única coisa que parece se vislumbrar, é que os também canhestros golpistas, sabem começar um golpe, mas quando sua falta de controle sobre a massa(democracia), que estragaram, se faz presente, o futuro (caso não sejam revertidos os erros) vai tomando contornos sinistros. E não adianta os tais  “lideres” mundiais virem com seus teatrinhos de discursos irreais e falsos (ainda que alguns com boas intenções, das quais o inferno está cheio), porque aí, realmente, só Deus sabe o que sucederá.

  22. Parabens, Nassif!! Post já nasce seminal.

    Tava com a aba aberta aqui para ler o seu post desde ontem.

    Finalmente consegui tempo para ler com atenção.

    Ontem fiquei por conta das discussões nos meus dois últimos posts – Brexit e Tibieza do PT – nos próprios posts e nas redes sociais.

    Esse seu post está enciclopédico, como o meu do Brexit.

    Está maior que o normal, com o que vc (como eu) perde alguns leitores.

    Não importa.

    A análise impecável assim o pede.

    Vejo que criou a aba “Xadrez…”, com a coletânea de todos os artigos da série.

    Muito bem!

    Acho que fui um dos primeiros a sugerir isso.

    Antes achava que a introdução deveria ser aquele post com a colagem do Temer ao centro, em foto grande, cercado por fotos pequenas de todos os “vilões” e um sorvete rosa esborrachado na testa dele.

    O título me escapa à memória.

    Mudei de ideia.

    Este post aqui deve ser a abertura da série.

    Já nasce seminal para entender o Brasil e o mundo hoje.

    PARABÉNS!!

  23. Eleições em 2018?? Não vai

    Eleições em 2018?? Não vai ter ter, para consumar um golpe terá que haver golpes sucessivos, a ordem já foi quebrada, a constituição foi jogada no lixo, os golpistas nem disfarçam mais com o engodo das tais “pedaladas”, tem o descaramento de dizer que a Dilma mereceu ser destituida por simples vontade deles, ou o povo vai pra briga de verdade, ou assiste isso ai que estamos vendo e com vies de baixa…….

  24. Sobre a análise

    Sobre a análise internacional

    Pergunto-me o porquê dos analistas de economia nacionais não mencionarem que o Brasil tem nenhuma margem de manobra or conta do controle quase que total das nossas commodities pela City.  Petroleo, minério, grãos e carne, até o Nióbio que temos monopólio não controlamos o preço.  Assim, não tem teoria econômica que nos ajude.

    Sobre o Brexit, analistas europeus mais próximos da realidade européia afirmam que a Coroa queria a saída para poder se aproximar da China, haja vista acordo reente de comercialização de yuan por Londres.  Assim, a Inglaterra (elite financeira) abandona a Europa e suas amarras burocráticas e de quebra vira paraíso fiscal do continente europeu.  Essa história e imigrante e xenofobia é perfumaria diante dos reais interesses dos donos do dinheiro.

    Outro fato que me assusta é a minimização de uma guerra mundial que já existe.  Com 60 milhões de refugiados em 5 anos sendo enviados para os quatro cantos do mundo, com os EUA mantendo um orçamento de mais de 600 bilhões de US$ e com diversos países enviando tropas para o oriente médio, incluindo a China.  Tenho absoluta certeza que vivemos sim um momento histórico já de guerra mundial.  Os conflitos vão de Portugal até o mar do sul da China.

    O Brasil está a reboque disso tudo.  Se a City é dona de todas as nossas reservas minerais (via Vale) é claro que ela movimenta e financia peças no nosso tabuleiro.  O golpe não é coisa nossa não, faz parte de um alinhamento forçado com os EUA diante de uma guerra mundial que já está em curso.  E novamente guerra por recursos naturais, reais, e não fictícios com os do mercado financeiro.

     

    1. expertise à la BraZil

      -> “O golpe não é coisa nossa não, faz parte de um alinhamento forçado com os EUA diante de uma guerra mundial que já está em curso.”

      “[Este processo de impeachment] Que foi aceito pelo Cunha como uma vingança, um claro desvio de poder. Como nós não demos os três votos para ele ser absolvido de todas as irregularidades que ele cometeu na Comissão de Ética, ele disse para toda a imprensa que aceitaria o processo de impeachment.”

      “Mas ele [o processo de impeachment] já está comprometido, esse processo tem um pecado original. O pecado original tem nome: chama-se Eduardo Cunha.”

      Dilma Roussef, entrevista a Kennedy Alencar, 29/06/2016

      é óbvio que os interesses geopolíticos dos EUA são parte importante do golpeachment. não apenas a CIA e a NSA, também o  Mossad, dado o histórico de atrito entre o governo Dilma e Israel.

      contudo, se na cena do crime está presente DNA externo, é perigoso equívoco compreender o fator interno como meramente linha auxiliar, a serviço e a reboque de um alto comando localizado fora do país.

      não nos enganemos, temos sido ao longo de séculos autônomos e competentes o suficiente para não improvisarmos nas diversas vezes que a Nação e o Povo foram golpeados. é cosa nostra: uma expetise Made in BraZil, desenvolvida ao longo de séculos por uma plutocracia colonial e escravagista.

      .

    2. vácuo de hegemonia

      ->” E novamente guerra por recursos naturais, reais, e não fictícios com os do mercado financeiro.”

      1. é inegável ser estratégico em qualquer geopolítica o controle dos recursos naturais;

      2. porém, a Crise de 2008 expirou a validade da hegemonia dos EUA sob o modelo de um duplo déficit (fiscal e comercial) capaz de manter girando os moinhos satânicos do capitalismo global: o magnetismo de Wall Street já não consegue atrair fluxo financeiro suficiente para manter acesa a demanda do dragão Chinês;

      3. padecendo cronicamente de uma crise econômica sem qualquer perspectiva de superação no curto prazo, e sem mais dispor de seu tradicional recurso da destruição criativa através de conflitos bélicos mundiais – pois desembocariam na utilização de armas de destruição em massa – o núcleo central do capitalismo pretende como solução a recolonização de todo o planeta, através de uma brutal e rápida espoliação da riqueza das nações;

      4. mesmo às custas das imensas instabilidades políticas, não haverá nenhuma estabilidade econômica de médio prazo, condenando o futuro a uma perene estagnação;

      5. na iminência da era das catástrofes globais, seja pela guerra ou o colapso ecológico, não é apenas no Brasil que a reconstrução da Democracia emerge como a única alternativa viável: uma Democracia permanente impossível de se restringir ao âmbito de um só país;

      6. somente com uma Breton Woods às avessas, antes e não ao final de uma guerra planetária, num pacto mundial forjando um novo padrão monetário em substituição ao falido padrão Dólar, escaparemos de um evento de extinção em massa.

      .

  25. Nassif, Solicito cadastramento (recadastramento).

    Solicito cadastramento. Motivo: mesmo em dias de semana, por vezes, têm levado até 8 horas pra Moderação , com seus critérios (claro) liberar. Ou, quando libera, é muito tarde, deslocado. (OBS 1: ao contrário de vários participantes, não costumo postar mais de 1 comentário-postagem). (OBS 2 :Exceto no Multimídia do Dia quando ultimamente e de uns tempos pra cá posto pouquíssimo, sem ânimo de contribuição. Tenho, nessas poucas vezes de postagens, me vigiado pra não sair da linha predominante do Blog (confesso que alguma vez posso dar mancada, por lapso, sem examinar direito sugestão de trazer entrevistador, como fiz com Raul Veloso que dias depois vi que era do Instituto Liberal Millenium), mas não o fiz por propósito de boba provocação – ainda que eu considere algumas provocações e o humor importantes, caso a caso). OBS. 3: Aqui, também observo que outros participantes visitantes muito tempo antes de minha postagem já tiveram suas postagens moderadas e liberadas. OBS 4: Em tempo: também já percebi postagens agressivas entre participantes que continuam cadastrados, o que também não entendo. Não há escala nem de regras de conduta, nem escala de advertências e punições – somente fico ou outras pessoas ficam no adivinhômetro…. Em parte, por isso, não pude compreender algumas postagens que enviei com muitas horas de antecedência e que foram vetadas. OBS 5: Compreendo que o Blog está com dificuldades com o interino, mas, reitero, há casos em que visitantes são liberados apesar de horários muito posterioressss ao meu , postagens sem o estilo provocador (muitas vezes de um humor e provocação que beirou a imprudência, admito). Solicito.

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