Redução de encargos de importação ainda é insuficiente

Jornal GGN – O governo decidiu não renovar a elevação da tarifa de importação para cem produtos que tiveram sua alíquota aumentada em setembro do ano passado. A partir de outubro, as alíquotas, que haviam sido aumentadas para patamares entre 14% e 25%, voltarão à faixa entre zero a 18%. Os produtos atingidos pela decisão são insumos para a indústria de bens de capital.
A decisão foi tomada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em conjunto com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. “No ano passado, a indústria brasileira estava sofrendo forte assédio de importações, e o câmbio não era favorável. Agora, temos condições de reduzir as tarifas para o patamar anterior”, disse Mantega, informou a Agência Brasil. Mantega também acredita que o câmbio valorizado acaba prejudicando os itens importados e favorece a indústria nacional, e que, por conta disso, não haveria necessidade de proteger a indústria mantendo o imposto de importação dos insumos em patamares elevados.
O diretor de comércio exterior da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Klaus Muller, explica que os resultados da medida adotada foram variados entre as companhias representadas pela entidade. “Estamos falando de 11 itens em quase 1.200, é um pequeno universo. A elevação surtiu efeito variado: para algumas, houve uma redução de até 50% na quantidade de máquinas importadas, e para outras não teve efeito prático algum”. Além disso, o diretor acredita que o fato de se reduzir as condições de proteção aumenta a possibilidade de avanço das importações. 
Embora Mantega tenha afirmado que a indústria do país “está recuperada e pode enfrentar uma concorrência maior”, o diretor de comércio exterior da Abimaq afirma que existe uma série de pontos que estão sendo trabalhados junto ao governo para melhorar a competitividade, a produtividade e a inovação do setor. “Obviamente acreditamos que o governo, com relação à retirada desses itens, possui essa possibilidade de verificar outros itens que possam ajudar a corrigir a assimetria entre o mercado interno e o mercado externo”.
Segundo Muller, a produção no Brasil sofre com os altos custos, e são necessárias medidas para corrigir tal diferença. Entre os pontos citados, está a questão do câmbio que, na visão do executivo, “ainda deve caminhar mais porque temos um valor de dólar que não corresponde ao que deveria estar”. 
Quanto aos prognósticos para o comércio exterior no futuro, a Abimaq tem acompanhado o reflexo do câmbio nas exportações, principalmente no que se refere a preço. Muller afirma que “existe mercado na América Latina continuando em crescimento; os Estados Unidos são um parceiro importante, e temos tomado medidas para melhorar a performance”.
Contudo, o executivo afirma que a Europa tem sido um concorrente de peso junto com a Ásia, principalmente por conta da conjuntura econômica da região, aliado a escoamento de produção, preços agressivos e financiamento. “Nosso custo Brasil tem de ser corrigido para que essa visão de comércio exterior seja cuidadosa. É preciso arrumar a casa para ter mais competitividade, e temos a Europa muito competitiva porque precisa disso”, ressalta Muller.
 
Redação

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