A CPI da Petrobras e o PMDB, por Janio de Freitas

Da Folha

Em volta da CPI
 
O PMDB é e foi tão aliado quanto os açougueiros e seus clientes: pagou, leva; não pagou, fica na vontade
 
Janio de Freitas

A criação da CPI da Petrobras é menos problemática do que a consideram as comparações da “base aliada” com a dos oposicionistas. A proposta de CPI coincide com mais uma fase aguda da permanente fome de cargos e verbas do PMDB. A hipótese de CPI funciona, nesse caso, como um aperitivo petrolífero para chantagem mais temível, em período de eleições, do que outros temas atuais. Como o quase ininteligível “marco da internet”.

O argumento com que o presidente da Câmara, o aliado-opositor Henrique Eduardo Alves, saiu em campo com nova queixa é mero disfarce. Já com olhos e ouvidos na CPI, diz ele que ministérios dados por Dilma Rousseff ao PMDB, principal força na “base aliada”, não proporcionam visibilidade à ação do partido e assim o enfraquecem nas eleições (entrevista a Luiza Damé, “O Globo”).

É uma grosseira mentira que o PMDB seja aliado do governo. Ou o tenha sido do governo Lula. Ou do governo Fernando Henrique. É e foi tão aliado quanto os açougueiros e seus clientes: pagou, leva; não pagou, fica na vontade. O PMDB já recebeu no governo Dilma muito mais do que o devido, com sua contribuição para uma Câmara mais malandra, em todos os sentidos, do que nunca no regime de liberdade parlamentar. Sem falar no seu papel de liderança na crescente mediocrização do Congresso e da política, a cada dia mais reduzidos a objetivo de caçadores de riqueza fácil e a qualquer preço.

Dizer que a CPI não atemoriza o governo é tão chutado quanto dizer que o põe em pânico. Só um pequeno círculo na Petrobras e no governo sabe, se é que sabe, o que há ou não na estatal capaz de incandescer uma CPI. Aferição que, não esqueçamos, diz respeito não só ao período Dilma, mas sobretudo, pelo visto, ao período Lula. O que gera mais apetite para a CPI e para o chantagismo.

O quanto a CPI conviria, de fato, ao PMDB e seus comandos é menos obscuro. Os seus interesses não estão só nos altos cargos e transações da sede e das empresas subsidiárias, mas também nas extensões regionais e externas dessas estatais. O pouco que se viu até agora é suficiente para notá-lo. Mas são coisas diferentes uma citação em CPI, solucionável com o velho abandono do apadrinhado às feras, e o aproveitamento de mais uma oportunidade de ganho. O tempo não passa mesmo para o PMDB: Chicago 1930 e Brasília século 21 podem parecer o mesmo.

SINTOMÁTICO

As Forças Armadas vão colaborar para a contenção dos ataques a Unidades de Polícia Pacificadora no Rio. Com o argumento da moda, ou seja, o percurso que farão os turistas chegados ao Galeão para a Copa, os militares escolheram instalar-se na favela da Maré.

Mas a área crítica dos ataques são as favelas do Complexo do Alemão. E o motivo é atual, imediato, não para quando a Copa chegar.

PRIVILÉGIO

Está prevista para amanhã, no Clube Militar (RJ), uma palestra do general Luiz Gonzaga Schroeder Lessa sob o título “Os 50 anos do Movimento DEMOCRÁTICO de 31 de março de 1964”. Será fechada aos militares e familiares, provavelmente, como é usual no Clube. Privilégio lamentável.

Afinal de contas, não há por que os 50 anos serem lembrados só com os assassinatos cometidos por militares, as torturas e desaparecimentos. Pode-se rir, também. E uma palestra sobre o aspecto “Democrático” do 31 de março de 64 e seus militares só pode ser muito engraçada.

 

Redação

20 Comentários

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  1. Janio gosador

    O ultimo paragrafo é um must da gosaçao.  Queria ver a cara dos milicos de pijama ao lerem isto. kkkkkkkkkkkk

    Como diria o Chico: “Apesar de voce, amanha ha de ser outro dia”.  E dias melhores virao….

  2. Não é apenas o PMDB que se

    Não é apenas o PMDB que se apropria da coisa pública e faz uso particular delas, contemplando os seus intereresses e dos financiadores de campanha. Mas este partido balcão de negócios é, desde sua origem, a mais completa formulação da política do é dando que se recebe, da chantagem como método, da corrupção como prêmio, síndrome da vida política brasileira desde sempre. Por isso deveria ser escolhido, com muita razão alías, como símbolo de um movimento que, na simplicidade direta de uma mensagem propagandística, poderia ser: Mude a política: não vote no PMDB.

    1. José, estamos diante de um

      José, estamos diante de um negócio bilateral.

      O  PT oferece algo menor, e  o PMDB exigindo mais.

      Do jeito que você fala, não podemos votar em ambos partidos.

       

    2. É isso aí!

      Mude a política ! Não vote em PMDB para não ser chantageado!

      PS: Precisamos colocar aqui os tenebrosos mal feitos de PMDBistas!  Os de Eduardo Cunha são de arrepiar!  Está mais que na hora de desmascararmos esses aproveitadores que têm a política para se locupletarem! Porque eles nunca indicam um candidato à Presidência?  Porque será, hein? 

  3. essa é a hora do confronto,

    tava chegando a hora que o PT realmente iria sair das garras do PMDB, politicamente o Lula quiz fazer do PSB uma outra alternativa ao PMDB, mas veja o que deu, trairagem, então é melhor juntarmos forças e partir para uma briga de gigantes, e pelo visto nas ruas o PT nessas eleições vai massacrar.

  4. “uma palestra do general Luiz

    “uma palestra do general Luiz Gonzaga Schroeder Lessa sob o título “Os 50 anos do Movimento DEMOCRÁTICO de 31 de março de 1964″”:

    Ja sei ate como vai comecar.  Com um grito:  PRIMEIRO DE ABRIL!

  5. Já vi essa história

    Foi assim que a mídia construiu o processo do “mensalão”, como se sabe, a nossa imprensa foi capaz de transformar caixa 2 eleitoral em crime penal hediondo, tudo a partir de uma CPI comandada pelo PMDB que, como sabemos, ama o poder proporcionado pelo PT mas, ao mesmo tempo, odeia o PT, simples assim

    1. Já vi essa história

      Como ocorreu no “mentirão”, primeiro entra a mídia; em seguida os deputados larápios; depois vem o MPF e com base num relatório político, no caso o da CPI, abre um processo e manda para o STF que, por sua vez, instala um tribunal de exceção e o resultados sabemos qual

  6. A disputa pelo poder entre a situação e a oposição

    Começam a ficar claro os contornos na disputa pelo poder.

    De um lado um PT, que para ganhar prometeu o que não entregou, apesar da moleza do boom das commodities.

    Do outro o PMDB, a política viva e entranhada nas diversas áreas do Brasil.

    Um confontro entre Gabinetes refrigerados do PT X o sangue e o suor das Ruas.

    Dê um lado um governo sem norte, sem rumo e sem estrela, do outro a Esperança.

    Dilma X Requião.

    1. Você tanto atazanou a vida do

      Você tanto atazanou a vida do Deputado Márcio França, que conseguiu finalmente uma vaga no Instituto Millenium.

       

  7. Que Saudade da Amélia

    O filho de General fala mais alto dentro Fernando Henrique Cardoso vulgo FHC, a tucanada se emplumou e fez sua guinada a extrema direita, são mesmas aves de rapina de sempre dispostas ao golpismo tupiniquim, os anos chumbo podem voltar com as rubricas de uma “oposição” derrotada na urnas e setores reacionários entre eles a mídia… Pregam voto facultativo, pois, ele seria seletivo, afinal essa coisa de povo votar tendo direito a emprego e renda, na 6ª economia do mundo, causa náuseas a quem se acostumou a sociedade escravagista e acha que domestica não deveria ter diretos, esse negocio de porteiro arrumando melhor colocação no mercado assusta a classe dominante.

    Glauber Rocha deveria estar aqui, para saber o que é uma terra em transe, sem falar dos idiotas que descobriram a internet agora, dizem que saíram do face quanto cafonice e caretice juntas, parecem aquele povo que quando surgiu a televisão pensavam que de verdade(realidade)… muitos ainda acreditam, pensam que só existe a sua realidade “virtual” e se descobre um internauta, hoje os milhões de internautas são uma realidade só e as passeatas são um fenômeno chamado flash mob, em maior ou menor escala… Nossa mídia e seu espírito complexo vira lata e seu ideário Jeca Tatu, surfam na onda petrolífera e já não sabem o que pensava Monteiro Lobato além do Sitio do Pica Pau Amarelo, tá tudo errado como sempre e eu também vou reclamar sabendo que Raul era mais sábio.

    Agora sofremos da histeria econômica de números forjados, quanta gente já não caiu no conto do vigário dos financistas internacionais, da “new deal de 1929” ao “subprime de 2008” e avidamente precisam que acreditemos neles para irmos para a senzala de onde não deveríamos ter saído, sobrava mais para os banquetes das elites entre Sul e Norte das Burguesias Paulistas, Cariocas e Nordestinas… Tão até se encontrando em festa de debutante e junto com o pessoal da caserna fazendo planos e lembrando onde era o lugar do povo, falando antes esse tipo de gente não passava da cozinha… que Saudade na Amélia!!! Né Ataulfo.

  8. Me parece que não seria

    Me parece que não seria dificil abortar essa CPI. Que teria que necessariamente convocar para depor executivos do porte de um Gerdau e um Fabio Barbosa, que inclusive é presidente da Abril. O problema são os articuladores desarticulados do governo.

    Quanto ao terceiro tema do Janio, é engraçado, mas convém não ficar rindo muito de quem dispõem de tanques. Sei que o Clube Militar é a “festa do pijama”. Mas eles tem parentes e colegas que estão na ativa

  9. Sob medida

    O Barão de Itararé, comentando o oportunismo político dos anos 30, soltou esta pérola que se aplica à perfeição ao modus operandi do PMDB:

    “Estamos atravessando um momento grave. Momentos como este exigem uma definição segundo os nossos princípios: aconteça o que acontecer, haja o que houver, estaremos com o vencedor.”

  10. janices

    Janio de Freitas é  homem do PIG.

    Dizer que “É uma grosseira mentira que o PMDB seja aliado do governo.” é uma mentira grosseira.

    Seguem exemplos que desmentem essa intriga janista.

    Rui Falcão em 2013: “Essa parceria é histórica, de compromisso programático, e que vai cada vez mais se aprofundar. PT e PMDB têm o compromisso histórico de construir uma sociedade mais justa, mais igualitária.”

    Raimundo Monteiro, presidente do PT maranhense, em 2013: “O Rui Falcão reafirmou o empenho por manter essa aliança programática, que tanto tem contribuído para a governabilidade do país e o desenvolvimento dos estados onde ela ocorre, a exemplo do Maranhão”

    Trecho de uma cartinha de Lula, em 2013: “Somamos esforços para resgatar a soberania nacional, preservando a identidade de cada um de nossos partidos, fomos capazes de construir uma aliança programática e política”.

    Dilma, um dia desses: “O PMDB só me dá alegria.”

    Em suma: a aliança do PT com o PMDB – e o restante da base aliada – sempre foi pautada por objetivos tão-somente programáticos, visando as justas demandas do povo brasileiro.

    “Sem falar no seu papel de liderança na crescente mediocrização do Congresso”

    Infâmia!

    Com Renan, o Senado apresenta o mesmo elevado padrão moral e político verificado durante a longa e memorável gestão de José Sarney.

    “O tempo não passa mesmo para o PMDB: Chicago 1930 e Brasília século 21 podem parecer o mesmo.”

    “com sua contribuição para uma Câmara mais malandra, em todos os sentidos”

    Janio de Freitas, preso de motivações inconfessáveis, contribui aqui para a contraproducente criminalização da política (Não isenta de um certo eufemismo, é bem verdade…).

    “Dizer que a CPI não atemoriza o governo é tão chutado quanto dizer que o põe em pânico.”

    Realmente não há razão para nenhum temor.

    O Nassif já explicou (quase) tudo nesse último rolo da Petrobrás.

    Em Nassif we trust.

    ………………………………………………………

    “Com o argumento da moda”

    Não se trata de modismo. A estratégia obedece à legítima necessidade de alargar o perímetro defensivo em torno do espetáculo.

    A curto prazo – e é tudo o que importa – o ideal é afastar as formações inimigas lá pra Realengo, Bangu , Campo Grande, Santa Cruz , Baixada,  Japeri etc.  

    (Em Campo Grande e arredores a briga vai ser boa: bandido fugido do Alemão e da Rocinha , em busca de novo santuário,  versus milicianos.)

    “E uma palestra sobre o aspecto “Democrático” do 31 de março de 64 e seus militares só pode ser muito engraçada.”

    Sem dúvida.

  11. Oposição não é extorsão

    Desde 1961, excetuados os anos da ditadura, o Brasil nunca deixou de ser parlamentarista.

    O presidente sempre foi refém do parlamento.

    Oposição é uma coisa, extorsão é outra.

    O parlamentarismo presidencialista é uma fábrica de chantagens e a maior causa de corrupção no país.

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