A internautas, Cunha reforça imagem de encabeçador do impeachment

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Apesar do recuo sobre os ataques à saída da presidente Dilma Rousseff do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, mantém como portal oficial uma página em que faz referências diretas de ser ele o encabeçador de um possível processo de impeachment contra a presidente. 
 
Sob o domínio “www.eduardocunhapresidente.com.br“, a página evidencia como primeiro item “Cunha presidente”, onde o internauta pode acessar “A verdade dos fatos”, elencando artigos de Eduardo Cunha, com notas oficiais respondendo às recentes denúncias por ter recebido ao menos R$ 5 milhões do esquema de corrupção da Petrobras, na Lava Jato, e por manter contas secretas na Suíça, em seu nome e de familiares, com montantes que atingem R$ 9 milhões.
 
O predomínio, entretanto, é de notícias referentes ao andamento dos pedidos de impeachment que chegaram à Câmara dos Deputados. 
 
São destacadas as manchetes “Cunha vai analisar se houve atuação de Dilma em ‘pedaladas'”, “Governo não reequilibrou contas depois das ‘pedaladas’, afirma Cunha”, “Cunha recebe da oposição novo pedido de impeachment de Dilma Rousseff” e “Cunha diz que liminar do Supremo não muda o seu papel no pedido de impeachment de Dilma”.
 
 
No portal, não há menções ao perfil histórico do deputado, ou uma tentativa de abranger as pautas mais importantes encabeçadas no Plenário da Câmara, além dos temas que envolvem derrubada do governo. A última notícia, por exemplo, é do dia 22 de outubro, sobre uma análise das pedaladas fiscais da presidente Dilma, conforme julgou o TCU. Seus artigos assinados também não são diferentes. O último data de 4 outubro sob o título “A minha obrigação é despachar os pedidos de impeachment”.
 
As características de frente de oposição ao governo Dilma no portal de Cunha diferenciam muito de páginas oficiais de outros deputados líderes de partidos da oposição. A do deputado Mendonça Filho (PE), líder do DEM, por exemplo, inclui informações sobre a sua biografia e, além das aspas fornecidas a veículos de comunicação contra a atual gestão petista, também publica outras pautas levantadas e defendidas pelo deputado no Plenário da Câmara.
 
 
Na de Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB na Casa, os destaques também evidenciam notícias sobre os processos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, sem, contudo, se restringir a isso. Amplia as informações a outras agendas de Sampaio como deputado e notas contra a volta da CPMF, sobre o projeto de corrupção como crime hediondo, inauguração de sede do PSDB, entre outros temas.
 
 
A página do líder da Oposição, Bruno Araújo (PSDB-PE), aumenta a gama de assuntos, e dispõe sobre emendas, perfil do deputado, eventos em que participa, material de campanha, etc. A mesma linha seguem os portais do líder do PPS, Rubens Bueno (PR), do líder do Solidariedade, Arthur Maia (BA) e, inclusive, do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). Todos que entregaram o último pedido de impeachment contra a presidente Dilma a Eduardo Cunha.
 
 
O desejo de Cunha de associar a sua imagem, pelo menos aos eleitores online, à responsabilidade pelo impeachment de Dilma vai além de blindar outras informações em seu próprio site. O deputado tenta intimidar jornalistas que publicam denúncias de corrupção a que Cunha é alvo, em episódios desde o governo de Fernando Collor. Em um desses casos, tentou processar o jornalista Luis Nassif por notícias sobre cinco casos de denúncia de corrupção do parlamentar.
 
Além do Ministério Público posicionar-se contra a existência de crime por parte do jornalista, o juiz extinguiu a ação de Cunha, reconhecendo que os fatos denunciados efetivamente ocorreram.
 
Entenda: Juiz extingue ação de Cunha contra Nassif, por Percival Maricato
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Crase inadequada

    NÃO se usa crase antes de masculinos(os internautas e não as internautas), ainda que estivesse no feminino (a moças, não teria; seria apenas a preposição A, sem o artigo AS) não concordando com moças, o que é caracterizador do artigo “casadinho” com o substantivo, concordando com ele em gênero e número.

    A INTERNAUTAS, Cunha …. (genericamente e no masculino singular)

    ÀS INTERNAUTAS AGRADECIDAS de sua turma/ patota, Cunha ….. 

  2. Por que só agora a Lava Jato chegou a Cunha?
    Por que só agora a Lava Jato chegou a Cunha? Os indícios de que Eduardo Cunha possui contas no exterior são conhecidos pela Justiça há meses. As investigações começaram já em abril na Suíça, e poderiam ter ocorrido antes, se as autoridades brasileiras tivessem reagido às primeiras suspeitas. Enquanto os réus da Lava Jato e seus familiares eram presos com uma afoiteza que até prejudicou inocentes, Cunha seguiu ocupando o terceiro cargo da sucessão presidencial do país. Podendo movimentar suas fortunas. Eis que ele cai em desgraça justo agora, na fase crítica dos planos golpistas. Não antes, prejudicando as manifestações promovidas pela mídia conspiradora. Nem depois, no recesso parlamentar ou na paralisia do ano eleitoral. Claro que não se trata de mero acaso. O cerco ao deputado é uma forma de forçar a sua derradeira investida contra o governo. Acuado pelo noticiário negativo e incapaz de fazer acordos salvadores, ele não teria saída senão apressar os ritos do impeachment. A estratégia consiste em mantê-lo refém dos investigadores, prestando serviço ao roteirotraçado para a Lava Jato. Prática adequada, aliás, aos métodos coercitivos de Sérgio Moro: sob ameaça de ver parentes presos por sua causa, a vítima faz tudo que os meganhas ordenarem. Estes são os verdadeiros bastidores das vicissitudes de Cunha, e que a mídia golpista se esforça tanto para ocultar. O teatro punitivo não muda a essência do arranjo. Desmoralizam o sujeito, bloqueiam suas contas, expõem seus familiares, mas ele preserva o poder de alavancar a cassação da presidente da República. Sugiro, portanto, certa parcimônia comemorativa com o indiciamento de Cunha. O episódio mancha para sempre a memória dos seus aliados, mas também ilustra a força do conluio institucional que patrocina o impeachment. Não será sob aplausos crédulos que o Congresso ou Judiciário barrarão o ataque final do golpismo. http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/

  3. Esse é o primeiro caso de

    Esse é o primeiro caso de assédio político virtual? O que o PT está sofrendo é um bulling político, afinal já são 13 anos ininterruptos. E o assédio quem faz é a imprensa e seus patrocinadores, incluindo parlamentares e todosos perdedores da oposição.

  4. “EUNAUTAS”

    As páginas citadas só tem “eunautas” (troll deles mesmos).

    Essas, nem os que viajam na maionese seguem. ( “maionautas”). 

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