Aproximação de Dilma com Temer e Renan pode dividir bancada do PMDB sob Cunha

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Tales Farias

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Temer e Renan isolam Eduardo Cunha na cúpula do PMDB, mas presidente da Câmara reage

Quarta-feira 8, um dia após a presidente Dilma Rousseff anunciar seu vice e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, como novo coordenador político do governo.

Não havia outro assunto nas rodas de conversas do Congresso: tudo girava em torno de Temer. Qual o significado da escolha de seu nome? Qual o futuro das relações entre o governo e o Congresso? Como ficará o PMDB?

No Cafezinho da Câmara, enquanto plenário fervia em votações, três deputados peemedebistas conversavam: Vitor Valim (CE), Soraya dos Santos (RJ) e Lúcio Vieira Lima (BA).

“E aí, o que vocês acharam do Temer?”, pergunta Valim.

“Não tenha dúvida de que ele está forte. Resta saber por quanto tempo”, responde Vieira Lima.

“Pra mim é evidente que ele foi escolhido para dividir a bancada do PMDB na Câmara. Nós temos que nos unir em torno do Eduardo Cunha (PMDB-RJ, presidente da Câmara) e escolher duas ou três votações para derrotar o governo e mostrar nossa força”, interveio Soraya.

A deputada, casada com o ex-deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ), citado na Operação Lava Jato, faz parte da tropa de choque de Eduardo Cunha. Vieira Lima já fez parte desse grupo, mas foi atropelado pelo presidente da Câmara quando este trabalhou pela eleição de outro representante do Rio de Janeiro, Leonardo Picciani, como líder do partido.

“Não sei se vale a pena brigar com o Temer” contrapôs o deputado baiano.

Ao que o colega do Ceará respondeu: “Se vale a pena, eu não sei. Só sei que a escolha de Temer realmente divide o PMDB. Viram o Renan (Calheiros, PMDB-AL, presidente do Senado)? Já está aplaudindo a Dilma e o Temer. O Eduardo Cunha ficou sozinho.

Pano rápido.

Naquele mesmo horário Renan estava sendo chamado por Dilma Rousseff para um encontro tête à tête no Palácio. Somente os dois. Conversaram por cerca de uma hora. Renan saiu de lá calado. Não contou a ninguém detalhes da conversa. Dilma telefonou para Michel Temer logo a seguir:

“Tivemos uma ótima conversa. Acho que vai dar tudo certo”, disse a presidente a seu vice. Temer, que havia preparado o encontro, imediatamente telefonou para Renan. O presidente do Senado confirmou que a conversa “foi boa”, ao contrário das vezes anteriores. Marcaram de se encontrar neste domingo ou na segunda-feira.

Ainda não se sabem detalhes do que Dilma, Renan e Temer acertaram. Mas seus interlocutores dão como certo que, enfim, Renan aceitou a nomeação do ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o comando do Ministério do Turismo. O atual ministro, Vinicius Lages, indicado pelo presidente do Senado, não ficará a ver navios. E Renan deverá receber um pacote de bondades de contrapeso. Além disso, formará com o agora poderosíssimo Michel Temer o núcleo de comando do PMDB nacional.

Vale lembrar que, entre as atribuições da extinta Secretaria de Relações Institucionais transferidas para as mãos de Temer estão as nomeações de quase todos os cargos de segundo escalão do governo e a priorização das benesses do Orçamento da União distribuídas para prefeituras, ou seja, a base eleitoral de todos os parlamentares.

Quinta-feira, 9. Dia seguinte à conversa de Soraya com os colegas no Cafezinho.

O plenário está lotado para a votação da medida provisória 661/2014, que auotorizou o Tesouro a conceder empréstimos de R$ 30 bilhões para financiar a solução de problemas causados por desastres naturais. “Duas ou três” — como diria a deputada Soraya — emendas votadas no plenário comandado por Eduardo Cunha pegaram o governo de surpresa.

Duas foram aprovadas à revelia do Palácio do Planalto. Uma emenda do PSDB que permite a “quebra de sigilo” de operações do BNDES. E outra, do partido Solidariedade, que destina à extensão rural 2,5% de todo o financiamento realizado pelo BNDES a taxas subsidiadas.

A terceira emenda estava quase sendo aprovada quando o deputado Silvio Costa (PSC-PE) conseguiu convencer o plenário de que ela era absolutamente inconstitucional. Autorizava o BNDES a destinar R$ 50 milhões para a reforma de um shopping center no Rio de Janeiro, o Nova América, que sofreu incêndio.

Em outras palavras: Dilma conseguiu isolar o oposicionista Eduardo Cunha na cúpula do PMDB, entregando o poder a Michel Temer e Renan Calheiros. Mas o governo que se prepare. A tropa de choque o presidente da Câmara não pretende ficar inerte.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. Sem cargos

    Os que apoiam Cunha têm o compromisso com os financiadores de ocupar cargos diversos, tipo agências reguladoras, só para citar alguns. Então, depois de umas duas ou três votações contra a Dilma, todos verão que continuam sem cargos e que vão se compor com Temmer, Renan e Dilma. Rato não vive sem queijo.

    Resta saber a reação do Cunha, isto se ele não for levado pela Lava Jato.

  2. Dona Soraya, da tropa de

    Dona Soraya, da tropa de choque do Cunha: “É só escolhermos duas ou três votações para mostrarmos nossa força”.

    E como voces fazem isso, senhora deputada? Lendo e debatendo sobre a procedência do projeto, ou no “uni duni tê”?

  3. Câncer republicano

    Não se combate um tumor célula por célula. Há que interromper o processo que alimenta todas as células deformadas.

  4. “Pra mim é evidente que ele

    “Pra mim é evidente que ele foi escolhido para dividir a bancada do PMDB na Câmara. Nós temos que nos unir em torno do Eduardo Cunha (PMDB-RJ, presidente da Câmara) e escolher duas ou três votações para derrotar o governo e mostrar nossa força”, interveio Soraya.

    Como é gratificante ver nossos parlamentares pensando no que é melhor para a popolação que os elegeu…

    1. Tá certo

      O executivo tentando rachar o legislativo eleito pelo povo com ofertas é que é pensar no melhor para a popolação( sic). 

      Benza Deus !

      1. Balela

        “legislativo eleito pelo povo”

        Legislativo foi eleito pelo poder econômico!

        Bancada do agronegócio é povo?

        Bancada da FIESP é povo?

        Bancada do sistema financeiro?

        Bancada da mídia?

        Quando houver bancada de camponês, de operário, de negros, homosexuais, de sem-terra e sem-teto eu volto a acreditar que o legislativo representa o universo que me cerca.

  5. Acredito que a base de Cunha

    Acredito que a base de Cunha na Câmara seja maior que o PMDB. Pelo menos é isso que demonstram as votações.

    Maaaaaaas, se Renan for inocentado na lava-jato e Cunha punido, poderemos dizer que houve um acordão anti-Cunha.

    E os governistas então, gritarão vivas a plenos pulmões pela vitória da democracia.

    Benza Deus !

  6. Para o bem do país

    Torço para que a operação LJ retire o Cunha do posto em que se encontra antes que ele promova mais lambanças. Ele não posssui conhecimentos sobre nada, ele só enxerga o poder e é vingativo. Anular o que ele conseguiu aprovar vai ficar caro para o governo. Se o Senado anular o PL da Terceirização Cunha sofrerá uma derrota que pode vir a abalar sua credibilidade. As conquistas trabalhistas estão agora nas mãos dos Senadores. 

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