Bolsonaro nada aprendeu em quase três décadas de parlamentar, por Janio de Freitas

Em termos políticos, PEC do Orçamento, aprovada por 453 votos contra míseros 6, reduz a compra de congressistas, cujas propostas de verbas dispensam o compra-e-vende com o governo.

Jornal GGN – A atmosfera de conflito entre o Legislativo e o Executivo esquentou nas última 48 horas, além do esperado. São muitas “frentes de turbulência acirrando-se ao mesmo tempo” tornando o “estado de crise” mais agudo. Essa é a avaliação de Janio de Freitas, na sua coluna desta quinta-feira (28), na Folha de S.Paulo.

Os últimos acontecimentos deixam cada vez mais clara a inépcia do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo lidar com o Congresso. “Com quase três décadas enriquecendo na vida de parlamentar, Bolsonaro nada aprendeu dela”, avalia Janio.

“Mesmo que a índole do atual Congresso venha a continuar a do antecessor, o que parece difícil, Bolsonaro recebeu-o e o manteve sob pontapés verbais sem ideia de como seriam recebidos. E a nova legislatura não estava disposta a desmoralizar-se logo de saída: os acusados de “velha política” decidiram mostrar novidades ao acusador”, completa o colunista.

Janio pontua que o posto de Bolsonaro foi colocado sob desafio pela Câmara quando aprovou por 453 votos “contra míseros 6”, o projeto que obriga o governo a liberar verbas incluídas no Orçamento pelos congressistas, diminuindo mais ainda os recursos financeiros do Executivo.

“Em termos políticos, reduz a compra de congressistas, cujas propostas de verbas dispensam o compra-e-vende com o governo”, ressalta Jânio. Portanto, o que a Câmara dos Deputados começou e, possivelmente, será chancelado no Senado, é um Congresso cada vez mais autônomo em relação às decisões do Executivo.

Janio lembra que Bolsonaro não “está sozinho” como responsável por agravar as turbulências. “Paulo Guedes e Sérgio Moro deram as outras contribuições mais importantes”, relembra.

Mais recentemente, o ministro da Economia ofendeu o Congresso ao mandar um assessor à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para falar em seu lugar sobre a reforma da Previdência, quando havia sido ele o convidado. Vale destacar que Guedes cancelou a ida dele à CCJ apenas horas antes do início da sessão.

Mas não só isso, em três meses de gestão, o “superministério” de Guedes não produziu nada de relevante para alterar o cenário econômico no país.

Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, pisou no próprio pé ou tentar impor exigências ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) na tramitação do pacote “anticrime”. A resposta de Maia foi a desqualificação do projeto dizendo que o texto foi um “copia e cola” do ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes.

Moro chegou a rebater Maia, afirmando que “alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado”.

“Maia não se mostra disposto a desgastar-se, e queimar seu futuro político, por domar a Câmara para Bolsonaro & cia”, pondera Janio de Freitas.

“A motivação de Maia era outra, mas é hora, mesmo, de acabar com a redução da presidência da Câmara a coordenadoria de bancadas, para servir a governos ou a fins políticos. A presidência é da Câmara, é de tudo e todos que a componham, e nisso se destina servir a todos os que elegeram seus pretensos representantes. Maia, quando quer, sabe ser carne de pescoço —como, aliás, suas fotos informam— e agora quer”, pontua o colunista completando que, enquanto isso, Bolsonaro se prepara para viajar à Israel.

“Em meio ao tumulto, Bolsonaro sai para dar ajuda eleitoral ao seu congênere Binyamin Netanyahu. Aproveite enquanto pode”. Para ler a coluna de Janio de Freitas na íntegra, clique aqui.

Leia também: Orçamento Impositivo ameaça “teto dos gastos” e pode acelerar reformas

Redação

4 Comentários

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  1. Isso é uma asnocracia.

    De acordo com a burra Hamilta Mourona:

    “O salário mínimo não é mínimo. Governos anteriores aumentaram além da inflação e produziram uma contradição, onde as classes mais favorecidas recebem mais do que as menos favorecidas”.

    Se o salário mínimo não fosse máximo, certamente as classes mais favorecidas receberiam menos do que as classes menos favorecidas e, em consequência, deixariam de ser classes mais favorecidas.

    Então baixemos o salário mínimo a fim de desfavorecermos as classes mais favorecidas.

  2. Talvez nenhum governo pós ditadura, supostamente considerados bons negociadores, tenha feito alianças dignas e éticas em busca da governabilidade.Lembrem-se de com quem Sarney, FHC , Lula e Dilma se aliaram.

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