Congresso mantém disputa eleitoral na CPI da Petrobrás

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A disputa político-partidária no Congresso continua a se estender nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobrás. O texto da base governista – que adiciona investigações sobre os metrôs de São Paulo e sobre o Porto de Suape – deveria ser decidido ontem (08) pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. Entretanto, o exame foi suspenso, com promessa de retomada hoje.

Às vésperas de uma possível aprovação do texto, a bancada de oposição também vem traçando suas estratégias para combater o relatório de Romero Jucá (PMDB-RR).

Um grupo formado pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Álvaro Dias (PSDB-PR), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), José Agripino (DEM-RN), Mendonça Filho (DEM-PE) e Cristovam Buarque (PDT-DF), e pelos deputados Domingos Sávio (PSDB-MG) e Paulinho Pereira (Solidariedade-SP) atravessou, na manhã de ontem, a Praça dos Três Poderes rumo ao Supremo Tribunal Federal.

Na Suprema Corte, invocaram a jurisprudência de outra esfera do poder – o Judiciário –, protocolando um mandado de segurança para garantir a instalação da CPI para investigar exclusivamente a compra da refinaria de Pasadena (EUA) e outras denúncias de irregularidades da estatal.

“O STF deve assegurar um direito da minoria que está sendo retirado de forma arbitrária pelo governo que não quer investigar essa sucessão de irregularidades na Petrobras. O governo quer impedir a abertura da caixa preta da estatal. Já há jurisprudência nesse sentido e temos uma CPI que cumpre os requisitos que são fato determinado e número de assinaturas”, disse o líder do Democratas na Câmara, Mendonça Filho.

Do outro lado, o texto de Jucá já conta com mais de um terço das assinaturas dos senadores. Além da compra da refinaria pela Petrobrás, com lançamento de plataformas inacabadas e pagamento de propina a funcionários da estatal – que consequentemente interferem a imagem do PT pré-campanha –, as investigações caminham para as irregularidades da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, governo de Eduardo Campos – e, portanto, atingindo a imagem do candidato do PSB –, como também os contratos de trens e metrôs de São Paulo – interferindo na candidatura tucana.

A análise pela CCJ, que tem continuidade hoje, foi uma determinação do presidente do Senado, Renan Calheiros, depois de anunciar a possibilidade de uma única CPI para ampla investigação.

No meio governista, as opiniões são divergentes sobre como agir, tanto nas Comissões de investigação da Petrobrás, como quanto às demais pressões no Congresso que irão decorrer das campanhas eleitorais.

A manifestação da presidente Dilma Rousseff ocorreu durante a posse do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, no dia 1º de abril: “tenho certeza de que nossos aliados [no Congresso] saberão agir para impedir que motivações meramente eleitorais acabem por atropelar a clareza e esconder a verdade na busca de respostas e soluções para os grandes problemas nacionais”.

“A orientação é que façamos diálogo com lideranças da base para ver qual o melhor caminho para evitar a exploração político-eleitoral de um assunto tão importante para o Brasil como é a questão da Petrobras”, também disse o novo ministro.

Entretanto, como a primeira estratégia era pressionar para a não abertura de uma CPI da Petrobras, que não se concretizou, deputados e senadores viram na possibilidade do segundo texto ampliado a alternativa para desfocar os ataques contra o PT.

Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a blogueiros ontem (09), criticou a iniciativa da base aliada de juntar todos os assuntos em uma única CPI. “Tanto o PT, quanto a Petrobras, não têm que fugir da verdade, não têm que ter medo, têm que apurar, os números estão colocados”.

Mas também apontou que a manobra da CPI era objetivamente de interferir na imagem de Dilma. “O que a gente não pode é ficar vendo em cada em eleição, por falta de assunto, a oposição que nunca quis CPI, ficar disputando [no Congresso] como programa de campanha”, disse Lula.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

22 Comentários

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  1. P36

    Eu sou a favor da CPI da Petrobras,desde que se investigue também o  prejuizo causado pelo afundamento da  P-36  em 2001 e se puna os responsáveis.

  2. 300,000 e 70,000

    aloisio 300 mil e aécio neves 70,000 no olho da rua, por estarem trabalhando clandestinamente no estado de MG; CPI da Petrobrás?

  3. Correndo o risco de encontrar

    Correndo o risco de encontrar pela frente, o galo e a galinha lá de Minas…………………………………………………………………..

  4. Post obseloto

    Como anda rápido as coisas no Brasil.

    O Senado Federal votou na CCJ a ampliação do objeto da CPI da oposição. Colocou o Metrô e o Porto de Suape na investigação. Sem perder tempo, a Senadora Gleise impetrou um mandado de segurança para garantir a decisão “interna corporis” do Senado Federal, ou, se o STF entender de modo diverso, extinguir a proposição da CPI pois seja, no modo proposto pela oposição, seja no modo proposto pela situação, a investigação sem atém a diversos fatos determinados e desconexos entre si.

    Em suma, ou a CPI é ampla, com Metrô e Suape, ou não tem CPI. Vale pra Chico e Francisco. 

  5. A foto parece um bando em

    A foto parece um bando em pleno exercício de formação de quadrilha, com fins eleitoreiros e entreguistas e com pleno domínio do fato. Que turma! O álvaro dias já se acertou com a receita federal?

  6. O parlapatão, pedro simon,

    O parlapatão, pedro simon, sempre envolvido com a máfia e arrota “pureza”. Cafajeste! Deveríamos oferecer papel higiêncio para essas “purezas” limparem suas bocas.

  7. Paladinos da justiça

    Esse bando de pilantras se posam como os paladinos da justiça, mas não passam de uns sem-vergonhas vendilhões da pátria.

    Se esse pilantra de Minas for eleito presidente presidente haverá choro e ranger de dentes.

    O povão vai sofrer muito e pode ocorrer até uma guerra civil no país. Aguardem!

  8. Com quem tu andas?

    Uma foto fala mais do que mil palavras: a extrema esquerda unida à direita neoliberal no arco de forças que favorece a direita, em detrimento da centro esquerda. Vou guardar comigo tal foto simbólica que revela alianças estas alianças “espúrias” (típico linguajar do PSOL referindo-se ao PT, é claro) dos supostamente puritanos ideológico e dos impolutos e republicanos tucanos e seus aliados (que barraram sistemativamente, há vinte anos, qualquer CPI sobre corrupção no Metrô de São Paulo e sobre proprinas da Alton e Siemens).

     

     

    1. 1000 palavras…

      Realmente, uma foto que vale por 1000 palavras!

      A fina flor dos RESSENTIDOS.

      A nata dos OPORTUNISTAS.

      A quadrilha da HIPOCRISIA….por aí vai.

  9. Bando de entreguistas…..

    Esta foto mais parece uma quadrilha de assaltantes, tipo rolezinho, tal qual a raridade do ACM e sua quaddrilha quando foi pressionar o presidene fhc.

    Aquela marcha, tal qual esta, volto a dizer, nada mais é que uma quadrilha disfarçada em políticos entreguistas!!!!

    Ou se preferirem QUINTA-COLUNAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  10. CPI/AMPLA*

    Todo apoio a CPI/Ampla…….PeTrobras..Metro, Trens Trensalao.. sampa…..porto de suape!!!….po rque o aloysio nao vai ao supremo pedir a gaarntia da CPI do metro em SP= direito da minoria……71 CPIS ENTERRADAS EM SP PELO PSDB… AVISEM O ESTADO E FOLHA……

  11. Os Extremos

    Os extremos se atraem. Mas não lembro de algum político pular da extrema direita para a esquerda. Já da esquerda para a direita… Como é comum…

  12. Está explicado porque o

    Está explicado porque o Brasil é um país atrasado. Basta olhar os nomes destes individuos que estão a décadas escondidos no senado, exceto a porcaria do PSOL, que tem menos tempo de esconderijo, e levantar a contribuição de cada um para o país.

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