Cunha promete roteiro do impeachment para amanhã

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Depois de sinalizar ao Estadão que a oposição ficaria sem algumas respostas sobre o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e que os detalhes regimentais da tramitação do processo de afastamento só seriam conhecidos na semana que vem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), deu um passo atrás e disse à Folha que até amanhã (23) entregará o parecer técnico e, no dia seguinte, lerá o documento no plenário.

“Tive reuniões com a consultoria. Eles me trouxeram um esboço. Debatemos, eu critiquei e ficaram de corrigir. Minha ideia é ter tudo concluído até amanhã”, disse o peemedebista, segundo relatos da Folha. O jornal ainda escreveu que há um “roteiro” estabelecido por Cunha e oposição há “várias semanas” em relação ao impeachment.

Pelo suposto acordo, os partidos que querem Dilma fora da Presidência usarão o pedido de impeachment protocolado na semana passada pelos juristas Hélio Bicudo, ex-petista, e Miguel Reale Junior, contratado pelo PSDB para essa finalidade. Eles usam, entre outros motivos, as pedaladas fiscais – em análise no Tribunal de Contas da União – contra a petista.

Eduardo Cunha, por sua vez, rejeitaria o pedido. A oposição entraria com um recurso ao plenário. Para ser aceito, o recurso precisa de votos da maioria simples – isto é, metade mais um de todos os deputados que estiverem na sessão naquele momento. Há indicações de que Cunha deve usar as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) de sua influência para afastar deputados da base aliada. A Folha noticiou, por exemplo, que a CPI do BNDES pode tentar convocar Lula a depor.

Se o recurso, então, for aprovado pela maioria simples dos deputados, uma comissão especial será formada para analisar o pedido de impeachment. A ideia é que esse grupo seja proporcional às bancadas partidárias. Após os trabalhos, um novo parecer será remetido ao plenário. É neste momento que a Casa deve julgar o impeachment procedente ou não, por dois terços dos votos – 342 de 513, no total.

Se o governo não conseguir frear essa movimentação, a Câmara decreta o início do julgamento de Dilma, que se dará no Senado, com a supervisão do Supremo Tribunal Federal. Lá, os senadores também terão de decidir por dois terços de votos. Nesse meio tempo, Dilma será afastada do cargo para se defender.

Em entrevista ao GGN na semana passada, o deputado Lucio Vieira (PMDB), que integra a Frente Suprapartidária Pró-Impeachment, disse que a oposição só está aguardando o momento certo para deflagrar o processo.

De acordo com a Folha, o que ela quer com esse “roteiro” do impeachment que Cunha promete entregar nesta quarta-feira é obrigar o presidente da Casa a estabelecer um prazo para que o recurso seja colocado em votação. Hoje, não há limite de tempo para essa questão. Ou seja: a oposição quer que Cunha defina, amanhã, que o pedido de impeachment rejeitado poderá ter recurso, e este será julgado rapidamente.

A origem

Reportagem do Estadão do último dia 19 revela que a advogada Janaína Paschoal, professora da Faculdade de Direito da USP, foi quem insistiu para que Reale Junior e Bicudo assinassem o pedido de impeachment. Até então, Reale não enxergava motivos para tentar derrubar Dilma e Bicudo não havia sido procurado para expressar sua opinião sobre o assunto. Ela assessora Reale em outros processos e recebeu, de acordo com o jornal, R$ 45 mil do PSDB para escrever a tese do impeachment que aguarda análise de Eduardo Cunha. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Se mexer com a presidenta,

    Se mexer com a presidenta, nós cidadãos temos um precedente para mexer com Senadores, Deputados, Governadores, Prefetios… Vai todo mundo pra rua! Fácil assim.

  2. Momento folclórico um

    Momento folclórico um gangster e uma máfia de vagabundos (a metade respondendo processo) afastarem a presidente eleita democraticamente, até o pequeno país fricano Burkina Faso sabe dar golpe com mais consistência.  

  3. O @DepEduardoCunha quer
    O @DepEduardoCunha quer incendiar o Brasil. Alguém ficará triste se ele for queimado antes de ser metido na prisão a pedido do @MPF_PGR?

  4. Como podem partidos com a

    Como podem partidos com a reputação de psdb, dem, pmdb, solidariedade, etc tentarem um golpe para derrubar uma pessoa idônea e eleita legitimamente? É o cúmulo do absurdo. Esta simples possibilidade já faz de nós candidatos ao título de República de Bananas do século ( a “eleição” de George W. Bush, é bom que se diga, ocorreu no último ano do século XX).

  5. .

    Um punhado de bandidos e corruptos de forma escancarada e oficial dando um Golpe de Estado e, com o apoio de tudo que não presta no país, derrubando um governo legal e legítimo.

    A ficção nunca foi tão longe, ultrapassando a realidade.

     

  6. Pra Rua? Vai nada, Roque!

    A militância tá de saco cheio velho! Dilma é devagar demais. Dúbia. Quem continua com um “Zé Duardo” é dúbio. Ficar com um cara que é perseguido por meia dúzia de cornos na Paulista xingando-o de FDP, Ladrão, Corrupto etc. E ele, como ministro da Justiça, não se dá o direito de pegar o fone e ligar pra PF!!!  Acabou, mano. Outra coisa: Dilma mexeu no bolso do povão. Phodeu … Prometeu e não cumpriu. Os urubus do psdb+pmdb perceberam o cheirinho de carne. Por isso insistem com o impedimento. Antes eu não acreditava. Mas agora Roque … Acho que nossa Coração Valente não segura a peteca não… Sem contar a briga de foice dentro do próprio PT.

  7. 30 moedas de prata

    O texto do Estadinho, indica que a advogada Janaina Paschoal recebeu R$ 45.000,00 para desenhar o impeachment. Esse dinheiro equivalem às trinta moedas de prata de Judas. Felizmente não passará e ela cairá no mais profundo ostracismo.

  8. Só a Dilma pode perder o mandato por pedaladas fiscais?

    Se a tese vingar, o que eu não duvido, poderá haver mais pedidos de impeachment para governadores e prefeitos.

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