Cunha tenta desqualificar argumento de cassação

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu admitir que controla contas na Suíça – o mote principal para o seu pedido de cassação, mas que, contudo, não mentiu na CPI da Petrobras ao afirmar que não tinha contas em seu nome. Conforme já mostram os documentos enviados pela Suíça ao Brasil, as transações são administradas por empresas e trustes que, por sua vez, são controlados por ele.
 
Essa será a primeira resposta de Cunha no processo de cassação que corre na Comissão de Ética da Câmara. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo, que ouviu relatos de deputados envolvidos com o peemedebista. Ao jornal, os aliados indicaram a fragilidade do argumento, uma vez que não resta dúvida de que ele era o beneficiário e dono do dinheiro movimentado no exterior.
 
A decisão de admitir a existência dessas contas secretas ocorre após o cenário de o presidente da Casa ver fracassar sua tentativa de colocar em sigilo o inquérito que investiga o fato. Conforme informou o GGN nesta quarta (04), Cunha necessitava questionar a inveracidade de suas afirmações na CPI da Petrobras, a fim de resguardar a sua cadeira no Congresso, e uma das estratégias de desqualificar os argumentos era o processo tramitar em segredo de Justiça.
 
Já é a segunda vez que Eduardo Cunha pede o sigilo do processo aberto pela Procuradoria Geral da República, após o Ministério da Suíça enviar todos os documentos e dados investigados pelas autoridades europeias. A suspeita é de que seja dinheiro da Lava Jato – outro processo que Cunha foi denunciado e responde no Supremo Tribunal Federal (STF) – o que abasteceu as suas contas secretas na Suíça.
 
Ainda nesta terça (03), Cunha disse que não mentiu quando negou a existência das contas durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras e afirmou que não se sentia constrangido ou enxergava algum problema em continuar presidindo a Câmara, enquanto ocorre o processo no Conselho de Ética.
 
O problema visualizado, agora, entre os aliados de Cunha é que ele havia negado “qualquer tipo” de conta além da declarada à Receita Federal no Brasil. De acordo com o Código de Ética do Legislativo, ocultar parte relevante do patrimônio é quebra de decoro parlamentar, sendo motivo para cassação. “Tudo tem o seu tempo. Eu não menti à CPI. Quando eu apresentar a minha defesa ao conselho vocês vão saber todas as minhas respostas”, disse.
 
Entretanto, a representação que pede o afastamento do peemedebista apresentada pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade, e assinada por diversos partidos, não levanta unicamente como mote a mentira do presidente da Câmara. 
 
Além dela, indica-se como provas as denúncias contra ele, descritas pela Procuradoria Geral da República, na ação que tramita no STF, afirmando que o presidente da Câmara recebeu, pelo menos, 5 milhões de dólares provenientes do esquema de corrupção da Petrobras, investigado na Operação Lava Jato. A denúncia foi aceita pela Corte no dia 21 de agosto. Também há como argumento para a cassação do deputado o próprio processo das contas secretas, que já bloqueou e transferiu R$ 9 milhões desses recursos de volta ao Brasil, por ordem do relator Teori Zavascki, ministro do STF. Sobre esses fatos, Cunha ainda não demonstrou quais serão os argumentos.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Muita desfaçatez….
    A

    Muita desfaçatez….

    A responsabilidade pelos atos da presidência da Câmara não é de Cunha e sim de sua caneta, na pior das hipótese da sua mão, ao empunhar a caneta.

  2. desqualificado

    Cunha tenta desqualificar

    O Desqualificado é ele próprio. Que já deveria ter sido algemado.

    E todos os seus iguais que procedem como se nada estivesse acontecendo e o tratam como Presidente e V. Excia. 

    Isso para não falar dessa imprensa óia, falha, plimplim que se servem desse provado infrator para interesses não republicanos.

    Esse grupo é uma sombra sobre o Brasil.  

  3. A alegação de Cunha faz-me

    A alegação de Cunha faz-me lembrar uma das tiradas de PHA quando da decisão de Ellen Gracie vetar o acesso aos HDs do opportunity: “Dantas não é Dantas”.

     

  4. A esperança

    é a última que morre.

    Mas quero dizer que Cunha não será cassado.

    Continuará sendo um problema para os neomoralistas (gente

    do porte de Agripino Maia, Aócio, Paulinho da Força…), mas

    não será cassado.

    Cunha é um arquivo vivo de tudo o que ocorreu na política brasileira nos

    últimos 20 anos. O cara sabe de tudo e de todos. Se tem alguém que corresponde

    à imagem de um homem bomba, esse é o Cunha.

    Pra completar, trata-se de um não petista. Tanto é assim que ele sumiu da

    grande mídia. Ninguém fala mais em Cunha desde a perseguição aos filhos e

    mais recentemente ao gatinho persa do Presidente Lula, acusado de enterrar cocô

    na caixinha de terra de outro bichano.

    Conclusão: vamos usar o Blog para coisas mais viáveis, tais como a condenação

    dos participantes do mensalão mineiro, a fuga do Vasco da Série B, a paz no Oriente Médio

    ou a chegada do home  a Marte…de bicicleta.

    Quanto ao Cunha, esse não será condenado.

    Você duvida?

    Vamos lá, invicto, aceitando apostas e contando.

     

  5. O GGN poderia nos poupar, pelo menos,

    de ter que olhar para a cara dessa excrecência todo santo dia. Façam matérias sem fotos, já conhecemos a cara desvairada do pilantra.

  6. Curiosidade: Alguém reparou

    Curiosidade: Alguém reparou hj no crédito da foto desse desqualificado na primeira página fel-lha? Está lá: Lula Marques / Agência PT.

  7. nem pensem, na camara, em não cassá-lo!!

    qualquer coisa que não seja a cassação será pouco.

    e quero ver depois, sem imunidade, se o moro põe ele no xilindró!

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