Distritão é tachado de “seguro-reeleição” e sofrerá resistência no plenário

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Câmara
 
 
 
Jornal GGN – Aprovado pela comissão especial da reforma política na última quarta-feira (9), o chamado distritão sofrerá resistência para ser aprovado em dois turnos no plenário da Câmara. Isso porque a proposta tem sofrido críticas de especialistas e parlamentares, por configurar uma resistência à renovação política, já que prioriza a candidatura de políticos que realmente tenham condições de vencer as eleições.
 
Segundo informações da Folha, uma frente suprapartidária contra o “distritão” foi criada com membros do PT, PCdoB, PSOL, PR, PRB, PHS, PSD, PSB e PDT, ou seja, de legendas de oposição e situação.
 
A ideia de aprovar o distritão foi encampada por Eduardo Cunha ainda em 2015, mas fracassou por falta de consenso. Hoje, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) e também o mandatário do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), tentam destravar a proposta. “O senador afirmou, porém, que a Casa só vai aprovar o modelo se for uma transição para o voto distrital misto – em que metade dos deputados são eleitos por distritos e a outra por lista de candidatos elaborada pelos partidos”, apontou a Folha.
 
Na visão de governistas, o projeto não será aprovado no plenário. “Eles vão ter muita dificuldade com o ‘distritão’, para recompor a base. Eu espero que tenha subido no telhado e não passe”, disse Ivan Valente (PSOL).
 
Na prática, os entusiastas do distritão usam o argumento de que o candidato mais votado será o eleito para ganhar a simpatia do público contra o sistema atual, que elege deputados federais e estaduais e vereadores pelo modelo proporcional, ou seja, “com base no cálculo que usa toda a votação dada a candidatos de um partido (incluindo votos na legenda) ou coligação”.
 
 
O problema, na visão da oposição a Michel Temer, é que “no atual modelo é preciso que o partido reúna o maior número de votos. Logo, quanto mais candidatos lançar, melhor. No ‘distritão’, vale lançar apenas os que têm chances reais.” Isso significa que “os candidatos tendem a ser os que já têm mandato, o que dificultaria a renovação.”
 
“Essa é uma tentativa de seguro-reeleição para os atuais deputados federais. Quem estuda sistema eleitoral sabe que a renovação é praticamente impossível dentro do ‘distritão'”, disse o deputado Henrique Fontana (PT).
 
Para ser aprovada em dois turnos no plenário Câmara, a reforma precisará de ao menos 308 dos 513 votos, e 49 dos 81, quando chegar no Senado. 
 
Além do distritão, a comissão especial também aprovou a criação de mais um fundo público para bancar campanhas, com R$ 3,6 bilhões. Além disso, alterou o mandato de ministros do Supremo Tribunal Federal. Hoje, eles podem ficar na Corte até os 75 anos de idade. Pela proposta, serão 10 anos de mandato.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Assim Caminha a Humanidade Política

    Nassif: os safados e ladrões que se enrustiram no grupo PSDB/DEM/PPS-PMDB+detritos_sólidos_da_Maré_baixa estão só acomodando as coisas para o botim eleitoral. De certo, só que Don Raton, seja de Paris ou da Catalunha, comandará o saque.

    E a prova desse descaramento é que a solução política ou social do Brasil não está na mudança de Partido Político ou de forma governo.

    O golpe, na verdade, nasce em 1860, se materializa em 1889 e, com pequenos e constantes aperfeiçoamentos de gatunagem, alcança o apogeu no período 1994/2002.

    Quando sentiram ares de mudança invocaram a máxima de Antonio Carlos, o conterrâneo de Mineirinho —“Façamos a revolução antes que o Povo a faça”. Não deu outra. Adicionam uns milicos descontes e pimba na chulipa…

    Distrito, Distritinho, Distritão, prá merda com tudo. Desde que dê pra roubar, qualquer forma de governo serve para a cambada!

  2. O  distritão será um

    O  distritão será um retrocesso no sistema eleitoral. 

    Hoje num congresso corrupto, conservador e anti democracia, qualquer reforma política será para piorar o sistema. A oposição não deveria nunca ter entrado nesse jogo do governo, deu a relatoria ao PT só para distrair.

    Porque o que será aprovado vai ser muito pior do que saiu da comissão. E não dúvide que o governo e seus aliados terão votos para isso, porque a oposição não tem 100 votos.

    O que joga a favor da democrácia é o tempo, mas quando o governo se mobiliza aprova tudo em qualquer tempo. Se bobiar votam os 2 turnos em um dia.

  3. Torcendo por um remendo

    Gostaria que metade dos vereadores e deputados sejam eleitos pelo sistema distrital e que a outra metade seja  pelo distritão.

    Um eleitor vota num deputado da região e que vai gastar menos pra se eleger. E se o outro deputado que o eleitor votar estiver entre os mais votados que seja eleito. Melhor que o atual sistema que faz que tantos políticos ruins sequer sejam eleitos pelos votos.

    *Esta lista fechada é péssima. Lula, Dilma, etc nunca ouviram o povo falar dos seus erros. E vão por políticos que a gente não quer no meio dos que a gente quer.

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