EUA caçam Del Nero, Suíça acusa acordo de TV e Brasil finge investigar

Por Augusto Diniz

Procuradores responsáveis pelo caso FIFA nos Estados Unidos e Suíça informaram nesta segunda (15/9), que indiciarão mais dirigentes envolvidos em corrupção no futebol – especula-se que o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, é presença certa na lista. A autoridade suíça disse que as investigações não chegaram nem ao fim do primeiro tempo.

O canal de TV público SRF, da Suíça, acusou dias atrás o presidente da FIFA, Joseph Blatter, de ter vendido ao ex-presidente da Concacaf, Jack Warner, direitos de transmissão das duas últimas Copas do Mundo, por 5% do valor de mercado – ao contrário da imprensa brasileira, que costuma acusar sem provas consistentes, os suíços mostraram os contratos sob suspeita assinados por Blatter. Warner usou empresa em paraíso fiscal para revender os direitos por pelos menos US$ 18 milhões.

As investigações do FBI apontam que este prática (de venda de direitos de transmissão de competições por valores abaixo do mercado) foi recorrente na FIFA. As motivações vão desde revenda ilegal por valores infinitamente maiores, passando por sonegação fiscal, até pagamento de suborno.

A CPI do Futebol no Senado faz duas semanas que não se reúne. Nesta terça-feira (15/9) aconteceria uma audiência reunindo ex-jogadores (Pelé, Zico, Cafu, Roque Júnior, Ricardo Rocha e Juninho Pernambuco) e representante do Bom Senso FC (Paulo André), mas foi cancelada (a CPI alegou que não conseguiu reunir todos os convidados) – na verdade, o que tem a dizer esses profissionais em uma CPI que investiga a CBF?

Alguns deles mantem relações promíscuas com a entidade há anos. Além disso, todos jamais se contraporiam a patrocinadoras e emissoras de televisão, cujos acordos são objetos de investigação do FBI, da Suíça e “provavelmente” da CPI -, simplesmente por que estes profissionais são também beneficiários de alguma forma dos possíveis acusados, por meio de patrocínios, direitos de imagem e participação constante como comentaristas em jogos e programas esportivos da TV.

A CPI, com mais de um mês em funcionamento, ainda não conseguiu levar um suspeito para falar ao colegiado, nem tampouco apresentou dados relevantes sobre as operações da CBF.

A Polícia Federal também diz que investiga contratos entre a CBF e a Globo, mas não há nenhuma notícia sobre o caso há pelo menos três meses.

Como disse o depoente da CPI do Futebol, quando a comissão caminhava melhor, o jornalista Leandro Cipoloni, o que mais o chama atenção desde que produziu um livro sobre corrupção no futebol, é a conivência das autoridades com os malfeitos de dirigentes do esporte no País. Está aí mais uma prova.

Redação

8 Comentários

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  1. X da quetão

    O x da questão é simples de entender: quem no Brasil, de todos os poderes constituidos, vai querer enfrentar a venus platinada? se não for alguém de fora (e com muito poder), não tem como

  2. A CBF, seus dirigentes e as investigações

    Os intere$$eses que circulam no mundo do futebol impedem que qualquer investigação avance. Temos por aqui o uso indicriminado, ou incriminado, do “segredo de justiça”.  Algumas operações logo levam  selo de segredo de justiça que tem o grande mérito de levar ao esquecimento. Não se pode verificar o andamento, a mídia sempre intere$$ada não move uma “fonte” para colher informações e os depufedes estão em casa, fedidos como sempre.

    A operação Zelotes caiu em segredo de justiça e não se sabe como andam as “investigações”, dali não vaza nada, ao contrário da vazajato moriana. O trensalão conseguiu achafr a corrução, os corruptores, parte do dinheiro mal havido mas os CORRUPTOS está dificil de descobrir. Andam na rua, na mídia, discursam mas se tornam invisíveis às investigações.

    O cantada em verso e prosa VAZAJATO só consegue pegar nomes envolvidos com o governo, da oposição ninguem e tem-se como certo que ANTES de Lula só haviam santos na Petrobras, mesmo com a denúncia pressionada de Barusco, a nacional “lista de Furnas”, não mereceu qualquer atenção do “grupo da república do paraná”, que agora se espalha por outras áreas sempre na preocupação de pegar “políticos”, uma turma de suspeitos mas só os de um lado do espectro político.

    Gravemente preocupado com essas situações o CNJ dorme o sono pesado dos injustos.

    É o Brasil de ontem renascendo a cada dia.

  3. venus platinada

    A venus platinada ainda tem muito poder,  afinal o que tem de gente alienada não é brincadeira.

    Mas aos  poucos vai entrando em decadencia graças a internet , smarfphones etc.

    Em vez de eles me dizerem o que devo ver, eu vejo o que eu quero, simples assim.

    E isso faz toda a diferença.

     

  4. O problema no Brasil é

    O problema no Brasil é associação da Globo,  cartolas e CBF, a Globo controla as transmissões do futebol brasileiro há mais de trinta anos e agora ela monopoliza completamente o direito de tansmissão e resolveu implantar unilateralmente um modelo de distribuição de receitas em que dá para um clube de SP e outro do RJ três vezes mais dinheiro do que para gigantes de MG e RS, nem estou falando de clubes do norte e nordeste, que hoje não conseguem competir nem com os de Santa Catarina, o futebol brasileiro está completamente amarrado por esse modelo “global” que se acha no direito de  deteminar o valor de mercado de um produto com a anuência de cartolas corruptos e não tem concorrentes ou quando aparece algum (como a Record tempos atrás) forças misteriosas impedem a concretização de modelo diferente desse que está ai, sem dúvida tudo isso deveria ser investigado, porque deve ter gente ganhando dinheiro de forma desonesta em tudo isso..

  5. Fiquem em casa, senhores.

    Calma, muita calma. Ao contrário da PF do Zé, o FBI não brinca com de vaza-vaza. Nem a Procuradoria de lá fala pelos cotovelos.

    Se alguém ofereceu, se alguém recebeu, um jabaculê que for por transações comerciais via banco dos EEUU, ferou pros caras. Aqui pode, vale tudo. Lá fora, isso é crime. Propina é grana desviada pro bolso, seja de origem privada, pior se for de origem pública. Isso vale nos EEUU e na Europa. Aí foi que o Marin se deu mal. Pois as transações com a Traffic – nome sugestivo – com o J. Hawilla tocou o território dos EEUU.

    Se o Ricardo Teixeira assim o fez, também ficará preso ao território brasileiro, enquanto investigado. O mesmo vale pro atual Presidente Del Nero. Deve ter dirigente da Globo nessa lista também.

    Não pode ser extraditados do Brasil, por serem nacionais. Mas se entrarem num avião de carreira – de jatinho, escondidinho, ainda dá, mas é muito arriscado – estão lascados. Podem ser escoltdos pelo FBI e convidados a ingressarem com uma tornozeleira nos EEUU.

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