Guedes diz que Previdência é ‘fábrica de privilégios’ e ataca quem ganha menos

Em primeira audiência pública na comissão especial que analisa projeto de "reforma" da Previdência de Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi questionado sobre quem, de fato, sai perdendo

Guedes começou debate na defensiva e culpou os governos do PT por problemas abstratos (tv câmara)

da Rede Brasil Atual

Guedes diz que Previdência é ‘fábrica de privilégios’ e ataca quem ganha menos

São Paulo – O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu hoje (8) na Câmara que a reforma da Previdência é importante para tirar a economia da paralisia. “A economia está afundando, há descontrole de gastos”, disse o representante do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), repetindo argumentos que também foram usados pelo governo anterior, de Michel Temer (MDB), para justificar a reforma trabalhista e a PEC do teto de gastos, sem que resultados concretos pudessem ser observados.

Guedes participou hoje (8) da primeira audiência pública na comissão especial da Câmara dos Deputados destinada a analisar o mérito da proposta de “reforma” da Previdência. Após uma breve apresentação de números, passou por uma sabatina dos parlamentares.

Como líder da minoria na Casa, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) foi uma das primeiras a levantar críticas contra o projeto, que dificulta o acesso à aposentadoria, além de ceder o sistema ao mercado financeiro, por meio da capitalização. “Vocês dizem que 83% da economia da reforma virá dos mais pobres, que ganham até dois salários mínimos. Vocês dizem que sem a reforma não tem dinheiro para saúde e educação. Vocês estão colocando em confronto a existência de vacinas contra quem precisa de um prato de comida”, disse.

No início Guedes se mostrou em posição defensiva, mas logo começou a desferir ataques. Culpou os governos do PT por problemas abstratos e disse que “não estou indo no rumo da Venezuela”. O presidente da comissão, Marcelo Ramos (PR-AM), pediu para que o ministro evitasse tal tipo de ataque sem propósito. Foi atendido, e então Guedes manteve maior calma dali em diante.

A comissão começou ontem os trabalhos. Hoje, foi o dia dedicado à primeira audiência pública, que contou justamente com a participação de nomes do governo. Estavam secretários e até mesmo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, além do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ficou pouco tempo na comissão.

Guedes chamou a atual Previdência de “fábrica de privilégios”, e foi criticado. “Dizem que estão atacando privilégios, mas Guedes não abre todos os dados. Isso não é verdade. Quase a totalidade da economia com a reforma virá dos mais pobres, do BPC (Benefício de Prestação Continuada), dos deficientes e do abono salarial (…). Na verdade, vocês tiram dos mais pobres para dar para os bancos (…). Diga que querem privatizar a previdência e vamos debater. Temos que discutir com a verdade”, completou Jandira.

Alessandro Molon (PSB-RJ) disse que uma reforma no sistema pode ser necessária, mas pela ótica da ampliação da seguridade, e não o contrário, proposto pelo governo. “É preciso ser franco e sincero. Uma reforma da Previdência que fortaleça a rede de proteção social. Uma reforma que arrume as contas para abrir espaço agora para políticas sociais e investimentos públicos que gerem empregos. Não pode ser uma reforma menos protetiva, mas sim maior e mais sustentável. Essa proposta do Bolsonaro faz isso? Lamentavelmente não.”

Muitos parlamentares abordaram a mesma tese de Molon, ao tentar dar ideias para aumentar os recursos da Previdência, sem cortar direitos dos mais pobres. “O senhor só fala em cortar gastos. Por que um ministro da Economia não pode aumentar arrecadação? Taxar grandes fortunas, heranças, combater a evasão fiscal. São R$ 850 bilhões dos mais pobres? Detalhem isso. Por que o abono salarial entra como Previdência? Para esfolar apenas o pobre, o excluído”, disse Ivan Valente (Psol-SP).

O deputado petista Rubens Otoni (GO) também fez essa sugestão, e mostrou a ineficiência do corte de direitos e arrocho da população. “Ao invés de garantir recursos, vai pelo caminho mais fácil de dificultar o acesso ao direito constitucional. Essa Casa já se sente constrangida, já viveu experiências. Veja a PEC 55, três anos depois, cortes e mais cortes. A economia sem reagir. A reforma trabalhista a mesma coisa, apresentada como solução e, o resultado, foi mais desemprego”, disse.

José Guimarães, também do PT (CE), foi ainda mais incisivo. “O senhor dorme tranquilo em promover desmontes que poderiam capitanear o desenvolvimento da população brasileira? Vejam bem, os argumentos são parecidos com o da reforma trabalhista. Veja o resultado. Disseram que com a PEC do Teto e a reforma trabalhista o Brasil ia crescer. Deu no que deu.”

A audiência segue e ainda estão previstas, ao menos, outras nove em Brasília, mais 10 audiências nos estados. A agenda, passível de alterações, sugerida pelo relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) é a seguinte:

9/5 – sobre financiamento da Previdência (impacto no orçamento).
14/5 – sobre Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), Previdência de estados e municípios, integralidade, paridade, regras de transição.
15/5 – sobre Regime Geral de Previdência Social (RGPS), idade mínima, tempo de contribuição.
16/5 – sobre categorias com critérios diferenciados (polícias, professores, etc).
21/5 – sobre pessoa com deficiência, aposentadoria por invalidez.
22/5 – sobre mulheres na Previdência.
23/5 – sobre trabalhador rural.
28/5 – sobre Benefício de Prestação Continuada (BPC) e abono salarial.
29/5 – sobre regime de capitalização e avaliação atuarial.

Redação

16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O problema não é o guedes dizer que pobre que ganha um salário é privilegiado. O problema é boa parte destes pobres acreditar que isto é verdade. Passamos para o tempo em que qualquer mentira dita por este governo fascista contra o pobre e creditado por verdade por este mesmo pobre. Olha o que que virou a falsificação de notícias pela velha mídia?!!!!

  2. Segundo o governo, a cafagestada pretendida contra a previdência vai render 1 tri em 10anos.
    O eleito, apresentando mais do mesmo e mesmo sem enteder patavina do que tuita, garante que entrará R$ 1.6 trilhão nos proximos 30 (TRINTA) anos:
    https://www.jb.com.br/economia/2019/05/998856-bolsonaro-inaugura-projeto-de-concessao-com-r–1-6-tri-em-investimentos-previstos.html

    Ou seja, em 10 anos aposentados que não morreram ainda estarão na merda e o país. Em 30 anos o Brasil, sem nada mais para vender, buscará grana através de empréstimos internacionais ou penhoras. Mas, aleluia irmãos, neste período terão passados quase R$ 2.9 tri pelos bancos e alguns bolsos.

    Estes conversas fiadas são mesmo alinhados com Hitler. Era dogma deste genocida:
    “Torne a mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e eventualmente todos acreditarão nela”
    A mentira esta aumentando, falta simplifica-la.

  3. Esse congresso formado pela pior espécie de seres humanos será irresponsável se aprovar uma reforma sem saber os dados que a embasam…..esse sinistro dizer que só depois de aprovada poderia mostrar tais dados é chamar a todos de otários e idiotas…….

    Essa reforma é pra compensar a perda certa com a moratória que virá, o país não suportará a explosão da dívida pública . a bizarra PEC do teto já é uma dessas compensações…..ou o brasileiro acorda e poe esses novos escravagistas travestidos de banqueiros em seu devido lugar, ou se conforma e serve bovinamente ao mercado, sem direito a aposentadoria…..

    E ninguém se interessa em saber quanto foi economizado com a maldita PEC do teto? Ou para onde está indo o dinheiro? Evaporou???

  4. ESSE GOVeRNO NÃO FORNECE DADOS CONFIÁVEIS…
    poucos confiam nele….
    não é reforma, é deforma, destruição, caracteristica
    maior desse governo direitista…

  5. Esqueceram a retirada do FGTS e multa da despedida sem justa causa dos aposentados que continuarem a trabalhar. Aposentados com aposentadorias miseráveis não sairão do mercado de trabalho. Os jovens ou os com mais de 35, 40 anos vão ficar de fora, alguém e muitos ficarão desempregados permanentemente.

  6. O ministro da economia está mais perdido eo que cego em tiroteio, não gosta de ser questionado e usa a arma que sabe, ofender quem o questiona, quer empurrar de qualquer maneira esta reforma da previdência, se confunde, falando que deputados se aposentam com R$ 28 mil, depois questionado se corrige, diz que são servidores públcos, mas um deputado perguntou porque ele ataca quem ganha 2 salários mínimos e citou juizes que ganham até R$ 200 mil por mês, ficou calado, é uma vergonha este desgoverno, deveria pedir pinico, só tem projeto porcacaria, entregando o Brasil de bandeja para os EUA e europa, parece que está leiloando o país.

  7. Infelizmente a coisa já aconteceu. Temos um estado ineficiente em seu todo, executivo, legislativo e judiciário. Consome tudo e mais um pouco. Legislam em causa própria como que se donos fossem daquilo que nem dono dá-se a impressão tem. Juros extorsivos a bancos, regalias, desvios, obras de papel que apenas custam.. Enfim se formos fazer reforma vai doer muito, não no bolso do pobre que proporcionalmente paga mais impostos, mas no bolso daqueles que se aproveitam dos recursos, e que são aqueles que terão que promover a reforma. Voce acredita que vai dar certo. Será que tera impecilho. Em terra de cego quem tem um olho e rei.

  8. O governo que cobre as empresas devedoras da Previdência Social, ao invés de conceder perdão fiscal.
    Trilhões de reais !!!!!
    E não aprovar uma reforma previdenciária que vai vitimar o trabalhador, aumentar idade mínima e tempo de contribuição, reduzindo seus benefícios (pensão por morte cai para 60%).
    Acorda povo brasileiro !

  9. Querem fazer reforma? Comecem por quem ganha mais, bando de hipócritas, é fácil consertar o Brasil com o sangue e suor alheio, queria ver algum desses engravatadinhos abrindo mão dos seus benefícios e regalias em prol de um bem maior…mas só que não né!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador