Henrique Alves comprou apoio político por R$ 11 milhões em 2014

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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“Campanha de Henrique Alves em 2014 contava com duas expectativas: sair vitorioso ou disponibilizar muito dinheiro”, disse delator
 

Foto: JBatista / Câmara dos Deputados
 
Jornal GGN – O ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) comprou apoio de lideranças políticas em 2014 pela quantia de R$ 7 milhões em dinheiro vivo para o governo estadual do Rio Grande do Norte, no primeiro turno. A afirmação foi do delator e empresário Fred Queiroz, preso na Operação Manus.
 
“A campanha de Henrique Alves em 2014 contava com duas expectativas, a primeira era a de que ele sairia vitorioso, a segunda era a de que haveria disponibilidade de muito dinheiro”, afimou o delator.
 
No segundo turno, Fred relatou que destinou mais R$ 4 milhões para angariar fundos a Alves, que teria, à época, repassado a vereadores, prefeitos e deputados estaduais que o apoiaram na sua candidatura ao governo estadual naquele ano.
 
Além da descrição das quantias, o delator entregou aos investigadores uma planilha com detalhes da aquisição de recursos, por meio da empresa de Fred Queiroz, e os respectivos repasses e distribuições aos políticos.
 
A Operação Manus, que prendeu o ex-ministro no dia 6 de junho deste ano, apura fraudes que atingiram R$ 77 milhões envolvendo a construção da Arena das Dunas, no Rio Grande do Norte. O empresário relatou que JBS e a Odebrecht realizaram os repasses a ele, sem declarar à Justiça Eleitoral.
 
De acordo com o documento, os investigadores analisaram que no dia 28 de setembro de 2014, “chegaram de R$ 5 a R$ 7 milhões de reais provenientes da pessoa de ‘Joesley’; e que esses valores não foram declarados em prestação de contas eleitorais”.
 
José Geraldo, assessor particular do ex-presidente da Câmara, teria recolhido uma mala com os R$ 7 milhões, em um hotel na Via Costeira, na praia de Ponta Negra, zona sul de Natal. “José Geraldo disse que foi com o motorista de Henrique Alves de nome Paulo, pegar os valores com um casal no Hotel Ocean Palace; que esse casal, segundo José Geraldo, veio de Mato Grosso em um avião particular; que o nome do casal foi passado por Arturo Arruda por meio de mensagem de aplicativo; que José Geraldo levou o dinheiro em uma mala para a casa da sogra dele”, disse Fred aos investigadores.
 
No dia seguinte ao repasse, o coordenador geral da campanha de Alves, Benes Leocádio, se encontrou com Geraldo e indicou quem seria beneficiado para a compra de apoio: um só prefeito ganhou R$ 27,5 mil naquele mesmo dia.
 
Já no segundo turno, contou Fred Queiroz, dos R$ 9 milhões repassados, R$ 4 foram também para a compra de apoio político e os R$ 5 milhões restantes foram destinados a despesas, como gasolina, pessoal, equipamentos, alimentação, estruturas de campanha, etc.
 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. compra e venda

    isso é tal como o pó.

    se comprou é porque alguém vendeu. se alguém vendeu é porque há comprador.

    afinal estamos numa economia “de mercado”.

    se na tal “economia” tudo é mercadoria. porque não a política?

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