Índio disputará a presidência do Senado com o apoio de Justiça, por J. Carlos de Assis

Movimento Brasil Agora

Índio disputará a presidência do Senado com o apoio de Justiça

por J. Carlos de Assis

Só mesmo a audácia de quem tem infinita ambição e uma extraordinária convicção de que é capaz de enganar a todos, em todo o tempo, e em qualquer lugar pode justificar a audácia com que o senador Eunício de Oliveira, do PMDB, o Índio da debochada lista da Odebrecht, decidiu apresentar-se como candidato à presidência do Senado. Certamente ele conta com o apoio de Justiça, o Renan da lista, e de Caju, o atual líder do Governo Romero Jucá, que formam uma espécie de trio da infâmia.

Há muito que se fala em decadência da representação parlamentar brasileira. A cada novo ciclo ela piora. Entretanto, nunca se supôs que a degeneração pudesse chegar a um ponto tão baixo e com essa estranha aparência de normalidade. Não é difícil explicar esse último ponto. Bombardeada por notícias de corrupção a cada dia, saturada de denúncias infames, a sociedade, conduzida pela imprensa sensacionalista, passa a achar normal o absurdo. E é disso que se aproveitam os canalhas.

Temos também achado normal a forma como a chamada força tarefa comanda as investigações da Lava Jato na sua articulação com o Supremo Tribunal Federal. Há uma clara seletividade nos indiciamentos e um propósito deliberado de preservar o PSDB. Não que os demais partidos não sejam culpados. Mas seria um fenômeno extraordinário que apenas o PSDB, na carga genética brasileira, fosse um partido puro. É como achar que corrupção existe apenas no Brasil, e em nenhuma outra parte do mundo.

A manipulação de denúncias pelo procurador geral da República é igualmente suspeita. Na sua relação com o Supremo ela cria a oportunidade de negociações com indiciados transformados em verdadeiros reféns. Por que,  afinal, soltar a lista dos Índios, dos Angorás, dos Muito Feios, dos Justiça, e de tantos outros, para deixar o indiciamento dormindo nas mãos de um ministro do Supremo por prazo indefinido, sugerindo uma oportunidade de criar verdadeiros reféns do Judiciário?

Isso tudo está muito errado, mas no meio de tanta lama é revoltante ver personagens como Índio, Caju, Justiça e o arisco Angorá ainda pretendendo continuar na posse da presidência do Senado ou da República como se nada tivesse acontecido nas últimas semanas no país. Se tivesse um mínimo de pudor, ou um pouco de vergonha na cara,  Eunício deveria estar escondido em alguma oca no Ceará e não tentando cabalar votos. Que ele não envergonhe a casa com a própria vergonha

Quanto a Justiça, é bom que se saiba que nenhuma atitude assumida por Renan Calheiros nos últimos tempos numa suposta defesa da honra do Senado é autêntica. Tudo é combinado com o Supremo, o Supremo combina com a mídia, e a mídia combina com a banca e os interesses internacionais. Debaixo de seus 13 processos não julgados, Justiça é um refém. Daí sua pressa em colocar em votação projetos que agradam a banca, como a emenda 55/241, e tirar de votação os que desagradam a banca e aos justiceiros vendidos de Curitiba, como a lei do abuso de autoridade.

A candidatura de Índio, ou Eunício, também ele um refém do Supremo, é uma tentativa de dar continuidade a esse esquema comprado a preço de ouro, como mostra a lista da Odebrecht. Aviso aos demais senadores: se não se conformarem com isso, busquem um candidato decente, incorruptível, que faça seu o dever de uma cruzada contra os vendilhões do templo da República. O país vale muito, não pode ser vendido. E num colégio restrito como o Senado não é difícil identificar os honrados e os movidos exclusivamente por interesses materiais. Estes são difíceis, mas não impossíveis de recuperar. Os primeiros levantarão o estandarte da honra do Congresso.

 

Redação

4 Comentários

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  1. No Congresso, É Sempre Carnaval!

    “Ê, ê, ê, ê, Indio quer apito, se não der pau vai comer!” — de outros Carnavais.

     

    Nassif: ou o Assis é utópico ou é doido de pedra. Nem cabe meio termo.

    A de “candidato decente”, no Senado, já é de lascar. Mas, vá lá. Porcentagem máxima de 10% na Casa. Agora, essa de “incorruptível”, tá brincando… E quando fala de “honra do Congresso”, então o bicho pega.

    Tirando a minoria (2/10, quando muito), o que presta naquele Antro político atual? Os restantes (8/10, arredondados para maior) não têm honra nem no DNA.

    E já que o tempo é de mudanças, mesmo quando os meliantes assumem e governam, volta a pergunta já lançada no seu informativo — PRÁ QUÊ SENADO?

    Se o Legislativo é representativo do povo, senador representa o quê, nesse contexto?

    Numa “confederação” seria admissível, até por um modus operandis distinto. Mas somos “federação”, “República Federativa”. E mesmo que os da Matriz nos considere do quintal, agora dominado por “minoins” seus, instalados principalmente no Judiciário, mesmo assim continuamos “federação’.

    Tempos de cortes? De crise? Imagine a economia monetária e moral. Tá certo que aquela quase totalidade da Casa vai simplesmente transferir a área de atuação e roubar noutro terreiro.

    E vou mandar minha contribuição ao “MT_43” — faça média e, nessa nova “PEC da decência”, acrescente 3 deputados a cada ente da “federação”. Um Congresso, agora sim, repleto de representantes do Povão. Pode-se até tentar reduzir o percentual de bandidos. “Justiça”, “Caju” e “Angorá” etc. vão ficar putos na roupa. Mas a dica tá lançada.

    Assis, vai, que a bola é tua, garoto… 

  2. A bravata “agorista” parece

    A bravata “agorista” parece esquecer que apoiou o “ex-bispo” da IURD, o senador obscurantista Marcelo Crivella, `prefeitura da Muy Sofrida Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. O entusiástico apoio se deu após o fundamentalista ter traído a confiaça da sra. Dilma Rousseff.

    A bravata “agorista” apoia a candidatura do deputado Leonardo Quintão à presidência da Câmara.

    A bravata “agorista” exulta com a eleição de Trump.

    A bravata “agorista” espanta-se com a candidatura do senador Eunício à presidência do Senado??!!

    Qual o interesse do “agorismo”? Seria mais franco que este “movimento” reacionário e prestidigitador fosse mais claro em suas pretensões. Até o momento, parece-me um grande embuste de ultrapassados intelectuais de gabinete e esquerdistas que viraram a casaca.

  3. Veja você meu caro e nobre

    Veja você meu caro e nobre Luis Nassif,como as coisas evoluiram para pior.No meu tempo, Índio se contentava com um simples apito,hoje quer a Presidência do Congresso Nacional.Sinal dos tempos,carissimo.

  4. Normalmente gosto dos textos

    Normalmente gosto dos textos do J. Carlos de Assis, mas achei esse esquisito. Moralista, coisa que ele nao costuma ser. Nao nutro nem tenho como nutrir nenhuma simpatia pelo Renan Calheiros, mas o cara está sofrendo uma pressao enorme do judiciário. Mais do que nunca, o que se passa no Brasil nao se trata de um problema ético ou moral, elegemos a Dilma que é uma pessoa reta e honesta, e no que deu? A campanha contra o Cunha, deu no que? No impeachment, e no descarte posterior do mesmo, quando ele já era carta fora do baralho e já tinha cumprido o seu papel. Desculpe J. Carlos de Assis, mas por mais ‘degradado’ que o congresso esteja, eu fecho com ele e nao com STF e a justiça. Como bem disse o Lula, esse pessoal nao é eleito por ninguém! Em 1964 eles apoiaram o golpe militar, e o STF nao foi fechado, é uma instituiçao que consegue se entender com regimes autoritários. Já o congresso nacional… o que é triste é que você parece ter clareza da situaçao, uma vez que admite que o Renan seria um refém. Nao entendi o seu propósito com o texto, sinceramente…

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