“Não me importo se Bolsonaro gostará ou não”, diz Eunício sobre pautas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: ABr

Do Portal Vermelho

Eunício sobre votações: ‘Não me importo se Bolsonaro gostará ou não’

Eunício Oliveira (MDB), presidente do Senado, disse em entrevista ao Estadão que não está preocupado se o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), vai ficar satisfeito ou não com as votações da Casa

“Ah, o Bolsonaro diz que não gostou. Não estou preocupado se vai gostar ou não. Qual o motivo de eu, como presidente de um Poder, vou procurar o presidente eleito de outro Poder para perguntar o que ele quer? Parece um oferecimento, de disposição para se credenciar para alguma coisa. Zero”, declarou.

Sem ter a sua reeleição, Eunício demonstrou que a sua agenda não está pautada no novo governo. Ao ser questionado se alguém da equipe econômica de Bolsonaro ou o ministro Onyx Lorenzoni, resposável pelo governo de transição e futuro ministro da Casa Civil, o procurou, o senador foi irônico.


“Você acha que Onyx vai me procurar? Não vai. Tive o cuidado de dizer que nós estamos reduzindo os incentivos em torno de 40%, se não amanhã (dizem que é) pauta bomba”, declarou Eunício, reforçando que comunicou ao Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda e outras pastas, que estava prorrogando a votação do orçamento duas vezes. 

“Ele [Paulo Guedes] disse: ‘Ou você vota a reforma da Previdência ou o PT volta’. Primeiro que eu não estou preocupado com volta ou não do PT. Quem deve saber o que quer para a frente, quem assumiu a responsabilidade de governar o Brasil, infelizmente, não fui eu. É fácil levantar todos os projetos que estão na Câmara e no Senado que podem ser pautados. Até o último dia em que eu for presidente, ninguém vai interferir nesse Poder, a não ser por entendimento, por conversa e harmonia”, avisou o senador cearense.

O repórter do Estadão insistiu em querer saber se Eunício foi procurado por alguma liderança do futuro governo Bolsonaro. Ele disse que apenas o deputado Major Olímpio, que foi eleito senador por São Paulo, o procurou. Ele conta que Olípio se disse envergonhado com o fato de ninguém ter procurado o presidente do Congresso para tratar sobre pautas. 

“Não votei no Bolsonaro, mas eu vou dizer o que disse Obama. Minha admiração não é pelo Trump, é pelo Obama. A população do meu Brasil democraticamente disse que o presidente é ele, então a partir do dia que ele ganhou, ele é meu presidente, é o presidente do meu país e não sou eu que vou botar uma perna esticada para ele tropeçar, pelo contrário. Agora, a Constituição determina muitas coisas que talvez muita gente que está nesse processo, que não passou por aqui, não passou numa Câmara de Vereadores, numa Assembleia Legislativa, numa Câmara Federal, talvez não tenha passado num governo, para entender o trâmite”, cutucou.

Eunício ainda rebateu as especulações de que ele não queria votar a reforma da Previdência. “Eu posso até não querer, mas não é isso. Os constituintes foram sábios de se autoproteger, não a eles que estavam vindo de um regime de força da ditadura, eles autoprotegeram a Constituição brasileira e botaram nessa Constituição que ninguém pode chegar e dizer: ‘Olha, acordo de líderes aqui, eu tenho maioria, muda a Constituição todinha que agora eu prendo e arrebento’. Eles fizeram um ritual para mudanças na Constituição brasileira”, afirmou. 
 

Do Portal Vermelho, com informações do Estadão

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Negociação entre ratos, e o Brasil no meio.

    Eunício está negociando o livramento da própria cabeça com os ratinhos do “baixo clero” que vão governar o país. Como a missão de Guantánomoro era prender Lula, a negociação será mais fácil para ele. O velho acordo das elites, como sempre ocorreu no Brasil.

  2. O fantasminha Kamarada

    Este pessoal é mesmo ridículo.  Se usar o PT como bicho papão não funcionar, experimenta gritar “Buuuuú”, chamar o Gasparzinho, a loira do banheiro, o monstro do lago Ness, tirar a maquiagem, enviar nudes da gangue fascista… O que não falta é alternativa para dar sustinho num Congresso de raposas. Nosso humor vai muito mal mesmo. 

    Essa ladainha contra o PT pode funcionar com o povo ignorante e manipulado; com congressistas experientes como o presidente do Senado, Eunício Oliveira, pode ter o efeito contrário – deve ter gente muito arrependida de ter aceitado participar no golpe, principalmente depois do resultado das eleições… 

     

    Sampa/SP, 09/11/2018 – 21:01 (alterado às 21:12).  

  3. Esse tal de paulo guedes é um
    Esse tal de paulo guedes é um neófito de noções rudimentares sobre economia. Adepto de uma cartilha fracassada, a condução da política econômica promete ser a continuação piorada do desgoverno Temer. O sujeito não sabe nem o trâmite da votação do orçamento. Seu único compromisso é entregar a reforma da previdência ao sistema financeiro. Esse bando ainda nem assumiu e a cada dia somos brindados com algum desmentido.

  4. Creio cada vez mais que não

    Creio cada vez mais que não foi o Boçal que escolheu Moro, mas escolherem o Moro pra ele. Pois se um animal político como Lula teve que suar muito pra negociar com o congresso em 8 anos e mesmo assim lhe tiraram a cpmf , ou seja, 70 bilhões do orçamento na calada da noite, imagina um cara como Bolsonaro, um animal em forma de político, que tem que pensar pra poder emitir sílabas rs. Agora, com Moro sendo praticamente o mandachuva duma KGB cabocla, a chantagem vai rolar e deitar pra conquistar o voto do parlamentar, começando com a afirmação “SEnhor parlamentar, eu sei o que você fez no verão passado”  e com os olhos que dizem “Se eu pus  o maior líder latinoamericano do século 21 na cadeia, imagino que faço com você, reles deputado e que não se chama Lorenzoni ” E se não aceitar, Moro vaza algum dado sigiloso, o Bonner faz aquela voz de Macho AuAufa no JN, sigla de Big Brother , e aí o deputado tá marcado a ferro e fogo – mesmo que depois se comprove que era inocente. 

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