Senador Walter Pinheiro revela voto contra o impeachment

Jornal GGN – Em levantamento realizado desde o dia 26 de abril, o senador Walter Pinheiro (Sem Partido/BA) havia afirmado ao GGN que não divulgaria o seu voto, mas que já tinha o posicionamento definido. Na manhã desta quarta-feira (11), dia de votação da admissibilidade do impeachment no Senado, o parlamentar anuncia: votará contra o processo e encaminhou artigo com a íntegra de seu posicionamento.

“Nem Dilma, nem Temer”, o senador afirma que “a admissibilidade [do processo] vai premiar um ou outro, sendo que os dois são responsáveis”, entendeu. Com isso, propôs a antecipação das eleições. “Com a admissibilidade, não teremos uma solução definitiva, com os mesmos governantes. Com novas eleições, o povo pode eleger um novo governante em 02 de outubro de 2016, junto com as eleições municipais”, defendeu. Leia, a seguir, o voto final de Walter Pinheiro (Sem Partido/BA) adiantado ao Jornal GGN, que será lido na tribuna ainda hoje: 

DECLARAÇÃO DE VOTO

A crise política e econômica vem como resultado do modus operandi introduzido no cenário político pelo biombo PT/PMDB, coordenado por Dilma/Temer, governando nos últimos cinco anos com uma coalizão de partidos, dividindo espaços de poder, sendo que, nos 14 mais importantes ministérios, cada um ficou com metade. 

No Legislativo, onde está a linha sucessória, o comando com cargos de lideranças e da base de apoio foi loteado entre os sócios majoritários, com o PMDB presidindo as duas casas, Câmara e Senado, desde 2013.

Não nos é dado o direito de escolher uma opção diferente: restou tanto para o Congresso quanto para a sociedade, a imposição de um governo dos mesmos, agora rachado –  ficar com Dilma e um vice rompido ou ficar com Temer e uma Dilma ‘suspensa’ por até 180 dias.

O que vai a voto é o único caminho do sim ou do não… E a busca de iludir o povo que haverá solução nova e definitiva. Tudo isso, com os mesmos governantes e seus auxiliares, sejam como ministros ou como parlamentares, que nessa disputa querem mais espaços para preenchimento dos cargos.

Tanto Dilma quanto Temer adjetivam as ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE E VICE, EM OUTUBRO DE 2016, VIA EMENDA CONSTITUCIONAL – PEC, como GOLPE.

Não partilhamos dessa adjetivação, que buscam fazer um lado e o outro, ao classificar de golpe todas as iniciativas postas no cenário. Impeachment é previsto na Constituição, e até sobejamente debatido no seu aspecto jurídico e na necessária existência de provas materiais, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Impeachment, no Congresso, é julgamento político. Logo, como tal, deve ser tratado como o encontro de saídas na via política.

GOLPE?  A PEC, é como um boxeador: sem golpes baixos e, sim, com toda a luz de fortes refletores que revelam as faces dos duelantes. E, com a presença de uma multidão que cerca o cenário da disputa, pode acertar um direto e reto movimento para colocar na lona uma coalizão que só conquistou troféus de campeão de desemprego, desaquecimento da economia, e de ocupação de ministérios e cargos, inchando a máquina pública.

Movimento certeiro é o povo promover as mudanças que esse país precisa, escolhendo e legitimando pelo voto presidente e vice, diferente dos atuais que, em 1914 dias, governaram o país. Eles não fazem autocrítica da condução desastrosa na política, na economia, na gestão, e das suas relações com a base parlamentar, desde a campanha.

Quando há impasses no Congresso sobre temas internos, projetos e outros, o Plenário é o Fórum. Quando o impasse e a crise envolvem a sociedade, o Fórum deve ser o povo, que com o voto pode construir novos caminhos para momentos como os atuais.

Duro golpe é o mesmo Colegiado que aprovou todas as medidas hoje existentes, elegeu os atuais dirigentes das duas casas, que serão levados a condição de membros da linha sucessória, apontar quem deve ficar e quem deve sair, dentre as ‘mesmas’ opções.

Duro Golpe é RETIRAR DO POVO O PODER DE ESCOLHER, SOBERANAMENTE, NOVOS GOVERNANTES. Nossos votos não influenciarão no resultado, mas servem para alertar que o método da negociação por cargo ou estrutura de poder foi o grande responsável por todas as coisas que agora afloram. Sejam com a ‘água’ da ação da operação lava a jato ou com o ‘sangue’ da vingança e/ou briga interna resultante da ruptura do consórcio de poder.

Por que votar não a admissibilidade?

Um lado promete que se mantido ‘refundará’ o governo, sem os membros que se desgarram, e que o diálogo será aberto com a sociedade e os movimentos sociais. Promessas, bem diferentes de um passado recente de exclusão dessa relação e de uma dependência dos acordos com os partidos e a base parlamentar.

O outro lado tenta chegar à ‘cabeça’ do poder, propondo mudanças e distribuição de cargos para composição de um ‘novo’ governo, com as velhas partes que saíram do agora, considerado por ele, outro governo.

Com a admissibilidade, abre-se um prazo de até 180 dias, o interino assume o comando, aguardando a fase final, de ‘julgamento’. Cumprido todo o prazo dar-se-á em novembro, a deliberação por 2/3 do Senado, a decisão de efetiva o interino (o vice) ou retornar ao cargo o titular (a presidente).

Com a decisão final aqueles que por cinco anos e 90 dias juntos não conseguiram governar o país, podem juntos e/ou separados continuar no comando da nação até 31 de dezembro de 2018.

Pelos motivos sobejamente listados nesta declaração queremos a retirada dos dois, com o voto do povo.

Não podemos ser os responsáveis pela retirada de um presidente, mesmo que paire acusações de acometimento de crimes, antes o julgamento final. Assim, como também não é nosso desejo colocar na presidência, como no passado distante, via um colégio eleitoral, um presidente que também foi parte de toda a condução do atual governo.

Sem a admissibilidade, teremos a oportunidade de mobilizar a Nação e aproveitar o pleito eleitoral, já marcado para 02.10.16, com toda a estrutura montada, para escolher um presidente e vice, pela vontade soberana do povo brasileiro.

Assim, poderemos inaugurar um novo período no país, em que os governantes passem a respeitar a vontade do povo e cumpram os programas, fartamente anunciados em campanhas eleitorais, e acabar com as práticas de negociação de cargos da cena política.

Novas eleições são o caminho para consertar o Brasil e introduzir novas leis e ações, que obriguem todos os governantes o cumprimento de suas palavras: não por bondade deles, mas, por aplicação das regras, quando no descumprimento dos Programas apresentados em campanhas. Só assim, vamos banir dos cargos e até da vida pública, pela decisão livre e soberana do POVO, aqueles que teimam em pregar uma coisa e fazer outra. O POVO decide, eleições já!

Senador Walter Pinheiro (Sem/Partido-BA)

 

Acompanhe no infográfico do GGN o voto a voto dos senadores, nessa primeira etapa, quando o plenário decide se aprova a proposta.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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