Senadores apresentam a Temer a fatura do impeachment

Jornal GGN – Para deixar de ser presidente interino e assumir o cargo em definitivo, Michel Temer tem sido pressionado por senadores que pedem sua interferência em disputas políticas, indicações de cargos e até mesmo o controle de estatais, como o BNDES. Temer tem recebido os parlamentares no Palácio do Jaburu para reuniões, almoços e jantares, marcados fora da agenda oficial. “É uma compra explícita de apoio”, diz Roberto Requião (PMDB-PR), senador contrário ao impeachment de Dilma Rousseff.

Uma das listas de demandas mais peculiares foi a de Hélio José (PMDB-DF), que pediu 34 cargos, incluindo a presidência de Itaipu, Correios, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e até o comando do BNDES. Porém, interlocutores dizem que ele foi convencido da inviabilidade de sua fatura e do risco político que ele corre se decidir apoiar a presidente afastada. 

Romário (PSB-RJ), que estava indeciso sobre o afastamento definitivo de Dilma, conseguiu a nomeação da ex-deputada Rosinha da Adefal para a Secretaria da Pessoa com Deficiência, e foi atacado pela deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que disse que ele trocou o voto no impeachment pelo cargo. Outro nome ligado ao futebol, o senador Zezé Perella (PTB-MG), ex-presidente do Cruzeiro, colocou seu filho, Gustavo Perrella, na Secretaria Nacional do Futebol e de Defesa dos Direitos do Torcedor.

Pelas contas do governo interino, a cassação de Dilma está nas mãos de 15 senadores, sendo que 38 se posicionam a favor do impedimento e são necessários 54.  Titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima confirma que tem dialogado com senadores que buscam espaço no governo. “As conversas estão sendo republicanas e não está havendo essa pressão que se imagina, não”, afirmou.

Do Estadão

Senadores mostram ‘fatura’ do impeachment

PEDRO VENCESLAU E VALMAR HUPSEL FILHO
Parlamentares pedem interferência de Temer em disputas políticas, indicam aliados para cargos e exigem até comando de estatais
Do apoio do Planalto em disputas locais a indicações para cargos em estatais e até para o comando do BNDES – o maior financiador de empresas do País –, o presidente em exercício Michel Temer está sendo pressionado por senadores em troca de apoio no julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. A votação final está prevista para acontecer até o fim de agosto.
Por causa do assédio, Temer tem recebido parlamentares no Palácio do Jaburu para almoços, jantares e reuniões, marcados muitas vezes fora da agenda oficial. Nos encontros, escuta mais do que fala. “O Temer está comprando a bancada. É uma compra explícita de apoio”, disse o senador Roberto Requião (PMDB­-PR), peemedebista contrário à saída de Dilma.
Para interlocutores do governo no Senado, o “movimento” nada mais é do que uma lista de demandas. O caso mais pitoresco, segundo relatos de três senadores próximos a Temer, é o de Hélio José (PMDB-­DF). Ele pediu 34 cargos, entre os quais a presidência de Itaipu, Correios, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e até o comando do BNDES.
O senador foi convencido por colegas da inviabilidade dos pedidos e do risco político que correria em sua base se apoiasse Dilma. Não levou nada e ainda decidiu votar pelo afastamento.
O senador Romário (PSB-­RJ), que votou pela admissibilidade do impeachment, ficou indeciso sobre o afastamento definitivo poucos dias depois. A dúvida foi comunicada ao Planalto acompanhada de uma fatura. Ele pediu o comando da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e uma diretoria em Furnas. A primeira vaga já havia sido prometida para a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). Cadeirante e militante histórica, ela queria emplacar um nome da área. Romário ganhou apenas o cargo, que ficou com a ex­deputada Rosinha da Adefal.
Ex-­presidente do Cruzeiro, o senador Zezé Perrella (PTB-­MG) conseguiu pôr seu filho, Gustavo Perrella, na Secretaria Nacional do Futebol e de Defesa dos Direitos do Torcedor.
Em outra frente de pressão, Temer é cobrado a se posicionar politicamente em disputas locais. O caso mais emblemático é o do Amazonas, onde o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), aliado do senador Omar Aziz (PSD), é adversário do senador Eduardo Braga (PMDB). Todos são aliados de Temer e estarão em lados opostos na eleição municipal.
O senador peemedebista reivindica o apoio do presidente em exercício para seu candidato, Marcos Rota. Já Aziz quer que Temer ajude Virgílio. No Placar do Impeachment do Estado, Braga consta como indeciso e Aziz não quis responder.
Temer enfrenta o mesmo dilema no Paraná, onde dois aliados, o governador Beto Richa (PSDB) e o senador Álvaro Dias (PV), são adversários políticos e disputam influência em Itaipu.
Contas. Pela estimativa do Planalto, a cassação de Dilma está nas mãos de 15 senadores. Hoje, 38 se posicionam a favor do impedimento – são necessários 54. O ministro-­chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, se recusa a revelar a “estratégia” para evitar a volta da petista. “Não vou revelar nomes, mas temos um controle diário dentro do Senado. Temos informação do movimento de todos, até mesmo daqueles que se dizem indecisos”, disse, em um almoço com empresários na semana passada.
O titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, confirmou que tem dialogado com senadores que buscam espaço no governo. “As conversas estão sendo republicanas e não está havendo essa pressão que se imagina, não”, afirmou.
As articulações são criticadas pela oposição. “Quando há um processo de julgamento de uma presidente, há uma alteração da condição do senador, que vira juiz. No período do julgamento, ele não pode negociar posição com cargo”, disse o senador Lindbergh Farias (PT­RJ).
Senadores que estiveram com Temer disseram que não trataram do afastamento. “Ele não tocou no assunto. Eu disse que ele precisava de uma agenda para os excluídos e perguntei quem iria pagar pelo ajuste”, disse Cristovam Buarque (PPS-­DF), indeciso sobre o voto final e que também visitou Dilma. Na admissibilidade, ele votou contra a presidente.
Hélio José relativizou suas demandas. Ele disse que sugeriu nomes “apenas quando foi consultado” e considerou um “folclore” a lista de cargos que teria apresentado. A assessoria de Romário afirmou, por meio de nota, que não houve negociação por seu voto no impeachment e negou a demanda por uma diretoria em Furnas. Procurados, Perrella, Braga e Aziz não foram localizados. Álvaro Dias disse que “quer distância” de cargos.
DEMANDAS
Secretaria de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência
O senador Romário (PSB-­RJ), que votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff na primeira fase do processo, posiciona­se, agora, como indeciso e pediu o comando da secretaria e conseguiu. O cargo estava prometido para a deputada Mara Gabrilli (PSDB­-SP), mas ficou com a ex­deputada alagoana Rosinha da Adefal, aliada de Romário.
‘Lista’ de cargos
Segundo relatos de senadores próximos a Temer, Hélio José (PMDB-­DF) apresentou ao governo uma “lista” pedindo 34 cargos, entre os quais a presidência dos Correios, Itaipu e o comando do BNDES. Não obteve sucesso. O senador peemedebista nega ter feito qualquer pedido.
Manaus
O senador Eduardo Braga (PMDB-­AM) quer o apoio de Temer ao seu candidato a prefeito de Manaus, Marcos Rota (PMDB). Já o senador Omar Aziz (PSD-­AM) quer que o presidente em exercício ajude Arthur Virgílio, do PSDB. No Placar do Impeachment do ‘Estado’, nem Braga nem Aziz tem um posicionamento definido sobre o processo.
Jader Barbalho
O senador peemedebista, que conseguiu emplacar o filho, Helder Barbalho, no comando do Ministério da Integração Nacional, estaria condicionando seu posicionamento no julgamento final do impeachment de Dilma à manutenção do filho na pasta. Jader, no Placar do Impeachment do ‘Estado’, está no grupo dos que não quiseram responder.

 

Redação

Redação

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  • Valei-me, meu São Serapião!

    Na Republica onde até juiz e Ministério Publico  operam um caixa 2, o que esperar de senadores que sempre operaram loteando o Brasil?!

    "“Não vou revelar nomes, mas temos um controle diário dentro do Senado. Temos informação do movimento de todos, até mesmo daqueles que se dizem indecisos”, disse, em um almoço com empresários na semana passada.""

    Tem saida, gente?!!! Sem mobilização e manifestações, Dilma ja era e o PT... Bem se não acordar do tombo que levou, vai acabar virando poh.

  • Mas o mais engraçado...

    O mais engraçado é que uma notícia dessas não gera um único batuque numa panela, nenhuma buzinada - quanto mais um buzinaço -, nenhuma manifestação em frente ao Palácio do Planalto, nenhuma convocação do Movimento Brasil Livre ou do Revoltados Online, nenhum meme de whatsapp, nenhum textão no Fabeook...

  • Dilma fica se preocupando em

    Dilma fica se preocupando em provar que não pedalou !!! Ninguém liga para isso !!!Ou começa a falar a língua que os Senadores entendem (Cargos e $$$), ou melhor desistir de participar do jogo de cartas marcadas !!!

    Estou de saco cheio da falta de empenho do PT na defesa do mandat de Dilma.

  • mas é bom...

    a gente fica com a certeza de que nossos senadores podem fazer qualquer de ruim contra o povo

    contanto que, é claro, sejam atendidos no que pedem e em todos os sentidos que há de se darem bem às nossas custas

    • mas é claro que não é só com este governo ilegítimo...

      mas quer desmascará-los? pergunte se Dilma deixou de atendê-los em algo

  • assim como o Maguila dá porrada...

    e o Tiririca faz palhaçada

    a única coisa certa que o Romário sabe fazer é gol.

    Com a indecisão preparou para um gol de mão e se deu bem

  •  
     
     
     
     
    Quando ele diz que

     

     

     

     

     

    Quando ele diz que  tem um controle  absoluto dentro do senado é sinal que  serviços  secretos estao passando informaçoes para eles  sobre os numeros  que apoiam  o golpe     O ministro-­chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, se recusa a revelar a “estratégia” para evitar a volta da petista. “Não vou revelar nomes, mas temos um controle diário dentro do Senado. Temos informação do movimento de todos, até mesmo daqueles que se dizem indecisos”, disse, em um almoço com empresários na semana passada.

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