Sobre a reacomodação das bases conservadoras no parlamento, por Lucinei

 
Camarão que dorme a onda leva
 
Comentário do post Uma reforma administrativa com foco errado
 
 
Ora, ora, Nassif, uma perspectiva é que foi exatamente essa “configuração social” que se alterou!
 
A fragmentação foi tal que cada setor passou a olhar pro seu umbigo, pras próprias demandas e… tchau pra articulação com as demais…
 
É essa a eterna sina dos partidos trabalhistas no poder e sua relação com “as bases”…
 
Qual o “cimento” entre cada uma das demandas de grupos específicos, um “programa de governo”, um “projeto de país”, uma “coalizão partidária? Isso não está desconecctado do parlamento, não, por mais que a chantagem e o achaque sejam – até mesmo por causa disso – a nota cada vez mais distintiva e a face mais evidente legislatura após legislatura.
 
Veja o exemplo do nosso Gunter Zibell: pra ele o governo “recuou” ou até mesmo “vendeu” – e não, simplesmente, per-deu – a pauta LGBT. Então, tchau!
 
Do meu ponto de vista é uma reacomodação – ou mesmo reação – em bases conservadoras. A “esquerda” esteve no centro do poder federal nestes últios 12 anos e não conseguiu aumentar significativamente sua participação no parlamento, preferiu o executivo. Note que até diminuiu na última legislatura (mesmo com emprego recorde em 2014, bem antes do famigerado “ajuste fisal)!
 
Querem o quê, que a reação fique esse tempo todo olhando a “esquerda”  governar e esperando o poder central cair nas mãos pra se mover? É o contrário. A disputa pela hegemonia se dá de outra forma.
 
Parece até que, no cômputo geral, a direita leu Gramsci melhor, mesmo com todos os preconceitos vulgares (esse é o papel dos “ex-esquerdistas”, aliás, que muitos desprezam).
 
A esquerda que a direita gosta também teve um papel importante no sucesso da reação: enfraqueceu no que pôde e não cresceu nada.
Redação

19 Comentários

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  1. No alvo

    Leandro Karnal já cantou essa bola em uma das suas instrutivas palestras.

    Digo sobre a parte:

    “Qual o “cimento” entre cada uma das demandas de grupos específicos, um “programa de governo”, um “projeto de país” […] Veja o exemplo do nosso Gunter Zibell: pra ele o governo “recuou” ou até mesmo “vendeu” – e não, simplesmente, per-deu – a pauta LGBT. Então, tchau!”

    E Nassif deu uma agulhada sutil na colocação da foto. Corroborando, é claro. Os vegan, os LGBTS, os bicicleteiros, os ecologistas, A Marcha das Vadias, os protestadores de uma causa só … pensam em um PAÍS ?

    1. E qual é sua proposta a respeito? Abandono dos grupos oprimidos?

      Para o quê? Ganhar eleiçao? Olhe que sou uma das realistas do Blog, ganhar eleiçao é importantíssimo, melhor o nao ótimo, nao puro, mas que melhora a vida de muita gente que o Ideal inatingível. Mas isso só até o ponto em que realmente melhore a vida de muita gente. Se é para dar as costas a mulheres, negros, homossexuais, entao nao adianta nada ganhar eleiçoes.

      Os grupos que vc citou, aliás de forma debochada e depreciativa, pensam sim em um país. Um país sem opressao, com igualdade racial e de gênero, sem opressao de escolhas individuais legítimas. E é péssima lógica se basear num exemplo para defender uma tese geral. O caso do Gunter é de teimosia, ele fez uma análise parcial da realidade e se recusa a ver tudo o que vai contra ela.

      1. Eu não sou teimoso não.

        Tudo o que eu falei e escrevi sobre o assunto é resultado da observação da realidade nacional e internacional.

        Inclusive segue próximo daquele “Political Compass” que você mesmo me indicou a leitura.

        Se enxergamos que partidos de centro-esquerda perderam o domínio sobre várias pautas de valores, paciência.

        Eu estou ocupado em defender o que me parece melhor para a sociedade. E ocorre que defesa de estatismo ou Estados Fortes não é o que eu acredito.

        Mas quem acredita que deve defender tem todo o direito e deve fazer as proposições que julgar cabíveis também.  

        1. Só que sua “observaçao” é pra lá de enviezada…

          E onde defesa de estatismo entra nesta discussao específica? Simplesmente nao entra, ninguém falou disso aqui neste tópico. Se há outras pessoas que invocam isso, nao é pertinente aqui. A discussao aqui é a de se a esquerda errou ou nao em defender as causas de grupos marginalizados. Para mim ela nao poderia deixar de defender, ou nao seria mais esquerda. Esquerda nao se resume a luta de classes. 

          1. Bom, defesa de estatismo não é explícita.

            Mas é implícita na defesa de governismo, não? E até de esquerda em geral.

            Mas concordo INTEGRALMENTE com você que esquerda não deve nunca deixar de defender grupos marginalizados.

            Principalmente quando tem problemas para conduzir a macroeconomia ou segurar a bandeira da ética.

            Seria algo que a esquerda poderia usar a seu favor para manter preferência em muitos setores.

             

             

          2. Nao por isso… Pq senao deixaria de ser esquerda

            Ser de esquerda implica em uma POSIÇAO ÉTICA, a de desejar uma sociedade mais justa. Sem purismos udenistas, sem idealizaçoes psolistas, mas é um compromisso. Ganhar eleiçoes é IMPORTANTÍSSIMO, e às vezes exige alguns compromissos, mas NAO NO ESSENCIAL.

            E ser governista nao é a mesma coisa que defender estatismo. É apenas uma aprovaçao conjuntural a um governo. Que nao é de anjos, concordo, que tem muitos erros, concordo, mas que é a MELHOR ALTERNATIVA POSSÍVEL NA CONJUNTURA REAL. O resto é sonho de quem acredita em fadas.

  2. Analise certeira. A direita

    Analise certeira. A direita rearticulou-se independente de ganhar ou não o executivo. A (centro) esquerda, através do PT, burocratizou-se, só se importando com a caneta, números e pesquisas de opinião. Confiando que o legado do governo Lula não tem prazo de validade.

    O resultado é esse que vemos. A direita quase deu e ainda pode dar um golpe, derrubando uma presidente por corrupção, sendo ela a mais honesta que já pisou o Planalto.

    E mesmo que não derrube, imobiliza seu governo, mantendo o país com uma unica dúvida, o PT sai agora ou em 2018? 

    PS: A unica coisa boa é que o cabeça escalado para a direita fazer barba, cabelo e bigode, o Cunha desmoralizou-se completamente. Reparem que a reação dos progressistas passa necessariamente pelo “fora Cunha”, vide o levante das feministas. Arma perfeita que faz com que só os mais caras-de-pau “moralistas sem moral” saiam em sua defesa

     

  3. MEA CULPA

    A esquerda modernosa resiste-se a fazer um “mea culpa” por esta situação.

    A esquerda ideológica não preferiu disputar apenas o Executivo, quem o fez foi o povo. O povo votou, para Presidente, na esquerda ideológica, séria e plural; porém, esse mesmo povo rejeita a esquerda caricata e comportamental, nas eleições menores ou legislativas, pois, nesses casos, a discussão sai do patamar de nação soberana contra colonização e cai em nível de família, religião, ética, mérito e costumes, dentre outros valores nacionais, que alguns modernosos (inclusive deste blog) teimam diariamente em destruir, como o recente caso onde os modernosos bateram palmas para aquela aventura entre três mulheres, chamada ainda de “família”. A direita foi adquirindo para sim, pouco a pouco, por causa da esquerda comportamental de alguns modernosos, praticamente todos os valores cívicos desta nação.

    O capitalismo selvagem está roubando Brasil, por cima, enquanto alguns caricatos ditos de esquerda, que não conhecem nem respeitam conceito de nação, de família nem do seu próprio sexo, destruindo a base eleitoral dos, cada vez menos, eleitores da esquerda política e ideológica.

    Já que citou ao Gunter, vou dizer que este blog, quase na sua totalidade, se debruçou para conquistar o “voto do Gunter”, um voto em maiúsculas, escrito em Ouro, sagrado e que, nessa defensa intransigente de privilégios para os LGBT, custou milhares de votos de gente comum, que fugiu para a direita. Pior ainda, nem o voto do Gunter foi conquistado. Este episódio de conquista do “voto do Gunter” conseguiu superar a história do general Pirro.

    1. Conservadorismo e preconceito disfarçados de esquerda

      “e cai em nível de família, religião, ética, mérito e costumes, dentre outros valores nacionais, que alguns modernosos (inclusive deste blog) teimam diariamente em destruir”

      Argh! Se é para ceder a esse tipo de “valores nacionais”, entao deveríamos aprovar a pena de morte, a diminuiçao da maioridade legal, etc. A populaçao tb aprovaria… Ser de esquerda implica numa questao ética, que é a defesa do bem estar de TODOS. A esquerda nao pode compactuar com opressoes de grupos. Inclusive de grupos na verdade majoritários mas marginalizados, como mulheres e negros.

  4. Gostei

    O texto aponta o problema fundamental que é a falta da luta jurídico-político-ideológica, como diria Gramsci. As raízes disso estão na perda de um núcleo pensante no PT, como ‘vanguarda’ da esquerda, e dos partidos que orbitavam o Partido dos Trabalhadores.

    O PT foi absorvido pela pequena política,  ignorando a grande política, sua base de sustentação, a democratização da mídia e a montagem de uma frante de ação além da política partidária.

    O PT foi emparedado durante o escândalo do mensalão e não soube sair da armadilha. A partir daí virou a Gení, da música de Chico Buarque. O fato de Lula ser a grande referência do partido, deixou a estrutura organizacional abandonada, sem idéias e sem ação. Culminou com a escolha de uma candidata a Presidência de República que nunca foi militante do PT, imposta por Lula que não queria concorrência interna para retornar como candidato de forma natural.

    As concessões feitas ao capital financeiro, à mídia golpista e ao PMDB bandido, levaram o PT ao desgaste em todas as camadas da população. O PT virou sinônimo de ladrão, vagabundo, retrocesso e tudo que há de pior no mundo. A perda da batalha ideológica foi colossal e levará anos para ser recuperada.

    A prisão de Lula é pauta concreta das camadas mais retrógradas da sociedade e deve acontecer, sim. Diferentemente do que tem sido dito em algumas matérias, aqui mesmo no Blog de Nassif, a questão não está presa ao formalismo jurídico. Estamos no meio de uma batalha que supera os limites da legalidade. Lula será preso por sua própria inação em emfrentar a batalha jurídico-político-ideológica. Só restará ao ex-Presidente tornar-se um novo Getúlio.

     

     

    1. Análise q espelha 1 desejo…

      O PT é mais difícil de matar do que vc quer. Esse seu papo pretende convencer de uma realidade q só poderia tornar-se realidade diante da inaçao total do país.

  5. Nada a ver.

    ‘….Veja o exemplo do nosso Gunter Zibell: pra ele o governo “recuou” ou até mesmo “vendeu” – e não, simplesmente, per-deu – a pauta LGBT. …’

    Há até falas de Wagner e Ideli, a jornais, assumindo negociações do gênero. Foram ministros do PT e o próprio governador do DF que cancelaram todos os programas que o PT sugeriu ou propôs no passado… 

    As pessoas desejam acreditar que votaram certo, que o governo é isso ou aquilo e aí ficam desenvolvendo teorizações que a sociedade civil nem toma conhecimento. Isso é mero autoengano. 

    Não existe “onda conservadora” pra valer em quase lugar nenhum do Mundo, porque um governo na América Latina iria “perder” uma pauta tão justa? Não se perde o que nem se tenta defender. Não existe nenhuma fala de executivos do PT que seja dirigida à sociedade de modo consistente. Há é deputados fazendo o good cop / bad cop.

    Não existem jornalistas, acadêmicos ou celebridades pressionando o governo para ser contra direitos LGBT. Como assim o governo “perdeu”? 

    Isso é coisa de esquerda beata que pra conseguir ganhar eleições negocia apoio com conservadores morais. É do mesmo jeito na Venezuela e no Equador.

    Só isso.

    O governo perdeu é um conjunto de outras coisas, e todo dia tem posts sobre isso aqui no blog.

    Para saber mais:

    2012 06 30 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/ordem-e-progresso

    2012 09 13 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/que-fim-levaram-todas-as-flores

    2013 04 07 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/uma-luz-na-discussao-sobre-homofobia-e-politica

    2013 04 27 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-secularismo-como-causa-politica

    2013 06 03 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-questao-dos-direitos-humanos-e-civis-no-governo-do-pt

    2013 11 21 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/quando-o-medo-venceu-a-esperanca

    2013 11 22 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/como-superar-o-uso-do-obscurantismo-na-politica

    2013 12 17 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/direitos-opiniao-de-maioria-e-a-conciliacao-de-ambos

    2014 01 22 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/direitos-civis-de-lgbts-e-a-politica-nacional-recente

    2014 01 24 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/as-indignacoes-seletivas-do-progressismo

    2014 04 01 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/o-sofisma-da-priorizacao-de-direitos

    2015 10 29 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-pro-rede/onda-conservadora-ou-mais-um-espantalho-por-gunter-zibell

     

     

     

     

    1. Como assim não existem

      Como assim não existem “jornalistas, acadêmicos ou celebridades” pressionando contra as pautas LGBT?

      Há todo um conjunto de famosos neoconservadores, lobões, colunistas, que atacam o “gayzismo” e outras baboseiras, isso sem falar nesses influentes pastores religiosos, que comandam muitos votos, como o Silas Malafia, que chegou a fazer a Marina mudar sua plataforma LGBT durante a campanha.

  6. Há verdades aí. Nesses anos

    Há verdades aí. Nesses anos todos a esquerda que se beneficiou não viu o que conseguiu como conquistas. Somente a ameaça de perdê-los é que poderia fazê-los entender. 

    Agora reclamam, mas em todo periodo que tiveram apoio engrossaram um coro de direita sem perceber que o que tinham era frágil. 

    O não é por 20 centavos é o melhor exemplo. 

    Lutaram por um direito de esquerda dando voz e cria a direita dita conservadora que engloba qualquer coisa. . 

     

  7. Legal…

    Gosto desse embate de ideias.

    Isso sim vale a pena. Colocam suas ideias, com sinceridade e cada um defende o seu ponto de vista.

    Vale a pena ler esses comentários, na maioria deles. 

    Não sei me definir, quanto à colocação de minhas ideias, acho que a Anarquista Lúcida pode ter me ajudado.

    Acredito na liberdade, de todos os grupos, mas, acho que os mais vulneráveis devem ter a proteção do governo.

    Não acredito em radicalismos, seja de que lado for e não concordo com a forçação de barra, pois, nossa sociedade tem alguns valores bem rígidos e impor uma posição contrária acho que não ajuda. Ninguém é obrigado a achar que algo é certo se não acredita nisso, mas, deve respeitar aqueles que pensam diferente e esses devem entender aqueles que pensam diferente.

    Patrulha ideológica não cabe numa sociedade livre, embora, os radicais de direita e esquerda pensem o contrário.

    Quanto ao texto, concordo que numa país como o nosso, onde o poder da caneta está numa mão e a autorização para assinar está em outra, é importante que se mude a visão, pois, um governo de esquerda com um congresso de direita em sua maioria, reduz a velocidade das mudanças, quando não provoca atrasos pontuais. Em nosso país, devido às desigualdades existentes, a maioria das ações precisam ser de esquerda, buscando o equilíbrio e respeito às diferenças.

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