CPI da Covid

Subvendedores de vacinas é prática comum, revela ex-diretor de Logística

Jornal GGN – O ex-diretor de Logística, Roberto Dias, disse à CPI da Covid que a Davati Medical Supply “não existia” para o Ministério da Saúde até o dia 26 de fevereiro, um dia após o jantar com o vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti; que a oferta de 400 milhões de doses havia sido oferecida em nome de outra companhia e que essa prática de empresas desconhecidas tentarem vender vacinas “é muito comum”.

Dias narrou que o coronel Marcelo Blanco o havia contatado, mencionando a oferta de Cristiano Hossri Carvalho, o representante da Davati no Brasil, para a venda das doses da AstraZeneca, mas sob o nome de outra companhia, supostamente chamada de Latin Air Supply, no início de fevereiro, antes do encontro com Dominghetti.

“Essa proposta de 400 milhões de doses, essa oferta, ela me foi trazida pelo coronel Blanco, como diversas pessoas foram ao Ministério, de diversas áreas, supostamente alegando que possuiam 100 milhões, 200 milhões de doses. Com intuito de checar essa informação, lá pelo início de fevereiro, eu me identifico, e pergunto sobre essa possível existência de doses”, narra.

“Esse senhor Cristiano me manda uma mensagem, com anexo, um conjunto de documentos que não fazem sentido, sem o princípio básico, que é a carta do representante. Até a existência desse senhor Dominghetti não existia Davati, mas como Latin Air Supply. A Davati aparece no dia 26, o dia seguinte a esse jantar”, continua.

O nome da empresa referida por Dias é Latin Air Support, conforme consta na própria nota pública divulgada por ele após as acusações.

Em seguida, o ex-diretor de Logística da Saúde afirma que o contato que fez junto ao representante da Davati – à época supostamente da Latin Air Supply – era para obter a carta de representação da empresa junto ao laboratório da vacina AstraZeneca, o que confirmaria que a empresa tem a representantividade real para a venda do imunizante.

Dias informou, ainda, que esse movimento de subvendedores de vacinas, possivelmente irregulares, é algo “muito comum”.

“Vale registrar que isso é muito comum, todas essas empresas, isso aconteceu de forma muito semelhante na crise de respiradores. Todas essas empresas pedem as LOI, que é uma carta do governo brasileiro de intenção. Quando ele [o vendedor] pega [a LOI], ele se ‘cacifa’ lá fora para diversas coisas.”

“Isso aconteceu de diversas formas”, afirmou.

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Acompanhe a CPI da Covid ao vivo:

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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