Coronavírus

Covid-19 – Com 80% da população vacinados, a expansão da pandemia poderá ser ‘zerada’ até 7/11, por Felipe A. P. L. Costa

Covid-19 – Com 80% da população vacinados, a expansão da pandemia poderá ser ‘zerada’ até 7/11.

Por Felipe A. P. L. Costa [*].

RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia da Covid-19 divulgadas em artigo anterior (aqui). No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento (casos e mortes). Entre 11 e 17/10, essas taxas ficaram em 0,0454% (casos) e 0,0539% (mortes). São os valores mais baixos desde o início da pandemia. As duas taxas parecem ter retomado o ritmo de queda observado antes do ‘descarrego de setembro’ (ver aqui). No ritmo atual de queda, poderemos alcançar valores próximos ou inferiores a 0,01% ainda na primeira semana de novembro (1-7/11). Tal conquista, no entanto, dependerá da manutenção das medidas de proteção (e.g., uso generalizado de máscaras) e, sobretudo, do ritmo da campanha de vacinação.

*

1. UM BALANÇO DA SITUAÇÃO MUNDIAL.

Levando em conta as estatísticas obtidas na manhã desta segunda-feira (18/10) [1], eis um balanço da situação mundial.

(A) Em números absolutos, os 20 países [2] mais afetados estão a concentrar 76% dos casos (de um total de 240.754.836) e 76% das mortes (de um total de 4.900.140) [3].

(B) Entre esses 20 países, a taxa de letalidade segue em 2%. A taxa brasileira segue em 2,8%. (Outros dois países da América do Sul que seguem no topo da lista têm taxas menores: Argentina, 2,2%; e Colômbia, 2,5%.)

(C) Nesses 20 países, receberam alta 166 milhões de indivíduos, o que corresponde a 90% dos casos. Em escala global, 219 milhões de indivíduos já receberam alta [4].

2. O RITMO DA PANDEMIA NO PAÍS.

Ontem (17/10), de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados em todo o país mais 5.738 casos e 130 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 21.644.464 casos e 603.282 mortes.

Na semana encerrada ontem (11-17/10), foram registrados 68.644 novos casos – uma queda de 36% em relação ao total (107.699) da semana anterior.

Desgraçadamente, porém, ainda foram registradas 2.271 mortes – uma queda de quase 26% em relação ao total (3.063) da semana anterior.

3. TAXAS DE CRESCIMENTO.

Os percentuais e os números absolutos referidos acima ajudam a descrever a situação. Todavia, para monitorar o ritmo e o rumo da pandemia [5], sigo a usar as taxas de crescimento no número de casos e de mortes.

E ambas as taxas permanecem na trajetória descendente que reassumiram após o ‘descarrego de setembro’ (ver a figura que acompanha este artigo).

Vejamos os resultados mais recentes.

A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,0715% (4-10/10) para 0,0454% (11-17/10) [6].

A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, caiu de 0,0730% (4-10/10) para 0,0539% (11-17/10) [6, 7].

*

FIGURA. A figura que acompanha este artigo ilustra o comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 11/7 e 17/10/2021. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso. As retas expressam a trajetória média de cada uma das taxas, além de projetar o comportamento esperado delas nos próximos dias.

*

4. CODA.

Os valores referidos acima são os mais baixos desde o início da pandemia. As duas taxas parecem ter retomado o ritmo de queda observado antes do ‘descarrego de setembro’ (ver aqui). No ritmo atual de queda, poderemos alcançar valores próximos ou inferiores a 0,01% ainda na primeira semana de novembro (1-7/11).

Tal conquista, no entanto, não será espontânea nem depende de mágica. O ‘fim da pandemia’ depende da manutenção das medidas de proteção (e.g., uso generalizado de máscaras) e, sobretudo, do ritmo da campanha de vacinação. A campanha precisa ser acelerada, de sorte que 80% da população estejam vacinados com ao menos uma dose até 29/10 [8].

*

NOTAS.

[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.

[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).

[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em sete grupos: (a) Entre 44 e 46 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 34 e 36 milhões – Índia; (c) Entre 20 e 22 milhões – Brasil; (d) Entre 8 e 10 milhões – Reino Unido; (e) Entre 6 e 8 milhões – Rússia, Turquia e França; (f) Entre 4 e 6 milhões – Irã, Argentina, Espanha, Colômbia, Itália, Alemanha e Indonésia; e (g) Entre 2 e 4 milhões – México, Polônia, África do Sul, Ucrânia, Filipinas e Malásia.

Analisando as estatísticas (casos e mortes) das últimas quatro semanas, eis como está  a situação mundial: (i) em números absolutos, os EUA seguem na liderança, com 2,839 milhões de novos casos; (ii) a lista dos cinco primeiros tem ainda os seguintes países: Reino Unido (1,024 milhão de casos), Turquia (783 mil), Rússia (700 mil) e Índia (603 mil). O Brasil está em sexto (405 mil); e (iii) a lista dos países com mais mortes segue sendo encabeçada pelos EUA (49,6 mil); em seguida aparecem Rússia (24,7 mil), México (12,9 mil), Brasil (12,5 mil) e Índia (7,2 mil).

[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

[4] Como comentei em ocasiões anteriores, fui levado a promover a seguinte mudança metodológica: as estatísticas de casos e mortes continuam a seguir o painel Mapping 2019-nCov, enquanto as de altas estão agora a seguir o painel Worldometer: Coronavirus.

[5] Ouso dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira se dê conta de que está a monitorar a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, em escala mundial e nacional, ver a referência citada na nota 3.

[6] Entre 19/10/2020 e 17/10/2021, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,40% (26/10-1/11), 0,30% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,50% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,50% (29/3-4/4), 0,54% (5-11/4), 0,48% (12-18/4), 0,4026% (19-25/4), 0,4075% (26/4-2/5), 0,4111% (3-9/5), 0,4114% (10-16/5), 0,4115% (17-23/5), 0,38% (24-30/5), 0,37% (31/5-6/6), 0,39% (7-13/6), 0,4174% (14-20/6), 0,39% (21-27/6), 0,27% (28/6-4/7), 0,2419% (5-11/7), 0,21% (12-18/7), 0,23% (19-25/7), 0,1802% (26/7-1/8), 0,1621% (2-8/8), 0,14% (9-15/8), 0,1444% (16-22/8), 0,1183% (23-29/8), 0,1023% (30/8-5/9), 0,0744% (6-12/9), 0,1625% (13-19/9), 0,0753% (20-26/9), 0,0775% (27/9-3/10), 0,0715% (4-10/10) e 0,0454% (11-17/10); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4), 0,91% (5-11/4), 0,80% (12-18/4), 0,66% (19-25/4), 0,60% (26/4-2/5), 0,51% (3-9/5), 0,45% (10-16/5), 0,43% (17-23/5), 0,40% (24-30/5), 0,35% (31/5-6/6), 0,4171% (7-13/6), 0,4175% (14-20/6), 0,33% (21-27/6), 0,30% (28/6-4/7), 0,23% (5-11/7), 0,23% (12-18/7), 0,20% (19-25/7), 0,1785% (26/7-1/8), 0,1613% (2-8/8), 0,1492% (9-15/8), 0,1367% (16-22/8), 0,1185% (23-29/8), 0,1062% (30/8-5/9), 0,07870% (6-12/9), 0,0947% (13-19/9), 0,0890% (20-26/9), 0,0840% (27/9-3/10), 0,0730% (4-10/10) e 0,0539% (11-17/10).

Não custa lembrar: Os valores acima são as médias semanais de uma taxa que, por razões metodológicas, está a oscilar ao longo da semana. Para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (sete dias depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.

[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver referência citada na nota 3.

[8] O ritmo da campanha de vacinação caiu muitíssimo. Levamos 34 dias (24/8-27/9) para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).

Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.

* * *

Redação

Redação

Recent Posts

El Niño tende a acabar entre abril e junho, segundo ANA

Maioria dos modelos climáticos apurados pela agência indica enfraquecimento de fenômeno climático para condições neutras

9 horas ago

Milei usa chanceler para pedir encontro com Lula

Solicitação foi encaminhada por meio de carta entregue pela ministra dos Negócios Estrangeiros, em viagem…

10 horas ago

Este é Elon Musk, por Tarso Genro

Diferentes e distantes dos estados modernos, formados até agora, o Estado de Musk é o…

11 horas ago

Investigações devem abarcar além dos figurões da Lava Jato, mas tudo ligado à 13ª Vara

À luz da correição do CNJ julgada nesta terça com Hardt como um dos alvos,…

11 horas ago

Justiça torna réus 19 alvos da Operação Fim da Linha em SP

Os denunciados pelo MP são investigados por crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, extorsão…

11 horas ago

Irã vive tensão de escalada da guerra e tem grupo no WhatsApp para orientar brasileiros

À TVGGN, embaixador no Irã relata o clima do país após ataque a Israel e…

12 horas ago