Covid-19 – O caráter mundial da pandemia nos obriga a pensar em termos globais, por Felipe Costa

Ou nós encaramos a pandemia como um problema verdadeiramente global, ou permaneceremos nesse sobe e desce indefinidamente.

Covid-19 – O caráter mundial da pandemia nos obriga a pensar em termos globais.

Por Felipe A. P. L. Costa [*].

1.

Nunca antes na história da humanidade as circunstâncias foram tão propícias para a disseminação de doenças contagiosas em escala planetária. Afinal, nunca antes o número de indivíduos em trânsito (e.g., tráfego aéreo) foi tão intenso. (Os estudiosos do assunto sabem disso. Mas muita gente graúda parece não saber. Ou, se sabe, parece não se importar.)

2.

Fato é que nenhum país do mundo está imune aos ditames epidemiológicos da pandemia. De sorte que, após dois anos e meio, é virtualmente impossível encontrar alguém que não tenha sido atingido (direta ou indiretamente) pela Covid-19. Estamos todos atolados no mesmo pesadelo. Tapar os olhos ou virar as costas, só irá piorar as coisas.

3.

Quando sairemos disso? De acordo com a OMS, a pandemia só terá fim quando os donos do mundo decidirem acabar com ela. Enquanto eles estiverem mais preocupados com outras coisas, a disseminação da doença seguirá o seu curso natural. Em outras palavras, a pandemia seguirá a varrer o mundo por um tempo ainda indefinido.

4.

O que nos impõem uma interrogação: É possível impedir a disseminação do vírus (e da doença) para dentro de uma região limitada (digamos, uma cidade ou um país)? A julgar pelo que nós temos visto desde 2020, parece que não.

5.

Assim, ou atacamos o problema de modo racional, como a OMS sempre alertou, ou permaneceremos atolados nesse pesadelo, indefinidamente. Um enfrentamento racional implica, entre outras coisas, em um trabalho integrado em escala planetária.

6.

Em termos práticos, eu resumiria a situação toda da seguinte maneira: (1) A pandemia não terá fim enquanto não vacinarmos a maioria da população mundial (> 75-80%), país por país [1]; e (2) Suspender as medidas de proteção, notadamente o uso de máscara, é algo que inevitavelmente leva a surtos locais. Basta ver o que se passa em todos os países que decidem suspender tais medidas. Mesmo no caso daqueles cuja população já conta com uma elevada cobertura vacinal (> 80%). (O agravamento da situação é ainda mais rápido em países que recebem muitos turistas.)

7.

Nas últimas quatro semanas, por exemplo, a lista de países cujas estatísticas (casos e mortes) tornaram a subir inclui (entre parêntesis, o percentual da população que tomou ao menos uma dose da vacina): Reino Unido (80%), Japão (82%), Itália (84%), Nova Zelândia (87%), Peru (90%) e Chile (95%). Além dos Emirados Árabes Unidos, cuja população já teria sido totalmente vacinada!

8.

Em resumo: Ou nós encaramos a pandemia como um problema verdadeiramente global, ou permaneceremos nesse sobe e desce indefinidamente.

No plano individual: Não adianta só manter a vacinação em dia, é necessário também interromper a cadeia de transmissão que mantém o vírus a circular. Não é difícil. Como? Não saia de casa sem máscara, por exemplo.

*

NOTAS.

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[1] Levando em conta as estatísticas de ontem (5/7), 63 países já contabilizaram mais de 1 milhão de casos. Eis onde estão esses 63 países: Europa (28), Ásia (21), América Latina (7), África (3), América do Norte (2) e Oceania (2). Levando em conta a distribuição da população mundial – Europa (9,8%), Ásia (59,8%), América Latina (8,4%), África (16,7%), América do Norte (4,8%) e Oceania (0,5%) –, podemos afirmar que há nessa lista um nítido ‘excesso’ de países europeus e uma nítida ‘escassez’ de países africanos.

Eis a lista completa (em ordem decrescente de casos): Estados Unidos, Índia, Brasil, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Coreia do Sul, Rússia, Turquia, Espanha, Vietnã, Argentina, Japão, Países Baixos, Austrália, Irã, Colômbia, Indonésia, México, Polônia, Portugal, Ucrânia, Malásia, Tailândia, Áustria, Israel, Bélgica, Chile, África do Sul, Canadá, Tchéquia, Taiwan, Suíça, Grécia, Filipinas, Peru, Dinamarca, Romênia, Eslováquia, Suécia, Iraque, China, Sérvia, Bangladesh, Hungria, Jordânia, Geórgia, Irlanda, Paquistão, Singapura, Noruega, Cazaquistão, Nova Zelândia, Marrocos, Bulgária, Lituânia, Croácia, Finlândia, Líbano, Cuba, Tunísia e Eslovênia.

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Redação

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