Jornal GGN – O cardiologista elogiado por Jair Bolsonaro em discurso por ter declarado que usou cloroquina em tratamento do Covid-19, Roberto Kalil Filho, afirmou que entre o “conjunto” de remédios oferecidos aos pacientes, “não se sabe o que salvou a pessoa”.
O especialista defende o uso da cloroquina, mas “com um contexto”, que leva o médico a receita uma “gama de remédios que precisa ser oferecida”. A declaração contradiz a fala de Jair Bolsonaro, que insistentemente vem indicando o medicamento em pronunciamentos oficiais.
“Eu defendo o que está nos protocolos”, disse Kalil, em entrevista à Folha de S.Paulo. “Pacientes internados têm que tomar cloroquina. E cloroquina com um contexto. Nos casos de pneumonia, tomar também corticoides, anti-inflamatórios, se precisar, anticoagulantes. Eu estou tomando anticoagulante até agora”, afirmou.
Alertando também para os efeitos colaterais do medicamento, disse que “o risco de trombose é grande mesmo depois da alta”.
“É uma gama de remédios que precisa ser oferecida. Você não sabe o que salvou a pessoa. Para mim, é um conjunto. Se eu não tivesse tomado cloroquina, corticoide e antiacoagulante talvez não estivesse mais aqui”, continuou.
O médico cardiologista insistiu que ainda não há comprovações: “Estão sendo feitos estudos sobre dar cloroquina em casa. Ainda é preciso a ciência provar”, alertou.
“Ao ser elogiado pelo presidente Bolsonaro, o sr. foi alçado praticamente a garoto-propaganda da cloroquina…”, disse o jornalista ao médico. “Eu não sou garoto-propaganda de nada. Eu sou garoto-propaganda do que salva vidas. Na quarta, tive alta e a Jovem Pan me entrevistou e perguntaram se eu tinha usado cloroquina. Aí eu falei o que eu acho mesmo: eu tomei, usando protocolos do hospital, e o próprio Ministério da Saúde recomenda para os pacientes internados, sob monitorização”, foi a sua resposta.