Jornal GGN – Médicos de São Paulo e do Rio de Janeiro já precisam escolher qual paciente de Covid-19 irá ou não receber um respirador e a quem tentar salvar.
A informação já é relatada por profissionais da saúde. Em São Paulo, o médico Jaques Sztajnbok, supervisor da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, contou que o hospital já tem que selecionar qual paciente receberá um leito.
“Quando eu tenho zero vagas e olho (no sistema) que há seis solicitações para uma vaga, a situação já se delineia”, disse, em entrevista à GloboNews. “Quando aparece uma vaga e essas mesmas solicitações continuam lá, essa escolha acaba sendo indiretamente efetivada”, continuou.
De acordo com o médico, o cenário já se dá, mesmo “sem a dramaticidade de estar com dois pacientes com um único aparelho”, e ainda que o país não tenha alcançado o pico da doença. “O que a gente sabe é que já estamos lotados. Então, se não estivermos no pico ainda, é bom que as autoridades corram, porque em algum lugar nós vamos ter que internar esses pacientes.”
Em um depoimento mais dramático, um médico de emergência do Rio de Janeiro, o cirurgião-geral Pedro Archer, narrou a O Globo que vivenciou um dia de plantão, no qual havia 23 pacientes e somente 14 leitos e 14 respiradores. “Era um sinal do que viria naquela noite”, contou.
Naquele plantão, o primeiro paciente a chegar necessitando de um respirador faleceu. “Colocamos num catéter de oxigênio, fizemos algumas medicações para tentar fazer ele respirar e o incluímos na fila para outro hospital com respirador disponível. Mas ele morreu uma hora depois. Esse foi o começo do nosso turno. Assumindo o plantão assim, toda nossa equipe fica abalada.”
A sensação vivida pelo médico Pedro Archer se repetiu a noite inteira, com a morte de uma idosa que faleceu sem ter o ventilador. “Tentamos de tudo para tentar salvá-la, mas algumas horas depois o fim foi o mesmo”. Com detalhes, narrou como a equipe médica teve que escolher, indiretamente, entre quem vivia ou não.
“Nesse meio tempo, uma paciente bem idosa, com quadro complicado e prognóstico ruim, foi a óbito. A equipe decidiu não tentar fazer nenhuma manobra de ressuscitação para usarmos o respirador dela. Depois, com dez, 15 pessoas precisando do ventilador, como escolher quem terá acesso? Tentamos ser o mais racionais, na medida do possível. Escolher quem tem mais chance de sair. Entre uma pessoa com muitas comorbidades, um quadro incapacitante, e outro jovem, você acaba escolhendo o paciente jovem.”
“Já estamos nesse patamar de escolha, infelizmente. Isso mexe com o psicológico de todo mundo da equipe, nunca imaginei que iria passar com isso”, contou.
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O critério de escolha será etário ou imunológico/resistência orgânica?
Se o sexagenário Bolsonaro e um jovem pobre de 20 anos adoecerem de covid-19, quem terá direito à UTI?
Ora, quem tiver mais dinheiro, isto é, o Bolsonaro, mesmo que ele tenha muitas comorbidades no rabo.
Me parecem comentários feitos apenas para alinhar com os do sujeito que ocupou o cargo de ministro da saúde–se.