Ou bem se gerencia o sistema de saúde ou será o colapso, por Rafael Vilela Jr.

Isso levará uma quantidade enorme de pessoas aos hospitais. Alguns poucos precisarão ficar com respiradores mecânicos, nas UTIs, por um mês. Ocupando um leito por um mês ou mais.

Ou bem se gerencia o sistema de saúde ou será o colapso

por Rafael Vilela Jr.

O dono da clínica em que trabalho em alguns dias da semana sofreu um AVC isquêmico no sábado. Fiquei sabendo agora e provavelmente começarei a sofrer o baque financeiro antes do que imaginava. Está bem mas internado no hospital. Um leito ocupado por alguns dias.

Hoje aquela tia de seu amigo terá um AVC hemorrágico ao mesmo tempo que algum conhecido de outro conhecido terá um Infarto não fulminante. Outro terá um politraumatismo num acidente automobilístico grave e precisará também ficar na UTI, com respirador. Alguém terá sepse (infecção generalizada). Outra pessoa terá alguma complicação devido ao câncer que está sendo tratado.

Isso tudo ao mesmo tempo agora.

Ontem estava dando uma olhada na taxa de ocupação das UTIs. O dado que saltou aos olhos, já antigos – não sei como está agora mas esse não é o ponto deste texto – do Distrito Federal na procura do Google mostrava algo entre 72 a 99% dos leitos ocupados. Em outras palavras, se considerarmos o menor valor, numa avaliação MUITO OTIMISTA, haveria (haverá?) em torno de 28% de leitos vagos nas UTIs.

É AQUI QUE MORA O PROBLEMA: SE O SISTEMA DE SAÚDE NÃO FOR MUITO BEM GERENCIADO NUM MOMENTO DE EPIDEMIA, PODE ENTRAR EM COLAPSO.

O vírus do sarampo, que se alastra com uma enorme facilidade, por conta principalmente dos criminosos anti vacina voltou a circular com força no ano passado. Os vírus da gripe continuam por aqui. Assim como a Dengue, Chikungunya, Caxumba, Hepatites, etc. Isso vale também para todas as bactérias. Nenhum desses patógenos vai falar:
– ain, tadinho desse povo! Vou ficar aqui quietinho pra conseguirem tratar desse Coronavírus aí que mata até menos gente que eu!

O problema, agora, não é exatamente a letalidade da doença.Tem vírus que são muito mais fatais (alô, Ebola, continua por aí, tá?).

O problema, agora, é a capacidade dessa doença se espalhar com MUITA FACILIDADE, para muitas pessoas, AO MESMO TEMPO.

Isso levará uma quantidade enorme de pessoas aos hospitais. Alguns poucos precisarão ficar com respiradores mecânicos, nas UTIs, por um mês. Ocupando um leito por um mês ou mais.

Enquanto todas as outras desgraças acontecerão ao mesmo tempo. E isso levará ao colapso do sistema se não forem tomadas medidas de contenção coletiva e prevenção individual.

Espero que o governo entenda isso. Ou, chegará um ponto em que faltarão leitos de UTI e a taxa de mortalidade disparará.

Rafael Vilela Jr. é médico

Redação

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