Sem isolamento social, saúde em São Paulo estaria colapsada

É o que mostra estudo realizado pelo Instituto Butantan, com o auxílio da Universidade de Brasília e do Centro de Contingência para o Coronavírus de São Paulo

Leitos e UTI sendo preparados no Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos – Imagem: Marcelo Martins/ Prefeitura de Santos

Jornal GGN – Estudo realizado pelo Instituto Butantan, com o auxílio da Universidade de Brasília e do Centro de Contingência para o Coronavírus de São Paulo, revela que se o isolamento social for suspenso no estado de São Paulo, haverá em 30 dias um déficit de 3,7 mil leitos de terapia intensiva para pacientes graves.

O governador João Doria (PSDB), anunciou nesta semana que a quarentena deve ser estendida e permanecer até o dia 22 de abril. A medida vai na contramão do que vem defendendo o presidente Jair Bolsonaro, que na última semana já chegou a ameaçar governadores com a publicação de um decreto que obrigaria os estados e municípios a liberarem comércios e serviços a funcionarem sem quarentena.

Mas o Instituto Butantan, a Universidade de Brasília e o Centro de Contingência para o Coronavírus de São Paulo já verificaram que essa decisão geraria um déficit no sistema de saúde do estado. Apesar de ser um dos estados com maior capacidade de saúde do país, caso a quarentena seja suspensa, em 30 dias faltariam 3,7 mil leitos e em 60 dias, 5,7 mil.

Já se as quarentenas em situação média, como ocorre atualmente, e em situação intensiva, com o isolamento radical, forem cumpridas, não haverá a sobrecarga nos leitos, mostra o estudo. As medidas de restrição ainda impactarão diretamente no número de mortos: até o próximo dia 13 de abril, o estado terá uma expectativa de 1,3 mil vítimas fatais da doença. Sem o isolamento, seriam 5 mil mortos.

“A ocupação dos leitos de UTI já está em 50%, ou seja, já temos 6 mil leitos ocupados. Sem nenhuma medida [de isolamento], nós teríamos, no dia 13 de abril, quase 150 mil casos confirmados de coronavírus. Com as medidas, vamos chegar a essa data com 20 mil, 25 mil casos”, disse o diretor do Butantan, Dimas Covas, nesta segunda.

Ainda, de acordo com o estudo, a redução do contágio pelo isolamento já retardou o pico de internações nos hospitais da cidade de São Paulo, que já estariam colapsados nesta semana. Com 66% dos paulistanos em suas casas a partir do dia 23 de março, houve redução substancial de pacientes com quadros pulmonares internados em hospitais.

“Esses resultados positivos reforçam a importância das medidas de afastamento social adotadas. A evolução da epidemia indica claramente que as medidas tem que ser mantidas, e a adesão da sociedade, reforçada. O Centro de Contingência avalia diariamente o impacto das medidas na mobilidade das pessoas, e a constatação é que ainda existe espaço para melhoria. Neste momento crítico da epidemia, a única medida efetiva ao nosso dispor é o distanciamento social”, disse David Uip.

 

Redação

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  1. Importante depoimento do médico infectologista Evaldo Stanislau, 52, que atua no Hospital das Clínicas, na capital paulista, está em isolamento desde a última quinta-feira (2), quando surgiu a suspeita de ter contraído o novo coronavírus. Também diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, ele fez, na última segunda-feira (6), algumas reflexões a respeito do trabalho durante a pandemia e de como vinha lidando com os sintomas.

    https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/08/depoimento-evaldo-stanislau-infectologista-coronavirus.htm

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