“A Precisa parece ter muito poder”: Renan acusa advogado de influência junto a ministro do STF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Renan acusou defesa do dono da Precisa de pedir Habeas Corpus diretamente a um ministro do STF, "burlando o sorteio eletrônico"

Jornal GGN – O senador Renan Calheiros (MDB-AL) denunciou, na CPI da Covid no Senado, que a defesa do dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, entregou o pedido de Habeas Corpus para não participar da CPI diretamente nas mãos de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), “burlando o sorteio eletrônico” do STF.

“Muita coisa tem acontecido com relação à Precisa, que parece ter muito poder. Porque nós estivemos no Supremo Tribunal Federal, conversando com o presidente do STF, porque, através da sua defesa, o Maximiano tinha entrado com um pedido de Habeas Corpus diretamente no gabinete de um ministro do Supremo Tribunal Federal, burlando o sorteio eletrônico da Suprema Corte”, narrou o relator da CPI da Covid, na manhã desta terça (13).

Ainda, segundo Renan, somente após os membros da CPI conversarem com o presidente da Corte, é que Luiz Fux atuou e solicitou ao ministro que teria recebido o HC da defesa do dono da Precisa que encaminhasse o processo para o sorteio eletrônico.

“Nós advertimos o presidente [do STF, Luiz Fux], ele fez gestões junto ao ministro, e o ministro, contrariamente, mandou que fosse distribuido a partir do sorteio eletrônico este processo. E estranhamente a defesa do Maximiano pedia, na oportunidade, que os benefícios concedidos ao Elcio Franco [secretário-executivo do Ministério da Saúde] fossem estendidos ao Maximiano. Ou seja, de não comparecer e de ficar calado”, narrou.

Calheiros lembrou que o dono da Precisa Medicamentos começou a ser investigado pela Polícia Federal “quatro meses depois” das acusações levantadas contra a empresa e que graças a essa investigação é que o executivo conseguiu um recurso para não responder à CPI. “Dois dias depois, essa investigação [da PF] obrigou o Supremo Tribunal Federal a conceder Habeas Corpus dando o direito para que aqui na Comissão ele calasse, como investigado.”

Ameaças de Braga Netto

Também em sua manifestação, o relator da CPI da Covid novamente criticou as ameaçadas das Forças Armadas contra o andamento dos trabalhos da Comissão.

“O senhor Braga Netto [ministro da Defesa] faz ameaças diuturnas, com retrocessos, com golpes, desfazendo a própria essência dos golpes. Nós já tivemos golpes no Brasil, rupturas institucionais, mas nós nunca tivemos um golpe como este que está sendo ameaçado, na defesa de um governo corrupto e impopular, de acordo com o entendimento da população brasileira”, disse Renan.

E comentou a convocação do ministro da Defesa à CPI para explicar a nota das Forças Armadas: “Essa investigação precisa avançar da forma que for necessária e a presença do ministro Braga Netto é fundamental para que muitos desses aspectos possam se esclarecer.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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