Araújo não agradeceu e disse não pedir o envio de oxigênio pela Venezuela

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ainda, o ex-chanceler disse que o governo não aderiu ao protocolo de combate à Fake News porque "poderia ocorrer determinadas intenções de cerceamento da liberdade de expressão"

Ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo – Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Jornal GGN – Mantendo a postura de defender o discurso de Jair Bolsonaro em relação a outros países, o ex-ministro de Relações Exteriores do país, Ernesto Araújo, não agradeceu e afirmou não pedir o envio de 100 mil cilindros de oxigênio pelo governo da Venezuela à crise sanitária em Manaus.

O questionamento veio do vice-presidente da CPI da Covid no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), à Ernesto Araújo. O ex-ministro disse que a iniciativa de doação de oxigênio ao Amazonas partiu da Venezuela e mencionou somente a parte burocrática feita pela pasta para a entrada dos caminhões na fronteira brasileira.

Contextualizando o envio, no dia 19 de janeiro, de caminhões com 100 mil m³ de oxigênio pelo governo da Venezuela a Manaus, uma semana após 31 pessoas morrerem por falta do insumo hospitalar no estado, Randolfe perguntou:

“O senhor ligou pra Venezuela?”, e Araújo disse que não. “O senhor agradeceu ao gesto do governo venezuelano?”, especificou o vice-presidente da Comissão. “Não. A doação foi oferecida pelo governo venezuelano”, respondeu, firme, o ex-chanceler.

“Pois é. Eu acho que nessas horas todas senador Randolfe estava indo a óbito pessoas sem oxigênio”, comentou então o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM).

Ainda, na contramão do que foi constatado, à época, Araújo respondeu que havia oxigênio em outras partes do país, e disse que poderia contar o apoio dos Estados Unidos para a distribuição do insumo.

Fake News

Ainda, durante a CPI, o ex-chanceler afirmou que o Brasil decidiu não aderir ao protocolo de combate à Fake News pela “liberdade de expressão”.

“Optamos por não aderir, de que poderia ocorrer determinadas intenções de cerceamento da liberdade de expressão que são garantidas pela Constituição e pela legislação brasileira”, disse Araújo, em questionamento do senador Angelo Coronel (PSD-BA).

Em seguida, em sua manifestação, a senadora Leila Barros (PSB-DF) perguntou ao ex-ministro as razões de o governo de Jair Bolsonaro não ter aderido ao protocolo, enquanto que ele próprio, enquanto era chanceler, disseminou Fake News sobre o coronavírus.

Segundo Araújo, ele não disseminou Fake News e afirmou que “evidentemente” não é “a favor da disseminação de nenhuma notícia falsa”.

Em um dos casos de Fake News do ex-ministro de Relações Exteriores, a senadora citou a publicação que afirmava que “os governadores dos estados – não o presidente – têm, na prática, toda a autoridade para estabelecer/gerenciar todas as medidas de distanciamento social”, em referência à decisão do STF de garantir a autonomia dos estados e municípios para o combate à Covid-19, e referia-se a uma reportagem da CNN News.

Desviando a pergunta, Ernesto tratou de se defender e respondeu com mais informações falsas: “Em relação a essa postagem, eu me preocupei muito quando eu vi uma notícia na CNN nacional, que retratava de uma forma muito distorcida, com várias desinformações sobre a realidade no Brasil. Eu me preocupei de fazer uma postagem tratando de vários aspectos, o auxílio emergencial, os bilhões de dólares enviados a estados, as transferências para tratar o sistema de saúde, nossos esforços de busca de cooperação de vacinas e medicamentos”.

Contudo, a CPI da Covid no Senado vem comprovando que o governo federal de Jair Bolsonaro foi negligente sobre a aquisição de vacinas e omisso no manejo da pandemia.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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