CPI da Covid

As mentiras de Pazuello na CPI da Covid

Jornal GGN – O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mentiu, pelo menos, em 15 temas na CPI da Covid no Senado, nesta semana. As quinze “afirmações falsas” do general foram apresentadas pelo relator da Comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), em documento distribuído à imprensa.

Confira, abaixo, as Fake News de Pazuello:

1) O ex-ministro disse que o presidente Jair Bolsonaro nunca interferiu em sua gestão ou o determinou a tomar alguma medida diferente do que o então ministro estava fazendo. Mas Pazuello foi desautorizado sobre a compra da vacina Coronavac e disse, em vídeo de 22 de outubro de 2020, que “um manda e outro obedece”.

2) Pazuello disse à CPI que o aplicativo TrateCov nunca entrou em operação e que ela foi hackeada. O aplicativo, contudo, foi lançado em evento oficial do Ministério da Saúde, em 11 de janeiro deste ano, em Manaus e foi amplamente noticiado pela TV Brasil. “O hacker é tão bom que ele conseguiu colocar uma matéria extensa na TV Brasil”, ironizou o presidente da CPI, Omar Aziz [relembre aqui].

3) Ao lavar as mãos no assunto, Pazuello disse que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de dar autonomia a estados e municípios no combate à pandemia “restringiu” e “limitou” sua atuação. Ao contrário, a determinação do Supremo ressaltou que o governo federal tinha o papel de centralizar e atuar contra a pandemia, mas que se não o fizesse, os entes federativos teriam liberdade para adotar medidas [entenda aqui].

4) Ainda sobre esse tema, o ex-minstro disse que a pasta não podia interferir em decisões de Estados e Municípios, responsabilizando estes governos pelo colapso sanitário em Manaus, em janeiro deste ano. O relator mostrou um diálogo entre Pazuello e Bolsonaro, em que o presidente o perguntou se havia entrado “com tratamento precoce em Manaus” e o ex-ministro respondeu que “já está [estava] funcionando com a nova gestão”.

5) Pazuello afirmou que o Brasil é o quarto país que mais vacinou no mundo. A afirmação é de números absolutos e desinforma a realidade. Como o GGN mostrou, contudo, o Brasil está longe de ser os primeiros no ranking mundial (é o 73º), se considerado a proporção com o tamanho da população.

6) Pazuello tratou a cloroquina como um remédio “antiviral” e “anti-inflamatório”. O senador Renan Calheiros lembrou que o medicamento sem comprovação científica defendida pelo governo não é nem antiviral, nem anti-inflamatório, mas um remédio contra a malária.

7) Ao ser questionado na CPI por que o remédio sem eficácia contra a Covid, Pazuello disse que foi recomendada para o suposto tratamento de grávidas contra a zika. Mas, segundo o senador, não houve comprovação de eficácia contra a zika, tampouco, mas uma pesquisa em ratos, que não foi testada em humanos. “A afirmação servia para confundir, para tentar passar uma ideia de versatilidade à cloroquina e, assim, tentar justificar seu uso para outras doenças”, disse o senador.

8) O ex-ministro negou ter sido consultado sobre a produção de cloroquina pelo laboratório do Exército. “Eu não concordo, eu não comprei nenhuma grama de hidroxicloroquina, eu não fomentei o uso da hidroxicloroquina, eu mandei distribuir tudo o que me foi pedido”, disse. Renan Calheiros mostrou documento do Ministério da Defesa de que atendeu a um pedido do Ministério da Saúde.

9) Sobre o mesmo tema, Pazuello negou ter sido pressionado pela disponibilização da cloroquina no SUS para tratar Covid-19. Além de justificar que o remédio servia para outras coisas, o ex-ministro Nelson Teich, contudo, apresentou outra versão e disse que teve que abandonar a pasta justamente pela pressão do presidente Bolsonaro no uso da cloroquina.

10) O atraso das vacinas foi justificado por Pazuello pela suposta necessidade de adaptar a legislação brasileira para fechar os contratos com as farmacêuticas internacionais. A medida, contudo, não era necessária, por já haver legislação, de fevereiro de 2020, que autorizava a compra. Ainda, segundo Calheiros, o Senado é que trabalhou para aprovar projetos de lei sobre o tema.

11) Pazuello negou que o presidente Jair Bolsonaro tenha interferido para negar acordos da CoronaVac junto ao Instituto Butantan. Bolsonaro, contudo, fez declaração pública, no ano passado, afirmando que cancelaria o protocolo de intenções, o que foi confirmado em depoimento do presidente do Instituto, Dimas Covas, à CPI.

12) Como o GGN já revelou aqui, Pazuello disse que só soube da falta de oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro deste ano. Mas documentos oficiais, depoimento à Polícia Federal (PF) e investigações mostram que o governo já sabia antes.

13) Pazuello afirmou que aceitou receber vacinas do acordo da Covax Facility para imunizar somente 10% da população, e não 50%, porque era “mais importante estar presente no consórcio” e que poderia adquirir mais posteriormente. A informação é falsa. O governo não quis adquirir doses para 50% e, posteriormente, no mesmo depoimento, o ex-ministro admitiu que aceitou só 10% “pela simples razão de que era muito ruim não estar presente” e que não era bom “apostar todas as fichas naquela produção de compra”.

14) Sobre o atraso no contrato com a Pfizer, Pazuello disse que os órgãos de controle e fiscalização não recomendaram a assinatura do acordo, entre eles o TCU (Tribunal de Contas da União). Mas o TCU, ao contrário, emitiu parecer à época autorizando a assinatura do contrato.

15) Pazuello não explicou porque fez modificações no Plano Nacional de Contingência, após questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). O ex-ministro despistou a resposta e não justificou a medida.

Redação

Redação

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  • As duas mentiras abaixo são a base da narrativa que circula na bolha bolsonarista.

    “3) Ao lavar as mãos no assunto, Pazuello disse que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de dar autonomia a estados e municípios no combate à pandemia “restringiu” e “limitou” sua atuação. Ao contrário, a determinação do Supremo ressaltou que o governo federal tinha o papel de centralizar e atuar contra a pandemia, mas que se não o fizesse, os entes federativos teriam liberdade para adotar medidas [entenda aqui].
    “4) Ainda sobre esse tema, o ex-ministro disse que a pasta não podia interferir em decisões de Estados e Municípios, responsabilizando estes governos pelo colapso sanitário em Manaus, em janeiro deste ano. O relator mostrou um diálogo entre Pazuello e Bolsonaro, em que o presidente o perguntou se havia entrado “com tratamento precoce em Manaus” e o ex-ministro respondeu que “já está [estava] funcionando com a nova gestão”.”

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