Brasil perdeu 4,5 milhões de vacinas da Pfizer até hoje, 1,5 milhão ainda em 2020

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"O momento que estive confiante da assinatura do contrato foi no dia 19 de março de 2021, quando assinamos o contrato", disse o CEO da Pfizer

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Jornal GGN – O Brasil já teria 4,5 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 a mais do que recebeu até junho pela Pfizer e, destes, 1,5 milhão de doses já teriam chegado ao Brasil ainda em 2020. Estes são os números divulgados pelo CEO da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, em entrevista à CPI da Covid, nesta quinta (13).

A declaração foi dada após a pergunta do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). “O que eu posso afirmar é o quantitativo ofertado no dia 26 de agosto: 1,5 milhão até 2020, no primeiro trimestre 3 milhões, e no segundo trimestre 14 milhões de doses. Somando todos, estamos falando de 18 milhões e meio [de doses da vacina]. Eu não posso afirmar que seriam entregues, mas o que foi proposto.”

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O CEO da Pfizer também foi questionado por Calheiros se, quando o presidente Jair Bolsonaro afirmou que uma das consequências da vacina poderia ser “virar um jacaré”, ele sentia confiança do fechamento do contrato com o Brasil.

“O momento que estive confiante da assinatura do contrato foi no dia 19 de março de 2021, quando assinamos o contrato. Não podíamos estar confiante da assinatura de um acordo sem ter o acordo assinado”, respondeu.

Na posição de tentar não criminalizar diretamente o governo brasileiro, conforme exposto pelo GGN aqui, Murillo foi pressionado a responder sobre as declarações polêmicas do presidente: “Nós somos uma companhia da ciência, baseado na ciência. Essas declarações são como muitas outras, nós continuamos com nosso empenho de fazer vacina para nossos pacientes. Eu nunca ouvi essas palavras de parte de quem eu estava negociando. As pessoas que eu estava negociando nunca fizeram declarações assim”, despitou.

CLÁUSULAS LEONINAS

Mas ao ser perguntado sobre as palavras do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de considerar as cláusulas do contrato proposto pela Pfizer à época como “leoninas”, o CEO da empresa discordou.

“Nós não concordamos com esse posicionamento [de Pazuello, de que as cláusulas do contrato eram ‘leoninas’]. As condições que a Pfizer procurou para o Brasil são exatamente as feitas com mais de 110 países do mundo. Do ponto de vista da nossa consistência internacional, essas foram as condições negociadas e aceitas por 110 países”, posicionou-se.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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