A república de Temer ou o reino absoluto da esbórnia, por J. Carlos de Assis

A república de Temer ou o reino absoluto da esbórnia

por J. Carlos de Assis

Não temos mais crise no país,  e sim a  esbórnia, a putaria, o salve-se quem puder. Michel Temer conseguiu misturar seus odores putrefatos de criminoso comum com o fedor condescendente  da maioria do Congresso. Mas não é tanto isso que importa. Importam, sim, a exibição  da utilização abusiva da máquina pública para comprar votos com cargos de governo, ministérios, emendas parlamentares, tudo para impedir a investigação criminal, tudo apresentado pela indefectível Rede Globo como atividade política normal.

Afinal, o que é obstrução da Justiça? Não seria obstrução de Justiça a compra de votos na Câmara para impedir a investigação dos crimes de Temer denunciados pela Procuradoria Geral da República? Onde está a corporação de juízes e de promotores, tão prontos a se insurgirem com veemência contra o projeto de lei do abuso de autoridade, quando se revelam cinicamente indiferentes ao crime que se comete contra o povo e contra a Nação nesse espetáculo dantesco de carnificina de todos os valore s da República? Há maior abuso de poder do que o feito por Temer na despudorada compra de votos na Câmara?

A permanência de Temer é um risco para a Nação porque no curto período que lhe resta ele pode vender a mãe para atender os interesses das multinacionais do petróleo e da energia, como está acontecendo neste momento com o pré-sal, ou os interesses do “mercado”, como é o caso da Previdência. Nossa esperança é que a pequena rebeldia observada na Câmara sinalize um limite para as ações da quadrilha do Planalto. Se isso acontecer, a eventual saída, cassação ou impeachment  são indiferentes. Nos encontraremos com a quadrilha em 2018 com boas perspectivas.

A política, arte de organização dos homens e da Nação, é a mais nobre das atividades. Mas quando ela cai nas mãos de quadrilheiros toda a moral pública desaba. Roubar, agredir, matar, mentir, manipular, desconhecer critérios de educação e perder o sentido de solidariedade, tudo passa a ser lugar comum, ou normal. Nesse contexto, floresce o neoliberalismo – ou simplesmente liberalismo (como costuma de corrigir o senador Roberto Requião) -, quando se entende a liberdade como ausência de limites. A isso se contrapõe a democracia, situação em que a sociedade, desde que ausente a manipulação da mídia, estabelece os próprios limites. É essa liberdade democrática que está sendo degradada na era Temer. Estamos no jogo duro em que as classes dominantes e as elites dirigentes não tem qualquer limite na sua atuação, exceto o que se pode esperar da incipiente rebeldia de parte da Câmara e do Senado ou o que vier a ser imposto nas eleições dos próximo ano.

 

Redação

5 Comentários

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  1. Eleições resolvem tudo ?

    Fazendo uma analogia com o futebol, o jogo atual tem as seguintes características: (1) o juiz é ladrão; (2) o time adversário está livre para cometer qualquer tipo de falta violenta; (3) a torcida adversária, com proteção da PM, está disparando rojões contra nossos jogadores; (4) a TV Globo manipula o tira-teima para enganar os telespectadores; (5) o Itaú patrocina tudo.

    Vamos continuar com nosso “fair play” e esperar que as eleições de 2018 resolvam tudo ?

    Sem força política e sem força física a putaria fascista não será eliminada.

  2. Quem paga para a gente ficar assim?

    Uma portaria irá isentar as petroleiras de impostos sobre os lucros, enquanto que, na maior desfaçatez, um membro do governo vem a público dizer que 80% dos lucros  irão para o governo.  Uma informação completamente inverossímil e mentirosa. Desde quando,  petroleiras compram ( aliás por preço de banana) para dar 80% dos lucros para quem vendeu.  Mais ainda, os lances neste leilão foram feitos primordialmente pela propria Petrobrás,  pois só ela tem a tecnologia para explorar o pré-sal.   Apenas o mais lucrativo poço  foi para a Exxon e Shell e curiosamente neste a Petrobrás sequer fez uma proposta. Agora com a posse da jazida, veremos nos próximos passos, os arranjos para que a tecnologia da Petrobrás seja entregue as  grandes irmãs.  Ou pagarão a peso de ouro os nossos pesquisadores e ou obterão da propria presidência da Petrobrás toda a tecnologia. Ai o serviço estará fechado.

    Isto tudo ocorre com o silêncio absoluto da imprensa, que também se cala com as propagandas mentirosas sobre verbas para a Educação, enquanto se vê o uso  de operações midiáticas    do MP da PF e do judiciário, e agora do TCU, contra as Universidades. Em nome da luta da corrupção vão fazer o corte de verbas que o governo e o mercado tanto querem.  Com a suposta desculpa de  investigações  contra a corrupção vão gerar o sufocamento financeiro de universidades, como fizeram com a indústria que ousou competir internacionalmente. Enquanto que a Mani Pulite demorou para colocar Berlusconi no poder, a Lava jato colocou Temer e mercado  no poder.

    Enquanto na mídia se propaga uma luta do judiciário contra os políticos, as operações vão sempre a favor do corte de verbas para as políticas publicas, na direção das privatizações e da destruição do parque industrial brasileiro. Os que agora estão no poder, são apenas como Cunha, isto é,   estão  na coleira  e ficam livres apenas  enquanto fazem o serviço. Enquanto isto,  os verdadeiros  @#$$%*****, como Serra, Parente, Fraga, Aécio , FHC,  ficam esperando o momento de falarem que sempre foram contra tudo o que está ai. E serão todos premiados pela Exxon, Chevron, etc…  e Wall Street, ou com palestras em Harvard. 

    Não se vê o nosso MP  em busca do dinheiro que alguns estão ganhando com esses leilões da Petrobrás. O braço armado do Mercado, chamado Meirelles se apressa a dizer que quer a reforma da Previdência ainda este ano. Ele conta com a compra de votos  feita por um presidente que é também refém do judiciário. E como refém vai satisfazer todos os desejos do mercado comprando a todos com o dinheiro público. E a mídia diz que este homem é serio e responsável!!!!!!!!

     A mídia, preparando a saída após o gran finale,   fala mal, sem se indignar. Aliás insinua que faz tudo isto pelo bem do Brasil. Fala mal, porque prevê em breve o fim do refém e então    poderá recontar a história  afirmando  que lutou contra tudo isto.

    O mercado exige a reforma da previdência para transformar o país no paraíso dos fundos de pensão. Os mesmos que foram manipulados e , durante a crise internacional,  simplesmente roubaram os dividendos dos aposentados nos Estados Unidos e outros países.

    Fundos de pensão são apenas formas de juntar dinheiro para especulações na bolsa, travestidos de previdência privada.  E quanto à reforma trabalhista e ao trabalho escravo  o objetivo é simplesmente transformar o trabalhador brasileiro no  trabalhador americano,  sem garantias, nem saúde publica. Logo logo falarão do décimo terceiro e  do adicional de férias.  Em nome do mercado e da economia logo pedirão a extinção disto. Neste final de ano os efeitos do  alto desemprego irão se mostrar, quando milhões de desempregados vão aceitar  baixissimos salários para empregos  temporários.  Vão respirar por alguns meses, como quando se liga os  aparelhos numa UTI. Mas isto tem prazo e voltarão ao desemprego em três mêses quando de novo se tornarão cada vez  reféns do desemprego  e cada vez mais preparados para aceitar qualquer coisa. O pleno emprego sempre foi uma pedra no sapato do mercado e de nossos industriais e ruralistas. Como dizia a economista Zeina Latif, ( adorada pelo mercado) em horário nobre na televisão:  “uma dose de desemprego é bom para o mercado”

    E enquanto isto, midia, senado, câmara, judiciário, ministério público ,  se juntam a este botim. E o receio de serem defenestrados por uma eleição, só aumenta a avidez e a pressa  dos saqueadores.

    O Brasil sabe agora a resposta da música:

    “Quero ver quem paga para a gente ficar assim

    Qual o teu negócio?

    Qual o nome do teu sócio?”

     

  3. Repetição da História?

    Nassif: esse atual governo não parece tão sui generis como se pinta. Será que o Assis não conseguiria estabelecer um paralelo com o governo dos Bórgias? Nesse reino de esbórnia que se vive atualmente no BraZil, dizem que as semelhanças com os “casamentos políticos” e os conchavos palacianos em nada perdem para outros tempos. Uns acham até que aqueles tempos foram copiados do nosso. Mas deve ser lorota do Povo, que aumenta. Mas não inventa…

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