Abaixo do volume morto sempre esteve uma crise política, por Sérgio G. Reis

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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É preciso lembrar que, até há menos de um mês, o dito racionamento de água era considerado estratégia absolutamente inadequada para gerir a crise, tendo-se em vista que os “cortes de fornecimento produziriam pressões negativas nos encanamentos, os quais, então, poderiam sugar as impurezas do solo a partir de pequenos furos que poderiam se formar”.

Vale lembrar também que os encanamentos também estão sob gestão da SABESP: a falência na política de troca e renovação seria responsável não só pela considerada inviabilidade do racionamento, mas também pelas perdas de cerca de 36% de toda a água que é produzida.

É óbvio, portanto, que se configura o maior estelionato eleitoral da história de São Paulo. Postergado durante todo o ano de 2014, quando o Cantareira perdeu 500 bilhões de litros (250 dias de abastecimento de acordo com o nível de vazão pré-crise), o racionamento agora será imensamente mais drástico: se antes foi considerado inadequado “dois dias com abastecimento e um sem”, agora se planeja “dois dias com abastecimento e cinco sem”.

É óbvio, a partir disso, que a crise hídrica não é mera crise técnica de um Estado tão rico e moderno como São Paulo. Afinal, muitos, dentro e fora do governo, previram o problema e propuseram soluções e alternativas. A crise, acima de tudo, é política, já que diz respeito a um governador e a um primeiro escalão que não estão à altura de São Paulo e de seus desafios, mas apenas de suas pretensões eleitorais.

A conta dessa inversão de prioridades está chegando: impacto pesado nas atividades domésticas, nas escolas, nos serviços de saúde, na vida cotidiana como um todo e, é claro, na atividade econômica. Mas, se não for pego em crime de responsabilidade (outra obviedade), Alckmin será um candidato forte à Presidência da República em 2018.

O que nos mostra, mais uma vez, que abaixo do volume morto esteve, sempre, uma crise política.

Governo Alckmin projeta para o mês de abril o início do rodízio de água

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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      1. TUCANOS e seus eleitores

        TUCANOS e seus eleitores estúpidos deviam ser todos expulsos de São Paulo a pontapés !!

         

        “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

    1. Isso porque o MP-SP, do

      Isso porque o MP-SP, do impudente RODRIGO DE GRANDIS, é tão criminoso e TUCANALHA quanto alckmintiroso/$erra e sua falta de água, cabelos, ideias e VERGONHA NA CARA !!

       

      “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

       

       

  1. Há uma década o nordestino

    Há uma década o nordestino tinha dois problemas: falta de água no nordeste e o preconceito difundido contra ele no sudeste. Agora que a seca migrou para São Paulo, o nordestino não tem problemas e pode rir diariamente vendo o Jornal Nacional, o Jornal da Gazeta e o Jornal da Band. Além de não saberem conviver com a falta de água, os neoliberais sudestinos conseguiram produzir uma seca. O que poderia ser mais tragicômico? 

  2. Uma pergunta ao PSDB de Geraldo Alckmin

    Uma pergunta ao PSDB de Geraldo Alckmin

    Governador Geraldo Alckmin, capo di tutti i capi do PSDB paulista, o que o senhor vê abaixo é um racionamento 4 por dois, um rodízio cinco por 2 ou uma simples urna eleitoral?

  3. Nem Hitler pediu tanto aos alemães

    Na Folha de São Paulo de hoje: “moradores de prédio ‘escutam’ cano para vigiar banho de vizinho”,

    Deve ter faltado água em Berlim, mas somente no finalzinho da segunda grande guerra. 

  4. Há dois problemas sobrepostos!

    O motivo alegado pela Sabesp de não empregar o racionamento é forte porém completamente distorcido. Já escrevi há quase dois meses qual era esta distorção mas relembrarei de novo.

    Quando se desliga uma rede de abastecimento logicamente ela fica cheia de ar e quando se enche esta rede de novo tem-se que fazer uma drenagem na parte dinal da rede para que esta não crie bolhas de ar que se chocando uma com as outras criam o chamado GOLPE DE ARIETE (“socos de pressão” acima da pressão de serviço).

    O enchimento desta rede deveria ser o mais lento possível com pessoal cuidando de um lado da abertura e outro do fechamento da drenagem, caso não houver um cuidado extremo nesta manobra, e caso os CONDUTOS NÃO ESTIVEREM EM BOAS CONDIÇÕES (que me parece ser o caso de São Paulo) os condutos vão se romper em diversos pontos levando a necessidade de parar por completo o abastecimento e substituir os trechos com problemas.

    Em resumo, para realizar um racionamento a Sabesp deveria ter um corpo de funcionários bem maior que ela tem, deveria ter condições de com urgência substituir os condutos que rompem e perderia muita água em cada operação.

    Logo, além do problema de falta de água, HÁ UM PROBLEMA QUE NÃO ESTÁ SENDO DIVULGADO, que é o ESTADO DEPLORÁVEL das linhas de distribuição e a FALTA DE PESSOAL PARA OPERÁ-LAS.

    A diminuição de pressão é uma forma de racionamento, que transfere para o usuário a responsabilidade de drenar a rede através de seus reservatórios. A vantagem para a empresa torna-se uma desvantagem para o usuário, pois se houver no trecho de distribuição um “COLO ALTO” (passagem do conduto por uma elevação qualquer) e neste “COLO ALTO” tiver algum vazamento na rede, as pressões negativas criadas no momento de diminuição de pressão CAPTARÃO ÁGUA POLUÍDA, e esta água que deveria ser drenada (posta fora!) vai direto para o reservatório dos usuários, causando um problema de saúde pública.

  5. Ô Sergio!!!

    Bem que você avisou!  Acompanhei todos seus alertas desde abril do ano passado !  Infelizmente o caos se avizinha. Você estava certo. Nunca duvidei. Lamento muito pela população de São Paulo. Receba minha admiração pelo quanto você se esforçou, denunciando toda essa trágica situação que aconteceria a esse povo! 

    1. Obrigado por ter acompanhado,

      Obrigado por ter acompanhado, Marly. Infelizmente, nem os meus mais de 40 artigos, nem tantas e tantas iniciativas de outros críticos foram suficientes para mudar um pouco que fosse a política suicida levada a cabo pelo Alckmin. Agora, é se preparar para as piores consequências, lamentavelmente.

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