Alckmin, a entrevista para a Folha e a mitomania na crise hídrica, por Sérgio Reis

Alckmin, a entrevista para a Folha e a mitomania na crise hídrica

Um novo capítulo da crise hídrica foi escrito hoje a partir da atordoante entrevista concedida pelo Governador Geraldo Alckmin à Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1524542-nao-ha-risco-de-racionamento-de-agua-em-2015-diz-alckmin.shtml), e da notícia, publicada pelo mesmo jornal, de que está para ser aprovado um mecanismo de gestão da crise do Cantareira o qual, inevitavelmente, significará o racionamento de água para beneficiários do Sistema. Tenho ressaltado aqui que uma causa fundamental do grave problema que enfrentamos é exatamente a subestimação do tamanho do problema por parte dos agentes públicos responsáveis, sendo que, por sua vez, evidentemente, um elemento fundamental que justifica tal comportamento é o cenário eleitoral o qual vivemos. Aliás, é claro, parece ser essa, também, a razão de ser contida na entrevista: esclarecer o eleitor, às vesperas do pleito, que ele poderá votar tranquilo, pois nem o problema mais excepcional está fora do controle do heroico (bandeirante?) governante.

Nas respostas dadas ao jornalista, Alckmin, mais uma vez, exibe um traço de personalidade absolutamente perigoso para um governante em situação adversa: a incapacidade de reconhecer problemas. Não pretendo tratar aqui de outros temas abordados nesse diálogo, mas o comportamento do Governador é idêntico para lidar com óbices relatados para todas as áreas de política pública nas quais, flagrantemente, falhou: na verdade, não há crises, não há falhas em alcançar objetivos ou metas, não há erros, de forma geral. Tudo está sob o mais perfeito controle. A renitência do Chefe de Governo em não encarar as aporias de frente o leva, até mesmo, a faltar com a verdade. Selecionei alguns aspectos da entrevista que apontam nesses sentidos.

“Pergunta: O governo de São Paulo não deveria ter sido mais transparente ao informar a população sobre o que está ocorrendo em relação à crise de desabastecimento de água?
Alckmin: Nós colocamos tudo na internet. Qualquer cidadão se informa sobre o nível de todas as represas: quanto cai, quanto não cai, subiu ou estabilizou. Frente a uma situação de seca, fizemos planejamento, investimento e uso racional da água. Nós começamos a dar o bônus em plena chuva, começou no verão, em fevereiro. Não tem outro estado que deu estímulo para economizar como São Paulo. Nós chegamos a 78% de economia, sendo que pouco menos da metade ganhou o bônus.

Aqui, Alckmin nos apresenta a pobreza de sua leitura sobre a sua noção de transparência. Em primeiro lugar, é preciso dizer, mais uma vez, que nós não temos os dados de todas as represas: no caso do Alto Tietê, por exemplo, sabemos apenas do valor geral, e não daqueles individualizados por represa (tenho tentado trazer para cá essas informações pelo menos uma vez ao mês). Em segundo lugar, os truques estatísticos da SABESP são tão evidentes que já foram tratados por diversas vezes por colunistas da própria Folha e do Estadão (respectivamente, Maurício Tuffani e Fernando Reinach). Na semana passada, inclusive, abordei aqui no blog os cálculos bizarros feitos pela empresa. Há todo um evidente simbolismo antipedagógico em se apresentar um volume de água que já está negativo em pelo menos “-13%” como “positivo em 17%”.”

Em terceiro lugar, mais amplamente, transparência não diz respeito, simplesmente, à publicação de dados. A transparência, enquanto componente de gestão pública, é um modo de interrelação entre o governo e a cidadania. Não se é transparente apenas quando, por exemplo, o governo não divulga o percentual de conclusão das obras da extração do segundo volume morto (informação que não possuímos). A falta de transparência também ocorre quando o interlocutor privilegiado do Estado não é o cidadão, mas sim o acionista da Bolsa de Valores; quando o governo deixa de antecipar à sociedade quais as estratégias que irá utilizar (ou que está pensando em implementar); quando dá declarações as quais se contradizem continuamente, e que impedem o real entendimento da situação por parte das pessoas. Ela também ocorre, finalmente, quando práticas eventualmente gravosas ao interesse público, como o racionamento noturno, são feitas, mas negadas até o limite da responsabilidade pelos porta-vozes do governo – mesmo com tantas e tantas evidências a favor.

Há de se comentar, nessa mesma resposta, algumas contradições e falácias discursivas feitas pelo governador: 1) o “mérito” de ter concedido bônus para a população “em plena chuva” (Não estava havendo uma seca excepcional exatamente nesse período? De que chuva ele está falando?) 2) a grande “economia de água” feita pela população (a qual corresponde, conforme já tratei aqui, a menos de 30% do total que a SABESP deixou de gastar desde que a crise foi declarada). Aqui, Alckmin apresenta uma medida empregada em situações de absoluta necessidade de contingência (a concessão do bônus) como uma benesse em situação de bonança, como se esse ato de gestão realmente estivesse voltado para uma mudança cultural de longo prazo, como parte de uma visão republicana que o Estado estaria tentando implementar. É um impressionante jogo cênico de palavras, contestado pela própria realidade crua.

“Pergunta: Se o volume de chuvas continuar baixo, quando o governo estadual pretende utilizar a segunda reserva do volume morto?
Alckmin: Nós entendemos que talvez não precise, mas vamos deixar tudo preparado. Se for necessário, haverá uma segunda reserva. A avaliação hoje é de que dificilmente vai precisar. Nós já terminamos o inverno, ainda não é verão, mas já começa a ter chuvas.”

Nessa resposta, Alckmin nos apresenta, uma vez mais, o seu modelo de gestão: a ode ao clima. Toda a expectativa dele, em sua inteireza absoluta, repousa nas precipitações pluviométricas. Não passa pela cabeça do Governador (na verdade, é claro que passa, mas sua falta de transparência o impede de externar isso) a circunstância de não chover, de chover pouco ou de chover o esperado, mas apenas em Fevereiro ou em Março. A pobreza com que a crise é administrada é chocante porque deposita-se confiança completa em sua superação em fatores os quais a gestão pública não controla completamente – ou, melhor explicando, em fatores os quais a gestão, idealmente, busca se basear para efetuar um planejamento adequado, para se preparar para o futuro, e não para implementar ações de improviso em cenários de crise (ou seja, um clima “ruim” pode e deve ser um elemento a ser considerado na formulação, mas as “chuvas favoráveis” jamais podem ser admitidas na implementação de soluções para um problema de política pública que surgiu justamente em razão da desconsideração do risco de clima “ruim” – esse raciocínio, no mínimo, é um crime lógico). E a gestão pública existe exatamente para contornar essas variáveis, para criar soluções que permitam com que sejam elas mitigadas. O conceito de Alckmin, como fica claro, é pré-moderno – é possível conjecturar que o projeto de alteração do curso do rio Arno, concebido por da Vinci e Maquiavel na virada do século XV, seja mais ousado do que o que nos transmite hoje o governador sobre como superar a crise hídrica.

Além disso, Alckmin, como já sabemos, falta com a verdade ao dizer que a avaliação atual é a de que dificilmente precisaremos da segunda reserva. Conforme os cálculos que apresentamos na semana passada (corroborados por um outro estudo feito por um representante da ONG The Nature Conservancy), a primeira cota do volume morto, mantendo-se as condições atuais (e o INPE diz que, no mínimo, as chuvas só começarão a cair novamente na segunda metade de Outubro, sendo que isso só poderá ocorrer “no último dia do mês”), não durará mais do que 35 dias. É absolutamente evidente, então, que o uso da segunda parcela da água profunda é inevitável – e, se não o for, ao menos é a hipótese mais provável, aquela a qual os especialistas em gestão devem se aferrar, dado o impacto social de um equívoco. Impressiona, então, como o Governador pode, ainda, querer manter esse discurso. Apenas as lentes eleitorais poderiam permitir uma leitura tão obtusa da realidade.

“Em 2009, relatório alertou a gestão estadual sobre a fragilidade do Sistema Cantareira. Houve descaso do governo de São Paulo de só tomar medidas por causa do agravamento da crise?
Não, a PPP do São Lourenço começou há três anos e não foi só por causa da seca: projeto, outorga, autorização, licença ambiental, financiamento, licitação, contrato e está tudo em obra. E, na região de Campinas, vamos fazer duas grandes represas em Jaguariúna e em Amparo. Isso deve equivaler a uma cidade de 2,4 milhões de habitantes, tudo na linha de diminuir vulnerabilidade.”

Na verdade, antes de tudo é preciso dizer que, apesar do tom crítico da pergunta da Folha, a verdade é que existem documentos de 2004, no contexto da outorga do Sistema, que atestam a necessidade de redução da dependência do Cantareira. Mas, ainda assim, se considerarmos a data de 2009, de fato já teremos um intervalo temporal grande o bastante para evidenciar a lentidão governamental para fazer avançar o abastecimento hídrico em São Paulo. O que Alckmin não diz sobre o São Lourenço é que os estudos para a formulação da PPP começaram em 2009, e desde então as obras poderiam, então, ter sido iniciadas. Depois, o prazo foi estendido para 2012 e, finalmente, apenas neste ano, 2014, é que elas tiveram início. Se não tivessem ocorrido todos esses atrasos, talvez esse novo reservatório pudesse até mesmo estar pronto. Vale lembrar que já existiam estudos de 2004 que apontavam para o São Lourenço como uma possibilidade válida para a expansão do sistema de abastecimento, mas o governo permaneceu, por muitos anos, inerte.

Além disso, as represas a serem construídas em Jaguariúna e Amparo ainda estão no papel. Não seria precipitado dizer, diante da imensa ineficácia do governo tucano, que talvez só fiquem prontas daqui a uns 5 anos, sendo que também estavam previstas em estudos e planos de expansão de dez anos atrás. Vale observar, ainda, que o factoide da transposição do Paraíba do Sul (o qual também levaria não menos do que 2 anos para ficar pronto) sequer foi mencionado, desta vez, por Alckmin. A pergunta que fica, como sempre, é a de quais respostas concretas o governo poderá dar em 2015? É disso que, o tempo todo, estamos falando. E, como se fosse possível ter ainda mais certeza disso, a réplica a essa pergunta é: não, elas não existem.

“Se não chover como o governo de São Paulo espera, o eleitor paulista corre o risco de enfrentar um racionamento de água no ano que vem?
Não. Nós não precisamos ter chuva abundante. Pode até chover menos do que a média que ultrapassaremos o novo período seco. Por quê? Porque temos as demais represas bem cheias, temos sistemas de substituição crescentes e há mais reserva técnica. Há um conjunto de fatores.”

Esta é, finalmente, a afirmativa mais impressionante de toda a entrevista. Por mais que busquemos manter uma leitura moderada em termos de linguagem para qualificarmos as atitudes dos representantes governamentais diante dos modos com que a crise hídrica tem sido gerida, aqui se torna inevitável a perda do comedimento. A fala de Alckmin não pode ser classificada como nada menos do que mitômana, e deveria ser citada em processos por improbidade administrativa a que o atual governador viria a responder em 2015, caso o Ministério Público nos surpreenda e abra investigação sobre o esgotamento do Sistema Cantareira e todos os seus nefastos efeitos sobre a população.

O caradurismo do Governador, realmente, parece ilimitado. Guardem bem isso: em 2015, mesmo que chova abaixo da média, não teremos racionamento. Ou, ainda, “ultrapassaremos o novo período seco”, isto é, ainda teremos água para beber em Outubro de 2015, independentemente de qualquer outro fator. Vejam o quão categóricas são essas afirmações. Na falta de uma réplica da própria Folha – que parece ter aceitado essas colocações impunemente – cabe a nós, então, buscarmos desconstruí-las.

Primeiro, Alckmin diz que as demais represas estão bem cheias. Quais? A segunda mais importante, o Guarapiranga, está com 52%, se aproximando da pior situação em 6 anos. A terceira mais importante, o Alto Tietê, está com 12%, a pior situação de sua história, por larga margem. O quarto, o Rio Grande, é o único que pode ser qualificado como “cheio”, mas sua vazão máxima de saída corresponde a um nono daquela que saía do Cantareira, e atende a um contingente populacional proporcional a isso, relativamente. Não tem, portanto, condições de substituí-lo. O quinto, Rio Claro, está com 62%, mas é um pequeno tanque – é mais de 10 vezes menor do que a capacidade total do Cantareira. O sexto, o Alto Cotia, está com 35% de sua capacidade. É seu pior nível em 10 anos. Mesmo essa primeira colocação, portanto, já pode ser considerada como flagrantemente distante da situação real do conjunto dos sistemas de abastecimento.

Depois, o governador nos diz que os sistemas de substituição (os chamados “avanços” de um sistema sobre o outro) estão crescendo. A última novidade que tivemos quanto a isso foram os 0,5 m³/s do Rio Grande e o 1 m³/s do Guarapiranga para o Cantareira, ambos prometidos para Setembro. Não estamos sabendo se efetivamente já estão ocorrendo, mas em Agosto uma reportagem do Estadão nos mostrava que os equipamentos necessários para a expansão das transferências do Cantareira sequer tinham chegado, o que inviabilizava as obras para tanto. Antes disso, houve um outro avanço do Guarapiranga, de pouco mais de 1 m³/s, do Rio Claro, de 0,5 m³/s, e do Alto Tietê, de 1,6 m³/s. Se somarmos todas essas transferências, não teremos sequer a vazão total de saída do Rio Grande, quarto sistema mais importante – que é de 1/6 da vazão de saída do Cantareira em condições normais. Como não sabemos de novas possibilidades substantivas de “avanços” nos próximos meses, trata-se de mais uma afirmação inverídica do Governador. Além disso, como vimos, elas têm sido pouco expressivas com relação ao total de demandas existentes nos setores mais críticos. Em outras palavras, não é a partir daí que virão as soluções mais robustas contra a crise.

Finalmente, a colocação mais impressionante de Alckmin: “há mais reserva técnica”. Com essa declaração, o Governador, é claro, para além de manter a obtusa concepção – ambientalmente falando – de que se deve retirar até a última gota de água de cada reservatório, ainda fornece “segurança” a respeito de uma informação que não é, simplesmente, verdadeira. Ora, no caso do Cantareira, caso a segunda cota se esgote, não há o que fazer, a não ser que a SABESP decida “roubar” a água do PCJ. Vejamos: se os 106 bilhões da segunda parte do volume morto do Jaguari-Jacareí forem totalmente extraídos (e eu não acredito que existam condições operacionais para tanto), essa represa – a maior de todas – se esgota. Finito. No caso da Cachoeira, abaixo do “zero operacional” ainda existem 47 bilhões de litros, mas a apenas 3 metros abaixo dele se localizam os descarregadores que enviam a água para o PCJ. Nesses 3 metros, não há mais do que 15 bilhões de litros, que duram, se sugados por bombas, uns 8 dias. Abaixo disso, a água não pode ser extraída, sob a pena se significar o envio de água para São Paulo de um líquido que deveria ser destinado para outras cidades.

A mesma situação é a existente no Atibainha: entre o “zero operacional” (ao qual chegaremos amanhã, ou na quinta pela manhã) e os descarregadores de fundo, há pouco mais de 1 metro de água, insuficiente para 3 dias de abastecimento. Não há aí, então, mais reserva técnica à disposição. O Governo teria que fazer uma dificílima negociação com um conjunto de atores para que pudesse vir a utilizar essa água – que é o volume morto do PCJ, de acordo com declaração da própria SABESP. Contar com essa reserva – como faz o Governador –, então, é nada menos do que um engodo. É possível, lá na frente, se a crise piorar ainda mais, que Alckmin apareça com essa “brilhante” solução de gestão. Veremos, então, quão permissível será a imprensa diante do seu significado: rasgar ao meio a outorga do Cantareira – o que, de certa forma, já tem sido feito, dado o conjunto de desrespeito a seus termos promovido pela SABESP ao longo dos anos.

No caso do Alto Tietê, como sabemos, a SABESP verificou que apenas as represas de Biritiba-Mirim e de Jundiaí poderão ter o seu volume morto extraído – cerca de 25 bilhões de litros. Essa informação, inclusive, é contestada por especialistas, como o prof. José Roberto Kachel, que não acredita que um volume como esse esteja à disposição para a extração. De todo modo, 25 billhões de litros, no caso desse sistema, equivalem a mais um mês de abastecimento, e nada mais do que isso. Se não chover muito, como pode Alckmin achar que eles serão suficientes para um ano todo de abastecimento, se as represas não contam, hoje, com mais do que 60 bilhões de litros?

As declarações de Alckmin, portanto, mereceriam o mais evidente rechaço. Estão absolutamente distantes da realidade material e, o mais lamentável, estão sendo proferidas por quem teria a maior competência legal e institucional para intervir nessa realidade adversa. Se já seria difícil, de modo geral, superar a crise diante de sua gravidade e complexidade, fazê-lo a partir de um mandatário que, ao menos retoricamente, é incapaz de expor o mínimo de conhecimento e de reconhecimento a respeito do conjunto de desafios a serem enfrentados será uma imensa temeridade.

A outra reportagem da Folha sobre a crise hídrica expõe, subliminarmente, a profundidade do problema quando analisado por quem não está com os olhos eminentemente voltados para as eleições de daqui a alguns dias. Um relatório, produzido pela ANA e pelo DAEE, será discutido em reuniões que ocorrerão amanhã e quinta-feira. Nele, propor-se-á o que nada mais é do que um racionamento de água, a ser desenvolvido por meio do aproveitamento de água alternado por cada setor da economia (de acordo com a hora do dia), para além da redução do volume de captação em 20%. Provavelmente, passaria a ser adotada logo após as eleições – o que já foi comentado aqui como uma possibilidade real há pelo menos 5 meses. O jornal não explica, mas uma medida similar a essa foi adotada no Ceará em uma estiagem ocorrida recentemente e foi avaliada como uma forma adequada de se fazer o “rodízio” de água – por sinal, uma especialista apresentou esse histórico para a Agência do PCJ há alguns meses, o que provavelmente motivou a realização das discussões com o DAEE e a ANA nesse sentido. É uma proposta séria, que precisa ser avaliada.

No entanto, o governo tucano, inatacável, rechaçou essa abordagem em réplica à Folha, colocando em dúvida as boas intenções dos propositores ao debaterem essa saída em meio ao contexto eleitoral. É absolutamente incrível a desfaçatez da gestão Alckmin, que opta por secar o seu principal sistema de abastecimento público para assegurar uma vitória eleitoral sem obstáculos, e ainda se coloca em uma posição de acusação contra quem busca soluções para os problemas os quais, em boa medida, foram gerados pela própria fragilidade de sua gestão e dos equívocos contidos em suas decisões. De uma forma ou de outra, o governo pagará caro por essas descomposturas. E a população paulista afetada, caso não consiga perceber o inequívoco elemento humano e político contido na crise, será tragado para dentro dela, também sendo pesadamente onerada, mas em sua cidadania e dignidade. No fim, a entrevista, criada para promover mais um esforço de tranquilização do eleitor preocupado com a crise hídrica, desvela um pouco mais do despreparo da gestão Alckmin para enfrentá-la. É apenas a partir de um discurso altamente fantasioso, quase onírico, que a retórica da superação real do problema da falta d’água parece fazer algum sentido.

Redação

24 Comentários

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  1. Um governador com

    Um governador com “incapacidade de reconhecer problemas” é só reflexo de um eleitorado que sofre do mesmo mal. SP gera muita riqueza e é isto que permite que a mídia consiga mascarar a incompetência (e talvez até mais que isso) dos tucanos. Sem contar que omitem que coisas positivas, muitas vezes, são resultados de políticas e ações do governo federal, do PT. Então não adianta a oposição paulista botar a cara pra fora só em período eleitoral, tem é que começar um trabalho de base para que um dia, finalmente, consigamos nos livrar dos herdeiros de 1930/32. É tarefa difícil: se um povo topou pegar em armas e até doar o próprio ouro para defender sua oligarquia, vai ser complicado enfiar alguma coisa nestas cabeças duras. É o tal do desafio da comunicação que o PT e a esquerda deverão enfrentar. É impressionante se dar conta da mentalidade extremamente atrasada e reacionária de parcela dos paulistas. Aqui até a Marina está na frente, sem falar no senador que irão eleger. Se a candidatura Maluf não tivesse sido impugnada, ele também seria eleito. Se a mídia mandar comer m… Bom, a gente já tá bebendo água do volume morto

  2. crise de realidade…

    é o que temos em São Paulo

    mas, tem um motivo principal e mirem-se no governo federal para melhor entenderem:

    não há governo bom sem uma forte oposição da imprensa

  3. Esta ferramenta de “jestão”

    Esta ferramenta de “jestão” tucana é aplicada em vários setores da administração pública: basta ver hospitais caindo aos pedaços por falta de verba de custeio (é proposital largar e deixar o tempo consumir as instalações), a não ser que sejam dados para as OS´s – há um hospital na periferia de SP, que há anos mal se mantinha em pé; e agora estão investindo 20 milhões nele. Como já venderam partes do hospital (SND, laboratório, SADT), e não têm “cojones” para privatizar o SUS, vendem partes: justamente as partes que estão sendo reformadas (Clínica de Queimados, PS e Farmácia) serão dadas para as OS´s (que ninguém sabe quanto custam e nem que serviço prestam).

    Mesmo que a blindagem do PiG, que mantém a população no meio de uma neblina de mentira, não vai ser possível esconder mais o desastre que virou SP, um estado que arrasta o Brasil para baixo 

  4. O Governo representa o pensamento do eleitor.

    O Governo representa o pensamento do eleitor.

    Fica tranquilo, ano que vem o Governo Estadual pede empréstimo ao BID para transposição das águas do Rio Paraíbuna. 

  5. É a fonte em que bebem

    Só pode ser.  Agora começa a ficar claro para mim o problema do povo do Tucanistão: eles bem água do volume morto. Isso deve afetar o raciocínio.

    1. Uma correção:  muita SECA e

      Uma correção:  muita SECA e muito pouca CANA, pois o que tem de bandido solto por ai não permite essa afirmação!

  6. Alckmin e o racionamento

    Eu gostaria de saber qual é o plano pois moramos em Guarulhos e desde o ano passado temo agua dia sim dia não? Se houver racionamento como seria?Pelo que tenho lido devido ao tamanho da irresponsabilidade deste mandatario de nossa provincia havera ravoltas populares por um povo sem agua a se achando enganado!

  7. problema principal, a meu ver…

    tucanos estão sempre no ponto de partida

    exploram ao máximo, acabam, destroem, e prometem que, se eleitos novamente, haverá controle rigoroso no próximo ponto de chegada, mas que nunca fizeram questão de chegar

    ( vide Serra que nunca terminou o que prometeu começar )

    tudo indica que em São Paulo não há controladores, apenas investidores e negocientes

    sempre vitoriosos, mas da maneira antiga, no curral de luxo e povo no cabresto, por serem, os tucanos, cruéis e vingativos

    1. só não vê quem não quer…

      ou porque gosta de ter dono insensível, cruel e vingativo

      e, pasmem, adorados até pelos que se dizem santos e preocupados com a “natureza” material da negociata

  8. enquanto o alquimista

    enquanto o alquimista permaneer no poder,

    continuará essa contradição insolúvel

    entre a sua atuação e

    a dos interesse da maioria da população.

    essa aporia faz parte do dna tucano.

  9. Digo para um conhecido de SP

    Digo para um conhecido de SP que votarei novamente no PT para o governo do estado e república, apesar da minha bronca com Wagner, ele me responde metralhando um 1 ano de leitura de revista Veja no meu ouvido, olho para ele sorrindo e digo – É mas aqui tem agua…Bang! Fim de papo, ele muda de assunto e eu continuo rindo já sem querer.  

  10. A infecção pelo volume mortissimo

    Sergio, 

    quero te parabenizar pelo trabalho apurado que vc tem feito sobre a questão hidrica em SP. Se os jornalistas do Estadão, da Folha ou mesmo dos outros veiculos fizessem a metade do que tem feito, a população paulista não estaria tão alienada neste momento.

    E assim o “esperto” Alckmin garante mais uma eleição. E depois, quando vier o racionamento na cidade que não para, como ele vai fazer ? Acha mesmo que ainda ganha para deputado federal ou senador ? Duvido. E presidente, ele sabe que so sera do clube que frequenta. 

    1. Obrigado, Maria Luisa.
      Será

      Obrigado, Maria Luisa.

      Será uma proeza um chefe de governo ser indiciado por improbidade administrativa não em razão de corrupção ou de erros em trâmites contratuais, mas sim em virtude do eleitoralismo combinado com a gestão incompetente de uma política pública. Se nossas instituições funcionarem só um pouco, creio que seria isso o que ocorreria. Daí por diante, é fim de carreira, realmente.

      1. Sérgio, sou como São Tomé nessa

        Só acredito quando vir o führer de Pindamonhangaba Gerhard Alckmin sendo realmente indiciado por alguma coisa. Será que a ALESP abre processo de impeachment, sendo que há muitos mandatos ela está nas mãos do PSSDB? Só mesmo se os deputados situacionistas começarem a literalmente feder no plenário, a ponto de representarem perigo à saúde pública dos funcionários de seus gabinetes.

        1. É, pelas minhas contas eram

          É, pelas minhas contas eram 73 CPIs arquivadas desde 1995 na ALESP (mas eu parei de contar faz um tempo). Acho que a diferença, agora, é que o cidadão vai sentir o impacto da imcompetência diariamente. Há um esforço enorme para apresentar a crise como um feito da natureza – e acho que as pessoas, infelizmente, tem acreditado nisso. A paciência, contudo, tem limite. Acho que o caso de Itu é ilustrativo. Vamos ver o que acontece.

  11. Ao iniciar um severo

    Ao iniciar um severo racionamento apos as eleiçoes o tucanato paulista estara cometendo suicidio eleitoral. Da mesma forma que FHC protelou a desvalorizaçao do real para ser releito e hoje nao consegue eleger minquem. Os tucanos paulistas caminham para um fim melancolico, tendo de conviver com a maior cidade do pais sendo abastecida por caminhao pipa.

    1. Haja caminhão!

      O rodízio de veículos será imposto à toda grande São Paulo pelo governo do estado e será feito na base do par ou ímpar. É o único jeito que vejo de levar água via caminhões-pipa. Será que também vai ter comboio da PM, que poderá atirar para matar a fim de evitar que a água desses caminhões seja roubada?

  12. GOVERNOS GERALDO ALCKMIN

    O enfrentamento ao crime organizado, os gravíssimos problemas do sistema penitenciário, a forma desrespeitosa como tratou os antigos Carcereiros Policiais, demonstra um ser inapto a exercer qualquer governo.  Parece um psicótico. As viaturas policiais devem permanecer por longo tempo estacionadas, às vezes ficavam em frente as Delegacias, para ‘eonomizar’. O IPESP quebrou e o picolé de chuchu criou o SPPREV, mudou todo o sistema de atendimento o IAMSPE e Perícias de Funcionários Públicos.  Foram cortados pela metade atendimentos ambulatoriais e uma Professora que quebrou o braço (minha vizinha) teve que ir fazer Perícia em Marília (distante 250 km).  A USP é isso que lemos em todos os Jornais; O instituto Butantâ acho que desapareceu do mapa. A POLÍCIA CIVIL só falta fechar as portas, é um total desrespeito aos que trabalham realmente: Carcereiro, Escrivão, Investigador, Agentes, Telecomunicação e outros.

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