“A luta pela democracia é o lado certo da história”, diz Dilma após afastamento

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – “A luta pela democracia é o lado certo da história, jamais vou desistir de lutar”, afirmou a presidente Dilma Rousseff no seu pronunciamento, na manhã desta quinta-feira (12), sobre o resultado da admissibilidade do processo de impeachment, votado por maioria no Senado. Na declaração, Dilma disse que nunca imaginou que em sua vida fosse “necessário lutar de novo contra o golpe no país”, comparou a dor de agora com a da tortura do regime militar – “o que mais dói é a injustiça” – e mostrou receio de “o país ser dirigido pelo governo do sem votos”.
 
Acompanhada de seus ministros, Dilma recebeu a notificação, pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO), de seu afastamento por até 180 dias, ou seja, seis meses. Após o pronunciamento, Dilma deixa o Planalto, pela porta da frente, na entrada principal do Palácio.
 
“Não é uma entrevista, é uma declaração”, introduziu a presidente Dilma Rousseff, vestida de branco, com expressões firmes, tentando segurar o abatimento. “E nesta condição, de presidente eleita pelos 54 milhões de cidadãos e cidadãs brasileiras, que eu vou pedir pra vocês neste momento decisivo para a democracia: o que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato”, assim começou o discurso da presidente afastada.
 
“O que está em jogo é o respeito às urnas. O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos. O que está em jogo são os ganhos das classes mais pobres e a classe média. De jovens chegando às Universidades e escolas técnicas. Os médicos atentendo a população. A realização do sonho da casa própia com o Minha casa, Minha vida”, seguiu. “O que está em jogo é o futuro do país”.
 
Dilma disse que “jamais em uma democracia um mandato de um presidente eleito poderia ser interrompito por atos legítimos de gestão orcamentária” e lamentou que o Brasil seja “o primeiro a fazer isso”.
 
O discurso da presidente, agora afastada, buscou alertar o que está por vir. Atentou para o fato de que “o golpe não visa apenas destituir uma presidente eleita pelo voto direto”, mas o que “querem, na verdade, é impedir a execução do programa escolhido pelos votos majoritários”.
 
“Durante todo esse tempo, tenho sido também uma fiadora zelosa do Estado Democratico do Direito”, falou, em tom assertivo, referindo-se ao fato de que tanto em seu processo de impeachment, quanto na sua gestão, não cedeu à negociatas e chantagens parlamentares, sempre buscando a legalidade dos fatos. “O meu governo não cometeu atos agressivos contra manifestantes, movimentos sociais”, exemplificou.
 
Para Dilma, o maior risco “é o país ser dirigido pelo governo do sem votos”, “para propor e implementar soluções para o Brasil, tentado a reprimir os que protestam contra ele”.
 
Dilma mostrou-se combativa. Apesar do afastamento do exercício do poder Executivo, não se mostrou vencida: “vou lutar com todos os meios legais de que disponho para exercer o meu mandato até o dia 31 de dezembro de 2017”.
 
Para relatar a história de sacrifícios da democracia brasileira, Dilma Rousseff contou a sua própria narrativa. “O destino sempre me reservou muitos e grandes desafios. Alguns prenderam a mim. Intransponíveis. eu consegui vencê-los. Venci a dor da tortura, aflitiva da doença. Agora, a dor igualmente, inominavelmente”.
 
“O que mais dói é a injustiça. É perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica política”, seguiu no relato, com a voz turva, já segurando as lágrimas. “Olho para trás e vejo tudo o que fizemos. Olho para frente e vejo tudo o que ainda devemos e podemos fazer”, persistiu. “O mais importante é olhar para mim mesma e, ainda que marcada pelo tempo, tenho forças para defender os direitos”, disse Dilma, completando que aprendeu a confiar na capacidade de luta dos trabalhadores.
 
E lamentou a presidente: “Confesso que nunca imaginei ser necessário lutar de novo contra o golpe no país. Nossa democracia não merece isso”. “É por isso que tenho certeza que a população saberá dizer não ao golpe. Nosso povo é sábio e tem experiência”, confiou.
 
Ao fim do discurso, Dilma fez um chamado a todos, independentemente do partido e posição políticos: “Mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar. É luta permanente que exige de nós dedicação constante. A luta contra o golpe não tem data. É longa. Que pode ser vencida, e nós vamos vencer”, convocou.
 
“A história é feita de luta e sempre vale a pena lutar pela democracia. Ela é o lado certo da história. Eu jamais vou desistir de lutar”, finalizou, assim, a sua declaração.
 
A saída de Dilma até o Palácio foi acompanhada por mulheres apoiadoras, seus ministros, assessores, parlamentares da base aliada e militantes do PT e de movimentos sociais. Dilma seguirá residindo no Palácio da Alvorada até o julgamento do impeachment.
 
Acompanhe a íntegra do pronunciamento:
 
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  1. STF

    “O que mais doi é a injustiça. O que mais doi é a injustiça de um empeachment fraudulento. A democracia é o lado certo da Historia. Jamais vou desistir de lutar”.

  2. Bom dia Presidenta!

    Dou-lhe um abraço, um sorriso e uma flor.

    Estes últimos dias devem ter sido terríveis e cansativos, mas hoje volta a sua paz e tranquilidade, para refletir, conversar com os seus amigos e colegas, para ler um bom livro e andar de bicicleta – onde ninguém criminalizará as suas “pedaladas”, rs, rs, rs

    Estaremos mobilizados e atentos. Sem violência, mas conscientemente desobedientes, ante um governo ilegítimo, que será combatido de maneira transparente e em forma pacífica. Contestaremos cada medida contra o povo. Desligaremos a TV cada vez que aparecer Temer e a sua primeira dama do lar. Devemos nos reunir com maior frequência nos botecos e ambientes sociais, pois as ruas estão aí para isso; ainda, “coxinha” somente sai aos domingos, de piquenique.

    Enquanto isso minha Presidenta, monte a sua defesa com JEC, viaje pelo país e converse com o seu povo, capte boas energias e supere eventuais deficiências anteriores de comunicação, agora que está mais tranquila.

    Estaremos de volta em breve, em Brasília.

  3. Eu também, jamais vou deixar

    Eu também, jamais vou deixar de cobrar aos fascistas, golpistas salafrários, o meu voto digitado na urna em outubro de 2014 .

    Como nunca esqueci a fraude executada pela Rede Groubo e agentes do ditador Figueiredo para roubar os votos de Leonel Brizola em 1982 .

    Como nunca esqueci as manipulações jornalísticas e do debate Lula X Collor executadas pela Groubo em 1989 para derrotar o grande líder Lula .

    Saude, querida Presidenta Dilma !!  Estarei sempre junto de ti nesta luta pela verdade !!

    VAI TER LUTA !!!!

  4. Esse violebto golpe custou
    Esse violebto golpe custou muito dinheiro isso deveria ser investigado. Foi uma verdadeira conspiração golpista, oposição, midia, empresarios, judiciario, empresas Petrolíferas internacionais, com participação americana, departamento de justiça americano em ação com o MPF brasileiro, embaixadores, NSA e etc… O conselho gestor do golpe tem várias cabeças. Se os EUAs tiver, como sabemos que tem comando nesse golpe, nada acontecerá com Temer golpista corrupto e seus corruptos.
    O judiciário dará um jeito de maquiar e lavar essas acusações abafando umas, guardando em gavetas outras e negando seguimento de processo a tantas outras.

    O STF ao dar o golpe o ar de legalidade a esse golpe não é a primeira vez que envergonha o Brasil pois é tradição que o STF sempre fique do lado golpista da história e o resto os juízes golpistas ali com seu “saber jurídico verborrágico” fazem o papel como atores de um novela golpista Global, se omitem de preservar a democracia a Constituição enfrentando os desafios de golpes sempre de longo costume nacional, servem apenas para dar a capa falsa e podre de legalidade ao que todos no mundo sabem o que é, um Golpe! Agora o terrorismo golpista da Globo, Veja ,Folha , Band e outras irá diminuir mas continuaram no mesmo modus operandi bem sucedido junto ao judiciário golpista, focando na destruição completa do PT e das forças de esquerda. Não daram mais chance alguma da esquerda e do PT comandar o país, é questão de vida ou morte para eles. A mídia golpista agora para que o governo golpista não seja ameaçado de cair, colocará toda sua força para fazer o noticiário feliz e otimista, o povo sentirá uma diferença, sentirá uma paz ao assistir a manipulação da notícia, a crise política acabou com o golpe em Dilma com o fora PT, ou seja a propaganda é essa: o Brasil agora se sente melhor sem o PT , a economia melhorou, sua vida vai melhorar e etc.
    Ao PT que sirva de lição a esquerda, não se governa sem conquistar e exercer o poder, não se coloca no judiciário gente de direita, gente que não é de esquerda, não se governa o Brasil abrindo mão de tudo fazendo uma conciliação de classes que nunca será aceita quando aqueles são oposição e pensam o contrário, são de direita , e que ao fim se tornam golpistas. Não se governa sem cassar a concessão da Globo golpista, empresa de comunicação historicamente golpista, conspiradora, incentivadora de golpes. Todo mundo sabe que principalmente sem a Globo não existiria esse Golpe. Que tenha luta, que a esquerda e o PT se refaça com pessoas mais aguerridas, mais ousados, mais corajosos, mais radicais principalmente, pois essa história de paz e amor no mundo do poder não existe! Se colocar como vítima é uma boa estratégia o povo não é de aceitar injustiça; mas se levarmos em conta de que a intenção do golpe é destruir o PT, cassar a legenda, prender seus líderes é preciso preparar o população para a defesa e a radicalização de ações, se isso não for feito ficará a sensação de aceitação tudo que os golpista desejam, um povo manso, fraco, desmobilizado para imporem o que querem que é ferrar o povo seus direitos e conquistas sociais presentes, porque se cortam o presente, esqueça o futuro.

  5. Nem o grande Gabriel Garcia

    Nem o grande Gabriel Garcia Marquez seria capaz de engendrar um enredo tão surrealista: um consórcio de réus impedindo uma presidente honesta, sem processos contra si, com uma parte da população fazendo o papel de claque da rede globo.

  6. O vil metal

    Agora que a jovem e frágil Democracia no Brasil foi golpeadapor bandidos que militam nas várias instituições “republicanas”, fica um desafio para os jornalistas investigativos: Quem financiou o golpe? Wall Street? O
    Tesouro estadunidense? Alguma “ONG” do Soros? Como foi feito o pagamento aos gângsteres que conspiraram e executaram o golpe? Foi em contas em paraísos fiscais? Foi em moeda sonante (dólar, euro), como no caso do general Amaury Kruel em 64? Quanto cada golpista recebeu? E os cabeças do golpe,ganharam mais? Quem era o intermediário entre os financiadores norte-americanos e os bandidos que executaram um golpe nem sequer travestido de legitimidade? Com a escória que temos nas instituições ditas “republicanas”, o suborno aos golpistas deve ter saído uma baratíssimo para seus patrocinadores. Eles topam tudo por qualquer trocado.

  7. O 18 DE BRUMÁRIO DE MICHEL

    O 18 DE BRUMÁRIO DE MICHEL TEMER, O NANICO

     

    “A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Inicio este texto com uma das frases mais notáveis e, ao mesmo tempo, vulgares, tamanha a sua força retórica, da tradição humanista nas ciências. A frase é inspirada no clássico “O 18 de Brumário de Luís Napoleão” de Karl Marx e alude de modo irônico a Hegel, para quem os fatos e os personagens de grande importância histórica ocorrem ao menos duas vezes. O mote hegeliano enseja, para Marx, uma paródia da qual a figura de Napoleão III é sua expressão mais burlesca e, ao mesmo tempo, melancólica.

     

    O tema remete aos ecos da Revolução Francesa (1789), cuja luta de classes alçou a burguesia à condição de classe politica dominante. Entre capítulos trágicos e sangrentos, as classes populares prestaram um serviço vital à revolução antes de serem colocadas totalmente de lado. O golpe de estado de 18 de Brumário, protagonizado por Napoleão Bonaparte, jovem general que, à frente de um exército nacional e popular, sua Grande Armée, alastrou as chamas da liberté, égalié, fraternité sobre os resquícios de uma assombrada Europa feudal, arrematou de uma vez por todas os pontos ainda em abertos da trama burguesa no contexto da formação dos Estados modernos.

     

    Ecos que ressonavam nas insurreições de 1848 como uma caricatura contrarrevolucionária da revolução, o bonapartismo. Representante do campesinato, da classe média e do lumpesinato, composição social que também sustentaria, quase um século mais tarde, a ascensão do nazifascismo, o Estado bonapartista foi um instrumento militarizado da burguesia francesa que, de um lado, se colocava acima de todas as classes e, de outro, comprava ou oprimia violentamente o operariado nascente.

     

    Afastada inicialmente a ameaça proletária durante as jornadas de junho, sob o lema “propriedade, família, religião, ordem”, diante de um vazio de poder suscitado por um intrincado jogo de interesses manipulados no tabuleiro ilusório da democracia representativa da Segunda República, onde “cada partido ataca por trás aquele que procura empurrá-lo para frente e apoia pela frente naquele que o empurra para trás” (Marx), e do completo divórcio entre o Executivo e a Assembleia Nacional, a burguesia abdicou de um projeto de poder e apostou todas as fichas, por pura falta de opção, no então presidente Luis Bonaparte – qualificado ironicamente por Victor Hugo com o epíteto de “Napoleão, o Pequeno”, tendo-o por contraste o tio. Este, impossibilitado por determinação constitucional de concorrer à reeleição em um segundo mandato (ainda não havia sido imaginado o recurso do mensalão!) mas rodeado por toda a sorte de velhacos, tramou, conspirou e, enfim, perpetrou um golpe de estado que, a um só tempo, o proclamava Napoleão III e punha fim à república recém-fundada. Mas, para justificar o Estado forte do II Império, o sobrinho, à sombra do insigne sobrenome, pôs em marcha uma política expansionista fadada ao fracasso, como o apoio à fundação de um império católico no México, que resultaria no fuzilamento do imperador fantoche Maximiliano da Áustria, até a derrocada final das idées napoléoniennes, na guerra franco-prussiana.

     

    Deixando o velho mundo para trás e, subitamente, situando-se no Brasil, em pleno terceiro milênio, anos depois dos fatídicos 21 anos de ditadura militar e da promulgação da Carta de 1988, o país viveu uma arrebatadora embriaguez de democracia que logo se desvirtuaria em delirante esbórnia autoritária, onde abaixo da linha do equador tudo é permitido. É neste cenário tropical, triste e sombrio, que os acontecimentos recentes envolvendo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff possibilitam pela enésima vez tomar de empréstimo a surrada frase de Marx. Mas, desta vez, em um sentido invertido para, no final, desentortar os termos tortos.

     

    Primeira inversão: a história se repete, a primeira vez como farsa, a segunda como tragédia.

     

    Ao êxtase da primeira eleição direta, em 89, seguiu-se, imediatamente, em 92, o impedimento, não menos entusiástico, do presidente Fernando Collor. Enfim, a sociedade civil manifestava livre e vigorosamente sua vontade soberana ao eleger e destituir um presidente, acusado de corrupção.

     

    Não era senão mera macaqueação (como “hablan nuestros hermanos” argentinos). A inveterada mania de grandeza mimética, ao simular valores copiados do Tio Sam como se fossem nativos, não poderia deixar de ser diferente quanto à democracia e, num curtíssimo intervalo de tempo, após a abertura política, o que fora fruto de um longo e doloroso processo histórico em solo norte-americano, foi resolvido pela Sexta República Brasileira como um desfile carnavalesco de caras-pintadas em cuja apoteose redundou no impeachment (não por acaso uma palavra anglo-saxônica) do presidente que deveria encarnar Franklin Roosevelt e Richard Nixon numa só pessoa. Realmente, a democracia brasileira estava completa, feita sob medida, conforme reza a cantilena, para inglês ver:

     

    “Yes, nós temos bananas! Yes, nós também temos impítimam!”

     

    Passados 24 anos da ressaca, quando pela primeira vez a Constituição foi verdadeiramente posta à prova, ela se revelou, no entanto, letra morta. A dita “constituição cidadã” não passava de uma fraude.

     

    Sob o verniz democrático, a Carta Magna mostrou o lado obscuro de um autoritarismo adormecido. Assim como no “18 de Brumário” Marx afirma que a Constituição republicana de 1848 era inviolável mas tinha um calcanhar de Aquiles, aliás, uma cabeça, ou melhor, duas, a Assembleia Legislativa e o Presidente, a Constituição brasileira de 1988 também parece padecer do mesmo mal na lei do impeachment.

     

    De fato, foram precisos apenas quatro mandatos consecutivos de um governo popular para o samba enredo da democracia desafinar em samba do crioulo doido. As elites, secularmente predatórias e corruptas, e a classe média, intrinsecamente fascista, saíram às ruas para protestar – pasmem! – contra a suposta corrupção do Partido dos Trabalhadores.

     

    Como a bandeira da corrupção é apenas um pretexto, os setores conservadores tratam de substituir a presidenta Dilma Rousseff, a quem não pesa nenhum indício de enriquecimento pessoal ilícito, por elementos do atavismo político notoriamente desonestos e corruptos. Não por acaso, nos governos do PT, registrou-se um fato inédito em mais de quinhentos anos de história do Brasil: a prisão de grandes magnatas e bandidos de colarinho branco. Trata-se, portanto, de derrubar um partido popular para salvaguardar a arcaica estrutura de desmandos e impunidade na injusta e desigual sociedade brasileira.

     

    Diante do assédio odioso representado pelos interesses particularistas da burguesia oligárquica, diga-se de passagem, racista, preconceituosa e escravocrata, a Constituição Federal deveria garantir a estabilidade do mandato presidencial e assegurar a soberania popular expressa no sufrágio universal. A crise política do governo Dilma demonstrou, porém, que a presidência é completamente vulnerável aos ataques dos mais abjetos esbirros pau-mandados das elites locais e, também, refém das chantagens de um parlamento de mentalidade coronelista.

     

    Para pôr fim ao governo e reconduzir seus representantes ao poder, as classes dominantes, para variar, põem em curso um golpe de estado. Mas, ao invés de tanques, fuzis e tropas armadas, utilizam a lei. Para isso, bastava encontrar alguma atividade do governo passível de criminalização: manobras nas contas públicas, em um contexto de crise econômica, para pagar programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

     

    Desnecessário deter-se aqui numa reflexão sobre a legalidade das chamadas “pedaladas fiscais” ou da abertura de créditos suplementares, pois o assunto foi largamente discutido e demonstrado prática recorrente da administração pública (inclusive, realizada pelos algozes da presidenta). Pois bem, se não há base legal para o afastamento da presidenta, como explicar o processo movido contra ela?

     

    A legislação do impeachment (1950), embora tenha fundamento jurídico, autoriza a deposição do presidente por meio de um processo exclusivamente político. De fato, legalmente, o impedimento do cargo da presidência está condicionado a um atentado à Constituição por parte de seu titular, em comprovado ato de violação da lei orçamentária, configurando-se, assim, crime de responsabilidade. Inexplicavelmente, porém, não é da competência do judiciário a apreciação técnica da matéria, mas da classe política, cabendo àquele apenas a função de fiscalizador dos ritos e definir o mérito do processo. Portanto, concernem à câmara dos deputados a autorização do processo e ao senado o julgamento, por meio de votação!  (Ao indeferir medida de liminar cautelar ao mandado de segurança 34113, por 8 votos a 2, o plenário do STF entendeu que o exame dos crimes de responsabilidade deve ser uma atribuição do senado). Estranhamente, aquilo que é da alçada do judiciário é delegado às partes julgar e, obviamente, a depender da correlação de forças nas câmaras legislativas e da omissão do STF, chafurdado na hermenêutica jurídica de conveniência, a jurisprudência permite a deposição, mesmo que injusta, de qualquer presidente sufragado pelo voto popular. Em tese, haveria ainda o argumento em defesa da legalidade, de que a qualquer tempo uma ação poderia ser interposta no Supremo Tribunal questionando a legitimidade do impeachment; porém, ela não teria efeito, mesmo que se acolhida pelos ministros, haja vista o princípio da separação dos poderes.

     

    À semelhança de um tribunal medieval, presidido por inquisidores misóginos, que suspeitavam ser prática de bruxaria uma tempestade de granizo que arruinava plantações e por isso sentenciavam mulheres à fogueira, a sociedade brasileira, patriarcal, machista, chauvinista, antes mesmo de qualquer julgamento, já condenou a presidenta Dilma Rousseff; entres seus crimes, ser mulher, sem ser do lar, ser “minoria”.

     

    O que é estarrecedor, no entanto, é que a destituição ilegítima da presidenta não é um caso de excepcionalidade. Acontece, antes, em toda sociedade brasileira, desde universidades aos becos e periferias das grandes cidades. As relações de poder, o clientelismo, a violência, o uso da força, em prejuízo da lei, estão encrustados em todos os níveis sociais. O Estado democrático de direito não passa aqui de mais um entre tantos eufemismos; maquiagem na face brutal da plutocracia despótica de um país que já mereceu a denominação de “Rússia dos Trópicos”, na feliz expressão de Gilberto Freyre, tal a sua similaridade não apenas à extensão continental do território, com sua Sibéria verde, mas também ao sistema político absolutista, à gigantesca máquina burocrática e à opressora estrutura feudal da época dos czares. Por isso, a questão não se resume se impeachment é constitucional ou se é golpe – é obvio que é constitucional – mas, sim, eufemismos (anglo-saxônicos) à parte, que o golpe é constitucional!

     

    Antes de terminar, a respeito do título, o vice-presidente decorativo Michel Temer, do alto da sua insignificância, não merece mais do que intitular este texto e essa mísera mas generosa observação, quase como uma nota de rodapé. E só.

     

    E, para realmente concluir, conforme anunciado acima, trata-se de desentortar a frase que iniciou estas reflexões, com um tempero bem brasileiro:

     

    O golpe se repete, em 1964, como tragédia; em 2016, como tragicomédia de uma farsa democrática.

     

    Yes, nós temos bananas!

     

  8. Roubaram meu voto. Ninguém

    Roubaram meu voto. Ninguém convida um ladrão que tenha lkhe roubado alguma coisa pra tomar um cafezinho. Este bando que se apoderou do governo não passa disso: ladrões de votos. Para se tornar presidente é preciso receber votos em elição, roubar os votos recebidos por outros não vale. Não temos “governo” interino. Temos uma ditadura que se impôs por artimanhas jurídicas e políticas tramadas pelos eua a aplicadas pelos piores políticos que temos. Este “governo” não merece respeito como não mereciam os “governos” militares. temer é tão legítimo quanto uma nota de 3 reais.

  9. O golpe não foi consumado.

    As últimas imagens da saída dos ex-presidentes Collor de Melo no Brasil e de Richard Nixon nos USA, derrubados por processos de Impeachment legítimos tanto num como em outro país, não são nada parecidas do que a saída da Presidenta Dilma no seu discurso.

    Quando aqueles presidentes foram depostos ou renunciaram, estavam meramente cercados por seus familiares e representantes do seu governo faziam tudo para não aparecer nas fotos para a posteridade.

    A imagem dos ex-ministros e demais assessores se apertando para ficar evidente nas filmagens e fotos do último discurso da Presidenta Dilma antes do período de afastamento são completamente diferentes. Ninguém antes da entrada da Presidenta estava com cara de funeral, nenhum parecia estar envergonhado por ter participado do governo Dilma, até alguns se esticavam e procuravam achar uma posição que mostrasse sua posição de destaque no governo.

    Bem, o que tem isto de importância? Tudo, enquanto nos verdadeiros impeachments de Collor e de Nixon o pudor e a vergonha impunha um verdadeiro recato de não aparecer do lado daqueles presidentes que tinham realmente feito algum crime, o mesmo pudor e a mesma vergonha impulsionavam seus colaboradores a dar a solidariedade à saída da Presidenta, não houve espaço a vergonha e ao arrependimento, houve espaço a solidariedade e ao sentimento que estavam saindo com seu dever cumprido.

    Esta atitude mostra simplesmente a diferença de impeachment com golpe, um se foge do detentor, outro se aproxima muito mais.

    Não sei como será a “posse” do traidor, porém se houver pessoas se aproximando para aparecer nas fotos e filmagens não será por solidariedade, mas sim por ficar mais evidente para ter mais cacife na divisão do Butim, pois enquanto para os que saem o sentimento é de orgulho, para os que entram é de vergonha e vilania.

    1. Da onde Collor foi derrubado

      Da onde Collor foi derrubado por um processo legítimo? Aponte um único crime que ele cometeu. O STF o absolveu de TODAS as acusações e o próprio advogado da OAB que redigiu a peça acusatória e hoje é contra o impeachment de Dilma reconheceu publicamente que pesou a mão contra Collor por questão política e não jurídica. 

      Collor abriu o precedente. Sofreu o impeachment em menos da metade do tempo de Dilma, não teve quase voz alguma no processo nem AGU para defendê-lo de graça, e mesmo renunciando não conseguiu suspender o processo e ainda perdeu os direitos políticos. Depois da forma implacável e ilegal como ele foi derrubado – num processo político em o então deputado federal Lula ocupou posição de liderança – qualquer presidente posterior poderia temer o mesmo destino. E como se vê, o mundo dá voltas mesmo. Quis o destino que ele, Collor, tivesse voz num outro processo de impeachment, desta vez contra seus antigos algozes.

      Se o PT e seus apoiadores houvessem tido pelo menos a humildade de reconhecer que erraram contra Collor e lhe pedido desculpas, talvez o Congresso mas principalmente o STF também teriam sido menos implacáveis contra Dilma. Mas permanecem com a mesma arrogância, os golpistas de ontem que hoje posam de legalistas. 

      1. Pois é, pois é

        Imagine a Dilma sendo derrubada pelos frágeis depoimentos de um motorista  e de uma secretária ?

        Aliás, o motorista até outro dia é funcionário parlamentar na cota de algum deputado que não lembro o nome. Foi exonerado porque se meteu numas confusões por lá.

        Tudo legítimo.

         

  10. É um dia triste

    É um dia triste para a democracia brasileira, já que aqueles que assumem também não tem a legitimidade desejada.

    O discurso ( fácil ) de defesa da Democracia não cabe. A batalha perdida foi democrática, dentro daquilo que permite a bagunçada e tão desrespeitada, a raquítica, democracia brasileira.

    E dentro desta “democracia” todos lutaram com as mesmas armas.

    O respeito às urnas, eu sempre digo, tem que começar por aqueles que disptam a eleição.

    Não se pode “fazer o diabo” para ganhar uma eleição e não combinar com o coisa-ruim que ele não fazer parte do governo passadas as eleições. Ele cobra o preço.

    Fica para o aprendizado, a frase de Marina Silva, “É melhor perder ganhando do que ganhar perdendo”.

    Marina foi trucidada durante as eleições pelos dois lados mais fortes, com uso de todos os seus poderes econômicos, de suas mídias, a grande e burguesa por um lado e a blogosfera por outro, justamente porque ousou não ser hipócrita. Aqui mesmo neste espaço quando seu “assessor” econômico elencou as medidas necessárias para colocar a economia nos eixos foi enxovalhado, agredido.

    Passadas as eleições, “descobre-se” que todas aquelas medidas estavam também nos programas dos vencedores, apenas, hipócritamente, não foram externadas.

    E antes que alguém me cobre, não, eu não votei na Marina, é apenas uma questão de reconhecimento de quem verdadeiramente respeitou as urnas em 2014.

    1. Esta Marina que você está

      Esta Marina que você está falando é aquela que mudou de opinião em relação aos seus planos de governo várias vezes durante a campanha, send que uma das quais foi depois de 3 postagens no twitter do pastor?

      Deve ser outra, né?

  11. #Golpe consumado com sucesso

    #Golpe consumado com sucesso !

    Sem resistência, sem uma gota de sangue derramada, e sem invasão da Globo.

    Somos um povo fraco, sem raça, sem força, alienado, manipulável, desconhecedor dos seus direitos, sem fibra, em sua esmagadora maioria

    Tomaram o poder no grito e não aconteceu nada. 

    E nem vai acontecer !

    Lula/Dilma/PT serão varridos do mapa.

    E cadê o povo ? Quando falo povo, não é apenas CUT e os movimentos sociais.

    O povo de fato, os 54 milhões que votaram no governo, que sumiram, se omitiram desaparecem.

    Muitos como eu estão aqui no blog, uma trincheira de resistência, mais infelizmente não adiantou nada. Contra esse golpe precisava de muito mais. De força física, de passeatas com pelo menos 30 mil pessoas nas capitais, resistência à força policial, brigas, pancadaria, quebra quebra,bombas, prisões, para impactar o país e o mundo. Aqui usamos apenas de intelecto.

    Ficamos fracos e impotentes diante de um golpe comandado por um ladrão. Duvido que alguma outra parte do mundo isso aconteceria de forma pacífica. Incluo os países africanos

    Como nação de 202 milhões de habitantes somos vergonha para o mundo.

    #Golpe consumado com sucesso !

  12. Hoje pela manhã estive no

    Hoje pela manhã estive no posto de saúde para fazer fisioterapia e depois fui ao mercado.

    Conversei com umas dez pessoas. Perguntei a todas se sabiam o que estava ocorrendo hoje no país, ainda disse, é um momento histórico.

    Nenhuma delas tem noção que está ocorrendo um golpe de estado no país.

    A que chegou mais próximo me disse ” acho que está acontecendo um negócio com a Dilma. Eu vi na globo”

    Com um povo alienado e manipulável como esse, como vai se fazer uma resistência de fato de combate ao golpe.

  13. Falência Moral e Ética do Brasil

    Vaza por todos os poros a falência moral e ética do Brasil e seus representantes.

    Não se analisou a motivação da ação do Presidênte da Câmara dos Deputados Federais, Waldir Maranhão, exigindo que lhe pagassem o pau para ele integrar ao script do processo de impedimento que está sendo urdido por ambas as partes, mas que se mostram velhacamente antagônicas. Farsa rocambolesca e circence.

    Só um ingênuo para pensar que num país onde 90% senão 110% dos envolvidos com o governo brasileiro estão enfiados até o pescoço em falcatruas penais e devem satisfações com a justiça não existe uma luta de vida e morte para escapar da punição e da cadeia, assim, mesmo a mídia e a net não falando, fica claro e evidente que o atual processo foi montado para que não desse em condenação a nenhum dos bandidos que assaltaram o povo e a nação, livrando-os de penas e punições.

    O Maranhão pegou o bonde andando e quis receber sua parte para manter a farsa do impeachment que irá absolver a todos, os articuladores não contavam com sua ousadia, e cá entre nós, se você quer vencer é preciso ser ousado, anulando a votação ele conseguiu o seu intento. Agora que já foi devidamente integrado e recompensado pode continuar na presidência.

    O roteiro do Golpe, que é útil para a pizza na esplanada, mas que sucumbe o Brasil nas trevas e liquida de vêz com o povo, esta sendo executado, como se vê, aos trancos e barrancos. Com surpresas de todos os lados, mas com um só intento, passar a conta de forma final e inexorável para o Brasil e sua população.

    O Nassif, dono do espaço colaborativo aqui, deve estar inteirado de alguns destes detalhes que estão sendo omitidos, mas que transparecem nestes momentos singulares, como a anulação de sessões pelo Maranhão e outros, mas colabora para o andamento da farsa. Os dois lados, tanto o governo da dona Dilma, como a oposição, vejam que existem condenados de todas as cores, remam para o mesmo objetivo. A democracia brasileira foi liquidada e enterrada, o que exigirá uma luta imensa para a sua retomada.

    Por outro lado, como a solução para os problemas reais do Brasil e sua população escapa ao alcance intelectual dos bandidos que estão fugindo da cadeia, ou seja, a formulação de política pública que entregue Rumo, Norte e Estrela para o Brasil, quando conseguirem o seu intento de absolvição, já terão destruído todas as condições anteriores de um desenvolvimento saudável e pacífico.

    O Brasil e seu povo não merecem isto, uma injustiça sem tamanho está sendo perpetrada contra nós, a vingança será maligna.

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