Auditoria comprova que ‘caixa preta’ do BNDES é fantasiosa, dizem funcionários

Suas conclusões estão em consonância com os fatos apurados em CPIs sobre o BNDES, em comissões de apuração interna e também da conclusão da Justiça sobre denúncia do Ministério Público contra empregados da estatal.

Jornal GGN – Segundo o relatório da consultoria Cleary Bottlieb Steen & Hamilton LLP não existe esquema de corrupção ou fraude no BNDES envolvendo a operação da JBS, alerta a Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES). Esta hipótese foi afastada com a investigação.

De acordo com o relatório: “Com base nas informações coletadas durante a Investigação, a Equipe de Investigação concluiu que (…) as decisões do Banco parecem ter sido adotadas após considerações de diversos fatores negociais relevantes e ponderações dos riscos e potenciais benefícios para o Banco (…) a Equipe de Investigação identificou evidências de que as motivações do Banco para desvios de política e outros fatores, bem como as ações dos funcionários do BNDES relacionadas a esses desvios de política, foram baseadas em razões legítimas e não relacionadas a corrupção.”

O relatório não é um fato isolado, diz a Associação. Suas conclusões estão em consonância com os fatos apurados em CPIs sobre o BNDES, em comissões de apuração interna e também da conclusão da Justiça sobre denúncia do Ministério Público contra empregados da estatal.

A denúncia do MP, contra os funcionários, foi examinada pelo juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, que afirmou que “os depoimentos colhidos na fase investigativa, repito, negam peremptoriamente qualquer interferência, influência, orientação, pressão, constrangimento ou direcionamento na tramitação dos processos de aporte financeiro do BNDES.”

Tudo isso descontrói a fantasia de ‘caixa-preta’ do BNDES, diz a Associação. Tal fantasia foi utilizada por políticos demagogos em suas campanhas mesquinhas e por atores do mercado financeiro, que tinham por finalidade a obtenção de vantagens com a redução do tamanho e importância do BNDES. E tentam influenciar a opinião pública.

A AFBNDES esclarece também que a contratação da consultoria não foi iniciativa do BNDES, e sim por exigência da KPMG, para que fosse contratada uma auditoria independente para examinar as relações do Banco e a JBS. A KPMG assina os balanços do BNDES.

A Associação entende que a atual diretoria do Banco deve fazer ampla divulgação das conclusões da auditoria, uma forma de defender a instituição que ela tem por obrigação representar e defender. “Mesmo sem evidência de nenhum malfeito, as declarações da atual diretoria continuam cheias de ambiguidade. Como se por um lado fossem obrigados a reconhecer a fantasia da “caixa-preta” e de outro quisessem continuar fornecendo insumos para a retórica eleitoral do atual governo”, diz a nota da AFBNDES.

O alto valor pago pela contratação da auditoria só terá valido a pena se ajudarem no debate sobre o BNDES. “É preciso debater pública e criticamente o BNDES e as políticas públicas que orientam a instituição em prol do aperfeiçoamento da instituição e dessas políticas. Esse debate é complexo e crucial para o futuro do país. Chega de perder tempo com discussões vazias e discursos demagógicos sobre supostos malfeitos completamente destituídos de evidências”, evidencia a nota.

“Para o bem do país, torcemos para que a sociedade brasileira aprenda com esse caso que envolveu a investigação das relações entre BNDES e JBS, ou seja, a disparidade entre acusações públicas irresponsáveis e a realidade que emerge do exame frio de evidências. As operações de comércio exterior do BNDES continuam sendo vítimas da mesma atitude que foram desmoralizadas no caso da JBS: denúncias vazias criam alarde, votos para alguns e dinheiro para outros em detrimento de ações de desenvolvimento fundamentais para o futuro do país”, finaliza a nota assinada por Arthur Koblitz, presidente da Associação dos Funcionários do BNDES.

Redação

5 Comentários

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  1. Quem contratou essa auditoria? Quem são os contatos?
    Parece que este governo,especialista em rachadinhas e lavagem de dinheiro, ganhou uma bela bolada com esse relatório de 8 páginas e R$48 milhões.
    Como bônus, ainda manteve no imaginário de sua manada, que o partido do presidente Lula é que é o corrupto.
    Essa gente continua especialista em roubar a carteira e gritar pega ladrão.

  2. Desde que começaram essas denúncias eu defendo o BNDES. Não por qualquer interesse ou especial simpatia, mas porque conheço a forma com que as operações são conduzidas e o trâmite desde a solicitação do crédito até a comprovação final da aplicação dos recursos. O mesmo se dá com as operações de financiamento às exportações. Operações estas que existem há décadas, mas que tornaram-se mais relevantes quando o Brasil começou a exportar engenharia.
    Quanto aos boatos e maledicências posso-lhes apontar as origens: Globo, nas pessoas de Mirian Leitão e Sardenberg. Tenho registro na memória de declarações feitas por essa malfadada dupla desde 2012. Recordo-me vivamente de “denúncias” de favorecimento de grandes investidores no setor elétrico em detrimento dos pequenos e médios. Ora, nunca o BNDES aplicou tanto e em tantos projetos quanto naquela época, até 2014. É natural e esperado que grandes projetos de investimento concentrem grandes volumes de capital. Mas isso nunca implicou no trade off entre grandes projetos e os demais, muito pelo contrário.
    O triste é ver essas fakenews tomarem corpo e ressoarem na sociedade quando bastava uma “mirada de ojos” em uma simples consulta ao site do BNDES.

  3. Nassif,
    Roda Viva de 20/04/2020
    Não sei se pelo tempo transcorrido da matéria vc lerá esse breve comentário, porém que se refere a entrevista da economista Monica De Bolle:
    Ela refere-se, quando indaga sobre o BNDS para uso na recuperação econômica pós pandemia, que os erros cometidos no uso do Banco no período Dilma não podem servir de entrave para utilização do Banco nos tempos atuais.
    E antes de chegar a tal conclusão, ela tece sérias críticas ao uso político da instituição no período Dilma.
    Inclusive na formulação da pergunta o jornalista cita a relação entre o BNDS e a JBS.

  4. Nassif,
    Roda Viva de 20/04/2020
    Não sei se pelo tempo transcorrido da matéria vc lerá esse breve comentário, porém que se refere a entrevista da economista Monica De Bolle:
    Ela refere-se, quando indaga sobre o BNDS para uso na recuperação econômica pós pandemia, que os erros cometidos no uso do Banco no período Dilma não podem servir de entrave para utilização do Banco nos tempos atuais.
    E antes de chegar a tal conclusão, ela tece sérias críticas ao uso político da instituição no período Dilma.
    Inclusive na formulação da pergunta o jornalista cita a relação entre o BNDS e a JBS.

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