Bolsonaro defende trabalho infantil, tática para tirar o foco da reforma da Previdência?

O governo parece que funciona assim: matéria bombástica a caminho, vamos dividir as atenções. Vai lá, faz uma declaração que deixe todos revoltados. Foi o que ele fez.

Foto do Observatório do Terceiro Setor

Jornal GGN – A cada votação importante no Congresso, plenários ou comissões, uma declaração bombástica do presidente em curso varre as redes sociais e os portais de notícias. Desta vez não foi diferente. Após a aprovação do relatório na Comissão especial, uma declaração vem tentar tirar o foco do tema, já que Previdência divide o país.

O governo parece que funciona assim: matéria bombástica a caminho, vamos dividir as atenções. Vai lá, faz uma declaração que deixe todos revoltados. Foi o que ele fez. Esse governo, que se vale das redes sociais mais do que de bom senso, cumpriu seu papel. Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo em que defende o trabalho infantil, mas que não apresentaria nenhum projeto para descriminalizar por saber que seria ‘massacrado’.

O ser humano sempre alerta aos problemas sociais do país não apareceu. No lugar veio Bolsonaro. E disse mais: disse que não foi prejudicado em nada por ter colhido milho aos ‘nove, dez anos de idade’ em uma fazenda de São Paulo. E arremata com uma pérola que deve entrar para os anais da história: ‘o trabalho dignifica o homem e a mulher, não interessa a idade’.

Relatou que morou em uma fazenda por dois anos em Eldorado Paulista, onde o pai foi ‘peão’. No local plantavam banana e milho. ‘E naquele tempo para você cortar o milho, você não tinha que chegar na plantação e pegar. Tinha que quebrar o milho. Tinha que colocar o saco de estopa no braço. E eu com nove, dez anos de idade quebrava milho na plantação e quatro, cinco dias depois, com sol, você ia colher o milho’, contou.

E reclama dos críticos do trabalho infantil e que não falam nada quando a criança ‘tá fumando um paralelepípedo de crack’. Criticou mais ainda os que são contra o trabalho infantil e relatou que aprendeu a dirigir tratar e atirar com nove anos de idade.

No frigir dos ovos, defendeu o trabalho infantil para que as crianças aprendam desde cedo a caminhar na linha certa. Ah, e defendeu também castigo corporal para ajudar na ‘educação’. Continuou, saudoso: ‘Saudades daquela época onde você tinha muito mais deveres que direitos. Hoje só tem direitos, dever quase nenhum e por isso nós afundamos cada vez mais’. E o zeloso presidente acabou sua live que durou mais de 37 minutos, e sem citar sequer o texto-base da reforma da Previdência aprovado na comissão especial horas antes.

Redação

3 Comentários

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  1. Se vcs tirarem o “parece” do lide, então descobriram o método do governo Bolsonaro – Misdirection
    Continuem achando que ele é o palhaço, quando na verdade ele é o mágico.

  2. Alguém precisa avisar à família Bolsonaro, à turma de Sérgio Moro e ao pessoal em sua cercania – os beneficiários do Golpe de 2016 – que a tática que serve a Trump, criada pela turma de Olavo de Carvalho e Steve Bannon, não está funcionando no Brasil. Esse diversionismo aqui não engana mais ninguém. Talvez isso se dê porque o cidadão do vulgo dos EUA – sua classe média, pequenos empreendedores, analistas, gerentinhos, diretores e seu proletariado – foram muito mais profundamente doutrinados a se afastar de assuntos do estado do que nosso cidadão, brasileiro. Aquele país, a despeito de sua propaganda, é bem menos democrático do que o nosso.

    Essa doutrinação leva séculos para surtir efeito e não pode ser interrompida, não pode ter governos realmente democráticos, mesmo se for entre um e outro plutocrático, senão o povo acorda e trabalha pela Democracia.

  3. Ele está falando do filho dos outros, dos pretos e pardos da periferia, esta gente que deveria ter a redução da maioridade penal. No caso dos filhos dele estou certo que nunca colheram milho, sequer trabalharam, sempre viveram a sombra do pai político. Meritocracia pura sem mamata. O mais velho, de 40 anos ou mais, já senador, é tratado e chamado de ‘garoto’, um ingênuo que é atacado, no caso Queiroz, para atingirem a ele, o papai, o impoluto.

    A direita brasileira é isto, presunçosa, ignorante e preguiçosa, Quando as instituições ‘falham’ sempre se mantém pela força. Até agora tem dado certo, para eles, não para o país.

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