Câmara não tem motivo nem votos para derrubar Dilma, diz líder do PMDB

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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“Baixa popularidade e desgaste não são razões para impeachment”, afirma Leonardo Picciani. Na visão de Lúcio Vieira (PMDB), porém, cresce o movimento contra Dilma e, sem cargos e recursos para distribuir, ela não resistirá

Jornal GGN – A conjuntura política atual é de “bastante inquietação”, com teses de que haverá impeachment ou uma eventual renúncia por parte da presidente Dilma Rousseff (PT). Mas, na visão do líder do PMDB na Câmara, deputado federal Leonardo Picciani, “tanto uma hipótese como outra estão muito distantes de acontecer hoje”.

Em entrevista ao GGN, Picciani avaliou que, apesar da pressão de alguns setores da sociedade e da formação de uma frente suprapartidária que cobrou do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), um roteiro para fazer o impeachment tramitar mais rápido, não há motivos legais nem número de oposicionistas suficientes para derrubar Dilma da chefia do Executivo. 

“Renúncia é ato de vontade pessoal, e não verifico na presidente essa intenção. No caso do impeachment, não há possibilidade por duas razões: a primeira, porque não há fato que possa ser considerado crime de responsabilidade praticado pela presidente. Baixa popularidade e desgaste não são razões para impeachment. Qualquer hipótese fora da previsão constitucional não é impedimento, é golpe”, disse.

“Em segundo lugar, hoje em dia não há dois terços de votos da Câmara favoráveis ao impeachment. Ou seja, não há condições políticas. E isso ocorre porque muita gente não tem clareza sobre o que viria a seguir”, acrescentou Picciani.

Essa semana, porém, os jornais da mídia impressa noticiaram que interlocutores do vice-presidente da República teriam se aproximado do PSDB para sondar a adesão de tucanos a um possível governo Michel Temer. Parte ligada ao governador Geraldo Alckmin – interessado em disputar a Presidência em 2018 – e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teriam indicado, inclusive, que o tucanato deveria dar apoio ao PMDB no Congresso para não parecer jogar contra o País, mas que o ideal é ficar de fora da administração direta.

Protocolar, Picciani disse “desconhecer” essa discussão com o PSDB. “Não há nenhuma decisão de instância partidária nesse sentido. Se estão discutindo, é oficiosamente”, comentou. O líder peemedebista admitiu que há “alguns companheiros que defendem o impeachment”, mas observou que eles são “minoria e não representam a bancada”.

O outro lado do PMDB

O deputado federal Lúcio Vieira (PMDB), integrante da frente suprapartidária favorável à deposição de Dilma, disse à reportagem que o grupo deixou de discutir se o impeachment é viável ou não do ponto de vista jurídico para garimpar apoio na sociedade, pois aposta na pressão popular para deflagrar um julgamento político contra Dilma.

A questão, segundo ele, é de esperar o “momento ideal” para o show começar. Ele citou as implicações de Dilma com o Tribunal de Contas da União e o Tribunal Superior Eleitoral, e lembrou dos desdobramentos da Lava Jato sobre o PT. Sem novidades sobre nenhuma dessas questões, entretanto, o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, entregou a Cunha um pedido para que a Casa explique qual o rito do impeachment, independente do fundamento, nos próximos dias.

Toma lá, dá cá

Na opinião de Vieira, Dilma não tem instrumentos para manter sua base agrupada quando o impeachment for iniciado. “Está todo mundo vendo que a mola do fundo do poço não vai jogá-la de volta para cima. Com a questão do rombo no Orçamento, ela não pode nem fazer a política do ‘toma lá, dá cá’, porque o Estado está quebrado. Como é que ela vai oferecer qualquer tipo de vantagem aos aliados no sentido de segurá-los na base? Não tem recursos”, disparou.

Ainda segundo o deputado, quando o processo do impeachment for instaurado, a maioria absoluta do PMDB acompanhará a oposição. Ele ainda disse que já são contabilizados votos suficientes para conseguir levar o pedido de deposição de Dilma ao plenário da Câmara, caso o presidente da Casa rejeite o requerimento. A partir daí, o plano da oposição é forçar a opinião pública a pressionar deputados que ficarão em cima do muro. “Ninguém vai querer ficar de fora da história.”

Saída da base

Leonardo Picciani afirmou que o PMDB não deve deliberar pela saída da base governista em novembro próximo, quando ocorre um congresso do partido promovido pela Fundação Ulisses Guimarães. “[O encontro] foi convocado pela Fundação, que é um órgão de estudo do partido, não tem nenhum poder decisório. Ela pode fazer um debate, mas não poderá tomar decisões. O partido entrou na aliança do governo por decisão da convenção nacional, que é o orgão máximo. Para sair, só por decisão de outra convenção, e a próxima acontece em março.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Estamos ferrados…

    …Com ou sem Dilma. O estrago já foi feito e levaremos anos para recuperar o pouco de progresso permanente que obtemos.

     

    Penso que é melhor que ela fique. Vendo seus possíveis sucessores, só vão trocar a mosca, a m* será a mesma…

     

  2. Impedimento

    Será que não existe uma norma jurídica que viabilize, e que mostre o caminho para que nós, o povo, possamos iniciar um processo de impedimento deste Congresso?

  3. o nome mais falado ontem na Câmara: Hélio Bicudo

    Previsivelmente, foi o nome mais invocado pela oposição. Daí a manutenção do pedido em nome dele, o simbolismo é muito forte.

  4. Picciani

    de qualquer geração defendendo Dilma? Eu não sei expressar um equivalente paulista, mas Maluf, Quercia, Ademar de Barros, tudo isso é pinto.

  5. Acho de um cinismo a toda

    Acho de um cinismo a toda prova essa discussão sobre o impeachment de Dilma mesmo que não haja fundamento jurídico. os defensores do golpe mostram toda sua irresponsabilidade e mesquinharia ao falarem livremente sobre iniciar o processo na marra, de forma inconstitucional, ilegítima. Esse Lúcio Vieira deveria ser processado pór incitamento à desordem, ao golpe. pena que instituições, como a OAB, por exemplo, embarquem nessa vibe. DilmaFica.

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