Carnaval da Fake News? Ó abre alas que a verdade quer passar!, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Carnaval da Fake News? Ó abre alas que a verdade quer passar!

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Qual foi a primeira Fake News que eu ouvi? Deixe-me ver… A sim, foi uma contada por um programa supostamente jornalístico da Rede Globo. Amaral Neto, o repórter, disse certa feita que a Rodovia Transamazonica possibilitará o desenvolvimento e urbanização da floresta. Dezenas de cidades iriam nascer ao longo da estrada.

Algumas décadas depois a floresta havia engolido vários trechos da rodovia. A única coisa transportada pela Transamargura foi a febre amarela. Quando eu era moleque a doença não existia em São Paulo. Hoje os turistas europeus que chegam em Guarulhos tem que ser vacinados antes de sair do aeroporto.  

A segunda Fake News que ouvi também é daquela época. Esse é um país que vai para frente… dizia o refrão de uma música popularizada nos anos 1970. O país não ia a lugar algum, pois nas áreas rurais de Eldorado-SP os casebres de pau-a-pique eram infestados de barbeiros e o risco de contrair doença de chagas. Na casa ao lado da que eu morava, um moleque cadavérico tinha barriga d´agua. Ele estava sempre cansado, não podia brincar e o olhar dele era de uma tristeza que ainda me faz arrepiar quando lembro dele.

Em 1974 minha família mudou para São Paulo. No ginásio as Fake News eram compartilhadas intensamente. Algumas delas deixaram de circular após o fim da URSS. Na Rússia socialista, o governo escolhe até a cor da camisa que as pessoas usam. Se alguém for trabalhar com a camisa de cor errada pode ser ferozmente punido. Os moleques da favela do buraco quente, bem próxima da escola, andavam sem camisa porque o Brasil era capitalista. Os pais deles, coitados, provavelmente eram humilhados e socialmente penalizados porque iam trabalhar usando camisas e camisetas rasgadas e esfarrapadas.

Então em cresci e fui trabalhar. No Bradesco a Fake News era produzida e distribuída à exaustão. A chefia dizia que eu ganhava bem e que nenhum outro banco outorgava tantos benefícios aos empregados. Verdade. Eu ganhava zero e passei a receber uma fortuna: um salário mínimo e meio. Verdade. O banco fornecia refeições a preços módicos. Verdade. Todas as manhãs o café com leite e pão era distribuído gratuitamente aos empregados, mas ninguém podia repetir.

A realidade, porém, sempre desfaz qualquer Fake News empresarial.  Um anos depois de eu começar a trabalhar, no consultório da assistência médica do banco, o médico me proibiu de almoçar no refeitório do Bradesco. A comida havia estropiado meu estomago. No Sindicato me disseram que eu trabalhava 2 horas extras por dia que não eram pagas. Merda… estou sendo roubado. Foi nesse momento que comecei a aprender que entre a aparência (Fake News) e a essência (a realidade) havia um abismo intransitável construído deliberadamente com finalidade política e/ou econômica.

Em 1989, durante as eleições, o presidente da Fiesp disse que milhares de empresários iriam embora do Brasil se Lula ganhasse. Essa Fake News clássica foi reproduzida à exaustão pelos veículos de comunicação. Todavia, o sapo barbudo não ganhou aquela eleição porque a Rede Globo editou o último debate para beneficiar Fernando Collor. Em pouco tempo Collor caiu porque era corrupto e mentiroso. Mas antes de o derrubar a imprensa ajudou-o a produzir uma verdadeira avalanche de Fake News.

Você, viu, você viu… agora todo mundo tem a mesma quantia no Banco. Eu sou igual ao Antonio Ermírio de Moraes. – disse-me eufórico um pobre diabo dentro do trem metropolitano no trajeto de Osasco para a Estação Júlio Prestes. Isso ocorreu alguns dias depois de Zélia Cardoso lançar e explicar o Plano Collor na TV. Entediado perguntei ao tal se ele era dono um grupo empresarial que faturava centenas de milhares de dólares diariamente. Ele disse que não. Disse-lhe então que o Antonio Ermírio era dono do Grupo Votorantim e já havia faturado dezenas de milhões de dólares desde que o Plano Collor havia entrado em vigor.

A alegria desapareceu do rosto daquela vítima da maior e mais difundida Fake News até então. Aquele pobre homem não disse mais nada. Não precisava dizer. Nos olhos dele não havia ódio, mas apenas uma profunda decepção. Mas não sei dizer se ele estava decepcionado porque fora enganado ou porque concluiu que eu não era capaz de perceber a verdade dita na televisão.

Vinte e oito anos depois uma nova onda de Fake News foi criada para assaltar os corações e mentes dos brasileiros. Mario Amato estava errado. Lula não foi crucificado porque fez os empresários brasileiros fugirem do país. Não. A Justiça sacrificou o ex-presidente justamente porque ele fez as empresas nacionais auferirem lucros com a exploração do Pré Sal. Não pode manter isso viu… – disse a Embaixada dos EUA. O petróleo deve apenas parecer que é dos brasileiros, mas os lucros da exploração dele devem ser nossos. Sustentadas por verbas de publicidade norte-americanas, as empresas de comunicação disseram amém.

O carnaval da Fake News não vai passar. Ou melhor, ele somente passará quando os brasileiros voltarem a morrer de febre-amarela, a viver em casas de pau-a-pique e a ver seus filhos esqueléticos indo para a escola descalços e sem camisas. Lula queria proporcionar aos brasileiros saúde, educação e barriga cheia. Não pode manter isso viu… – repete a Embaixada dos EUA. A Justiça diz amém. E faz tudo que é necessário para garantir que teremos um presidente que distribuirá apenas três coisas: fome, doença de chagas e barriga d’água.

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Coisas da Justiça Fake
    A Republica Fake Mews de Curitiba e seu juizeco contra o qual năo há instancia recursal setenciou Lula com base em fake news da Globo sobre apartamentos da Banncoop, caso ja transitado em julgado na Justiça de SP com absolviçao dos reus, sendo que o juiz fake news de Curitiba transformou o caso em competencia da Fake a Jato.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador