Ciro acusa Temer e oposição de promover “escalada do golpismo”

Jornal GGN – Recém-filiado ao PDT, o ex-ministro Ciro Gomes acusa a oposição e o vice-presidente Michel Temer de provocarem uma “escalada do golpismo” contra a presidente Dilma Rousseff, e diz que o país terá momentos tensos de radicalização política caso a Câmara dos Deputados autorize a abertura de um processo de impeachment.

Ele compara esta situação com a da Venezuela, dizendo que o preço da interrupção de um mandato seria muito caro. “Quem produziu aquele quadro lá foi esse tipo de antagonismo odiento. O país vai viver momentos tensos e graves, vizinhos à violência, por causa desses loucos”, diz o ex-ministro, que foi lançado pré-candidato à Presidência em 2018 na última quarta-feira

Da Folha

Derrubar Dilma terá um preço muito alto, diz Ciro Gomes

BERNARDO MELLO FRANCO

Depois de um período que batizou de “desintoxicação da política”, o ex-ministro Ciro Gomes, 57, voltou à cena atirando. Recém-filiado ao PDT, ele acusa a oposição e o vice-presidente Michel Temer de apoiarem uma “escalada do golpismo” contra a presidente Dilma Rousseff.

Ciro diz que o Brasil viverá “momentos tensos” de radicalização política se a Câmara autorizar a abertura de um processo de impeachment.

Na última quarta-feira (16), ele foi lançado pré-candidato à Presidência em 2018. Já disputou o cargo duas vezes, em 1998 e 2002, quando recebeu 10,2 milhões de votos.

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Folha – Como o sr. vê a articulação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff?
Ciro Gomes – A democracia está ameaçada pelo golpismo. Está acontecendo uma escalada do golpe com apoio da oposição, que não aceitou o resultado das eleições.

Não gostar do governo não é causa para impeachment. Isso é um mecanismo raro, a ser usado em caso de crime de responsabilidade imputável direta e dolosamente ao presidente. Ninguém tem nada disso contra a Dilma.

Seria muito caro o preço de uma interrupção do mandato. É só olhar a Venezuela. Quem produziu aquele quadro lá foi esse tipo de antagonismo odiento. O país vai viver momentos tensos e graves, vizinhos à violência, por causa desses loucos.

Quem iria às ruas defender o mandato de Dilma?
Estarei na primeira fila. Muitos brasileiros vão se perfilar. Não é para defender a Dilma, é para defender a regra. Veja o que já aconteceu quando um mandato foi interrompido por renúncia, suicídio ou impedimento.

O impeachment pode ser a catarse de quem está zangado, mas no dia seguinte os problemas serão os mesmos. Só que agora o PT, a CUT e os servidores estarão em pé de guerra com um presidente sem legitimidade.

Uma parte das pessoas está nisso de boa fé porque não sabe que quem assume é o vice, Michel Temer, que é do PMDB e amigo íntimo do Eduardo Cunha. Mas tem pessoas de muita má-fé.

A quem o sr. se refere?
A Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso. O PSDB está fazendo isso por pura vingança. Em 1999, quando houve a desvalorização violenta do real e a popularidade do presidente foi ao chão, o PT começou com o Fora FHC.

O comportamento do Fernando Henrique é constrangedor. Como dizia Brizola, ele está costeando o alambrado do golpe. Qual é a proposta do PSDB? Ficar contra o fator previdenciário e a CPMF, que eles criaram? Contra o ajuste fiscal, que eles introduziram como valor supremo?

Por que Dilma está tão fraca?
O maior problema do governo não é o escândalo, é a mentira. A zanga do povo não é propriamente com a corrupção, que é chocante, mas com o sentimento de ter sido enganada. A gente votou em um conjunto de valores e está recebendo o oposto.

O governo tem que se reorganizar politicamente e fazer uma gestão econômica coerente com o discurso que lhe deu a vitória. Ainda há tempo. O problema é que ela não tem projeto nem equipe.

A equipe da Dilma é de quinta, salvo exceções. Quem bota a [ex-ministra] Ideli Salvatti para tomar conta de uma situação dessa complexidade está pedindo para morrer.

Aí ela entrega a coordenação política ao vice, que distribui todos os cargos importantes ao PMDB e depois lava as mãos e sai. É uma coisa de cinema, rapaz. E os escândalos da Dilma 2.0 vão surgir dos nomeados por ele.

Nunca vi um vice-presidente se mexer tanto. O Temer foi dar palestra para um movimento que está no golpe contra a Dilma e fez uma frase que não admite dupla interpretação. Onde está escrito na Constituição que uma presidente com 7% [8%, segundo o Datafolha] de aprovação não se aguenta no cargo?

Ele quer a cadeira dela?
Vá ver se o José Alencar [vice de Lula], na crise do mensalão, saiu fazendo palestra e dizendo que era preciso achar alguém para unir o país. Eu costumo não ser idiota.

Como vê o novo pacote fiscal ?
É ilusionismo, mas 70% não sai do papel. E a medida mais importante [a recriação da CPMF] não podia ter sido anunciada daquele jeito.

A receita está despencando por causa da recessão que esses malucos estão produzindo. Se o governo não atrapalhasse com a taxa de juros, o Brasil poderia achar o caminho antes do que se supõe. O governo está atrapalhando.

Hoje a inflação é provocada por câmbio e preços administrados, dois setores sobre os quais os juros não têm o menor efeito. E os maiores bancos estão tendo lucro 40% acima do ano passado. Estão ganhando com a crise.

O sr. quer disputar o Planalto?
Acho extemporâneo falar de candidatura agora. Mas eu já fui candidato duas vezes, não posso disfarçar.

O PDT é seu sétimo partido. Como explica tantas mudanças?
Minha vida partidária é uma tragédia, muito ruim mesmo. Mas mudo de partido, não de convicções. Tenho 26 anos de vida pública e nunca respondi a um inquérito.

Pedetista se recusou a apoiar Fora FHC

O ex-ministro Ciro Gomes fez oposição firme ao governo Fernando Henrique Cardoso, mas foi contra o movimento Fora FHC, liderado por petistas que queriam tirar o tucano da Presidência em 1999.

Terceiro colocado na eleição do ano anterior, ele criticou o grupo e disse que o Brasil corria risco de entrar em uma “guerra civil”.

Ciro apoiou o impeachment de Fernando Collor, em 1992, e foi ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, que o substituiu. Ele diz não ver semelhanças entre Dilma e Collor.

Na época, sustenta, havia provas contra o presidente e a ação foi assinada “por um conjunto respeitabilíssimo de entidades”, incluindo a OAB.

“Não foi um ex-petista aborrecido, que já não está no seu melhor momento”, diz, criticando o advogado Hélio Bicudo, 93, que pediu o afastamento de Dilma.

“E o vice era Itamar, um homem decente que deu ordem ao país”, acrescenta. 

Redação

19 Comentários

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  1. Ciro tem meu voto

    Já fui eleitor de Ciro Gomes.

    Ele tem clareza e coragem.

    Vou votar nele novamente, pois o vejo com condições de enfrentar os fascistas e o entreguistas.

    Mais que votar, vou trabalhar por ele, de graça, para o bem do Brasil.

    1. É isso aí, caro Marco Vitis.

      É isso aí, caro Marco Vitis. Não basta apenas votar no presidente. Tem que também votar na sua base de apoio e, principalmente, apoiá-lo depois do período eleitoral.

  2. Ciro presidente em 2018 seria

    Ciro presidente em 2018 seria um alento, mataria dois coelhos com uma só paulada: tiraria esses incompetentes que afundaram o país e impediria a volta dos tucanos. 

     

  3. Bom senhores, pra começar,

    Bom senhores, pra começar, milagreiros não existem, são criados pela adoração que cega. Ciro sempre pulou de partido como macaco pula de galho. Quem garante aos senhores que, assim eleito, não se filiará ao psdb, ao dem, ao pps e tais? Grana, nesse momento, vale muito para muitos. Obviamnete que não se filiará ao PT, pois sabemos que puladores de galhos, nunca ficam ao lado dos colegas em momentos de apuros, pelo contrário, ajudam a deixar o barco à deriva. São covardes, senhores, e covardes se vendem com facilidade. Não tenho esperanças nesse senhor, mas, se não se filiar aos  velhacos e mofados psdbistas e dem, já será um avanço. Não esqueçam que o pdt pulou fora do barco, assim que a marola começou e permitiu que virasse uma onda assustadora. Oportunistas, no fundo, sempre são covardes e traidores. Dificilmente o país terá a sorte de ter uma governo como o de Lula/Alencar, comprometido com o povo e a dignidade desse país.

  4. É bom ir se acostumando

    Daqui até outubro de 2018, o protagonismo político não será da Presidenta e seus ministros, ou de deputados e senadores, mas do Ciro Gomes. Lula e o PT vão aparecer sim, da forma mais negativa e destrutiva possível. A proximidade dos 60 anos não me deixa mais cultivar certas ilusões.

  5. Acho que vou além…
    Sempre

    Acho que vou além…

    Sempre votei no PT e continuo acreditando no projeto. Não luto por Educação e Saúde, mas sim pelo fim da desigualdade social, pois acredito que se tivessemos escolas e hospitais de primeiro mundo, o povo jamais chegaria perto deles. Veja o que aconteceu com a universidade pública no Brasil (ainda que estas não sejam de primeira, são as melhores do país). As classes mais altas ocuparam os espaços e, no momento em que os governos do PT abriram espaço para o povo, via aumento de vagas e sistema de cotas, estas classes abriram o bico e só reclamam do sistema.

    Acho que este projeto, ainda que imperfeito (mesmo nós que votamos no PT temos que ser críticos e reconhecer os problemas) para  está sob forte ataque. Vejo em Ciro uma possibilidade, em 2018, de mantermos (pelo menos em parte) as conquistas sociais. Creio que o PT deveria se unir à sua candidatura, quem sabe indicando o vice (ou não, se a condição política não permitir), para tentar reunificar aqueles que pensam em um país mais justo e buscar vencer esta direita apoliptíca que temos por aqui. Este é o nosso papel.

  6. Apesar de muito cedo para garantir alguma coisa…

    A presença dele na cédula, se não for bombardeado pela dupla PT-PSDB a quem não interessa uma 3ª via, fará muito bem para o Brasil.

    Por falar em eleições, sempre é bom lembrar que o PDSB estava na UTI no primeiro turno das eleições e o PT, a quem também interessa a polarização PT-PSDB, tratou de descontruir a Marina e ressuscitou um PSDB a caminho do cemitério.

    Agora tem que aguentar os tucanos revigorados.

  7. Meu candidato a presidente

    há horas, mas as vezes fala pelos cotovelos!

    “Ideli Salvatti” é o exemplo mais suave de incompetência, temos exemplos bem mais influentes dentro do próprio governo!

    1. Ciro tem razão quanto a Ideli

      Ideli Salvatti foi a Ministra-Chefe das Relações Institucionais de 10.06.2011 a 01.04.2014, ocasião em que o governo Dilma I foi seguidamente emparedado no Congresso, começando ali a desmoralização do governo. Chegamos ao cúmulo de ter uma Ministra de direito, e outro de fato, o então Ministro da Educação e posteriormente Casa Civil, que foi “encostado” perto da Ideli para dar uma força, quando o governo já acumulava derrotas seguidas. Na prática, Mercadante acumulou as funções, enquanto a Ideli  aceitava o posto de Rainha da Inglaterra. Muito ou tudo o que acontece hoje teve origem no Dilma I, quando nossa presidenta encostava a cabeça no travesseiro todas as noites e achava que estava tudo bem: “Ideli está dando conta daquele ninho de víboras que é o Congresso, a Helena chagas está ó, supimpa na Comunicação, o Zé,  um luxo!”. E dormia o sono dos justos.

      1. Não duvido!Não há uma

        Não duvido!
        Não há uma entrevista sequer, que eu me lembre, em que Ciro Gomes é instado a comentar a respeito do governo Dilma, na qual ele não critique fortemente a escolha da Ideli Salvatti (“É inacreditável que o governo tenha escolhido a Ideli Salvatti para ocupar um ministério…”).

        Desde o ano passado que ele vem alertando sobre as péssimas escolhas de Dilma e sobre o seu péssimo relacionamento com o Congresso. Já dizia, mais ou menos assim: “Os parlamentares estão com as unhas de fora só esperando a oportunidade logo ali na frente para atacarem”. Quem avisa amigo é; e não foi por falta de aviso.

         

  8. Na atual conjuntura não vislumbro outra alternativa…

    Na atual conjuntura não vislumbro outra alternativa à presidência que não seja o Ciro Gomes.

    É inevitável que alguma força política saberá aproveitar o clima generalizado de rejeição ao PT. Diante do mau estar generalizado no país, as pessoas não pensam muito em direita ou esquerda. O que pesa é negar tudo o que está ocorrendo na atual conjuntura.

    Nesse sentido, o Ciro Gomes tem conseguido ajustar seu discurso a ponto de canalizar esse clima de insatisfação ao seu favor bem melhor que os tucanos. Felizmente!

    1. Poderoso argumento de campanha

      Na cerimônia de filiação ao PDT, Ciro, em seu discurso falou duas vezes que em 36 anos de vida pública jamais respondeu a nenhum processo, e que isso era apenas a obrigação dele. E vai ser largamente utilizado na campanha. Para um país bombardeado diariamente pela mídia com as palavras corrupção e mar de lama, soará como música.

  9. e …………………………….

    Que tentem,  e o País, infelizmente, entrara em uma guerra civil sem precedentes!!!

    Para alegria dos abutres, mercenários, entreguistas, apátridas, sanguessugas, gafanhotos, rentistas, lesa-pátria,  etc, etc, e etc.!!!!!!

  10. Meu candidato em 2018…… a

    Meu candidato em 2018…… a mente mais lúcida e brilhante do nosso país em minha opinião. E tem uma coragem para o enfrentamento que falta às lideranças petistas. 

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