Com duas investigações, Temer quer sustentar base para sucessão ao Planalto

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Foto: Marcello Casal Jr/ABr – 12.5.16
 
Jornal GGN – Alvo direto de duas investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer convocou os aliados do Congresso, líderes e vice-líderes governistas nesta segunda-feira (12) para reunir apoio. O objetivo, segundo informações do Blog da Andréia Sadi, é articular uma estrutura a favor do mandatário, com “empenho, dedicação e defesa do governo”, teria informado um interlocutor de Temer ao blog da jornalista. 
 
Em um dos processos, o ministro Luís Roberto Barroso, relator no STF, autorizou a quebra de sigilo bancário do presidente na apuração sobre o pagamento de propina na edição por Temer do decreto do Porto de Santos, que alterou as regras do setor portuário. O caso tramita em sigilo na Suprema Corte, mas a informação foi vazada nas últimas semanas. Como consequência, o ministro determinou, de praxe, a apuração do vazamento, mas Temer acabou sendo a mira principal.
 
A outra investigação está nas mãos do ministro Edson Fachin, do STF, que aceitou incluir o mandatário no inquérito que investiga pagamento de propina a peemedebistas pela Odebrecht, pedido da procuradora-geral da República Raque Dodge.
 
A acusação em que o mandatário volta a ser arrolada diz respeito à delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, que há dois ano vem acusando Temer: “Eu participei de um jantar no Palácio do Jaburu juntamente com Marcelo Odebrecht, Michel Temer e Eliseu Padilha. Michel Temer solicitou, direta e pessoalmente para Marcelo, apoio financeiro para as Campanhas do PMDB no ano de 2014”.
 
Naquele encontro, Melo Filho e Marcelo Odebrecht teriam sido cobrados pelos peemedebistas de um repasse de R$ 10 milhões em caixa dois ao PMDB para as eleições daquele ano. As tratativas sobre quantias e formas de repasses teriam sido feitas após a saída de Temer da reunião. Mas Claudio Melo Filho garante que Temer acompanhou todo o processo.
 
Apesar de a Constituição garantir que um presidente da República não seja responsabilizado por atos cometidos fora do mandato presidencial, a PGR entendeu que a Carta impede apenas o cumprimento de uma eventual pena, mas não veta a investigação em si. Por isso, Michel Temer passou a ser investigado neste caso também.
 
Buscando braços para não se ver diretamente afetado, mais do que já tem a sua imagem para a população segundo as pesquisas, o mandatário quer seguir blindado e protegido para, pelo menos, conseguir conduzir uma sucessão ao Planalto. Temer já vem articulando a possibilidade de tentar se eleger, criar uma chapa ou, pelo menos, indicar um nome para o comando do país. Para isso, precisará do apoio constante dos congressistas.
 

 

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